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Por Ricardo Costa
Diretor
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28 de Agosto de 2015 |
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Santana sai de pista, PCP pode apoiar Nóvoa
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O
tempo passa e não há forma das presidenciais saírem do caminho das
legislativas, que são ali mesmo ao virar da esquina. Na semana passada
tudo girou em torno do avanço anunciado de Maria de Belém, agora foi a
vez da desistência inesperada de Pedro Santana Lopes. Num texto muito sóbrio enviado à agência Lusa, o atual Provedor da Santa Casa de Misericórdia anunciou que deixa de estar na corrida e que o faz porque tem obra para acabar no cargo que ocupa e porque já há candidatos suficientes no seu campo político. As razões de Santana
são claras, apesar de ter sido o próprio a manter em aberto a hipótese
de se candidatar e de ainda recentemente ter lembrado que o limite para
apresentação de candidaturas é só lá para dezembro… Santana Lopes tem um ótimo faro político e consegue cheirar Marcelo
a umas boas léguas. E desta vez percebeu que os habituais avanços,
recuos, piruetas e mortais encarpados do comentador da TVI, estão a dar
lugar a uma candidatura presidencial sem hesitações. E Santana sabe melhor que ninguém que Marcelo é incrivelmente popular e se prepara para disputar com Rui Rio o mesmo eleitorado e, já agora, o dinheiro necessário a uma aventura presidencial que deixa sempre contas para pagar. Ainda estávamos nós, aqui no Expresso, entretidos a discutir o que é que deu “ao Santana”, quando virámos os olhos para a televisão e, pronto, mais uma notícia das… presidenciais. Desta vez foi Jerónimo Sousa a revelar, na TVI, que pondera apelar ao voto num candidato não comunista.
Em rigor, o líder do PCP não disse nada que não tenha já acontecido na
história do partido. O próprio Jerónimo, em 1996, num ano em que os seus
dotes de dançarino ganharam fama, desistiu a favor de Jorge Sampaio. Pois bem, o que isto quer dizer – atenção Maria de Belém – é que o PCP pode apoiar Sampaio da Nóvoa ainda na primeira volta, se achar que isso impede a vitória de um candidato à direita.
No meio disto tudo, o Presidente (o atual, claro) voltou a falar das
legislativas, lembrando que vai existir uma longa negociação para se
conseguir um governo com apoio maioritário. Cavaco Silva tem batido tanto nesta tecla, que é difícil encontrar uma novidade. Mas a verdade é que tem toda a razão no que diz. E hoje é dia de mais uma carta de António Costa
aos indecisos, a quinta nas minhas contas, e que está na íntegra no
Jornal de Negócios. Vem expedida de Fontanelas e tem como título “Virar a página da austeridade, relançar a economia”. A carta pode ser lida na íntegra aqui antes de chegar a sexta, já anunciada, e dedicada ao emprego. OUTRAS NOTÍCIAS E o Novo Banco vai ou fica? Devia ser até ao fim desta sexta, mas como o Expresso Diário
anunciou ontem, a crise nas bolsas asiáticas está a fazer hesitar os
chineses da Anbang que estão em Lisboa a negociar a compra com o Banco
de Portugal (BdP). Como se pode ler neste artigo, se a proposta não for melhorada, o BdP tem um problema.
Ou não vende e fica com o Novo Banco nas mãos ou vende com potencias
perdas de € 2 mil milhões. O melhor é não tirar os olhos do Expresso
Online, que isto vai dar que falar. Já agora, as bolsas asiáticas hoje subiram bastante, num movimento de recuperação iniciado ontem. E o petróleo
também teve a maior subida diária dos últimos seis anos. E, como
qualquer leitor do Expresso Curto sabe, o petróleo tem um efeito
estranho, nada newtoniano, no preço dos combustíveis lusitanos. Quando o petróleo cai não se nota nada, mas quando sobe… isso mesmo, acertaram. A crise dos migrantes
que tentam chegar à Europa não para de trazer notícias dramáticas, coma
uma cadência impressionante. Ontem houve a horrível descoberta de 70 mortos dentro de um camião na Áustria, hoje a notícia de um navio que se virou junto à costa da Líbia. Suspeita-se que possam ter morrido 200 pessoas. No desporto, e depois de um dia histórico para o regressado Nelson Évora, temos que dar os parabéns aos pupilos (adoro a gíria desportiva) do mestre Sá Pinto. Os jogadores do Belenenses, todos portugueses, asseguraram a passagem à fase de grupos da Liga Europa numa noite animada no Restelo. Ontem estreou um dos filmes mais aguardados do ano, As Mil e uma noites, de Miguel Gomes. Na verdade é o primeiro de três filmes, como se explica aqui, numa obra rara de um dos mais surpreendentes realizadores portugueses. Vale a pena ir ver. Amanhã Miguel Gomes dá uma entrevista ao Expresso, onde também pode ler uma conversa com Leonel Vieira, que está a arrasar as bilheteiras com o novo e polémico Pátio das Cantigas Se gosta de uma boa polémica cultural, convém acompanhar o que se passa com o Hamlet do ator-do-momento, Benedict Cumberbatch. É que ele inventou um pouco e a crítica foi pouco simpática.
