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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

OBSERVADOR - 2 DE OUTUBRO DE 2015

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

Escrevo este último Macroscópio antes das eleições perto de uma janela que se abre para uma rua do lisboeta Bairro Alto. Do outro lado da rua há um edifício onde decorrem obras de recuperação, apenas um entre os muitos que fui vendo transformarem-se neste ano e meio em que esta é a minha morada – a morada do Observador. Abro a janela e não me chegam ecos das campanhas. Sei que não andam longe, houve três que decidiram descer hoje o Chiado (o PS, a Coligação e a CDU), sei que há também protestos agendados, mas por aqui está tudo tranquilo. Dos escritórios já se sai a caminho de um fim-de-semana de responsabilidades acrescidas: votar para decidir o futuro do nosso país.

Não vou maçá-los com pormenores desta reta final, até porque estão todo no nosso liveblog “em directo”, que estará em actualização constante até às 24h00 de hoje, momento em que a campanha encerra oficialmente. Vamos antes a alguns trabalhos a ajudam a perceber o que está em causa e às opiniões mais relevantes disponível online.

As propostas

Primeiro que tudo, o básico: que propõem os partidos? Já aqui vos tinha encaminhado para o Guia Eleitoral preparado pelo Observador, o mais completo online, sendo que o do Público também é bem feito. É uma síntese do essencial dos programas de todos os partidos, uma síntese que a aproximação dos últimos dias entre o PS e o Bloco de Esquerda deve ser complementada com a leitura de um breve inventário do que separa o programa do BE (e também o do PCP) daquilo que defende o PS. Essa síntese está aqui: PS+BE? PS+PCP? Estes programas são conciliáveis?

Mas há mais, e bem interessante, sobre os programas das quatro principais candidaturas: entender o que propõem para a economia. O melhor é serem os próprios a fazê-lo, e foi isso que o Observador possibilitou em Como é que a economia pode crescer mais?. Diogo Feio escreveu pela coligação – “O Tio Patinhas é bem melhor do que a Maga Patalógica”; João Galamba pelo PS – “Esta é a alternativa (necessária) para Portugal”; Agostinho Lopes pela CDU – “Como fazer o país crescer”; e José Gusmão pelo Bloco de Esquerda – “Três escolhas e um dilema”.

Outra leitura complementar: Não vota nos grandes? Guia para escolher entre os pequenos partidos.

Os cenários do dia seguinte

Os últimos dias da campanha e, sobretudo, aquilo que as sondagens foram dizendo sobre as intenções de voto apontam para um dia seguinte difícil de prever (pode ler aqui a síntese de todos os resultados conhecidos – Coligação com vantagem de 4, 5 e 6 pontos. Independentemente de saber quem pode ter mais votos, haverá que saber como isso se traduz em mandatos e que geometrias são possíveis num parlamento sem maioria absoluta (se houve um maioria absoluta tudo será mais simples). Por isso a conversa tem sido sobre cenários e o debate sobre o que vale mais: os votos ou os mandatos?



Primeiro, os cenários. O David Dinis preparou um especial que é, de longe, aquele que explora mais hipóteses diferentes: 8 cenários para o dia seguinte (alguns são o caos). Recomendo vivamente a sua leitura, pois o leque de alternativas é tão grande que pequenas variações no sentido de voto podem revelar-se muito importantes. Para além disso é um guia para se preparar para a noite eleitoral com algumas saídas surpreendentes pelo meio. Para cada um dos cenários foi avaliado o seu grau de risco e de probabilidade. (O Diário Económico também tratou do tema em Duas minorias, quantas coligações possíveis?, mas de uma forma muito menos exaustiva. E não esquecer, claro, um trabalho mais antigo, ainda de Agosto, do Observador, Os cenários mais loucos (e possíveis) das legislativas, tal como um outro sobre os hábitos europeus no que toca a entendimentos partidários, Coligações? Na Europa, há 14 governos com três ou mais partidos.)

