OUTRAS NOTÍCIAS O tempo passa, mas
as certezas tardam. Sabemos que
não há sobreviventes, sabemos que havia um português a bordo, mas ainda ninguém consegue explicar o que aconteceu ao Airbus A320 da Egypt Air que fazia a ligação entre Paris e o Cairo, com 53 passageiros e dez tripulantes.
No
The New York Times e no
Le Monde é possível percebe
r como a informação foi mudando ao
longo das últimas horas. Às 23h22 de ontem, um comunicado da
presidência egípcia dava a aeronave como "desaparecida" - e não como
tendo caído no mar; também não fazia qualquer referência aos alegados
destroços encontrados.
Horas antes, o
ministro da aviação egípcio admitira ser mais provável um
atentado terrorista do que uma falha técnica.
Donald Trump disse o
mesmo, mas a
Casa Branca
mostrou-se mais cautelosa. As imagens de satélite não mostram qualquer
explosão, de acordo com a Reuters e, por isso, todos os cenários são
possíveis. Num mar de perguntas, pode encontrar
aqui algumas respostas.
Na Educação, está tudo na mesma – o que significa que está tudo em permanente mudança. Com a discussão sobre os contratos de associação das escolas privadas ainda a ferver (e já começaram as
providências cautelares), Tiago Brandão Rodrigues anunciou
um novo "re", que desta vez soa a "ra", de rasgar. Os
curso vocacionais criados por Nuno Crato vão ser rasgados e, em seu lugar, como explica a Isabel Leiria, vão surgir os
tutores para acompanhar os alunos que acumulem dois ou mais chumbos.
Ainda é cedo para discutir se a ideia é boa ou má. Ainda é cedo para
perceber se a ideia anterior era boa ou má. Acima de tudo,
é mais do mesmo.
O
problema de Brandão Rodrigues, de Nuno Crato e de todos os outros
ministros da Educação é não terem percebido ainda, ao fim de quarenta
anos de democracia, que a seguir a cada um deles virá sempre mais
alguém. É inevitável, é a vida. E, tal como os antecessores, o
maior desejo do novo ministro será ficar na história como o autor da
reforma que revolucionou o ensino em Portugal. Outra vez. Com mais ou
menos gritaria.
Se o Governo mudar a cada quatro anos, uma
criança mais azarada arrisca-se a apanhar três ministros da Educação nos
doze anos de escolaridade obrigatória e, no fim, poderá queixar-se de
um pouco de tudo. Mas nunca de monotonia. Todos sabemos que os tempos não estão para consensos, mas neste caso, em nome do futuro, valia mesmo a pena insistir.
"Aqueles que levam as lanternas atrás de si, lançam para a frente as suas sombras" A verdade é
que qualquer impossível é apenas um possível que está por fazer. António Costa provou-o ontem quando ofereceu uma
vaca voadora à ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Manuel Leitão Marques. O Paulo Paixão assistiu à apresentação do
Simplex + e
conta-lhe
tudo o que vai mudar na forma como nos relacionamos com alguns serviços
da administração pública, desde que nascemos até ao dia da nossa morte -
e provavelmente depois.
"O processo de modernização e
simplificação da administração pública é uma never ending story, não tem
fim", garantiu um divertido primeiro-ministro. As notícias desta semana, com a Comissão Europeia a exigir 730 milhões em
medidas adicionais, não incomodaram por ai além o Governo. O primeiro-ministro, já a preparar o
congresso socialista de junho, voltou a afirmar que não é preciso qualquer alteração ao
rumo traçado.
A dança entre Bruxelas e Lisboa não se faz apenas a dois, e o Ricardo Costa explica-lhe em
poucas linhas como
funciona este delicado equilíbrio entre o ser e o parecer numa Europa
que cada vez mais parece ser aquilo que tanto se esforça para não
parecer. A todos os problemas, junta-se ainda mais um. Em França, a polémica
Lei do Trabalho – que os sindicatos descrevem com uma fórmula que anda perto de
'trabalhar mais, ganhar menos e ser mais fácil acabar despedido' - está a testar os nervos do país. Há
greves todos os dias,
manifestações várias vezes ao dia e uma guerra declarada entre manifestantes e polícias.
Os ataques contra a polícia são ataques à República,
escreve o Le Nouvelle Observateur.
No Brasil, garante a imprensa que está para breve uma
entrevista do
"peemedebista" Michel Temer, o presidente interino que lidera um Governo absolutamente branco e masculino e que prometeu a um conjunto de deputadas
nomear uma ministra
lá mais para a frente, sem se comprometer com datas, e que já viu
quatro mulheres recusarem o convite para a liderança da secretaria da
cultura (a última foi a atriz
Bruna Lombardi), mas que entretanto já
nomeou um suspeito de tentativa de homicídio para
líder da bancada que apoia o executivo em funções desde que foi suspensa de funções a "petista" Dilma Roussef (um museu no Paraná retirou a
figura de cera da presidente suspensa), que numa
entrevista a um jornalista americano disse que o governo de Temer será conservador em todos os seus aspetos...
Peemedebista, petista... Não há quem resista.
Nos EUA, o passado e o futuro convivem até novembro. Antes de se por a
caminho da sua nova vida fora dos muros da Casa Branca, onde se sentirá
livre como um passarinho, Obama fez com que mais uns milhões de trabalhadores passem a receber
mais horas extraordinárias.
