Biografia
Gandhi aos 7 anos, em
1876.
Juventude
Formação na Inglaterra
Depois de um pouco de educação indistinta, foi decidido que ele deveria ir para a Inglaterra para estudar
direito na
University College London.
[5] Ele ganhou a permissão da mãe, prometendo se abster de vinho, mulheres e carne, mas ele desafiou os regulamentos de sua
casta, que proibiam a viagem para a
Inglaterra. Cursou a faculdade de direito em
Londres.
[2]
Procurando um restaurante
vegetariano, descobriu, na filosofia de
Henry Stephens Salt, um argumento para o vegetarianismo e convenceu-se dessa prática. Ele organizou um clube vegetariano onde se encontravam
teósofos e pessoas com interesses
altruísticos.
A vida na África do Sul
Gandhi em seu escritório de
advocacia na África do Sul.
Quando Gandhi voltou à Índia, em
1891, sua mãe havia falecido, e ele, devido à
timidez, não obteve êxito na sua profissão legal de advogado. Assim, aproveitou a oportunidade que surgiu de ir para
África do Sul, durante um ano, representando a firma hindu de Dada Abdulla em
KwaZulu-Natal, em um
processo judicial.
[1]
Sua estadia na África do Sul, notório local de
discriminação racial, despertou-lhe a
consciência social. Como
advogado, Gandhi fez o melhor para descobrir os fatos. Depois de resolver um caso difícil, ele passou a ter notoriedade por sua atuação. Ele mesmo relata:
"eu aprendi a descobrir o lado bom da natureza humana e a entrar nos corações dos homens. Eu percebi que a verdadeira função de um advogado era unir partes separadas".[7]
Acreditava que o dever do advogado era ajudar o
tribunal a descobrir a
verdade, não tentar incriminar o inocente. Ao término do ano, durante uma festa de despedida, de retorno à Índia, Gandhi tomou conhecimento que uma
lei estava sendo proposta para privar os hindus do
voto. Os amigos dele insistiram: "fique e conduza a briga para os direitos de nossos compatriotas na África do Sul." Gandhi fundou, em
KwaZulu-Natal, o Congresso Hindu em
1894, e seus esforços foram uma vigorosa advertência para a
imprensa.
Quando Gandhi retornou à África, após buscar a esposa e filhos na Índia em janeiro de
1897, os sul-africanos tentaram interromper suas atividades de maneiras sórdidas. Uma delas foi a tentativa de
subornar e ameaçar o empresário Dada Abdulla Sheth; mas Dada Abdulla era cliente de Gandhi e, finalmente, depois de um período de
quarentena, Gandhi recebeu permissão para aterrissar. A turba de espera reconheceu Gandhi e começou a espancá-lo até que a esposa do Superintendente Policial veio ao salvamento dele. A turba ameaçou
linchá-lo, mas Gandhi escapou usando um
disfarce.
Gandhi com o
"Indian Ambulance Corps" durante a "Segunda Guerra dos Bôeres" (
1899-
1900).
Depois, ele se recusou a
processar os que o haviam espancado, permanecendo firme no princípio de controle do egoísmo com respeito à pessoa infratora; além de que tinham sido os líderes da comunidade e do governo de Natal que haviam causado o problema.
[2]
Entre 11 de outubro de 1899 até 31 de maio de 1902, foi travada a
Segunda Guerra dos Bôeres. Em
Natal, Gandhi incentivou os britânicos a recrutar indianos.
[8] Ele argumentou que estes deveriam apoiar os esforços de guerra, a fim de legitimar suas reivindicações à cidadania plena.
[8] Os britânicos aceitaram a oferta de Gandhi de liderar um destacamento de 20
voluntários indianos como um corpo
padioleiro para tratar dos soldados feridos. Esse corpo foi comandado por Gandhi e operou por aproximadamente dois meses.
[9] A experiência ensinou-lhe que era impossível desafiar diretamente o poder militar do exército britânico e que este só poderia ser combatido de uma forma não violenta.
[10]
Gandhi acabou permanecendo vinte anos na África do Sul defendendo a
minoria hindu, liderando a luta de seu povo pelos seus
direitos.
[11] Ele experimentou o
celibato durante trinta anos de sua vida e, em
1906, retomou o juramento de
Brahmacharya até o fim da vida.