Num registo um pouco mais divertido, e bem mais especulativo, a Helena Pereira, a Liliana Valente e o Miguel Santos, ainda no Observador, puseram-se a imaginar como poderia arrumar-se a mesa do Conselho de Ministros de acordo com os principais cenários em cima da mesa. Fizeram-no em Já imaginou quem seriam os ministros de governos de coligação? E descobriram soluções para todos os gostos e sensibilidades. E, se quiser ir tentando prever as alianças necessárias para formar maioria no próximo Parlamento, nada melhor do que usar o nosso “Calculador de Coligações”. É capaz de lhe fazer muito jeito na noite eleitoral.

Bem mais séria do que estas divagações é o debate sobre como deve o Presidente da República interpretar os resultados eleitorais, um debate com várias componentes. Uma é mais jurídico-consitucional: valem mais os votos ou vale mais a dimensão dos grupos parlamentares que deles resultarem? A outra é mais política: que legitimidade terá a coligação para governar se não tiver maioria? e que legitimidade terá o PS para o fazer se para isso necessitar de fazer acordos de que nunca falou aos eleitores?

O debate jurídico-constitucional já tem uns dias e já me referi a ele aqui no Macroscópio, quando citei um texto de Vital Moreira no Diário Económico: Sinédoque. Nele se escrevia que “Sob o ponto de vista constitucional e político quem forma os governos são os partidos políticos representados na Assembleia da República e não as eventuais coligações pré-eleitorais, entretanto desaparecidas. Quando o Presidente da República tiver de decidir sobre a nomeação do primeiro-ministro, a sua única referência é a geografia parlamentar resultante das eleições, independentemente das coligações eleitorais que tenham existido.” Este argumento foi submetido a um fact-check aqui no Observador, A coligação não vale para formar Governo?, e a conclusão a que chegámos é que ele é “enganador”: “Vital Moreira pode argumentar que a vitória da coligação, por si só, não chega para garantir uma nomeação para formar Governo – dependendo da interpretação do Presidente dos “resultados” e das maiorias que se possam formar na nova Assembleia. Mas não valoriza que a intenção manifestada e pública pela atual coligação PàF é essa, que o seu programa é comum (ao contrário de PCP e Verdes – com estes a apresentarem um manifesto próprio) e que a coligação pode ser “renovada” logo após os resultados e que há mecanismos previstos no regimento da AR para que isso se materialize.” Recomendo no entanto a leitura de todo o artigo, onde se cita a Constituição e várias leis, se regressa à argumentação de Vital Moreira e se fala também com outros constitucionalistas. Se não tivemos receio de, neste momento, formular um veredito – é para isso que servem os fact check – a verdade é que, se os resultados de domingo o proporcionarem, a polémica estará aí para lavar e durar.

Para terem mais argumentos na mesma linha de raciocínio de Vital Moreira o artigo a ler é Passos e Portas não repetirão Governo, de Ivo Miguel Barroso, hoje editado pelo Público.

