OUTRAS NOTÍCIASSão os efeitos da crise do petróleo.
Em Angola haverá neste momento
80 mil portugueses com salários em atraso.
Os portugueses são quem mais
recorre às urgências em 21 países da OCDE, revela o título principal do Público.
O jornal I assegura que o
Governo não despedefuncionários públicos na "requalificação".
A
sobretaxa de IRS vai descer para todos no próximo ano, garante o Diário Económico.
Nos primeiros nove meses deste ano, dezassete empresas cotadas em Bolsa aumentaram os lucros em
1,1 milhões de euros.
A
Caixa Geral de Depósitos propôs ao anterior Governo
vender a privados até 49% do capital da sociedade e reunir numa "holding" as principais operações no exterior.
Poderá ainda não ter reparado, mas os
combustíveis estão mais caros desde esta madrugada. O
maior aumento será nas gasolinas, seja nas gasolineiras, seja nas cadeias de marca branca.
O aeroporto do Porto
quadruplicou o número de passageiros numa década e tem planos para
duplicar os atuais oito milhões de clientes em seis anos, adianta o JN.
Os
diretores do Fantasporto, Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira, pagaram à Autoridade Tributária para lhes serem retiradas acusações e evitarem o julgamento por crime de fraude fiscal, adianta o JN.
A
questão dos refugiados continua a alimentar o fluxo noticioso e parece dada vez mais um drama sem fim. Os últimos dados indicam que este ano terão entrado na Europa, sem autorização, 1,5 milhões de pessoas A
Turquia vai receber 3 milhões de euros na suposição de que isso contribuirá para ajudar a conter o fluxo migratório.
Em Espanha, e não por acaso, a situação política portuguesa tem vindo a ser seguida à lupa. Os dados de uma
sondagem divulgada pelo El Mundo confirmam a possibilidade de nas eleições de dezembro ser
estilhaçada a alternância PP/PSOE. O novo partido Ciudadanos já terá ultrapassado o PSOE e estará a tão só quatro pontos do PP, com o Podemos em quarto lugar a quatro pontos dos socialistas.
Israel decidiu retaliar face á decisão da União Europeia de obrigar à colocação de etiquetas nos produtos importados dos
territórios ocupados na Palestina e suspendeu qualquer contacto com as autoridades europeias a propósito do
processo de paz com os palestinianos.
O tão incensado mundo dos treinadores portugueses sofreu ontem um rombo.
Nuno Espírito Santo demitiu-se do Valência, antes mesmo de nova derrota, agora frente ao Sevilha. Como diz o jornal espanhol "Marca", "
a era Nuno já passou à história".
FRASES"
Toda a gente está muito tranquila com a situação portuguesa".
António Costa em Bruxelas
"
Cunhal teve de combater propostas de Humberto Delgado como bombardear o Rossio".
José Pacheco Pereira em entrevista ao I
"
As dificuldades de Rui Moreira aumentaram significativamente nas duas últimas semanas. (…) Sendo o substituto (de Paulo Cunha e Silva) - mais um vereador do CDS - um desconhecido, o seu histórico nas redes sociais, designadamente na apologia de Salazar e no ressentimento face ao 25 de Abril, não prefigura nada de positivo...".
Rui Sá no JN
"
Às vezes, somos "Je suis...", outras, já nos apetece menos...".
Ferreira Fernandes no DN
"
Sem controlo das nossas fronteiras externas, o Acordo de Schengen vai passar à história".
Donald Tusk, presidente do Conselho da Europa
"
Eles exploram, eles poluem, eles lucram! A urgência é social e climática".
Cartaz no cordão humano em Paris contra as alterações climáticas
O QUE ANDO A LERE você? Aceitaria ser classificado como um pequeno, médio ou um grande racista? Ou o simples equacionar da questão é desde logo ofensivo para si, o que o colocaria num outro patamar? Experimente ler, então, o livro que me tem ocupado e pesado nos últimos dias, o muito premiado
"Americanah", da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Aviso prévio: são 700 páginas lidas com grande voracidade. Ou seja, nem se nota o peso neste romance sobre emigração, poder, desventuras do sonho americano, amor, significados da cor da pele e... cabelo. Sim, os cabelos de uma mulher negra e o modo como são trabalhados podem constituir todo um tratado e fornecer pontes para um complexo fio narrativo à volta de questões de classe, género e dinheiro.
Na galeria de casos, situações e pessoas espalhadas por três continentes, emergem duas personagens. Primeiro Ifimelu, bonita, auto-confiante, uma negra africana com o coração junto da boca quando se trata de ripostar ou dizer quanto lhe vai na alma. Depois, Obinze, filho de uma professora universitária, muito sereno e meigo. São, nos anos de 1990, dois adolescentes apaixonados numa Nigéria sob domínio militar. Tal como milhares de compatriotas, acabam por partir. Primeiro Ifimelu, para os EUA. Mais tarde, Obinze. Ao ver-lhe fechadas as portas dos EUA após o 11 de setembro, tenta a sorte em Londres como imigrante ilegal, numa altura em que a relação entre ambos já está estilhaçada, sem que esteja a paixão machucada. Quinze anos mais tarde, e muitas vidas passadas por ambos, voltam a encontrar-se numa nova e democrática Nigéria. O importante, aqui, é o percurso, o caminho percorrido por cada um deles, com
Chimamanda a entrar por territórios nem sempre bem explorados na literatura, ao trabalhar de forma cirúrgica uma questão tão sensível como a da vivência e das relações entre as diferentes etnias.Ou raças? Estão nas mesmas condições dois negros, um afro-americano e um africano? E um latino perante um asiático? E qual a importância da cor da pele? Ifimelu, com uma brilhante carreira académica, torna-se
uma famosa "bloguer" nos EUA. É ali que espalha conceitos, desafios, reflexões, depois muito comentadas na imensidão da "blogosfera". Um exemplo: "Na América, o racismo existe, mas os racistas desapareceram todos. Os racistas pertencem ao passado. Os racistas são os brancos mesquinhos, de lábios finos, nos filmes sobre a era dos direitos civis. O problema é o seguinte: as manifestações de racismo mudaram, mas a linguagem não. Por isso, a quem não tenha linchado alguém não se pode chamar racista. A quem não é um monstro que suga o sangue a outros não se pode chamar racista. Mas alguém tem de ser capaz de dizer que os racistas não são monstros. São pessoas com famílias dedicadas, gente normal que paga os impostos (…)".
E os cabelos? Numa das cenas mais marcantes do início de "Americanah", Ifimelu, já nos EUA, dispõe-se a
gastar seis horas num cabeleireiro manhoso para fazer tranças. Os cabelos são um problema quase filosófico, como se verá já muito para lá de meio do livro num extenso e delicioso "post" intitulado "Um Agradecimento a Michelle Obama e o Cabelo como Metáfora da Raça", onde chega a dizer que : "(…) Algumas mulheres negras, americanas ou não, prefeririam correr nuas pelas ruas a aparecer em público com o seu cabelo natural".
Desconcertante e provocador, "Americanah" aborda os dilemas e os conflitos suscitados pelo conceito de raça a partir de um verdadeiro caleidoscópio de pontos de vista e emoções.
Não perca o fio das notícias. O dia vai trazer-lhe muitas surpresas. O meu Curto hoje fica por aqui, mas amanhã estará cá o Pedro Candeias para o servir. Cuide-se do frio e não desdenhe o sol enquanto existe.