OUTRAS NOTÍCIASEm Londres,
Ronaldo assistiu
à estreia do filme, perdão, do documentário, como sublinhou o realizador, sobre a sua vida. Foi uma noite própria das grandes estrelas de Hollywood, com passadeira vermelha e tudo. Estiveram muitos dos grandes nomes do futebol mundial, como
Alex Ferguson, Carlo Ancelotti, Jorge Mendes, Gary Neville e, surpresa das surpresas,
José Mourinho. O documentário «Ronaldo», com 92 minutos de duração, vai revelar detalhes da sua vida profissional e pessoal, incluindo a sua relação com a família, a rivalidade com Messi e os desafios de carreira.
É hoje posto à venda em 75 países em formato DVD e Blu-Ray (preço entre os 10 e 20 euros), e para aluguer em videoclubes dos principais operadores de televisão.
E como estamos a falar de desporto, então tome nota que
a Agência Antidoping propôs
a suspensão da Federação russa de Atletismo, bem como o afastamento definitivo de cinco atletas e de cinco treinadores.
No Reino Unido,
o primeiro-ministro David Cameronanunciou que vai enviar uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, detalhando
as reformas que exige que a UE façapara que ele possa defender o Sim à permanência do Reino Unido na EU no referendo que convocou para 2017 mas que afinal pode vir a realizar-se já em 2016.
Como diria Freitas do Amaral, «é preciso topete!». Entre outras coisas, o primeiro-ministro britânico quer limitações aos direitos dos imigrantes, como por exemplo a possibilidade de negar apoios sociais aos imigrantes comunitários durante os seus primeiros quatro anos de permanência em solo britânico.
Em Espanha, após meses de tensão e retórica,
o Parlamento catalão deu ontem início ao processo independentista. Com 72 votos a favor e 63 contra foi aprovada a resolução que
«declara solenemente o início do processo de criação do Estado catalão independente em forma de república». O Governo espanhol já disse que vai recorrer a «todos os meios legais e políticos» para impedir a independência da Catalunha.
«Utilizaremos somente o Estado de direito, mas todo o Estado de direito», disse o primeiro-ministro Mariano Rajoy, excluindo assim o recurso à força.
O presidente Barack Obama inaugurou uma página no Facebook com um vídeo feito no seu quintal das traseiras. A rede social afigura-se-lhe como um sítio ótimo para se
conversar sobre temas como mudanças climáticas e educação.A Volkswagen vai compensar os clientes que foram afetados pelo dieselgate nos EUA com
a oferta de cupões de mil dólares (cerca de 930 euros) e ainda serviço de arranjos gratuito. A marca alemã tenta assim compensar os donos dos carros afetados pelo escândalo da manipulação das emissões de gases poluentes dos veículos a diesel.
Também nos Estados Unidos, terra de todos os excessos,
um pastor, Kevin Swanson de seu nome, diz que
é preferível afogar crianças do que deixá-las ler Harry Potter, por ter um mentor homossexual: Dumbledore. A Pátria do Tio Sam nunca deixa de nos surpreender.
FRASES«
Estamos a debater que um programa que antes do ser já não o era».
Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda, sobre o programa de Governo que está a ser debatido na Assembleia da República
«
Quem é que catequizou quem?».
Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, para Catarina Martins, «muito curioso» para saber o que está no acordo assinado entre PS, BE e PCP
«
O pior inimigo Estado social é o Estado falido».
Pedro Passos Coelho, citando Paulo Portas
«
Passos ganhou e Costa perdeu e nenhum deles perdeu ou ganhou por poucochinho».
Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD
«
Quando os políticos divergem não se devem tornar inimigos, quando vencem não se devem tornar iliberais, quando perdem não se tornam proscritos».
Carlos César, presidente do PS
«
A não ser que o acordo entre as esquerdas portuguesas esteja a afetar o futuro de Espanha e de Itália, a evolução dos juros sobre a dívida nacional tem muito pouco a ver com o que está a ser discutido na AR. As devidas desculpas à imprensa alarmista pelo mau jeito».