Duas reportagens especiais

Estarão porventura os leitores do Macroscópio a notar que, hoje, tenho saído relativamente do Observador e de referências a alguns dos muitos trabalhos que fizemos nesta campanha eleitoral. Modéstia à parte, é porque sinto mesmo que são dos melhores que estão disponíveis online e, seguramente, os maus exaustivos e abrangentes – algo verificável na nossa página especial Legislativas 2015. Mas vou agora abrir uma excepção para referir duas reportagens diferentes, duas reportagens realizadas por dois veteranos do jornalismo a convite do Diário de Notícias: Inês Serra Lopes acompanhou algum tempo a campanha do PS, Vicente Jorge Silva esteve com a da coligação. Aqui ficam duas breves passagens desses trabalhos:
Reportagem na campanha do PS: Do outro lado do espelho
"Vamos ganhar estas eleições. Vais ver!", lança Maria Rui a um jornalista. Ouvimos em silêncio a profissão de fé da responsável pelas relações do PS com a imprensa. Mas ela sabe que estamos a pensar todos no mesmo: há nas campanhas eleitorais uma dinâmica de vitória que se sente no ar. Aqui, todavia, não se sente isso. Tudo corre bem. Só isso. Mas não cheira a poder. Não se sente a excitação e a adesão popular que costuma vir com a iminência da vitória. Maria Rui sabe isso melhor que nós, trabalhou para várias maiorias absolutas e já viu algumas derrotas.
Reportagem na campanha da coligação: Laranja e azul, um mundo perfeito
Mas o mistério principal da coligação - e que representa porventura o seu maior capital - é, efetivamente, Passos Coelho. Há, de facto, dois Passos Coelho. Um é comunicativo, exuberante e mobilizador, como o que encontrámos no comício em Braga, no almoço ou numa arruada festiva em Guimarães e ainda num encontro com militantes da JSD e da JP na Casa das Artes em Famalicão. E há um outro, tímido, de uma afabilidade reservada, aparentemente pouco à vontade na sua pele, que foi o que, ao início da manhã, recebeu os jornalistas num hotel de Vizela para um pequeno-almoço com declarações off the record. (…) Que leva Passos Coelho a querer refugiar-se numa redoma, com um discurso redondo perante os jornalistas, e transfigurar-se depois num orador capaz de levar ao rubro as plateias de militantes? É talvez uma questão a que o próprio Passos não saberá responder, dividido que está entre uma personalidade desconfiada e reservada e outra personalidade comunicativa e exuberante.