De acordo com uma biografia recente bastante polêmica, Gandhi separou-se em
1908, quando já tinha quatro filhos, para viver com Hermann Kallenbach, um
fisiculturista alemão de origem judaica que emigrara para a África do Sul e viria a tornar-se um de seus discípulos mais próximos. Viveram sob o mesmo teto por dois anos, separando-se quando Gandhi retornou à Índia em 1914.
[12]
Satyagraha, a força da verdade
O primeiro uso de
desobediência civil em massa ocorreu em setembro de
1906. O Governo de
Transvaal quis
registrar a população hindu inteira. Os hindus formaram uma massa que se encontrou no Teatro Imperial de
Joanesburgo;
[2] eles estavam furiosos com a ordem humilhante, e alguns ameaçaram exercer uma resposta violenta à ordem injusta.
Porém, eles decidiram, em grupo, se recusar a obedecer às providências de inscrição; havia
unanimidade, e apenas alguns poucos se registraram. Gandhi decidiu chamar esta técnica, de se recusar a se submeter à
injustiça, de
Satyagraha, que quer dizer, literalmente: "força da verdade". Uma semana depois de
desobediência, as mulheres Asiáticas foram dispensadas do registro.
[1] Quando o
governo de Transvaal finalmente pôs em prática o "Ato de Inscrição Asiático" em
1907, Gandhi e vários outros hindus foram presos.
A
pena dele foi de dois meses sem trabalho duro, dedicando-se durante esse período à
leitura. Durante a vida, Gandhi passaria um total de mais de seis anos como prisioneiro. Enquanto lia na prisão, Gandhi travou contato, por carta, com
Leon Tolstoi, um de seus ídolos. O escritor russo, com suas ideias
libertárias, influenciou o indiano. Ele também indicou, a este, a leitura de
Henry David Thoreau. Gandhi descobriu, então, a
desobediência civil. Também teve, papel importante sobre o pensamento de Gandhi, a obra do pensador
anarquista Piotr Kropotkin. Logo, ele começou a perceber, cada vez mais, as possibilidades infinitas do "amor universal".
O movimento de
protesto em prol da conquista dos direitos para os indianos na
África do Sul continuou crescendo; em um certo ponto, foram presos 2 500 indianos dos 13 000 existentes na
província, enquanto 6 000 fugiram do Transvaal.
Durante a desobediência civil, Gandhi desenvolveu o uso de
ahimsa que significa "sem dor" e que, normalmente, é traduzido como "não violência". Gandhi seguiu o preceito de "odiar o
pecado e não o pecador. Desde que nós vivemos espiritualmente, ferir ou atacar outra pessoa é atacar a si mesmo. Embora nós possamos atacar um sistema injusto, nós sempre temos que amar as pessoas envolvidas. Assim,
ahimsa é a base da procura pela verdade".
Gandhi também foi atraído para a vida agrícola simples. Ele começou duas comunidades rurais de
Satyagrahis: "Fazenda Fênix" e "Fazenda Tolstoi". Escreveu e editou o diário "Opinião indiana", para elucidar os princípios e a prática de
Satyagraha. Três assuntos foram abordados e questionados: os direitos dos hindus na África do Sul; a proibição de
imigrantes Asiáticos; e, por fim, o invalidamento de todos
casamentos não
Cristãos.
Em novembro de
1913, Gandhi conduziu uma marcha com mais de duas mil pessoas. Gandhi foi preso e solto após pagar
fiança. Logo após, o prenderam novamente e o libertaram, e novamente foi preso depois de quatro dias de liberdade. Foi, então, condenado ao
trabalho forçado durante três meses, mas as greves continuaram, envolvendo aproximadamente 50 000
operários, e milhares de indianos foram presos.
Finalmente, através de negociação, os assuntos foram resolvidos. Todos os
matrimônios, independente de qual fosse a religião, se tornaram válidos; os impostos em atraso foram cancelados, e os operários, contratados; e foi concedida mais liberdade aos indianos.
Gandhi constatou o poder do método de
Satyagraha e profetizou que ele poderia transformar a
civilização moderna. "É uma força que, se se tornasse universal, revolucionaria
ideais sociais e anularia o
despotismos e o
militarismo."
