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terça-feira, 10 de novembro de 2015

EXPRESSO CURTO - 10 DE NOVEMBRO DE 2015

Hoje faz-se história. Amanhã logo se vê

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com


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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso CurtoBom dia, este é o seu Expresso Curto 
Nicolau Santos
POR NICOLAU SANTOS
Diretor-Adjunto
 
10 de Novembro de 2015
 
Hoje faz-se história. Amanhã logo se vê
 
Bom dia.

Este vai ser um dia amargo para uns e de alegria para outros. Vai repetir-se algo que só aconteceu em 1987, quando o primeiro governo (minoritário) de Cavaco Silva sucumbiu a uma moção de censura apresentada pelo PRD na Assembleia da República. Sabe-se o que se seguiu. O Presidente Mário Soares convocou eleições e o PSD conseguiu duas maiorias absolutas.Hoje voltamos a esse passado longínquo. O governo PSD/CDS vai, tudo o indica, sucumbir às quatro moções de censura ao seu programa que serão apresentadas pelos partidos da ala esquerda do Parlamento.

Ontem, o tom na Assembleia da Republica foi quente e muito crispado, com as bancadas de PSD e CDS a insistirem que quem ganhou as eleições foi a coligação Portugal à Frente e que, portanto, deveria ser o Governo que dela emana a governar; e os representantes das bancadas à esquerda a sustentarem que é totalmente legítimo um governo apoiado por PS, PCP, BE e Verdes, porque dispõe de uma maioria no parlamento.

Foi «um combate de golpes sujos e facadas», diz oPúblico, fazendo o relato do que ontem se passou na longa sessão parlamentar, que só terminou perto das 21 horas, ao fim de seis horas de sessão. As acusações sucederam-se de parte a parte. Paula Teixeira da Cruzfalou em«usurpação eleitoral» e acenou com «um novo resgate». Costa Neves, o ministro dos Assuntos Parlamentares, disse que «a prioridade do PS é o poder a todo o custo para salvar a cabeça do líder». O presidente do PS, Carlos César, retorquiu, afirmando que «só a direita que se dá mal com a democracia não aceita a maioria» e que o PSD queria rebocar o PS«como um andarilho». E na sua coluna no Jornal de Notícias, a deputada do BE, Mariana Mortágua, recorre a Luís de Sttau Monteiro para intitular a sua crónica, «Felizmente há luar», para escrever, preto no branco:«Hoje é o dia de despedir Passos e Portas». EFerreira Fernandes, no Diário de Notícias, acrescenta mesmo: «Passos tem, mais encanto na hora da despedida».

Na sua crónica na Rádio Renascença, Morais Sarmento, ex-ministro do PSD, não faz a coisa por menos: António Costa vai levar o país a um novo resgate. E o governador do Banco de Portugal não dura três meses. Por sua vez, Vera Jardim, um dos mais destacados militantes socialistas e crítico da solução governativa apoiada por forças de esquerdas, acredita mesmo assim que o Governo do PS vai durar quatro anos.

«Direita travestida de oposição, esquerda em pose de Governo»: foi assim que o Público sintetizou o primeiro dia do debate, onde o que mais irritou PSD e CDS foi o facto de António Costa se ter mantido em silêncio durante todo o debate, remetendo para a intervenção que fará hoje no final da maratona parlamentar, evitando assim entrar em confronto direto com Passos Coelho. Um silêncio que «repugnou» Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD: «Repugna-me mesmo, e assumo as palavras, repugna-me que algum dirigente político, ainda por cima com a pretensão de ser primeiro-ministro, mesmo perdendo as eleições, não tenha uma palavra ao país num dia como o de hoje. É um atentado à democracia».

Cá fora, a crispação também sobe de tom. Às 13 horas, em frente à Assembleia, chegam os manifestantes que apoiam o Governo PSD/CDS. Para as 15 horas está convocada uma manifestação da CGTP. Para prevenir males maiores, a PSP admite criar um corredor que separe os dois lados.

Bom, mas se quer conhecer as 71 alterações que o PS teve de fazer ao seu programa originalpara contemplar as reivindicações de BE e PCP e chegar a um acordo parlamentar de apoio ao futuro governo socialista então tem mesmo de ler o trabalho que nada menos do que sete jornalistas do Expresso (Ana Sofia Santos, João Silvestre, João Palma-Ferreira, Joana Madeira Pereira, Margarida Fiúza, Miguel Prado e Sónia Lourenço) prepararam e que pode ler no Expresso Diário.

Pois bem, e agora? O que acontece a seguir se o programa de Governo for mesmo chumbado hoje na Assembleia da República? Bom, então nada melhor do que ler o texto do diretor do Expresso, Ricardo Costa, que se intitula precisamente «O que acontece a seguir». Para já, o Presidente da República entrará de novo em ação, ouvindo todos os partidos com assento parlamentar. Depois, logo se verá, se ficamos com um governo de gestão até o novo Presidente vir desatar o nó ou se Cavaco, mesmo a contra-gosto, dará posse a um governo do PS apoiado pela esquerda. Mas fique calmo: o Expresso avisa que a decisão pode ser demorada.