As opiniões

Muitas e variadas, se bem que se note um tom mais crítico relativamente à forma como António Costa dirigiu a sua campanha. Breve seleção, começando por algumas das cá da casa mas indo depois bem mais longe:
  • Não vou votar feliz. E sobretudo não vou votar PS, que eu próprio escrevi: “O cenário, cada vez mais real, de que Costa quer governar, perdendo as eleições, com o apoio do Bloco, mostra como o líder do PS não percebeu sequer como isso é incompatível com continuar na zona euro”;
  • O drama eleitoral, de Rui Ramos: “Ontem, na RTP, Costa sentiu necessidade de esclarecer que não quer lançar o país no “caos”. Mas o facto de ter de dar essas explicações diz tudo sobre a estratégia de ruptura que seguiu.”;
  • O povo é sereno, de Paulo Ferreira: “Nunca imaginei que em tão pouco tempo, tanta gente tivesse aprendido tanta coisa. A lição foi demasiado cara mas, aparentemente, parece estar a ser assimilada: não se distribui dinheiro que não temos.”
  • O Presidente e as coligações, de João Marques de Almeida: “A partir do dia 5, o centro da política desloca-se para Belém. Sem uma maioria absoluta, o Presidente torna-se na personagem central da política nacional. E é irrelevante que esteja em fim de mandato.”;
  • Qual é a admiração?, de Maria de Fátima Bonifácio: “Costa não foi, não é, um líder desta cepa. Tem o cargo, mas não lidera. Ainda que ganhe as eleições, não liderará o País: irá ao sabor das ventanias, como até aqui. Continuará sem rumo certo e seguro.”;
  • Escolher, de Maria João Avillez: “Fui-me espantando de vez para vez, não era este político que tinha na cabeça quando tudo isto começou, em Maio de 2014, no jardim da Ribeira das Naus. Que esquisito. Tanto nevoeiro que entrou.”
  • Estabilidade precisa-se, de Helena Garrido no Jornal de Negócios: “É preciso ser realista. A disciplina financeira no Estado, nas empresas e nas famílias continuará a ser uma regra, ganhe quem ganhar as eleições. As medidas adoptadas na era da troika foram basicamente de emergência, de bombeiro que tem de apagar o fogo da falta de dinheiro. É preciso agora, calmamente, modernizar o Estado, torná-lo mais pequeno.” 
  • #Passos bem, #Costa mal, de António Costa, no Diário Económico: “Passos tirou o país da bancarrota, Costa mostrou que não sabe sequer o que quer fazer dele.”
  • Números, de André Macedo, no Diário de Notícias: “Mas aguardemos por domingo à noite. Além de que o verdadeiro embate vem logo a seguir: o choque do país com a realidade. Neste capítulo, vencedores e perdedores terão de ter digestão rápida para que Portugal não fique ingovernável e à mercê dos mercados. Isso ninguém pode desejar.”
  • Breve carta ao próximo governo, de Ricardo Costa, no Expresso: “Escrevo-lhes para vos lembrar que a nossa situação económica é frágil, que o financiamento depende de entidades externas, que o sistema financeiro está a recuperar de choques sucessivos, que a economia europeia dá sinais de anemia, que a economia global está frágil. (…) Olhem para nós. Podem começar pela Segurança Social (…). É que, entre o programa do PS e o não-programa da coligação, gostávamos de ver algum compromisso que não fique pela resignação ou por dizer que não há nenhum problema.”
  • Passos ouviu, Costa não, de Martim Avillez Figueiredo, no Expresso: “O país enviou sinais muito claros aos candidatos: desejava um ent Costa, por alguma razão, fingiu que não ouviu. Passos percebeu rápido.”
  • Parvoíces, de João Taborda da Gama, na Rádio Renascença: “Uma das coisas mais características no final das campanhas eleitorais é inspirarem muita parvoíce. Estava o Partido Socialista em campanha quando uma senhora tomou o microfone para contar como foi o casamento em Azeitão do seu filho vindo da China, seguido de copo de água na Quinta das Torres, também em Azeitão, e logo a seguir voo de regresso à China. A conclusão, sabe-se lá porquê, era que se tinha de votar em António Costa.” 
  • Três cenários para a noite de domingo, de Graça Franco, na Rádio Renascença: “Sabendo que os valores do Evangelho não estarão por inteiro vertidos em nenhum programa, mas nem esse facto não nos dispensará da responsabilidade de optar por um. Depois é simples: por um voto se ganha e por um voto se perde e esse voto decisivo nunca será o de outro, mas o nosso.”
  • Deve governar quem ganha, de Paulo Baldaia, na TSF: "O PS, quando se viu a perder, fez o que lhe competia apelando ao voto útil de esquerda, se não o conseguir não pode vir argumentar que está em melhores condições para governar. Essa legitimidade consegue-se nas urnas."
  • Campanhas, de Vasco Pulido Valente, no Público: “Não é fácil definir “arruada”. À primeira vista, elas parecem tentativas para atrair à força a atenção do povo. O chefe do partido chega, com a sua corte, a sua “segurança” e uma camioneta ou duas de militantes, a uma rua suficientemente frequentada e começa a falar a desconhecidos que estão ali a tratar da sua vida. (…) Não se retira nada desta lusitana (?) espécie de exercício: nem uma ideia, nem um voto, nem um tostão.”
  • As sondagens como líderes, de Marina Costa Lobo, no Público: “Soubemos esta semana que a Comissão Europeia acha que os contribuintes vão pagar a factura do Novo Banco, que Maria Luís Albuquerque terá escondido prejuízo do BPN. Mas essas notícias ficam soterradas na narrativa das sondagens.”
  • Uma campanha triste, de Carlos Fiolhais, no Público: “A seguir às eleições tem de se pensar na reforma do sistema político, o que passa pela revisão da lei eleitoral, permitindo a escolha directa de pessoas.”

(Pequena nota à margem: Boaventura Sousa Santos escreveu no Público, procurando responder à questão sobre se Portugal é um país mais à esquerda ou mais à direita? uma das mais surreais definição do que é ser de esquerda ou de direita que li em dias da minha vida. Leiam sem rirem demasiado.)



Duas notas finais

Termino este Macroscópio, que já vai longo, com mais duas referências a dois trabalhos do Observador, dois Especiais que reservámos para a recta final: Pedro e António, qual é o melhor decisor?, onde Rita Dinis e Liliana Valente avaliam os dois líderes de acordo com cinco critérios: As maiores conquistas; Personalidade; Experiência política; Capacidade de Negociar; Fazer equipas e Irritações.

