quinta-feira, 25 de março de 2021

INCÊNDIO EM KEMEROVO EM 2018 - 25 DE MARÇO DE 2021

 

Incêndio em Kemerovo em 2018

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Incêndio em Kemerovo, 2018
Centro comercial Winter Cherry (2012)
LocalizaçãoKemerovo, Russia
Coordenadas55° 20′ 37″ N, 86° 04′ 40″ L
TipoIncêndio

incêndio em Kemerovo em 2018 foi um grave incêndio que deflagrou às 17h do dia 25 de março de 2018 (hora de Krasnoyarsk, 10:00 UTC) no centro comercial Zimnyaya Vishnya (em russoЗимняя вишня, торгово-развлекательный комплекс, Zimnyaya vishnya, torgovo-razvlekatel'nyy kompleks) em Kemerovo, Rússia, matando pelo menos 64 pessoas de acordo com declarações oficiais.

O incêndio teve início no último andar do complexo de quatro andares. Foram avistadas pessoas a saltar das janelas que tentavam escapar. 100 pessoas foram evacuadas e outras 20 resgatadas.[1][2] 27 pessoas suportamente empregados do centro comercial estão desaparecidas.[3]

Eventos

Planta do quarto piso do centro comercial Zimnyaya Vishnya zona de entretenimento com indicação do início do incêndio.

Foram efectuadas quatro detenções relacionadas com o incêndio, incluindo o chefe da empresa gestora do centro comercial. Muitas das vítimas estavam no cinema do centro comercial, onde dois tetos colapsaram. Várias das vítimas nos cinemas eram crianças que assistiam Sherlock Gnomes no começo do primeiro dia de uma semana de férias escolares.[4][5] O sistema de alarme de incêndio no centro comercial de Kemerovo foi desligado por um segurança.[6] Um porta-voz do Comité de Investigação da Rússia também afirmou que as saídas de incêndio no edifício, estavam bloqueadas durante o incêndio.[7]

O vice-governador Vladimir Chernov afirmou que a suspeita recaía numa criança na posse de um isqueiro que inflamou espuma de borracha numa sala de trampolins para criança entrando em erupção em forma de pólvora.

Fatalidades

Pelo menos 64 pessoas morreram no incêndio, sendo mais da metade crianças.[8][9]

Rescaldo

Políticos regionais e internacionais, enviaram condolências.[10][11][12][13][14]

Referências

DOENÇA DA VACA LOUCA - ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - 1996 - 25 DE MARÇO DE 2021

 


Encefalopatia espongiforme bovina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Se procura por Bombay Stock Exchange (BSE), veja Bolsa de Valores de Bombaim.
Uma vaca infectada com EEB. Uma das principais características da doença da Vaca Louca é a incapacidade do animal em ficar de pé

encefalopatia espongiforme bovina (EEB), vulgarmente conhecida como doença da vaca louca ou BSE (do acrônimo inglês bovine spongiform encephalopathy), é uma doença neurodegenerativa que afeta o gado doméstico bovino. A doença surgiu em meados dos anos 80 na Inglaterra e tem como característica o fato de ter como agente patogénico uma forma especial de proteína, chamada prião (Portugal) ou príon. É transmissível ao homem, causando uma doença semelhante, a nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob, abreviadamente nvCJD.[1][2]

Histopatologia

Ao exame histopatológico, as lesões tomavam a forma de vacuolizações simétricas, não inflamatórias, nos neurônios e no tecido intersticial da substância cinzenta do cérebro e da medula. Os pesquisadores sabiam que estas lesões eram típicas do scrapie, da TME, da CJD e do kuru, as TSE já bem conhecidas.[carece de fontes]

Os pesquisadores deram à doença o nome de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) , uma tradução do nome inglês bovine spongiform encephalopathy, (BSE). Espongiforme, devido ao facto do cérebro doente conferir a forma de uma esponja.[carece de fontes]

Epidemiologia

Um estudo epidemiológico foi realizado para conhecer os fatores comuns a todos rebanhos afetados que pudessem ser imputados como causas da doença, para monitorar a incidência da doença dentro de cada rebanho e entre os rebanhos das diferentes regiões do Reino Unido, para coletar dados clínicos dos animais e para levantar hipóteses sobre sua cadeia de causas.[carece de fontes]