Claro que lá fora a nossa situação é seguida com atenção, mas para já o mote comum é de desdramatizar. A Wolfgang Schauble, ministro alemão das Finanças, até lhe deu para a poesia: «a vida é sempre cheia de incerteza e essa é a [sua] beleza». Schäuble disse estar «completamente convencido» de que Portugal, que foi «tão bem sucedido» ao longo dos últimos anos, irá continuar neste caminho de sucesso, independentemente do que aconteça.

Quanto ao presidente do Eurogrupo e ministro das finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem,disse estar preparado para qualquer cenário e que em qualquer país há sempre um governo legítimo e é com ele que «vamos trabalhar». E isto num dia em que a bolsa portuguesa caiu mais de 4% e os juros da dívida nacional a dez anos subiram para 2,88% - coisa que o economistaRicardo Paes Mamede defende nada ter a ver com o que se está a passar na Assembleia da República.

Como não podia deixar de ser, voltámos a ser notícia na imprensa internacional. O alemão Die Welt escreve que «a Europa treme perante uma nova Grécia» e o norte-americano Wall Street Journal pergunta se «Portugal é a Grécia?»

O espanhol El Mundo titula que «a esquerda lusa e o fim da disciplina da troika assustam o mercado» e antecipa que este cenário poderá encontrar reprodução na vizinha Espanha, caso o Podemos integre o próximo Governo espanhol. Ainda em Espanha, El Pais sublinha o fim de «40 anos de distanciamento» entre os partidos de esquerda. O britânico Financial Times recorre a analistas do Citigroup para mostrar o receio de que «a trajetória do défice que consta no programa do PS irá provavelmente enfrentar uma oposição de Bruxelas, colocando de novo no mercado preocupações sobre a sustentabilidade orçamental portuguesa». A mesma linha segue a BBC. De uma forma surpreendente, a agência Bloomberg, ao analisar o revisto cenário macroeconómico do PS, deixa uma nota importante aos investidores: «Prevê-se que o défice orçamental fique abaixo do limite da União Europeia de 3% do PIB até 2019».

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OUTRAS NOTÍCIAS
Em Londres, Ronaldo assistiu à estreia do filme, perdão, do documentário, como sublinhou o realizador, sobre a sua vida. Foi uma noite própria das grandes estrelas de Hollywood, com passadeira vermelha e tudo. Estiveram muitos dos grandes nomes do futebol mundial, comoAlex Ferguson, Carlo Ancelotti, Jorge Mendes, Gary Neville e, surpresa das surpresas, José Mourinho. O documentário «Ronaldo», com 92 minutos de duração, vai revelar detalhes da sua vida profissional e pessoal, incluindo a sua relação com a família, a rivalidade com Messi e os desafios de carreira.É hoje posto à venda em 75 países em formato DVD e Blu-Ray (preço entre os 10 e 20 euros), e para aluguer em videoclubes dos principais operadores de televisão.

E como estamos a falar de desporto, então tome nota quea Agência Antidoping propôs a suspensão da Federação russa de Atletismo, bem como o afastamento definitivo de cinco atletas e de cinco treinadores.

No Reino Unido, o primeiro-ministro David Cameronanunciou que vai enviar uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, detalhando as reformas que exige que a UE façapara que ele possa defender o Sim à permanência do Reino Unido na EU no referendo que convocou para 2017 mas que afinal pode vir a realizar-se já em 2016. Como diria Freitas do Amaral, «é preciso topete!». Entre outras coisas, o primeiro-ministro britânico quer limitações aos direitos dos imigrantes, como por exemplo a possibilidade de negar apoios sociais aos imigrantes comunitários durante os seus primeiros quatro anos de permanência em solo britânico.

Em Espanha, após meses de tensão e retórica, o Parlamento catalão deu ontem início ao processo independentista. Com 72 votos a favor e 63 contra foi aprovada a resolução que «declara solenemente o início do processo de criação do Estado catalão independente em forma de república». O Governo espanhol já disse que vai recorrer a «todos os meios legais e políticos» para impedir a independência da Catalunha.«Utilizaremos somente o Estado de direito, mas todo o Estado de direito», disse o primeiro-ministro Mariano Rajoy, excluindo assim o recurso à força.

O presidente Barack Obama inaugurou uma página no Facebook com um vídeo feito no seu quintal das traseiras. A rede social afigura-se-lhe como um sítio ótimo para se conversar sobre temas como mudanças climáticas e educação.

A Volkswagen vai compensar os clientes que foram afetados pelo dieselgate nos EUA com a oferta de cupões de mil dólares (cerca de 930 euros) e ainda serviço de arranjos gratuito. A marca alemã tenta assim compensar os donos dos carros afetados pelo escândalo da manipulação das emissões de gases poluentes dos veículos a diesel.

Também nos Estados Unidos, terra de todos os excessos,um pastor, Kevin Swanson de seu nome, diz que é preferível afogar crianças do que deixá-las ler Harry Potter, por ter um mentor homossexual: Dumbledore. A Pátria do Tio Sam nunca deixa de nos surpreender.