O outro especial, da Catarina Falcão, procura responder à questão sobre se Precisamos mesmo de uma maioria?. Eis como introduz esse trabalho: “Haver uma maioria nas eleições em Portugal é importante para os investidores estrangeiros, mas não é essencial. As preocupações? A continuidade das reformas e manter PCP e Bloco fora de jogo.”

Despeço-me agora, desta vez apenas com um voto: o de que vão votar, que votem em consciência porque isso significará que votarão bem. Reencontramo-nos segunda-feira, 5 de Outubro, já com muito mais sobre que falar.

 
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OBSERVADOR - 2 DE OUTUBRO DE 2015


Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
legislativas 2015
PàF, empate ou PS, em quem aposta para ganhar a noite eleitoral de 4 de outubro? Fizemos um boletim e juntámos as apostas de 23 pessoas de diferentes áreas. Só há uma tripla. E é ao contrário.
campanha dia a dia
Passos Coelho ainda acredita na maioria absoluta e nem quer pensar em cenários pós-eleitorais. No último dia de campanha, há arruadas, manifestações e discursos embaraçosos para os lados do PS.
legislativas 2015
Desta vez, houve acontecimentos inesperados e outros embaraçantes. Um ausente, ausente e outro ausente presente. Os discursos foram incontroláveis e Costa ficou sem voz.
fact check
Vital Moreira lançou o debate: se o PS tiver mais deputados que o PSD (mas não mais que a PàF), o PR deve chamar Passos ou Costa para formar Governo? Vale a coligação ou os mandatos? Quem tem razão?
legislativas 2015
Sem maioria absoluta à vista, como seriam os governos de Passos e Costa e os de coligação? Assis a MNE? Jerónimo ministro? Carvalho da Silva no Trabalho? Fernando Rosas na Educação?
síria
A coligação liderada pelos Estados Unidos pede à Rússia que se foque no ataque ao Estado Islâmico e que deixe de bombardear a oposição. Os russos acusam o Ocidente de estar "a fingir" há um ano.
brasil
A Presidente brasileira anunciou a extinção dos 39 ministérios do país e de 30 secretarias nacionais, dentro de um plano de reforma política para ajudar a conter os gastos do Governo e combater a crise.
legislativas 2015
A DBRS assinala que uma vitória do PS nas eleições do próximo domingo pode traduzir-se “num ritmo mais lento de ajustamento orçamental”.
orçamento
A unidade independente que trabalha junto do Parlamento lembra que o Orçamento para este ano prevê uma almofada de 945 milhões de euros para imprevistos.
salários
O Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem veio dizer que o acordo de reposicionamento salarial só se aplicava aos sindicalizados. O Ministério da Saúde garante que é para todos.
biodiversidade
A União Europeia comprometeu-se a parar a perda de biodiversidade até 2020, mas o relatório de 2015 mostra que estamos aquém dos objetivos traçados. Os cidadãos estão preocupados com as consequências.
Opinião

Rui Ramos
Ontem, na RTP, Costa sentiu necessidade de esclarecer que não quer lançar o país no “caos”. Mas o facto de ter de dar essas explicações diz tudo sobre a estratégia de ruptura que seguiu.

João Marques de Almeida
A partir do dia 5, o centro da política desloca-se para Belém. Sem uma maioria absoluta, o Presidente torna-se na personagem central da política nacional. E é irrelevante que esteja em fim de mandato.

Paulo Ferreira
Nunca imaginei que em tão pouco tempo, tanta gente tivesse aprendido tanta coisa. A lição foi demasiado cara mas, aparentemente, parece estar a ser assimilada: não se distribui dinheiro que não temos.

Miguel Tamen
Quem actualmente sou é como a última ideia que tive: sempre melhor que a penúltima. Parece pois prudente não deixar aos interessados a determinação de quem realmente são.

