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Por Bernardo Ferrão
Editor
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15 de Setembro de 2015 |
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Apontamentos de uma noite de campanha…na televisão
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Não sei se lhe aconteceu o mesmo, mas, esta noite, o meu comando da televisão não teve descanso. Portas de um lado, Costa e Catarina do outro. Jerónimo – questionado sobre a foto de Joana Amaral Dias - a garantir que “nú, só mesmo à frente do duche” e, mais tarde, um “Prós e Contras” agarrado à pergunta de Rangel
– “Alguém acredita que se PS fosse Governo havia um primeiro-ministro
investigado?” – e que o PS, indignado, puxou para a campanha. Ah! E
ainda Passos em direto numa ação de campanha…Ufa! Um verdadeiro zapping comicieiro que marca o arranque da última semana de pré-campanha. Vamos aos apontamentos: Debate Costa-Catarina. “Admito que, por vezes, tenho imensa irritação com o Bloco de Esquerda”. A declaração do líder do PS tem relevância. Não que seja uma surpresa, mas porque este era o primeiro debate de Costa com as esquerdas (com Jerónimo é amanhã na SIC Notícias), e mostra como (muuuuito) dificilmente haverá entendimentos. Catarina ainda desafiou Costa para uma conversa no dia 5, mas não teve resposta. As acusações foram as de sempre: Costa é igual à direita. E a líder do Bloco favorece o jogo da direita. A coligação certamente aplaudiu. Para o PàF é importante que o país perceba que Costa e os partidos à sua esquerda não são capazes de garantir qualquer coligação de governo estável. Será? Quase à mesma hora, mas noutra frente televisiva (RTPI), Paulo Portas veio (outra vez) em socorro de Passos Coelho e declarou que "se vier a ser necessário",
também ele (!), apoiará uma subscrição pública para os lesados do BES
recorrerem à justiça. O assunto levou mesmo o líder do CDS a subir um
degrau na polémica, e nas acusações, para dizer que “se o PS fosse governo o BES tinha sido nacionalizado” (como fez com o BPN). Voltemos à TVI24. Costa diz: “Recusamos liminarmente qualquer corte das pensões”. Catarina acrescenta: “Subscrevo na íntegra, estamos de acordo, a Segurança Social é sustentável.” Mas, no contra-ataque, a bloquista invoca a receita da direita: “Com as contas do PS, os pensionistas vão perder 1600 milhões de euros”. Costa irrita-se: “É
essa fórmula de meter tudo no mesmo saco, e as pessoas acharem que
fazer um congelamento é o mesmo que cortar, que permite à direita dizer
que não há alternativa”. Paulo Portas também teve de ir às pensões. E continua a não responder. No relato do Observador, “recusou
esclarecer onde vai a coligação buscar os 600 milhões de euros (ou
menos do que isso, segundo Portas) a que se comprometeu no Programa de
Estabilidade”. PP insiste que vão procurar um acordo com o PS “na certeza de que esse acordo não passa por corte nas pensões a pagamento”. A essa hora, na TVI, Jerónimo ria, não dos adversários, mas das perguntas de Ricardo Araújo Pereira: “Tirava
a roupa para a Cristina Ferreira?”: “Aqui há uns anos era capaz de
fazer um figurão, agora, nú, só mesmo à frente do duche.” A entrevista ainda começou com uma provocação do apresentador sobre a notícia do Expresso – “Seguranças da Festa do Avante acusados de agressões e sequestro” – “Vou-lhe colocar perguntas muito simpáticas até porque ele veio acompanhado por seguranças da Festa do Avante”,
mas o líder do PCP não se referiu (porque também não foi perguntado) ao
assunto. Isto no dia em que os comunistas alegaram que “a verdadeira razão do incidente que conduziu à saída das pessoas do recinto da Festa teve origem num ato de sexo oral em pleno espaço”. (só falta mesmo a bolinha no canto superior direito…) Já bem perto da meia-noite, chegou uma importante declaração de Marcelo Rebelo de Sousa. Um apelo ao voto na coligação: “A
proposta mais segura, mais sensata e mais ponderada para futuro de
Portugal”. “Entre uma proposta de bom senso, segurança e realismo e um
cheque em branco [que atribuiu às propostas de António Costa]
naturalmente que é melhor a primeira via protagonizada por quem nos
últimos quatro anos liderou um combate difícil", disse na Marinha Grande. FRASES “Prefiro perder as eleições do que ganhar de qualquer maneira e depois passar uma fatura demasiado cara aos portugueses”, Passos Coelho, líder do Portugal à Frente. “Aquilo