Foram obtidas informações desde sobre o pedigree dos animais até a utilização de insumos como medicamentos, hormônios, antibióticos, vermífugos, inseticidas organofosforados e piretróidesherbicidas e alimentos ingredientes usados na formulação de rações (entre outros).[carece de fontes]

Os pesquisadores também procuraram saber se havia ligação da EEB com a política de compras do proprietário (se o rebanho era "aberto" ou "fechado"), estágio da prenhez do animal, idade ao início dos sinais e estação do ano. Em função da semelhança com o scrapie, o estudo também procurou saber se havia contato direto ou indireto (uso de mesmas pastagens ou instalações) de bovinos com ovinos na propriedade.[carece de fontes]

Os pesquisadores concluiram que a EEB estava associada ao uso de apenas um produto: a farinha de carne e ossos (seja comprada para produzir rações na propriedade seja comprada como constituinte de rações prontas para uso adquiridas no comércio). Essa farinha, conhecida nos países de língua inglesa como MBM (de "Meat and Bone Meal"), resulta da "transformação" industrial dos corpos de animais alguns dos quais, por alguma razão, não podem ser destinados ao consumo humano. Tais animais são chamados eufemisticamente de "Animais Four-D". Os "D" são as letras iniciais das palavras inglesas "Disabled" (animais incapacitados, por alguma razão, para atividades básicos necessárias à sobrevivência e à produção, como se alimentar ou andar), "Diseased" (isto é, doentes), "Dying" (no próprio processo de morrer, isto é, em estado agônico) e "Dead"(já mortos na fazenda).[carece de fontes]

Animais "downer cows" (animais que por qualquer razão não conseguem se levantar) são animais "disabled" ou "diseased". A causa do problema pode ser uma simples fratura (coluna, quadril ou membro distal) ou uma doença metabólica não transmissível (hipocalcemia), mas também pode ser uma doença infecciosa.[carece de fontes]

Independentemente da causa do problema que os retirava da cadeia alimentar humana, os animais 4-D eram (e ainda parecem ser, em alguns países) utilizados para a fabricação de farinha de carne e ossos. Essa farinha era (e ainda parece ser...) usada para constituir rações para alimentar animais da mesma espécie que as usadas em sua produção. Tal decisão tecnológica resultou na transformação de bovinos de seres herbívoros em "seres carnívoros comedores de indivíduos da mesma espécie possivelmente contaminados com agentes de doenças". Esta era uma situação que apresentava muita semelhança à descrição pelo professor Gaydusek da cadeia de causa-efeito que produziu a epidemia de kuru entre nativos da Papua-Nova Guiné (no estudo que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina de 1976).[carece de fontes]

Ação do governo britânico

O governo britânico tornou a doença de notificação obrigatória em junho de 1988 e proibiu o uso de proteína originada de tecidos de ruminantes na alimentação de ruminantes no mês seguinte (HMSO de julho de 1988). Esta proibição foi relativamente eficaz, pois a incidência da doença começou a declinar em 1993, quando a epidemia atingiu seu auge.[carece de fontes]

Estes cinco anos de demora foram necessários para que os animais infectados pelo príon apresentassem os sinais da doença (pois como sabemos, o período de incubação das encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSE)é muito longo).[carece de fontes]

Transmissão experimental

Foi demonstrado que apenas um grama de cérebro (em matéria úmida) de um animal com EEB administrado por via oral a outros bovinos era capaz de causar a doença dentro de períodos semelhantes ao da doença natural (após 5 anos de idade). Assim, nova ordem governamental proibiu a alimentação de ruminantes com qualquer proteína de mamíferos em abril de 1996 (HSMO 96).[carece de fontes]

Pesquisas atuais mostram que apenas 0,1 grama de cérebro (peso úmido) de um animal doente, inoculado por via oral, transmite a EEB para bovinos. Para evitar este risco, hoje é proibido o uso de farinha de carne e ossos de qualquer animal de fazenda, inclusive aves, na alimentação de ruminantes.[carece de fontes]

