O maior planeta do nosso Sistema Solar vai estar tão ou mais brilhante que a Lua nos céus da noite de segunda-feira.

Foto de Júpiter captada pelo Telescópio Espacial Hubble em 27 de junho de 2019 que mostra a Grande Mancha Vermelha, uma tempestade do tamanho da Terra que ocorre há centenas de anos.
Foto de Júpiter captada pelo Telescópio Espacial Hubble em 27 de junho de 2019 que mostra a Grande Mancha Vermelha, uma tempestade do tamanho da Terra que ocorre há centenas de anos.© NASA, ESA, A. Simon (Goddard Space Flight Center) e M.H. Wong (Universidade da Califórnia, Berkeley)

O maior e mais massivo planeta do nosso Sistema Solar vai fazer a maior aproximação à Terra em 59 anos a 26 de setembro. Vai estar tão próximo que até será possível observar quatro das suas luas - Io, Europa, Ganímedes e Calisto.

À medida que o Sol se põe e a noite começa a cair, a partir do fim de tarde de 26 de setembro Júpiter vai aparecer mais brilhante nos céus, tão ou mais brilhante que a nossa Lua. Tal vai acontecer devido a dois eventos que vão ocorrer em simultâneo, um fenómeno raro.

Nesse dia, Júpiter entrará em oposição, ou seja, do ponto de vista da Terra, a oposição acontece quando um objeto astronómico sobe a leste enquanto o Sol se põe a oeste, colocando o objeto e o Sol em lados opostos da Terra, explica a NASA.

A oposição de Júpiter ocorre a cada 13 meses, altura em que o planeta parece maior e mais brilhante do que em qualquer outra altura do ano.

Além disso, Júpiter estará no ponto mais próximo da Terra dos últimos 59 anos. Isto acontece porque a Terra e Júpiter não orbitam o Sol em círculos perfeitos – o que significa que os planetas passam um pelo outro a distâncias diferentes ao longo do ano.

Desta vez Júpiter vai estar a “apenas” 590 milhões de km de distância da Terra, aproximadamente a mesma distância que estava em 1963. No seu ponto mais distante, o planeta gigante está a aproximadamente 965 milhões de km de distância da Terra.

Fotografia tirada pelo telescópio espacial Hubble da NASA / ESA, a 25 de agosto de 2020, quando o planeta estava a 653 milhões de quilómetros da Terra, oferece aos astrónomos um relatório meteorológico atualizado sobre a turbulenta atmosfera do planeta gigante. Uma notável tempestade está a formar-se. A imagem também mostra a lua gelada de Júpiter, Europa.
Fotografia tirada pelo telescópio espacial Hubble da NASA / ESA, a 25 de agosto de 2020, quando o planeta estava a 653 milhões de quilómetros da Terra, oferece aos astrónomos um relatório meteorológico atualizado sobre a turbulenta atmosfera do planeta gigante. Uma notável tempestade está a formar-se. A imagem também mostra a lua gelada de Júpiter, Europa.© NASA/ESA Hubble Space Telescope, A. Simon (Goddard Space Flight Center), and M. H. Wong (University of California, Berkeley) and the OPAL team

“Com uns bons binóculos será possível ver as faixas (pelo menos a faixa central) e três ou quatro dos satélites (luas)”, diz o astrofísico da NASA Adam Kobelski.

“É interessante lembrar que Galileu observou essas luas com uma ótica do século XVII", sublinha.

Mas com um telescópio, por mais simples que seja, será possível ver ainda mais pormenores, como a famosa mancha vermelha de Júpiter, uma tempestade do tamanho da Terra que ocorre há centenas de anos.

O planeta mais “estranho” do nosso Sistema Solar

Júpiter é o quinto planeta na órbita do Sol, posicionado entre Marte e Saturno a uma distância média de cerca de 778 milhões de quilómetros do Sol.

É o maior dos quatro “gigantes gasosos” do Sistema Solar - planetas massivos constituídos principalmente por elementos na forma de gás. Mas Júpiter é incontestavelmente o maior de todos - tem mais que o dobro da massa de todos os outros planetas juntos.

Cerca de 90% dos átomos de Júpiter são hidrogénio, com os 10% restantes compostos de hélio e uma pequena fração de oligoelementos que contribuem para moléculas como água e amoníaco.

As “riscas” e os remoinhos são nuvens frias de amoníaco e água que flutuam numa atmosfera de hidrogénio e hélio. A icónica Grande Mancha Vermelha de Júpiter é uma tempestade gigante, maior que a Terra, que dura há centenas de anos.

Missão Juno da NASA para desvendar os segredos de Júpiter

Lançada a 5 de agosto de 2011, a sonda Juno entrou na órbita de Júpiter a 4 de julho de 2016. Tem como missão sobrevoar o gigante gasoso e o maior planeta do sistema solar.

A maioria dos sobrevoos são feitos a uma distância entre 10 mil e 4.667 quilómetros acima das nuvens, muito mais próximos do que o precedente recorde de 43 mil quilómetros estabelecido pela sonda norte-americana Pioneer 11, em 1974.

ESA quer estudar Júpiter e as suas luas geladas

A Agência Espacial europeia também tem planos para estudar o planeta. A sonda Jupiter Icy Moons Explorer (Juice) fará observações detalhadas de Júpiter e das suas três grandes luas - Ganimedes, Calisto e Europa. A partida está prevista para abril de 2023 para chegar ao sistema joviano em 2031.

A missão investigará a existência de mundos habitáveis em torno de gigantes gasosos e estudará o sistema de Júpiter como um arquétipo para os numerosos exoplanetas gigantes agora conhecidos que estão na órbita de outras estrelas.

Na bagagem, a JUICE leva alguns dos instrumentos e sensores mais avançados alguma vez usados na exploração do lado mais distante do sistema solar e vai passar mais de três anos em observações detalhadas do sistema joviano.

A lua Europa também será objeto de estudo de uma missão da NASA, a Europa Clipper, que vai realizar uma série de sobrevoos sobre a lua e investigar a sua possível habitabilidade, assim como escolher um local de aterragem para uma futura missão.

Europa, uma das luas de Júpiter, vista pela sonda Galileu no final dos anos 90.
Europa, uma das luas de Júpiter, vista pela sonda Galileu no final dos anos 90.© NASA