Ricardo Paes Mamede, economista
«
Percebo que para o senhor deputado João Galamba falar de humildade é como falar de Waterloo a Napoleão».
Telmo Correia, deputado do CDS
O QUE ANDO A LER
Amanhã, Angola comemora quarenta anos como país independente. Foi a 11 de novembro de 1975 que Agostinho Neto declarou unilateralmente a independência, numa Luanda então cercada a norte pelas forças da FNLA e de mercenários comandados pelo militar português Santos e Castro e a sul pelas forças da UNITA, com o apoio técnico e militar da África do Sul.
Com o apoio de uma força expedicionária cubana, que por esses dias desembarcou a poucos quilómetros de Luanda, o MPLA não só conseguiu afastar as garras da tenaz que sufocavam a capital angolana, como manter uma guerra civil que só terminaria em fevereiro de 2002 com a morte, às mãos de tropas governamentais, do líder carismático da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi.
Em 1979, na sequência de graves problemas de saúde, Agostinho Neto morre em Moscovo durante uma intervenção cirúrgica a que foi sujeito. Para lhe suceder é escolhido um jovem tímido, esquivo, sem carisma, que surge como o menor divisor comum para os militantes pesos-pesados do MPLA que aspiravam ao cargo: José Eduardo dos Santos. Vigorou a tese de que a escolha seria transitória e que o jovem de 37 anos seria facilmente manipulável. Trinta e seis anos depois, confirma-se que se tratou de um enorme equívoco. Paulatinamente,
o sucessor de Neto construiu um longo reinado à frente da nação angolana, que se pode estender até 2022.Como foi possível que o presidente, que continua esquivo e sem carisma, tenha acumulado tanto poder e ultrapassado todas as dificuldades e todos os que o enfrentaram? A resposta é que tal não teria sido se Angola não fosse o segundo maior produtor africano de petróleo; se a Sonangol não tivesse sido mantida, no que toca ao seu funcionamento, à margem das regras de coletivização da economia angolana que se seguiram à proclamação da independência; se a petrolífera angolana não passasse a reportar apenas ao presidente angolano, com as suas receitas a serem alvo de uma enorme opacidade; se essas receitas não tivessem sido utilizadas pelo presidente para enriquecer brutalmente uma pequena elite da sua mais estrita confiança;
e se, com base nelas, José Eduardo dos Santos não tivesse criado um verdadeiro Estado paralelo,onde ele põe e dispõe sem dar satisfações a ninguém, um Estado que se sobrepõe ao Estado oficial e a todas as tentativas de controlo de ministérios como os do Petróleo ou das Finanças.
É tudo isto que está meticulosamente retratado em
«Magnífica e Miserável: Angola desde a Guerra Civil», da autoria de Ricardo Soares de Oliveira, professor associado na Universidade de Oxford,
que será lançado amanhã, 11 de novembro, às 18h30 horas, na FNAC do Chiado, em Lisboa. A apresentação do livro estará a cargo de José Eduardo Agualusa, Manuel Ennes Ferreira e Pedro Aires Oliveira.
E talvez nesse momento alguém se recorde de
um antigo poema de Agostinho Neto, intitulado
«Mussunda Amigo», onde escreve a dado passo:«(…) Para aqui estou eu / Mussunda amigo / escrevendo versos que não entendes /
Não era isso / que nós queríamos, bem sei / Mas no espírito e na inteligência / nós somos! / Nós somos / Mussunda amigo / Nós somos (…)»
E para quem não é indiferente esta temática então sugiro que veja a excelente reportagem multimédia publicada ontem na
página da Rádio Renascença sobre os 40 anos da independência de Angola, com ênfase nos retornados.
E pronto, este Expresso Curto está a tornar-se demasiado longo mas o momento assim o exige. Amanhã, estará por aqui o João Vieira Pereira que, como bom defensor dos mercados e da iniciativa privada, lhe servirá um Expresso Curto com sabor diferente do meu, mas sempre excelente. Tenha um bom dia.