Para que uma epidemia se sustente, é necessário que cada caso atual transmita a doença para pelo menos um outro animal. A epidemia de EEB no Reino Unido vem declinando, ano após ano. Não havendo o aparecimento de novos fatores que transmitam o príon, a incidência da EEB deverá se extinguir paulatinamente. No entanto, o aparecimento de alguns casos de EEB em animais nascidos após a proibição de 1996 parece evidenciar que pode estar ocorrendo transmissão natural lateral e vertical (isto é, maternal), porém sem força suficiente para manter a epidemia. Observa-se que a idade de início da EEB mudou das faixas de 4 a 5 e de 5 a 6 anos para 7 a 8 anos. Mas também observa-se alguns poucos casos nas faixas de 3 a 4 anos em 2002. É cedo para afirmar com segurança, mas estes casos podem indicar que a EEB pode se comportar como o scrapie dos ovinos em relação à transmissão vertical.[carece de fontes]

Impacto da EEB no mundo

Em função de, antes da epidemia de EEB, o Reino Unido ser um grande exportador de animais para reprodução e de farinha de carne e ossos, a EEB acabou atingindo sucessivamente outros países. Ocorreram mais de 5.068 casos (aproximadamente 2,75% do total mundial de casos) de EEB até dezembro de 2004 em diversos países no resto do mundo.[carece de fontes]

Embora haja poucos casos de EEB em outros países, o aparecimento de um único caso é catastrófico para as exportações do país. Epidemiologistas de diversas nações entendem que apenas um caso indica que toda a cadeia de produção do país é instável em relação ao risco dos príons da EEB alcançarem produtos bovinos como a carne.[carece de fontes]

A incidência em relação ao número de animais do rebanho acima de 24 meses dá uma ideia do risco de se importar um animal com BSE de um país. Em 1993, na França a incidência relativa foi de 12 e na Alemanha de 8,7 casos por milhão de bovinos acima de 24 meses. Em 2003 a incidência relativa da EEB na Grã-Bretanha foi de 130 casos por milhão de bovinos acima de 24 meses (contra 7.596 em 1992, no auge da epidemia).[carece de fontes]

A ligação da EEB com a nova variante da Doença Creutzfeldt-Jakob, vCJD

No Reino Unido, concomitantemente à evolução da epidemia de EEB, foram diagnosticadas TSE em outras espécies de animais, ao final da década de 80 e início da de 90. Gatos domésticos apresentaram a Encefalopatia Espongiforme Felina (FSE). Felinos (pumas e chitas) e ruminantes selvagens (élande, kudu, niala, órix, gazela, entre outras espécies de antílopes) mantidos em zoológicos britânicos, também apresentaram TSE. Os estudos mostraram que a ingestão de ração contendo farinha de carne e ossos era o fator comum ao surgimento dessas doenças. Diferentemente do scrapie, a EEB tinha quebrado a barreira inter-específica entre bovinos e muitas espécies animais diferentes; isto implicava que pudesse fazer o mesmo em relação à espécie humana.[carece de fontes]

Foi exatamente esta possibilidade que levou o governo britânico a proibir, já em novembro de 1989, o uso de alguns órgãos e vísceras específicas ("Specified Bovine Offals", abreviadamente SBO), para uso na alimentação humana. A utilização de cérebro, medula espinhal, intestinos, baço, gânglios linfáticos e globos oculares foi proibida na produção de embutidos e produtos para a alimentação humana ou como insumos na fabricação de medicamentos (como hormônios). Presumia-se que estes órgãos, como no caso do scrapie, contivessem grande quantidade do agente da EEB (mesmo reconhecendo-se que o scrapie não era uma zoonose).[carece de fontes]

Mesmo com esta proibição, em março de 1996, cerca de 8 anos após o início da epidemia em bovinos ter se iniciado, foi identificada uma nova forma de Doença de Creutzfeldt-Jakob, em seres humanos. Essa nova forma foi chamada de nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (abreviadamente vCJD).

Estudos de tipificação em raças endogâmicas de camundongos mostraram que os padrões de lesões cerebrais e de período de incubação eram semelhantes aos da EEB, sugerindo forte ligação causa-efeito entre a ingestão de produtos bovinos contaminados com o agente da BSE e o desenvolvimento da vCJD em pessoas.[carece de fontes]

Os pesquisadores estão divididos quanto ao número de casos futuros da epidemia de vCJD. Alguns cientistas, trabalhando com modelagem matemática, pensam que milhares de casos de vCJD (até 130 mil até o final da epidemia) ainda poderão ocorrer porque, pois as TSE têm caracteristicamente longos períodos de incubação e os seres humanos vida muito longa. Outros pesquisadores, também baseados em modelos matemáticos, pensam que não mais que 500 casos deverão ser registrados ao total. Felizmente, no momento, parece que os últimos estão corretos e, no final das contas, a epidemia de vCJD terá poucos casos.[carece de fontes]