A caminho da gaiola, a corrida está reduzida a três. Trump – que vai dando sinais de moderação no discurso, arriscando, porém que seja
too litle too late, como eles costumam dizer -, Sanders e Clinton, os dois democratas desavindos. Está tudo no
especial eleições do The New York Times.
Aproveite o sol e o céu limpo,
as nuvens voltam amanhã
e ficam mais uns dias. A primavera tarda, mas o verão há de chegar e,
com ele, o mosquito que há uns meses assustou o mundo por causa do
Zika estará na Europa. Mais precisamente na Madeira,
preveem os especialistas.
"Lemos mal o mundo, e dizemos depois que ele nos engana" Às vezes, não o lemos de todo. Esta semana, o Jornal de Notícias trouxe duas notícias capazes de provar que nada é inevitável, nem a vida nem a morte.
Em Miranda do Douro, 44 ovelhas que pastavam perto da localidade de Fonte da Aldeia morreram fulminadas por um raio.
Em Vilarandelo, Valpaços, o porco que ia ser rifado no Natal, e transformado em enchidos, ganhou nome e é hoje o animal de estimação da aldeia.
Toninho é um sinal de que ainda há esperança no mundo, pelo menos para alguns.
Desengane-se quem tinha esperança de que havia uns dias de descanso
entre o fim do campeonato nacional e o arranque do campeonato da Europa.
A bola está sempre a rolar. Hoje há a final da
Taça da Liga, entre Benfica e Marítimo, amanhã será a vez de um Portugal – Espanha na final do
Europeu de Sub-17 e no domingo a final da
Taça de Portugal, entre FC Porto e Braga.
Daqui a meia hora estão na estrada os carros do
Rali de Portugal. O dia arranca em Ponte de Lima e está aqui um
mapa com todas as etapas da prova.
Manchetes Diário de Notícias: "Alunos que chumbem vão passar a ter tutor"
Jornal de Notícias: "Reabilitação urbana da Baixa do Porto encrava em Lisboa"
Correio da Manhã: "Gang planeia matar inspetor da PJ"
Público: "Franceses já compram mais casas em Portugal do que ingleses e chineses"
i: "Como não há os livros que gostaria de ler, escrevo-os eu", entrevista a José Rodrigues dos Santos
FRASE "Eu
veria do outro lado da História, um pouco com o espírito habitual do
senhor primeiro-ministro, aquele seu otimismo crónico e às vezes
ligeiramente irritante", Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
O QUE ANDO A LER Como é fim de semana, deixo-lhe algumas sugestões um pouco mais longas.
É possível escrever sobre quase tudo,
disse-me esta semana alguém que sabe o que lê. Neste artigo do The New
York Times, o crítico de vinhos do jornal, reflete sobre
como as principais séries de televisão estão a ser invadidas pelo vinho.
Para quem se lembra, se hoje fosse sexta-feira em Dallas, JR Ewing
estaria a chegar a casa e encher um copo- não de uísque, mas de tinto...
Também à distância de um clique, está o excelente artigo que Jonathan
Franzen escreveu para a The New Yorker a propósito de uma
viagem à Antártica.
Não é apenas a história de uma ave, o Pinguim-Imperador, apesar de
Franzen ser um apaixonado pelos pássaros – como seria de esperar é muito
mais do que isso.
É uma história sobre pessoas escrita e que fala de um pinguim que parece dar uma conferência de imprensa num icebergue. Agora a Granta, edição portuguesa, número 7,
acabada de sair, e a visão de
Julian Barnes, ele próprio jogador, sobre o encontro de xadrez entre
Gary Kasparov e Nigel Short no Savoy, em Londres, em 1993. O artigo foi escrito em 1994, mas é absolutamente imperdível. "
Os
céticos defendem que assistir a xadrez ao vivo é tão arrebatador como
ver tinta a secar. Os ultracéticos respondem: isso é injusto para a
tinta. Enquanto experiência teatral, é austera e minimalista:
dois homens, duas cadeiras, uma mesa e nenhum diálogo. Contudo, durante
três meses os lugares mais baratos do Savoy foram, de longe, os lugares
mais caros de qualquer teatro londrino".
Aqui pode ler o
fascínio de um matemático por outro, e como dois percursos tão distantes no tempo podem ser tão semelhantes.
Ken Ono e Srinivasa Ramanujan.
E, sem sair da Índia do século XIX, chegamos a
Rabindranath Tagore. Do premio nobel da literatura em 1913 foi agora publicado
"A asa e a luz", (Assírio e Alvim) edição conjunta de dois livros nunca antes traduzidos para português. São 153 páginas repletas de
aforismos e poemas breves que Tagore escreveu durante duas viagens, ao
Japão e à China.
Um fala de aves: "O pardal compadece-se do pavão por este carregar uma cauda tão pesada" Há três que já conhece:
"O poder toma como ingratidão as revoltas das suas vítimas"
"Aqueles que levam as lanternas atrás de si, lançam para a frente as suas sombras"
"Lemos mal o mundo, e dizemos depois que ele nos engana" E fica mais um, para dois dias que se querem de repouso: "O ruído do momento desdenha da música do eterno" Como sempre, há
Expresso Diário às seis da tarde,
Expresso da Meia Noite às 23h00, na SIC-Notícias, e o
Expresso de sempre amanhã nas bancas.
Bom dia, e
bom fim de semana