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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

AGOSTINHO DA SILVA - FILÓSOFO - NASCEU EM 1906 - 13 DE FEVEREIRO DE 2020

Agostinho da Silva

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Agostinho da Silva
Agostinho da Silva, por Bottelho
Nome completoGeorge Agostinho Baptista da Silva
Nascimento13 de fevereiro de 1906
Porto
Morte3 de abril de 1994 (88 anos)
Lisboa
NacionalidadePortugal Portugal
OcupaçãoFilósofopoetaensaístaprofessorFilólogoPedagogo
Magnum opus"Sete Cartas a um Jovem Filósofo"
George Agostinho Baptista da Silva (Porto13 de fevereiro de 1906 — Lisboa3 de abril de 1994) foi um filósofopoetaensaísta, professor, filólogo e pedagogo português. O seu pensamento combina elementos de panteísmomilenarismo e ética da renúncia, afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático empenhado, através da sua vida e obra, na mudança da sociedade. Passou considerável tempo de sua vida no Brasil.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Início[editar | editar código-fonte]

George Agostinho Baptista da Silva nasceu no Porto em 1906, tendo-se ainda nesse ano mudado para Barca d'Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), onde viveu até aos seus 6 anos, regressando depois ao Porto, onde inicia os estudos na Escola Primária de São Nicolau em 1912, ingressando em 1914 na Escola Industrial Mouzinho da Silveira e completando os estudos secundários no Liceu Rodrigues de Freitas, de 1916 a 1924.

Formação[editar | editar código-fonte]

Realizando um percurso académico notável e excecional, de 1924 a 1928 Agostinho da Silva faz Filologia Clássica, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo concluído a licenciatura com 20 valores. Em 1929, somente um ano depois de se licenciar, e quando contava apenas 23 anos, defende a sua dissertação de doutoramento a que dá o título O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas, doutorando-se com louvor.
Depois disso começa a escrever para a revista Seara Nova, colaboração que manteve até 1938.
Em 1931 parte como bolseiro para Paris, onde estuda na Sorbonne e no Collège de France. Após o seu regresso em 1933, leciona no ensino secundário em Aveiro até ao ano de 1935, altura em que é demitido do ensino oficial por se recusar a assinar a Lei Cabral, que obrigava todos os funcionários públicos a declararem por escrito que não participavam em organizações secretas (e como tal subversivas). No mesmo ano, consegue uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores de Espanha e vai estudar para o Centro de Estudos Históricos de Madrid. Em 1936 regressa a Portugal devido à iminência da Guerra Civil Espanhola.
Cria o Núcleo Pedagógico Antero de Quental em 1939, e em 1940 publica Iniciação: cadernos de informação cultural[1]. É preso pela polícia política em 1943, abandonando o país no ano seguinte (1944) em direção à América do Sul, passando pelo Brasil, Uruguai e Argentina, no seguimento da sua oposição ao Estado Novo conduzido por Salazar.

Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 1947, instala-se definitivamente no Brasil, onde vive até 1969. Estabeleceu-se inicialmente em São Paulo e depois mudou-se para o Itatiaia, onde fundou uma comunidade. Em 1948, começa a trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, estudando entomologia, e ensinando simultaneamente na Faculdade Fluminense de Filosofia. Colabora com Jaime Cortesão na pesquisa sobre Alexandre de Gusmão. De 1952 a 1954, ensina na Universidade Federal da Paraíba em João Pessoa e também em Pernambuco.
Entre 1944 e 1954, manteve um contacto estreito com Vicente Ferreira da Silva e sua esposa Dora Ferreira da Silva.
Em 1954, novamente com Jaime Cortesão, ajuda a organizar a Exposição do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo. É um dos fundadores da Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis, cria o Centro de Estudos Afro-Orientais e ensina Filosofia do Teatro na Universidade Federal da Bahia, tornando-se em 1961 assessor para a política externa do presidente Jânio Quadros. Participa na criação da Universidade de Brasília e do seu Centro Brasileiro de Estudos Portugueses no ano de 1962 e, dois anos mais tarde, cria a Casa Paulo Dias Adorno em Cachoeira e idealiza o Museu do Atlântico Sul em Salvador da Bahia.

Regresso a Portugal[editar | editar código-fonte]

Regressa a Portugal em 1969, após a doença e morte de Salazar e a sua substituição por Marcello Caetano, facto que dá origem a alguma abertura política e cultural no regime. Desde então continua a escrever e a lecionar em diversas universidades portuguesas, dirigindo o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade Técnica de Lisboa, e no papel de consultor do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (atual Instituto Camões).
A 12 de março de 1987, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[2]
Em 1990, a RTP1 emitiu uma série de treze entrevistas com o professor Agostinho da Silva, denominadas Conversas Vadias. Uma delas, memorável, Conversa[ligação inativa] com Adelino Gomes, foi emitida em 1990. Conduzida por António Escudeiro, outra entrevista chamada Agostinho por si próprio, relativa ao estudo histórico sobre o culto do Espírito Santo [3], foi publicada pela editora Zéfiro em 2006.

Morte[editar | editar código-fonte]

Faleceu no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, no ano de 1994.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Era vegetariano.[4] Comia o menos carne possível (tal como diz numa das suas últimas entrevistas, concedida a Herman José).

Posteridade[editar | editar código-fonte]

Um documentário sobre o próprio, intitulado "Agostinho da Silva: um pensamento vivo" (disponível no youtube), foi realizado por João Rodrigo Mattos e lançado pela Alfândega Filmes em 2004.
Agostinho da Silva é referenciado como um dos principais intelectuais portugueses do século XX. Da sua extensa bibliografia, destacam-se o livro Sete cartas a um jovem filósofo, publicado em 1945. Participa como colaborador em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas: 57[5] (1957-1962) e Princípio[6] (1930).

Obras[editar | editar código-fonte]

  • A vida de Pasteur (Seara Nova, 1938)
  • Sanderson e a escola de Oundle (Inquérito, 1941)
  • Moisés e outras páginas bíblicas (1945)
  • Um Fernando Pessoa (Agir, 1958)
  • Sete cartas a um jovem filósofo: seguidas de outros documentos para o estudo de José Kertchy Navarro (1945)
  • Um Fernando Pessoa e Antologia de Releitura (Guimarães, 1959)
  • Quadras inéditas (Ulmeiro, 1990)
  • Do Agostinho em Torno do Pessoa (póstumo, 1997)
  • Uns poemas de Agostinho (póstumo, 1997)

Referências

  1.  Volume IV: Cadernos de Informação Cultural - Tomo 1 no Portal Agostinho da Silva
  2.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Agostinho da Silva". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de julho de 2019
  3.  Notas sobre o Culto do Espírito Santo na Arrábida, Casa Agostinho da Silva, 12 de junho de 2015
  4.  «Instituto Politécnico de Setúbal: Agostinho da Silva». Consultado em 6 de setembro de 2011. Arquivado do original em 24 de abril de 2012
  5.  Álvaro de Matos (24 de junho de 2008). «Ficha histórica: 57 : folha independente de cultura» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de janeiro de 2015
  6.  Rita Correia (11 de dezembro de 2008). «Ficha histórica:Princípio : publicação de cultura e política (1930)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 27 de março de 2015

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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