Enquanto isso, a Índia ainda estava sofrendo debaixo das regras coloniais britânicas. Gandhi sugeriu que a Índia podia ganhar sua independência por meios não violentos e por via da
autoconfiança. Gandhi rejeitou a força bruta e a opressão e declarou que a força da alma ou amor é que mantém a unidade das pessoas em
paz e
harmonia.
Retorno à Índia
De volta à Índia em
1915, Gandhi passou a exercer o papel de conscientizador da sociedade hindu e muçulmana sobre a
luta pacífica pela independência indiana, baseada no uso da não violência. O uso da não violência, por sua vez, baseava-se no uso da desobediência civil.
Gandhi estava pronto para morar nas ruas sujas com os
intocáveis se necessário, mas um benfeitor
anônimo doou dinheiro suficiente para um ano. Gandhi passou então a ajudar os necessitados e as crianças carentes.
Em
1917, Gandhi ajudou as pessoas que trabalhavam em
tecelagens, diante da exploração injusta dos proprietários sobre esses trabalhadores. Ele foi detido, mas logo perceberam que o
Mahatma era o único que poderia controlar as
multidões.
Reformas foram ganhas novamente por meio da desobediência civil. Os trabalhadores têxteis de
Ahmedabad também eram economicamente
oprimidos. Gandhi sugeriu uma greve e, como os trabalhadores temiam as consequências dela, ele fez um jejum para encorajar a continuação da greve.
O primeiro desafio de Gandhi ao governo britânico na Índia foi em resposta aos poderes arbitrários do "Rowlatt Act" de
1919. A Índia tinha cooperado com a Inglaterra durante a guerraː no entanto, lhe estavam sendo reduzidas as
liberdades civis.
Guiado por um sonho ou experiência interna, Gandhi decidiu pedir um dia de
greve geral. Porém, a
filosofia de Mahatma não foi bem entendida pelas massas, e violências estouraram em vários lugares. O
Mahatma se arrependeu declarando que tinha feito "um erro de cálculo", e cancelou a campanha.
Gandhi fundou e publicou dois
semanários sem
anúncios - a "Índia Jovem" em
inglês e o "Navajivan" em
Gujarati. Em
1920, Gandhi iniciou uma campanha de âmbito nacional de não cooperação com o governo britânico que, para o
camponês, significou o não pagamento de impostos e nenhuma compra de bebida alcoólica, pois o governo ganhava toda a renda de sua venda.
Gandhi realizou várias viagens ao longo de todo o
território hindu, com a função de conseguir a conscientização em massa de todas as pessoas, mostrando a necessidade da prática da desobediência civil e do uso da não violência. Durante finais dos
anos 1920, Gandhi escreveu uma
autobiografia retratando suas experiências vividas. Nesse
livro, descreveu os
erros cometidos, e o esforço de os superar.
Apelo de Gandhi ao povo de
Bombaim, publicado em
1919 no semanário "Índia Jovem" ("Young India").
Em suas falas, ele exibe, através dos dedos da
mão, seu programa de cinco pontos:
Esses cinco pontos, os cinco dedos representando o sistema, estavam conectados ao pulso, simbolizando a não violência.
Gandhi com
Nehru em
1929, época em que este assumiu a presidência do congresso.
Finalmente em
1928, ele anunciou uma
campanha de
Satyagraha em
Bardoli contra o aumento de 22% em
impostos britânicos. As pessoas se recusaram a pagar os impostos, sendo repreendidas pelo governo britânico. No entanto, os indianos continuavam não violentos. Finalmente, após vários meses, os britânicos cancelaram os aumentos, libertaram os prisioneiros, e devolveram as terras e propriedades
confiscadas; e os camponeses voltaram a pagar seus
tributos.
Ainda nesse ano, o
Partido do Congresso Nacional Indiano quis a
autonomia da Índia e considerou a guerra aos ingleses para conseguir esse fim. Gandhi se recusou a apoiar uma atitude como esta, porém declarou que, se a Índia não se tornasse um
Estadoindependente ao final de
1929, então ele exigiria sua independência.
A "Marcha do Sal"
Por conseguinte, em
1930, Mahatma Gandhi informou, ao
vice-rei, que a desobediência civil em massa iniciaria-se no dia 11 de março. "Minha
ambição é nada menos que converter as pessoas britânicas à
não violência, e, assim, lhes fazer ver o mal que fizeram para a Índia.