Ver também

Referências

RUA 25 DE MARÇO - INAUGURADA EM 1865 EM SÃO PAULO - BRASIL - 25 DE MARÇO DE 2021

 


Rua 25 de Março

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Rua 25 de Março
 Brasil
Rua Vinte e Cinco de Março durante o dia (2011)
Inauguração28 de novembro de 1865 (155 anos)
Extensão1,1 km
Subprefeitura(s)Subprefeitura da Sé[1]
Bairro(s)

Rua 25 de Março (Rua Vinte e Cinco de Março) é uma via pública localizada na região central da cidade de São PauloSP considerada como o maior centro comercial da América Latina,[2] pois consiste em um dos mais movimentados centros de compras varejistas e atacadistas da cidade. Sua origem está ligada a importantes processos de colonização e urbanização da capital paulistana, sendo uma importante região para a história da cidade devido às suas atividades comerciais e sociais.[3]


A história da rua também é marcada pela forte presença de imigrantes, especialmente sírioslibaneses e chineses. O nome atual da via pública foi um feito do deputado Malaquias Rogério no ano de 1865 e caracteriza-se como uma homenagem à primeira constituição brasileira assinada no dia 25 de março de 1824.[3] A rua 25 de Março tem forte influência nas atividades econômicas da cidade de São Paulo nos dias atuais, movimentando bilhões de reais por ano nos mais de 4800 estabelecimentos da região.[4][5][6]Mesmo com os fenômenos contemporâneos de esvaziamento dos centros tradicionais e espalhamento dás áreas dedicadas ao comércio, a rua 25 de Março passou por mudanças e adaptações e mantém sua importância social, cultural e econômica para a cidade de São Paulo e para o Brasil.[7]

Nos dias atuais, o comércio local é conhecido pelo alto volume de barracas de camelôs que disputam espaço com as lojas comerciais, shoppings e galerias. Esses estabelecimentos ofertam os mais diversos produtos tanto nacionais quanto importados.[7] Embora a região seja de extrema importância econômica, social e cultural para a sociedade, casos de irregularidades com mercadoria, baixa segurança pública e outros crimes também fazem parte da história da rua 25 de Março.[8][9][10]

História

Pintura: Rua 25 de Março - Antonio Ferrigno (1894)

Formação

via urbana ganhou o nome em homenagem à constituição brasileira de 1824, assinada em 25 de março daquele ano e tornando-se assim a primeira constituição do Brasil. Os primeiros comerciantes documentados a chegar na região para desenvolver atividades comerciais foram os árabes.[11] Esses migrantes importavam, principalmente, tecidos e por muito tempo foram os principais comerciantes da região.[11] O preço mais baixo do que outros centros comerciais da cidade de São Paulo se deve a enchentes que aconteciam nos primeiros anos de vida da rua quando o rio Tamanduateí, que ficava próximo da Ladeira Porto Geral, ainda não havia sido canalizado.[11] Essa ladeira leva o nome do antigo porto que lá ficava.[12]

A relação da rua 25 de Março com a história da cidade de São Paulo vem desde seus primeiros anos. O rio Tamanduateí era uma das principais entradas de mercadoria na região, as cargas importadas saiam do Porto de Santos e chegavam ao Porto Geral, esse último se encontrava próximo do Pátio do Colégio, os dois vizinhos da rua 25 de Março.[3]

Antes de ser nomeada de fato 25 de Março em 1865, o trecho às margens do rio Tamanduateí foi chamado de rua das Sete Voltas devido as curvas sinuosas do rio. As frequentes enchentes que aconteciam no rio foram um dos principais motivos que resultaram em sua retificação. Esse processo começou no ano de 1848 e foi concluído em dois momentos, sendo o segundo entre os anos de 1896 e 1914. Uma das enchentes mais notáveis aconteceu no ano de 1850 por causa de uma forte chuva; os estragos foram tão grandes que a cidade de Santos ofereceu ajuda financeira para dar suporte aos moradores necessitados via ordem pública. Depois do episódio da grande enchente, os administradores da cidade sentiram a necessidade de criar regras e normas de caráter urbanístico e arquitetônico para melhor funcionamento das vias, e foi a partir de 1850 que elas foram definidas e vigoradas.[3][13]

No dia 28 de novembro de 1865 o vereador Malaquias Rogério apresentou ofício sugerindo a mudança de nome de algumas ruas, entre elas, a alteração da Rua de Baixo para Rua 25 de Março.[3] No final dos anos 1920, a Vinte e Cinco de Março já contava com cerca de 580 mil habitantes e mais de 500 lojas, segundo a Prefeitura de São Paulo. As primeiras estações de metrô próximas à região surgiram no final dos anos 1970.[7]

Mercado Municipal na década de 1910, região próxima a rua 25 de Março.