FRASES
«Estamos a debater que um programa que antes do ser já não o era». Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda, sobre o programa de Governo que está a ser debatido na Assembleia da República

«Quem é que catequizou quem?». Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, para Catarina Martins, «muito curioso» para saber o que está no acordo assinado entre PS, BE e PCP

«O pior inimigo Estado social é o Estado falido».Pedro Passos Coelho, citando Paulo Portas

«Passos ganhou e Costa perdeu e nenhum deles perdeu ou ganhou por poucochinho». Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD

«Quando os políticos divergem não se devem tornar inimigos, quando vencem não se devem tornar iliberais, quando perdem não se tornam proscritos». Carlos César, presidente do PS

«A não ser que o acordo entre as esquerdas portuguesas esteja a afetar o futuro de Espanha e de Itália, a evolução dos juros sobre a dívida nacional tem muito pouco a ver com o que está a ser discutido na AR. As devidas desculpas à imprensa alarmista pelo mau jeito».Ricardo Paes Mamede, economista

«Percebo que para o senhor deputado João Galamba falar de humildade é como falar de Waterloo a Napoleão». Telmo Correia, deputado do CDS

O QUE ANDO A LER
Amanhã, Angola comemora quarenta anos como país independente
. Foi a 11 de novembro de 1975 que Agostinho Neto declarou unilateralmente a independência, numa Luanda então cercada a norte pelas forças da FNLA e de mercenários comandados pelo militar português Santos e Castro e a sul pelas forças da UNITA, com o apoio técnico e militar da África do Sul.

Com o apoio de uma força expedicionária cubana, que por esses dias desembarcou a poucos quilómetros de Luanda, o MPLA não só conseguiu afastar as garras da tenaz que sufocavam a capital angolana, como manter uma guerra civil que só terminaria em fevereiro de 2002 com a morte, às mãos de tropas governamentais, do líder carismático da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi.

Em 1979, na sequência de graves problemas de saúde, Agostinho Neto morre em Moscovo durante uma intervenção cirúrgica a que foi sujeito. Para lhe suceder é escolhido um jovem tímido, esquivo, sem carisma, que surge como o menor divisor comum para os militantes pesos-pesados do MPLA que aspiravam ao cargo: José Eduardo dos Santos. Vigorou a tese de que a escolha seria transitória e que o jovem de 37 anos seria facilmente manipulável. Trinta e seis anos depois, confirma-se que se tratou de um enorme equívoco. Paulatinamente, o sucessor de Neto construiu um longo reinado à frente da nação angolana, que se pode estender até 2022.

Como foi possível que o presidente, que continua esquivo e sem carisma, tenha acumulado tanto poder e ultrapassado todas as dificuldades e todos os que o enfrentaram? A resposta é que tal não teria sido se Angola não fosse o segundo maior produtor africano de petróleo; se a Sonangol não tivesse sido mantida, no que toca ao seu funcionamento, à margem das regras de coletivização da economia angolana que se seguiram à proclamação da independência; se a petrolífera angolana não passasse a reportar apenas ao presidente angolano, com as suas receitas a serem alvo de uma enorme opacidade; se essas receitas não tivessem sido utilizadas pelo presidente para enriquecer brutalmente uma pequena elite da sua mais estrita confiança; e se, com base nelas, José Eduardo dos Santos não tivesse criado um verdadeiro Estado paralelo,onde ele põe e dispõe sem dar satisfações a ninguém, um Estado que se sobrepõe ao Estado oficial e a todas as tentativas de controlo de ministérios como os do Petróleo ou das Finanças.

É tudo isto que está meticulosamente retratado em«Magnífica e Miserável: Angola desde a Guerra Civil», da autoria de Ricardo Soares de Oliveira, professor associado na Universidade de Oxford,que será lançado amanhã, 11 de novembro, às 18h30 horas, na FNAC do Chiado, em Lisboa. A apresentação do livro estará a cargo de José Eduardo Agualusa, Manuel Ennes Ferreira e Pedro Aires Oliveira.

E talvez nesse momento alguém se recorde de um antigo poema de Agostinho Neto, intitulado«Mussunda Amigo», onde escreve a dado passo:«(…) Para aqui estou eu / Mussunda amigo / escrevendo versos que não entendes / Não era isso / que nós queríamos, bem sei / Mas no espírito e na inteligência / nós somos! / Nós somos / Mussunda amigo / Nós somos (…)»

E para quem não é indiferente esta temática então sugiro que veja a excelente reportagem multimédia publicada ontem na página da Rádio Renascença sobre os 40 anos da independência de Angola, com ênfase nos retornados.

E pronto, este Expresso Curto está a tornar-se demasiado longo mas o momento assim o exige. Amanhã, estará por aqui o João Vieira Pereira que, como bom defensor dos mercados e da iniciativa privada, lhe servirá um Expresso Curto com sabor diferente do meu, mas sempre excelente. Tenha um bom dia.
 
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