[13] Eu não busco prejudicar as pessoas." Gandhi decidiu desobedecer as "Leis do Sal" que proibiam os hindus de fazer seu próprio
sal;
[13] este
monopólio britânico golpeou especialmente os
pobres.
Começando com setenta e oito participantes, Gandhi iniciou uma marcha de 124
milhas para o
mar que duraria mais de vinte e quatro dias. Milhares tinham se juntado no começo, e vários milhares uniram-se durante a marcha.
[1] Primeiro, Gandhi e, então, outros, juntaram um pouco de água salgada à beira-mar em
panelas, deixando-as ao sol para secar. Em
Bombaim, o Partido do Congresso Nacional Indiano colocou panelas no
telhado; 60 000 pessoas juntaram-se ao movimento, e foram presas centenas delas. Em
Karachi, onde 50 000 assistiram ao sal sendo feito, a multidão era tão espessa que impedia a
polícia de efetuar alguma apreensão. As prisões estavam lotadas com pelo menos 60 000 transgressores. Incrivelmente, lá "não havia praticamente nenhuma violência por parte da população; as pessoas não queriam que Gandhi cancelasse o movimento."
[13]
A "Marcha do Sal" em
1930.
Gandhi foi preso, mas o amigo dele, Sarojini Naidu, conduziu 2 500 voluntários e os advertiu a não resistir às interferências da polícia. De acordo com uma testemunha ocular, o repórter Miller de Webb, eles continuaram marchando até serem detidos por quatrocentos policiais, mas eles não tentaram lutar.
Gandhi foi chamado a uma reunião com o vice-rei Irwin em
1931, e eles firmaram um acordo em março. A desobediência civil foi cancelada; foram libertados os prisioneiros;
[13] a fabricação de sal foi permitida na
costa; e os líderes do Partido do Congresso Nacional Indiano assistiriam à próxima conferência de
mesa-redonda em Londres. Para participar desta conferência, Gandhi viajou novamente a Londres, onde conheceu
Charlie Chaplin,
George Bernard Shaw e
Maria Montessori, entre outros.
[13] Em transmissão de
rádio para os
Estados Unidos, ele falou que a força não violenta é um modo mais consistente, humano e digno. Discutindo relações com os britânicos, ele disse que ele não quis somente a independência, mas também a interdependência voluntária baseada no
amor.
Retrato de Gandhi em
1931.
Enquanto preso em
1932, Gandhi entrou em um jejum em nome dos
Harijans porque, a eles, tinha sido determinado que formassem um
eleitorado separado. Poderia ser um
jejum até a morte, a menos que ele pudesse despertar a consciência hindu. O assunto foi resolvido, e até mesmo templos hindus destinados aos "intocáveis" foram abertos pela primeira vez.
[13] No próximo ano, Gandhi fez um jejum de vinte e um dias para purificação, e os funcionários
britânicos, amedrontados de que ele pudesse morrer, colocaram-no na
prisão. Gandhi anunciou que não se ocuparia da
desobediência civil até que sua oração fosse completada.
Já em
1938, ele exortou os
judeus a defender os seus direitos e, se necessário, morrer como
mártires. "Uma caçada humana degradante pode ser transformada em uma postura tranquila e determinada, oferecendo-se, aos homens e mulheres desarmados, a força dada a eles por
Jehovah." Mahatma recomendou o uso de métodos não violentos aos britânicos para combater
Hitler, já que não podia dar seu apoio a qualquer tipo de
guerraou matança.
O Partido do Congresso Nacional Indiano prometeu, a Gandhi, que ele ficaria fora da prisão, mas outros 23 223 indianos foram presos, inclusive
Vinoba Bhave,
Jawaharlal Nehru e
Patel. Em
1942, Gandhi sugeriu modos para resistir não violentamente aos
japoneses. Ele propôs, às pessoas japonesas, a causa da "federação mundial da
fraternidade, sem a qual não poderia haver nenhuma
esperança para a
humanidade".
Porém, Gandhi continuou exercendo uma
revolução não violenta para a Índia e, em
1942, ele e outros líderes foram presos. Ele decidiu jejuar novamente, sendo que apenas ele sobreviveu. Quando a guerra terminou, ele afirmou sobre a necessidade de "uma paz real baseada na
liberdade e
igualdade de todas as
raças e nações". Nos últimos anos de sua vida, ele havia dito: "
violência é criada por
desigualdade, a
não violência pela
igualdade".