Consolidação

A partir dos anos 1930, a rua Vinte e Cinco de Março é conhecida como "rua dos turcos" devido à grande presença de sírios, libaneses e árabes. Esse grupo populacional sofreu perseguições durante essa época por não trabalharem nas produções agrícolas do país, atividade comumente exercida por imigrantes que chegavam ao Brasil, e sim nas regiões comerciais. No final da década de 1930, os imigrantes sírio-libaneses já possuíam mais da metade dos estabelecimentos comerciais de varejo e atacado na cidade de São Paulo, sendo mais conhecidos pelo trabalho com a Indústria têxtil. O Plano de Avenidas e grandes obras viárias executadas pela Prefeitura auxiliaram na dispersão de prédios residenciais para outras regiões de São Paulo e contribuíram para o caráter terciário da rua e também para sua verticalização. Em 1960, o complexo próximo à rua 25 de Março já contava com aproximados 3,7 milhões de habitantes.[7]

Expansão

Ladeira Porto Geral (2008)

Os produtos nacionais ganham força na 25 de Março dos anos 1970 para frente e os produtos importados são reintroduzidos no mercado nos anos 1980. China e Paraguai são os principais exportadores de produtos que chegam na região da 25 de Março no final do século XX. Nos anos seguintes, as indústrias nacionais saíram da capital paulistana em direção ao interior, encarecendo os produtos devido a motivos de transporte. Como consequência, os produtos importados obtiveram maior sucesso de vendas em relação aos nacionais devido aos preços mais baixos.[7]

As vendas em varejo se destacam a partir dos anos 1980, ainda que mantendo-se fortes as vendas por atacado. Os estabelecimentos se adaptam às novas demandas e estímulos do mercado e as antigas grandes lojas dão espaço às galerias que, por sua vez, focam em produtos importados. No começo da década de 1990, o comércio se aproxima mais da informalidade e crescem os números de camelôs para competir com os produtos de baixo preço vindos da China e Coreia. O crescimento da região atrai investimentos públicos e o transporte na área central de São Paulo é fomentado, expandindo a circulação.[7]

Mundialização

O fenômeno da globalização no século XXI trouxe mudanças para a dinâmica comercial da rua 25 de Março. As escalas de transporte e importação de produtos aumentam de maneira relevante; containers cheios de mercadoria chegam ao Brasil e são vendidos a uma grande massa de consumidores. Nessa época, estima-se que a rua 25 de Março recebe mais de 1,2 milhão de pessoas por dia. A diversidade de mercadoria vendida e suas origens atingem novos patamares. O fluxo de consumidores, alta incidência de produtos irregulares e problemas com segurança fizeram com que a Prefeitura de São Paulo buscasse soluções para melhor funcionamento da região.[7]

Placa da Rua 25 de Março

Localização Geográfica

A rua 25 de Março é uma via pública que se encontra na região central da cidade de São Paulo e faz esquina com a Ladeira Porto Geral.[5] A estação do metrô de São Paulo mais próxima é a São Bento da Linha 1 - Azul.[5]

Importância Econômica

A rua 25 de Março é conhecida na atualidade como maior shopping a céu aberto do mundo.[3] No ano de 2008, a Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências) divulgou dados que estimavam que cerca de 10 bilhões de reais circulavam na região, caracterizando a área comercial como uma grande arrecadadora de tributos e com capacidade de giro de recursos monetários. Segundo a Univinco, a criação de empregos e contribuição significante para o PIB nacional tornou a região na área urbana de maior volume de arrecadação, dentre os centros comerciais, com relação a tributos dos estados e municípios.[3] No ano de 2014, a União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências divulgou dados afirmando que a região movimentou mais de 17 bilhões de reais naquele ano e que recebia mais de 1 milhão de pessoas por dia durante os meses que antecedem as festas de fim de ano.[14] Segundo a Univinco, em 2018, produtos cosméticos como maquiagens são cerca de 40% do que se é vendido na região.[6] Apesar da importância econômica formal de região para o país, a pirataria é um dos seus pontos mais notórios nos dias atuais, sendo frequente a apreensão de cargas ilegais.[10] Em novembro de 2018, foram apreendidos mais de 60 mil produtos ilegais pela prefeitura de São Paulo na região da 25 de Março.[10]

