JN - 18-1-2015
O sonho de ter uma mesquita e explicar o que é o Islão
IVETE CARNEIRO
| Hoje às 00:31
Sexta-feira, há quatro mulheres e 350 homens, talvez mais, na improvisada mesquita do Porto. Ouvem falar na paciência do profeta. "O Islão não é aquilo que está a acontecer". Esta é uma visita a uma comunidade discreta.
LEONEL DE CASTRO/GLOBAL IMAGENS
Paris está quente. Ferve no ar frio da mesquita improvisada atrás de uma normal montra de loja da Rua do Heroísmo, no Porto oriental. Que Paris foi mal. A reação do profeta a uma provocação é a da paciência. Que aquilo foi obra de fanáticos a quem falta algo tão simples: o conhecimento. "Está na hora de todos nós, muçulmanos, crentes, de paz, fazermos a nossa divulgação de que o Islão não é isto que está a acontecer". Tudo isto entoa nas duas salas de repente cheias do Centro Cultural Islâmico do Porto. Como entoa a tristeza pela agressão de que o Islão foi alvo com os sucessivos cartunes do "Charlie Hebdo". Que o Islão é, pura e simplesmente, contrário à representação de profetas, por ser contrário à adoração para lá da que se deve a Deus.
Conhecimento. Parece ser a palavra chave do discurso de Abdul Rehman Mangá, nascido português no Moçambique que ainda tinha como capital Lourenço Marques. Meia hora dele, em português. Abdul Kadir, o jovem imã vindo de Marrocos, haveria de dizê-lo, depois, em árabe. Antes da oração principal de sexta-feira. Conhecimento. E dar a conhecer, a perceber o Islão seria bem mais fácil se a comunidade muçulmana no Grande Porto, cinco mil pessoas, números redondos, pudesse ser visível. E só não pode, ainda, porque lhe falta uma mesquita construída de raiz. Uma mesquita como a de Lisboa, que convidasse o mundo a entrar e perceber. "Estamos a envidar esforços junto da Câmara, para encontrar um terreno adequado e depois arranjar financiamentos".
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ANTÓNIO FONSECA