Oficina de Valores
Posted: 25 Mar 2014 11:19 AM PDT
Por: Paulo Vitor
Se você, assim como eu, já ficou muito decepcionado com alguém a ponto de parar de falar com essa pessoa, muito prazer, seja bem vindo ao mundo dos humanos! É bem por aí que vemos quão frágeis nós somos e como são mais frágeis ainda os nossos critérios e construções a respeito dos outros.
Ao longo das minhas experiências como “gente”, aprendi que a mão que aplaude e coloca em um pedestal, pode ser a mesma que empurra para baixo e aponta erros de forma condenatória. Aprendi não só porque ouvi falar disso, mas por ter vivido isso, tanto do lado de quem é o alvo da exaltação seguida de condenação, quanto do lado do quem exalta e acusa.
Outra experiência que vivo e que sempre se confirma, é a de contar com a atuação da verdade. No fim das contas, a verdade sempre aparece. Às vezes é custoso esperar, em certos casos, é um processo de anos, mas ninguém é capaz de resistir à força da verdade. Se erramos ou erraram conosco, o tempo se encarrega de mostrar, basta acreditar naquela que sempre aparece.
Como nos lembra São Paulo: “trazemos um tesouro em vasos de barro”. O triste é que, por muitas vezes, nós nos esquecemos desta afirmação do Apóstolo. E é aí que construímos ídolos e personalidades pelos quais nos deixamos “seduzir”. São muitos os caminhos dessa sedução: a beleza, atenção e tantos talentos e marcas de personalidade aparecem como encantadoras. Essas qualidades, no entanto não deveriam nos iludir à respeito dos outros, pois eles também mentem, enganam, se escondem, erram da mesma maneira que nós. O nosso grande erro, muitas vezes, está em ignorar que o outro erra. Por isso ficamos tão “devastados” diante de certas posturas com as quais nos deparamos.
Frase típica de momentos assim: “jamais esperava isso de fulano”. Nessas horas é importante lembrar que nós também fomos e ainda somos alvos de frases assim. Basta olhar para nossas misérias para recordar que não estamos “livres” do erro. Sendo assim, temos que levar em conta, com muita maturidade, que as pessoas vão nos decepcionar. Devemos então perdoá-las, da mesma forma que gostaríamos de ser perdoados.
Não digo que devemos ser permissivos ou que temos de fechar os olhos para o que não está bom , mas, vejo claramente, começando por mim, que a raiz de muitos males é justamente a postura de esperar do outro a perfeição que ele não pode ter.
Temos todo direito de querer e buscar o melhor pra nós, isso também é um dever. Consequentemente, é justo buscarmos pessoas e grupos que favoreçam isso. O que não podemos e devemos é ignorar todo o processo que foi citado aqui. Mais cedo ou mais tarde, por melhor que o outro seja, ele será fonte de decepção. O outro merece ser olhado além dos erros que cometeu, por isso é bom que eu tome a decisão de perdoá-lo sem deixar de buscar o melhor que ele tem.
No fim das contas, como se repete na missa de cinzas, nós somos pó e ao pó voltaremos. E aí, ficará somente o bem que fizemos e as marcas da luta para fazê-lo.
Paulo Vitor
Professor de Ensino Religioso / Oficina de Valores
__________________
Transcrição por ANTÓNIO FONSECA