Dados de 2009 apontavam como principal consumidor da 25 de Março as classes sociais D e E, somando 68% do total.[7] Em 2015, o jornal O Estado de São Paulo apontava as classes A e B como 56% dos consumidores e 44% das classes C e D.[15]

Em outubro de 2018, os vendedores de camelôs chamaram a atenção da mídia com a venda de "lanternas de choque" importadas da China na região da 25 de Março. O item em formato de lanterna dispara choques elétricos com intensidade próxima de 15 Volts. Os produtos são mais procurados por mulheres interessadas em defesa pessoal, segundo os comerciantes.[16]

Produtos Irregulares e Segurança

Receita Federal durante a Operação Setembro para combater produtos falsificados (2017)

A rua 25 de Março é, frequentemente, ligada à venda de mercadorias caracterizadas como ilegais.[8][17][9] No ano de 2017, a Receita Federal junto com a Prefeitura da Cidade de São Paulo fecharam um shopping durante uma operação contra o comércio irregular. As instituições estimaram que o estabelecimento tinha mais de 800 toneladas em produtos irregulares com origem em contrabando e falsificação. A Receita Federal afirmou, durante a operação, que a venda de mercadorias irregulares produz reflexos em outras atividades criminais como lavagem de dinheirocorrupçãoescravidão e danos à saúde pública.[9] Em novembro de 2018, a Receita Federal realizou uma operação com o objetivo de apreender mais de 30 mil bonés falsificados e contrabandeados que eram vendidos na região.[17] Ainda em novembro de 2018, a Prefeitura de São Paulo fechou uma loja de quatro andares com mais de 60 mil bolsas clandestinas e falsificadas.[8]

Desde seus anos mais antigos, a rua 25 de Março lida com problemas de segurança pública envolvendo atos violentos relacionados a roubos e mortes. O comerciante Elias Farah, dono de uma loja de tecidos, foi estrangulado e esquartejado por um de seus funcionários no ano de 1908. No ano de 2006, a Guarda Civil Metropolitana apresentou um projeto de monitoramento eletrônico, instalado nos pontos com maior incidência registrada de roubos. Em decorrência disso, algumas gangues locais fizeram ameaças e vandalizaram os fios do sistema de segurança.[13]

Influência Sírio-libanesa

Mulheres vendedoras ambulantes de verduras na rua 25 de Março na década de 1910.

Povos vindos da diáspora sírio-libanesa atuaram de maneira expressiva para o processo de internacionalização da área próxima à Rua 25 de Março e para determinar os vínculos e práticas de comércio internacionais. Esse processo teve como um de seus resultados a transformação daquele território em espaço urbano etnicamente diferenciado.[18]

Por volta dos anos 1870, o Brasil começou a receber migrantes sírios e libaneses com maior intensidade. O cenário internacional que estimulou esse movimento está relacionado com a ocupação do Império Turco-Otomano na Síria e Líbano e também com a instabilidade financeira resultante da presença francesa e inglesa nesses territórios. Quando os imigrantes chegaram em solo brasileiro, se distribuíram por várias partes do país, incluindo a cidade de São Paulo. Pelo motivo de estarem mais adaptados a pequenas culturas agrícolas, não obtiveram sucesso com empregos em grandes culturas, o que levou à busca por alternativas. O comércio com mercadorias veio como medida de subsistência e deu aos sírio-libaneses a nomenclatura de mascates.[3]

Os comerciantes muitas vezes moravam em pensões baratas, cortiços e nos porões de velhos sobrados nas proximidades da rua 25 de Março. A especialização desses migrantes em tecidos nasceu da dificuldade de importação durante a época da Primeira Guerra Mundial, desse modo, abriram-se fábricas do ramo têxtil e de vestuário para cobrir a necessidade de produtos industrializados. Essa atividade comercial levou algumas famílias a prosperarem economicamente e como consequência, a expandir seu domínio de mercado e também de terra com a construção de mansões em lugares como Avenida Paulista e bairro do Ipiranga. A primeira loja na Rua 25 de Março foi aberta no ano de 1887 e pertencia ao imigrante libanês Benjamin Jafet.[3]