Os hindus o atacaram porque pensaram que ele era a favor dos muçulmanos, e os muçulmanos exigiram, dele, a criação do Paquistão. Gandhi foi para
Calcutá para acalmar a discussão e a violência entre hindus e muçulmanos. Mais uma vez, ele jejuou até que os líderes da comunidade assinaram um acordo para manter a paz. Antes de que eles assinassem, ele os advertiu de que, se se rebelassem, ele jejuaria até a morte. Gandhi, em janeiro de
1948, fez muito para acalmar os conflitos entre hindus e muçulmanos, permitindo a divisão da Índia em dois países.
O movimento pela independência indiana
Por esses motivos, sua prisão foi decretada diversas vezes pelas autoridades britânicas, prisões às quais sempre se seguiram protestos pela sua libertação (por exemplo, em
18 de março de
1922, quando foi sentenciado a seis anos de prisão por
desobediência civil, dos quais cumpriu apenas dois anos).
Outra
estratégia eficiente de Gandhi pela independência foi a política do
swadeshi - o
boicote a todos os produtos
importados, especialmente os produzidos na Inglaterra.
[14]Aliada a esta estratégia, estava sua proposta de que todos os indianos deveriam vestir o
khadi - vestimentas caseiras - ao invés de comprar os produtos têxteis britânicos.
Gandhi fiando, foto de
1946.
Gandhi declarava que toda mulher indiana, rica ou pobre, deveria gastar parte do seu dia fabricando o
khadi em apoio ao movimento de independência. Esta era uma estratégia para
incluir as mulheres no movimento, em um período em que pensava-se que tais atividades não eram apropriadas às mulheres.
Sua posição pró-independência endureceu após o
Massacre de Amritsar em
1920, quando soldados britânicos abriram fogo matando centenas de indianos que protestavam pacificamente contra medidas autoritárias do governo britânico e contra a prisão de líderes nacionalistas indianos.
[14]
Uma de suas mais eficientes ações foi a
marcha do sal, conhecida como Marcha Dândi, que começou em
12 de março de
1930 e terminou em
5 de abril,
[14] quando Gandhi levou milhares de pessoas ao mar a fim de coletarem seu próprio sal ao invés de pagar a
taxa prevista sobre o sal comprado.
Segunda Guerra Mundial
Gandhi passou cada vez mais a pregar a independência durante a
II Guerra Mundial, através de uma campanha clamando pela saída dos britânicos da Índia (
Quit Índia, literalmente
Saiam da Índia), que, em pouco tempo, se tornou o maior movimento pela independência indiana, ocasionando prisões em massa e violência em uma escala inédita.
Gandhi e seus partidários deixaram claro que não apoiariam a causa britânica na guerra a não ser que fosse garantida, à Índia, independência imediata.
Durante este tempo, ele até mesmo cogitou um fim do seu apelo à não violência, um princípio até então intocável, alegando que a "
anarquia ordenada" ao redor dele era "pior do que a anarquia real". Foi, então, preso em
Bombaim pelas forças britânicas em
9 de agosto de
1942 e mantido em
cárcere por dois anos.
A divisão da Índia entre hindus e muçulmanos
Gandhi teve grande influência entre as
comunidades hindu e
muçulmana da Índia. Costuma-se dizer que ele terminava rixas comunais apenas com sua presença. Gandhi posicionou-se veementemente contra qualquer plano que dividisse a Índia em dois
estados, o que efetivamente aconteceu, criando a Índia - predominantemente hindu - e o
Paquistão - predominantemente muçulmano.
No dia da transferência de poder, Gandhi não celebrou a
independência com o resto da Índia, mas ao contrário, lamentou sozinho a partilha do país em
Calcutá.
Gandhi tinha iniciado um jejum no dia
13 de janeiro de
1948 em protesto contra as violências cometidas por indianos e paquistaneses. No dia 20 daquele mês, sofreu um
atentado: uma
bomba foi lançada na sua direção, mas ninguém ficou ferido.
Entretanto, no dia
30 de janeiro de 1948, Gandhi foi
assassinado a tiros, em
Nova Déli, por
Nathuram Godse, um hindu radical que responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir no pagamento de certas
dívidas ao Paquistão. Godse foi, depois, julgado, condenado e
enforcado, a despeito do último pedido de Gandhi, que foi, justamente, a não punição do seu assassino.
