“Prigozhin corre para a morte. Putin está em pânico, tudo o que temia pode acontecer”: uma entrevista sobre o que se está a passar na Rússia
"Isto é real, não é encenação, é um Estado mafioso a cair aos pedaços." O aviso é de William Alberque, diretor de Estratégia, Tecnologia e Controlo de Armas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Berlim. As últimas 24 horas, com Vladimir Putin a dizer as palavras proibidas - “guerra civil” -, podem mudar o curso da História da Rússia
As próximas horas serão decisivas para a Rússia, que, ou mergulha numa repressão ainda mais ostensiva, ou ver-se-á palco de uma guerra civil. A dissidência pode esperar ser dizimada, e mal haverá espaço para respirar. William Alberque, diretor do Programa de Estratégia, Tecnologia e Controlo de Armas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Berlim, explica, nesta entrevista com o Expresso, que o ato de rebelião de Yevgeny Prigozhin tem semente no desespero. O líder do Grupo Wagner é hoje um homem com consciência de que serve melhor Putin se estiver morto. Tornou-se um dos inimigos mais perigosos do Kremlin, mas resolveu não se esconder. De acordo com o antigo diretor do Centro de Controlo de Armas, Desarmamento e Não-Proliferação da NATO, com mais de 25 anos de experiência em controlo de armas, desarmamento e não-proliferação, Vladimir Putin atingiu a sua posição de maior fraqueza. Tudo o que temia pode mesmo acontecer.