Apesar das similaridades, os sírios e libaneses não formaram uma colônia homogênea no Brasil devido a questões de classereligião e origem geográfica. A lealdade às famílias e redes de parentesco também dificultaram atos colaborativos. Um ato notável dessa relação aconteceu em 1950 quando as divergências impediram a formação e estabelecimento de uma Câmara de Comércio que englobasse toda a comunidade. Os representantes de associações regionais e também das famílias mais importantes resolviam as questões da colônia de modo geral, visto que, muitas dessas agregações familiares estavam unidas economicamente.[3]

Influência Chinesa

No período entre os anos 1950 e 1960, o Brasil recebeu um fluxo significativo de migrantes chineses, principalmente na cidade de São Paulo.[19] Ocupando, nos dias atuais, galerias e shoppings na região da 25 de Março, os comerciantes chineses influenciaram bastante a venda de produtos importados. Os conhecidos como "Made in China" ajudaram a criar parte da fama da rua 25 de Março em ofertar produtos com preços mais baixos.[19] Os comerciantes chineses localizados nas galerias são notáveis pelos produtos eletrônicos em geral, como celularescâmeras fotográficas e videogravadores.[19]

A forte presença dos chineses na região central de São Paulo atrai consigo outras iniciativas comerciais para esse público. Restaurantes e outros estabelecimentos alimentícios que atendem ao gosto chinês surgiram próximos às galerias e também em praças de alimentação. Escritórios de advocacia, autoescolas e agências de turismo também estão entre as atividades comerciais chinesas paralelas à venda de mercadoria importada. Apesar disso, o que mais surge para atender os chineses da região são escolas de português. A ocupação chinesa no centro de São Paulo é vista também nas escolas estaduais da região: segundo a Folha de S. Paulo, no tradicional colégio São Bento, quase metade dos alunos são chineses.[20] Mesmo assim, a presença chinesa na cidade de São Paulo não se resume à região da 25 de Março, sendo forte também em bairros como o Brás, Ana Rosa, Aclimação e Liberdade.[19] Na década de 1960, foi criado no bairro da Liberdade o Centro Social Chinês de São Paulo que celebra a cultura e eventos tradicionais do país em questão. O Centro Social Chinês existe até os dias atuais no bairro e se encontra na rua Conselheiro Furtado, 303. Ainda no bairro da Liberdade, se encontram escritórios dos três jornais em língua chinesa do Brasil.[19]

A Galeria Pagé é o edifício com ocupação chinesa mais globalizado da rua 25 de Março. A presença dos imigrantes asiáticos na região começou a tornar-se dominante a partir dos últimos anos do século XX, aproximando-se das colônias sírio-libanesa que chegaram antes. Além da presença chinesa, outros imigrantes asiáticos também ocupam a região de maneira relevante, como os coreanos.[18]

Os comerciantes chineses que vivem na região da 25 de Março atualmente são vistos como representantes do transnacionalismo moderno. Esse termo se refere a grupos que migram para outros territórios em busca de maior qualidade de vida porém, continuam a viver de acordo os vínculos culturais, sociais e econômicos do lugar de origem.[7]


Ver também

Referências

  1.  «Cata-bagulho passa novamente pela Bela Vista». Consultado em 25 de junho de 2011
  2.  «Vitrine 25 de Março»
  3. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j Oliveira, Lineu Francisco de; Gil, Antonio Carlos (9 de agosto de 2014). «O CONGLOMERADO COMERCIAL DA RUA 25 DE MARÇO, EM SÃO PAULO: UMA REGIÃO SOCIALMENTE CONSTRUÍDA»Revista de Estudos Sociais13(25): 118–137. ISSN 2358-7024
  4.  «Selecionamos as melhores novidades da Rua 25 de Março»VEJA SÃO PAULO
  5. ↑ Ir para:a b c «Rua 25 de Março | VEJA SÃO PAULO»VEJA SÃO PAULO
  6. ↑ Ir para:a b «Chinesa e barata, maquiagem muda 25 de Março»Folha de S.Paulo. 19 de agosto de 2018
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  10. ↑ Ir para:a b c «Prefeitura de SP apreende mais de 60 mil produtos piratas em prédio na Rua 25 de Março»G1
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