Cronologia
Escultura de Mahatma Gandhi feita por Gautam Pal situada na praça Túlio Fontoura, em
São Paulo
Princípios
Mahatma Gandhi, continuou a transmitir seus ensinamentos de manifestação não violenta até seus últimos anos de
vida.
A filosofia de Gandhi e suas ideias sobre o
satya e o
ahimsa foram influenciadas pelo
Bhagavad Gita e por crenças hindus e da religião
jainista. O conceito de não violência (
ahimsa) já faz parte há muito tempo do pensamento religioso da Índia e pode ser encontrado em diversas passagens do textos hindus,
budistas e jainistas. Gandhi explica sua filosofia como um
modo de vida em sua
autobiografia A História de meus Experimentos com a Verdade (
As Minhas Experiências com a Verdade, em Portugal) - (
The Story of my Experiments with Truth).
Sendo lactovegetariano, escreveu livros sobre o
vegetarianismo enquanto estudava direito em Londres (onde encontrou um entusiasta do vegetarianismo,
Henry Stephens Salt, nos encontros da chamada
Sociedade Vegetariana). Ser vegetariano fazia parte das tradições
hindus e
jainistas. A maioria dos hindus no estado de
Gujarat eram-no, efetivamente. Gandhi experimentou diversos tipos de
alimentação e concluiu que uma
dieta deve ser suficiente apenas para satisfazer as necessidades do corpo humano.
Jejuava muito, e usava o jejum frequentemente como estratégia política.
Gandhi renunciou ao
sexo quando tinha 36 anos de idade e ainda era casado, uma decisão que foi profundamente influenciada pela crença hindu do
brahmacharya, ou pureza espiritual, largamente associada ao
celibato. Também passava um dia da semana em
silêncio. Abster-se de falar, segundo acreditava, lhe trazia
paz interior. A mudez tinha origens nas crenças do
mouna e do
shanti. Nesses dias, ele se comunicava com os outros apenas escrevendo.
O título de
Mahatma atribuído a Gandhi representa um reconhecimento de seu papel como
líder espiritual.
Depois de retornar à Índia de sua bem-sucedida carreira de advogado na África do Sul, ele deixou de usar as roupas que representavam
riqueza e sucesso. Passou a usar um tipo de roupa que costumava ser usada pelos mais pobres entre os indianos. Promovia o uso de roupas feitas em casas (
khadi).
Gandhi e seus seguidores fabricavam artesanalmente os
tecidos da própria
roupa e usavam esses tecidos em suas vestes; também incentivava os outros a fazer isso, o que representava uma ameaça ao negócio britânico - apesar de os indianos estarem desempregados, em grande parte pela decadência da
indústria têxtil, eles eram forçados a comprar roupas feitas em indústrias inglesas. Se os indianos fizessem suas próprias roupas, isso arruinaria a indústria têxtil britânica, ao invés de fortalecê-la.
Também era contra o sistema convencional de
educação em
escolas, preferindo acreditar que as crianças aprenderiam mais com seus pais e com a sociedade. Na África do Sul, ele e outros homens mais velhos formaram um grupo de
professores que lecionava diretamente e livremente às crianças.
Dentro do ideal de paz e não violência que ele defendia, uma de suas frases foi: "Não existe um caminho para paz! A paz é o caminho!".
“ | Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia. | ” |
Representações artísticas
Outro filme que trata da vida de Gandhi, particularmente de sua passagem pela África do Sul, é
The Making of the Mahatma, dirigido por
Shyam Benegal.
Indicações para o Prêmio Nobel da Paz
Gandhi beijando uma criança
Quando o Dalai Lama
Tenzin Gyatso recebeu o prêmio em
1989, o presidente do comitê disse que o prêmio era
"em parte um tributo à memória de Mahatma Gandhi".[15]
Comentários a respeito de Gandhi
Ao longo de sua vida, as atividades de Gandhi atraíram todo tipo de comentário e opinião.
Sobre Gandhi,
Albert Einstein escreveu que "
as gerações por vir terão dificuldade em acreditar que um homem como este realmente existiu e caminhou sobre a Terra."
[16]
Recolha através da WIKIPÉDIA
por
ANTÓNIO FONSECA