a que pomposamente o Octávio [Ribeiro] chamou de investigação
jornalística do [CM] limita-se a receber as informações das fontes”, Miguel Sousa Tavares, no Prós e Contras na RTP. “Se tu nunca fizeste jornalismo de investigação isso é um problema teu, se quiseres visitar o CM eu mostro-te como se faz“, resposta de Octávio Ribeiro, diretor do Correio da Manhã, também no Prós e Contras. OUTRAS NOTÍCIAS A reunião em Bruxelas dos ministros do Interior terminou em fracasso e com novo adiamento. A decisão fica para 8 de outubro. Em causa estava recolocação de 120 mil refugiados. Uma proposta apoiada por Portugal e que já tinha merecido a intervenção de António Guterres. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados defendeu que o “drama não se resolve a controlar fronteiras”
– como aconteceu na Alemanha, Áustria, Hungria, República Checa e
Eslováquia – e que o mecanismo de distribuição de refugiados entre os
vários Estados-membros deveria ser obrigatório. “Corremos o risco de ter refugiados a andar de um lado para o outro e a cair num limbo de natureza legal”. Sobre esta matéria, e sobre o papel que cabe a Portugal, leia o descodificador do Expresso: “Portugal é obrigado a receber refugiados?”. O ano letivo arranca hoje oficialmente, mas a maior parte das escolas só vai abrir as portas mais tarde. Tem até à próxima segunda-feira para o fazer. São mais de 1,2 milhões de alunos que regressam às quase seis mil escolas da rede de ensino público. As forças de segurança do Egito mataram "por engano" 12 pessoas, entre elas há pelo menos dois turistas mexicanos, que foram confundidas com terroristas. O México já veio exigir “responsabilidades” e ontem entregou uma nota diplomática de protesto ao Egito pelo ataque. Nos EUA, os incêndios em várias zonas rurais do norte da Califórnia já provocaram cerca de 23 mil deslocados. As chamas, divididas em duas grandes frentes, já destruíram cerca de mil edifícios, 400 dos quais de habitação, e causaram a morte de uma pessoa. Veja aqui as fotos da destruição que já levou à declaração do estado de emergência. Ainda nos EUA a notícia de uma troca de peso. Arnold Schwarzenegger vai substituir Donald Trump (na corrida para as Presidenciais) como apresentador do reality show: “The Celebrity Apprentice” da norte-americana NBC. O Benfica arranca hoje na Liga dos Campeões frente aos cazaques do Astana que são recebidos no estádio da Luz. O treinador, Rui Vitória diz que é preciso evitar “dissabores”: “O Astana tem o seu valor, temos de o respeitar, encontrar os seus pontos fortes e minimizá-los". O QUE ANDO A LER Este fim de semana comecei a ler “Os Predadores – Tudo o que os políticos fazem para conquistar o poder”, o novo livro do jornalista Vitor Matos (autor da biografia de Marcelo Rebelo de Sousa). E fiquei agarrado. Trata-se de um trabalho importante, que resulta de uma investigação exaustiva e de grande rigor, que nos ajuda a perceber melhor (muito melhor) os políticos e os partidos que temos. Sendo que este livro está centrado no PSD e PS, as duas forças partidárias que têm alternado no poder. O Filipe Santos Costa, jornalista de política do Expresso, descreveu-o na sua página de Facebook como “o mais importante livro sobre a política portuguesa, editado em muito tempo.” E na pré-publicação que, esta semana, a Cristina Figueiredo fez na edição em papel, com o título: “Primárias do PS foram ‘um embuste’”, vemos as entranhas do ‘centrão’, como funciona a máquina do poder e “o retrato não é bonito”.
Os exemplos que este “Predadores” nos revela são muitos e
esclarecedores: “Como Relvas fabricou Passos Coelho”; “a clientela
partidária de António Costa na câmara de Lisboa”, “de ‘jotinha’ a
vice-presidente do PSD, Marco António Costa é o cacique perfeito.” Ou
como uma dentadura nova para a namorada de um dirigente local do PS
Porto foi decisiva para conseguir mais votos para um candidato à
concelhia. A ler. Sem dúvida. Tenha atenção que hoje chega o mau tempo. Os distritos de Porto, Braga, Viana do Castelo e Vila Real estão sob aviso vermelho devido à previsão de chuva forte. Lisboa e Setúbal estão sob aviso amarelo.
Mas faça chuva ou faça sol, nós por cá continuamos atentos ao que se
passa. Sempre em expresso.sapo.pt e às 18h00 no Expresso Diário. Tenha um bom dia, até à próxima.
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ANTÓNIO FONSECA
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