O ator, que que tem um grupo de seguidoras, que se autointitulam
cumberbitches (no Instagram há 105 mil publicações com esta estranha
hashtag), até já teve direito a um editorial no Guardian. Se é fã do Instagram,
ontem foi dia para festejar. Se não deu por isso, então festeje hoje. É
que a rede social anunciou que deixa de aceitar exclusivamente imagens
com o formato quadrado. A partir de agora, qualquer utilizador pode partilhar fotografias horizontais ou verticais. Quando acabar de ler o Expresso Curto vá à janela, rode o telefone na vertical, fotografe a paisagem e… upload. As dúvidas estão respondidas aqui e, já sabe, agora vai poder dizer: “eu ainda sou do tempo em que o Instagram só aceitava fotos quadradas”… Já agora, e caso não tenha dado por isso, segunda-feira foi um dia histórico para o Facebook. “Pela primeira vez, mil milhões de pessoas usaram o Facebook num só dia. Segunda-feira, uma em cada sete pessoas usou o Facebook. Ainda na tecnologia, e para terminar, a Apple pôs em marcha o lançamento do quedeverá ser o iPhone 6s, a 9 de setembro. A empresa, que não brinca com estas coisas, enviou convites digitais aos jornalistas com esta magnífica ideia: o convite apenas dizia apenas “Olá Siri, dá-nos uma pista”. Quando alguém fazia essa exata pergunta à Siri, a assistente virtual dos iPhones respondia de várias formas, todas enigmáticas e divertidas, que estão bem descritas neste artigo da Wired. Já sabe, se quiser é ligar o telefone, caso tenho um iPhone, virar-se para a Siri e dizer: “Hey Siri, give us a hint”
(tenha apenas cuidado com a pronúncia). Enquanto o telemóvel pensa,
temos umas frases, já a seguir, e uma boa recomendação de leitura logo a
baixo. É só ir andando. FRASES “O meu
dever maior é com os projetos que estou a desenvolver na Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa e que quero mesmo concretizar". Santana Lopes, no comunicado em que anuncia não ser candidato a PR “Aquilo
que vai ser executado pelo Governo não é o programa do partido A nem o
programa do partido B, é aquele que resulta da junção das diferenças dos
programas de cada um deles”. Cavaco Silva a explicar o que está em causa nas legislativas “O operador foi pago pelo Justin Gatlin”. Usain Bolt, muito divertido depois de ter sido literalmente abalroado por um operador de câmara numa Segway O QUE EU ANDO A LER Antes de ir ao livro, uma curiosidade sobre os nossos tempos. O britânico Daily Telegraph descobriu que há uma enorme disparidade entre o que as pessoas leem em papel e nos seus kindles ou e-books. O top inglês não podia ser mais diferente, como se pode ler aqui: E-book readers' guilty pleasures revealed.
É que enquanto o top dos livros físicos tem muito boa literatura, com
vencedores do Booker e quejandos, a lista eletrónica da Amaazon é bem
diferente. O top é dominado por mulheres, há muitos thrillers psicológicos, histórias de amor, biografias melosas ou dramáticas, etc. O Guardian foi olhar para esta disparidade e pede para que todos saiam do armário, perdão, dos kindles e revelem mesmo o que andam a ler.
Eu quase só uso e-books para descarregar livros estrangeiros que
demoram a chegar a Portugal. O que tenho hoje para recomendar não está
editado em Portugal, mas tem edição brasileira e foi essa que li. O
livro é de Luigi Zingales e tem um título provocador: Um capitalismo para o Povo. Zingales nasceu e estudou em Itália mas fez carreira universitária nos EUA, mais precisamente em Chicago. Há poucos anos escreveu um livro famoso, Salvar o Capitalismo dos Capitalistas, a meias com Raghuram Rajan,
um dos mais influentes economistas do mundo, que foi colunista do
Expresso e agora é governador do Banco Central da Índia. Tanto nesse
livro como neste, a tese de Zingales é que o capitalismo é a maior força
de desenvolvimento económico e da democracia e que está a ser ameaçado
por governos e empresários com interesses instalados, que se unem em
benefício próprio e prejudicam o povo. ZIngales tem um pensamento profundamente liberal
e um amor pela liberdade política, religiosa e económica que fizeram os
EUA. E Isso leva-o a um raciocínio pouco habitual na Europa. Um capitalismo para o Povo merece uma boa leitura. Se não está convencido veja esta entrevista à Exame brasileira ou este artigo
de Rodrigo Constantino, colunista da Veja. Tem pouco a ver com o nosso
quadro mental e político, mas é muito interessante. Muitas vezes os
maiores inimigos do capitalismo estão nas elites que se protegem em
círculos viciosos, garantindo rendas que as protegem de geração em
geração. O Expresso Curto regressa segunda-feira pela pena do Bernardo Ferrão. Até lá é manter sempre os olhos no Expresso Online e ver tudo o que reservámos para o Expresso Diário
ao fim do dia. Enquanto fazemos isso tudo, estamos a fechar mais uma
edição do Expresso, que está amanhã nas bancas, com notícias,
reportagens e opinião que prometem marcar os próximos dias.
Tenha um bom dia e um bom fim de semana.
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pretende oferecer um serviço personalizado de
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