P. Miguel Almeida, sj
Discordâncias e tensões não levam necessariamente à guerra, mas antes revelam entrega, vida, convicção e verdade. E quando o diferente é escutado com humildade, gera-se o verdadeiro diálogo.

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OBSERVADOR - 2 DE OUTUBRO DE 2015


360º

Por David Dinis, Diretor
Bom dia!
Enquanto dormia

Um tiroteio numa universidade em Oregon, nos EUA, fez 13 mortos. O atirador tinha 20 anos e morreu depois de troca de tiros com a polícia. Obama exigiu ao Congresso mudanças na lei do acesso às armas: "Isto tornou-se rotina".

De passagem pelas Bahamas, o furacão Joaquim põe a costa Este dos EUA em alerta. O percurso exato do furacão Joaquin ainda não é certo, mas a possibilidade de subir desde as Bahamas até à costa Este dos EUA é real. Cidades e estados preparam-se com a memória fixa no Sandy, de 2012. Nem o desvio de curso, de madrugada, deixou a América descansada, diz o Washington Post.

Mariano Rajoy marcou para 20 de dezembro as eleições legislativas em Espanha. A proximidade com Natal deixou, segundo os jornais espanhóis, o PP e o Executivo divididos. Mas até lá Rajoy vai conseguir aprovar o orçamento do próximo ano. A campanha
O último dia de campanha é um dia de nervos - com campanhas cruzadas, manifestações na rua e argumentos finais. Este dia vai ser seguido aqui no liveblog, com atenção redobrada da nossa equipa. Nesta altura, já aqui tem as últimas dos jornais, incluindo esta declaração de Passos Coelho ao i: "O país não pode acordar a 5 de outubro com um Governo diferente daquele que os portugueses escolheram na véspera".

Nesta fase, todos estão atentos às últimas sondagens - sendo que as de ontem davam uma vantagem de 4 a 6 pontos à coligação. Como a margem de erro é de 3% e o número de indecisos é grande, a única coisa certa é que tudo pode acontecer (e volto a lembrar os 8 cenários pós-legislativas, para que os tenha à mão no domingo).

Ontem à noite, António Costa falou com o Observador, clarificando a sua estratégia pós-legislativas (caso vença): Uma “coligação não se coloca”, a ideia é governar à Guterres. A Liliana Valente explica como - e aproveita para detalhar os cenários de que se fala na caravana do PS.

Eu fiz o mesmo com a coligação: Passos está preparado para um governo de curta duração - e quer fazer dois anos 'a abrir'. Os detalhes estão aqui.

Porque hoje é o último dia de campanha, quisemos deixar-lhe 10 dúvidas a Passos e Costa não responderam, mas que nós registámos para memória futura. Nas campanhas, não importa só o que se diz, também o que fica em aberto.

Mas, porque estamos em dias decisivos e a nossa missão é dar-lhe dados para pensar, aqui estão mais alguns textos que lhe preparámos: Como é a última vez que estou consigo antes de votar, lembro-lhe que fizemos tudo, durante esta campanha, para que possa votar bem informado e em consciência. Até domingo pode passar os olhos pelo nosso guia eleitoral, pelo calculador de coligações, as 15 questões eleitorais (com análise aprofundada sobre os temas mais sensíveis da campanha) e o Fact Check - que teve o condão de pressionar para que se diminuísse o nível de disparates ditos ao longo da campanha.
Por fim, a opinião (hoje tem o voto pouco feliz do José Manuel Fernandes, a lição "o povo é sereno" do Paulo Ferreira" e as opções do Presidente do João Marques de Almeida.

Outras histórias do dia

Notas breves, porque este 360º já vai longo.

O La Caixa apoia a saída de Angola, confirmam esta manhã o Negócios e o Económico. O certo é que o BPI está forçado a encontrar uma solução para o impasse, agora que está em cima da mesa uma proposta sobre o BFA - colocando Isabel dos Santos de um lado e os espanhóis do outro. Sobra uma questão central: que banco restará? Eis a análise da Ana Suspiro e Edgar Caetano.

