Evgueni Prigozhin, empresário próximo ao Kremlin, aponta os serviços secretos norte-americanos como responsáveis, sem fundamentar as suas acusações.

Empresário próximo da presidência russa, Yevgeny Prigozhin.
Empresário próximo da presidência russa, Yevgeny Prigozhin.© Mikhail Svetlov

O responsável pelo grupo russo de mercenários Wagner negou hoje qualquer envolvimento na execução brutal de um suposto membro da sua organização acusado de deserção na Ucrânia, depois de ter saudado a morte do homem.

O caso começou com a publicação de um vídeo, transmitido por contas Wagner nas redes sociais próximas do grupo de mercenários, de um homem acusado de ter-se rendido às forças ucranianas antes de ser recapturado pelos russos.

Vê-se o homem, que se apresenta como Evgueni Nuzhin, ser morto de forma particularmente brutal, com o crânio golpeado com uma marreta.

Numa primeira mensagem publicada no domingo, o líder do grupo Wagner, Evgueni Prigozhin, empresário próximo ao Kremlin, elogiou o "trabalho magnífico", qualificando o homem morto como "um cão".

Posteriormente, num comunicado de imprensa hoje publicado, Prigozhin nega qualquer envolvimento do seu grupo na execução e aponta os serviços secretos norte-americanos como responsáveis, sem fundamentar as suas acusações.

"É da responsabilidade dos serviços de informação dos Estados Unidos, que sequestram pessoas, incluindo cidadãos russos, em todo o mundo", disse Prigozhin, pedindo aos procuradores russos que abram uma investigação.

"Os funcionários da Wagner distinguem-se pela sua excelente disciplina e estrita adesão aos padrões internacionais e regras de comportamento social globalmente aceites", acrescenta o chefe desta organização conhecida pelos seus métodos violentos.

A organização não-governamental (ONG) russa Gulagu.net, especializada na defesa de detidos, afirmou que Evgueni Nuzhin era um preso que tinha sido recrutado num estabelecimento prisional russo para lutar na Ucrânia.

Evgueni Prigozhin é acusado de ter visitado prisões na Rússia para recrutar presos, em troca de penas reduzidas.

Desde 2014, o grupo Wagner é acusado de servir aos interesses do regime do Presidente russo, Vladimir Putin, e de cometer abusos em várias zonas de conflito, incluindo a Síria e em países africanos.

O jornal investigativo russo Novaya Gazeta publicou, com suporte de vídeo, que os homens de Wagner espancaram um prisioneiro na Síria com marretas em 2017, para depois o decapitar e queimar.

Em setembro, Evgueni Prigozhin, de 61 anos, admitiu ter fundado a Wagner após anos negando o facto.

Na semana passada, o empresário russo também se gabou de ter realizado operações de influência eleitoral nos Estados Unidos.