Falando em riscos de divórcio, o presidente da NOS desvaloriza as consequências da separação entre Isabel dos Santos e a Sonae. "É um não assunto" para a empresa de comunicações em que os dois são, também, acionistas.

O Novo Banco garante que 80% dos clientes do antigo BES aceitaram a solução proposta para detentores de ações preferenciais. A maioria são emigrantes. A adesão é suficiente para avançar.

A dívida pública voltou a subir, embora mantendo o mesmo peso no PIB. Os swap pesaram, como explica a Ana Suspiro.

E a venda de carros também. A subida homóloga é de quase 30% até setembro.

A fraude da Volkswagen vai ser hoje analisada, pela primeira vez, pelo grupo de trabalho nomeado pelo Governo.
O Público fala esta manhã de um estudo do Técnico, que reforça as suspeitas por cá: há carros testados que poluem até seis vezes mais na estrada do que nos testes a que foram sujeitos.
Os trabalhadores da Autoeuropa parecem estar "apreensivos", diz o Negócios.

Os nossos Especiais

Na bolsa joga-se ou investe-se? Ouve-se na rua e em palanques: "a bolsa é especulação". Diz-se que alguém que aplica poupanças na bolsa está a "jogar", não a "investir". A bolsa é um "casino" ou pode ser uma das saídas para a crise? O Edgar Caetano e o David Almas desmontaram mitos, procuraram as perspetivas e explicam porque investir na bolsa pode, também, ser um ato de cidadania.

Cinco questões que importa saber após o bombardeamento russo na Síria. A Rússia começou a bombardear o Estado Islâmico e logo surgiram acusações de mortes civis. Os EUA discordam da Rússia, mas há pontos de concórdia. Vão desatar o nó górdio da Síria em breve? A explicação do acontecimento mais importante da semana, fora de portas, feita pelo João de Almeida Dias.

Anatomia do Sucesso. A Laurinda Alves falou com Salvador de Mello, o gestor que raramente dá entrevistas, sobre o génio industrial do bisavó e dos negócios de família que vão dos aviões à Carris, da Banca aos seguros, de várias indústrias à saúde. O terceiro episódio da Anatomia está aqui, para ouvir e pensar. Notícias surpreendentes
O fim de semana vai ser curto - com as eleições a fazer de domingo um dia cheio. Assim sendo, o melhor será passar os olhos pelo Guia para um fim de semana em grande, da Sara Otto Coelho, para marcar já na agenda.

Se me permite uma outra recomendação, o melhor é ir ver rapidamente os quadros que o Museu Nacional de Arte Antiga decidiu pôr nas ruas de Lisboa - uma iniciativa nova e muito bem pensada (que pode ver aqui). E digo rapidamente porque... um dos quadros já foi roubado.

Até lá, falando nós em eleições, deixo-lhe estas 26 ilusões de ótica (muito) confusas - mas francamente divertidas. Pode ser um belo exercício para o dia de reflexão.

Ah! E falando em dia de reflexão, já conhece esta esta nova app, que serve para avaliar... pessoas - queiram elas ou não. Sorte dos candidatos às legislativas: a aplicação só chega em novembro.

Se achar que lhe estão a dar música, o melhor é ouvir estas 11 músicas que passaram ao lado do circuito comercial e que merecem a atenção que não tiveram. Escolha do nosso Pedro Esteves, que garante que estas não se perdem no tempo.

Uma ideia, para fechar: no dia D, domingo, se quiser registar um momento com uma selfie, é importante saber que a nova moda é um sorriso em fish gape. Isso mesmo, fish gape. A Ana Cristina Marques mostra-nos como é.

Tenha um dia feliz, um bom fim de semana. E, sim, vá votar no domingo. Hoje e amanhã tem aqui matéria para refletir e tomar a decisão (se ainda não o fez). E no domingo aqui nos encontraremos, com uma cobertura exaustiva dos votos, resultados e discursos - para além de tudo o resto.
até já!
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