António Variações
António Variações | |
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Informação geral | |
Nome completo | António Joaquim Rodrigues Ribeiro |
Nascimento | 3 de dezembro de 1944 |
Origem | Amares, Braga |
País | Portugal |
Morte | 13 de junho de 1984 (39 anos) |
Género(s) | Rock, Pop, Blues, Fado |
Instrumento(s) | Voz |
Período em actividade | 1978 - 1984 |
António Joaquim Rodrigues Ribeiro, conhecido por António Variações, (Pilar, Fiscal, Amares, 3 de Dezembro de 1944 - São Domingos de Benfica, Lisboa 13 de Junho de 1984), foi um cantor e compositor português do início dos anos 1980.[1] A sua curta discografia continuou a influenciar a música portuguesanas décadas posteriores ao seu precoce desaparecimento, com 39 anos.
Índice
Biografia[editar | editar código-fonte]
Variações nasceu no Lugar de Pilar, uma pequena aldeia da freguesia de Fiscal no município de Amares, distrito de Braga. Filho dos camponeses Deolinda de Jesus e Jaime Ribeiro, Tonito (como a mãe lhe chamava) tinha onze irmãos, embora dois deles tenham falecido muito cedo. A sua infância foi dividida entre os estudos e o trabalho no campo, para ajudar os pais. Jaime tocava cavaquinhoe acordeão e foi a primeira inspiração de Variações, que desde cedo revelou a sua paixão pela música nas romarias e no folclore locais.
Aos onze anos, teve o seu primeiro emprego, em Caldelas, e, um ano depois, partiu para Lisboa. Aí, trabalhou como aprendiz de escritório, barbeiro, balconista e caixeiro. Seguiu-se o serviço militar em Angola e a aventura pelo estrangeiro: Londres em 1975 e Amesterdão meses depois, onde descobriu um novo mundo, querendo trazer para Portugal uma nova maneira de viver. Foi nesta última cidade que aprendeu a profissão de barbeiro que, mais tarde, exerceu em Lisboa, quando voltou.
Com a ajuda do amigo e colega Fernando Ataíde, Variações foi admitido no Ayer, o primeiro cabeleireiro unissexo a funcionar em Portugal. Depois do Ayer, passou ainda por um salão no Centro Comercial Imaviz e só mais tarde abriu uma barbearia na Baixa lisboeta.
Entretanto, deu igualmente início aos espectáculos com o grupo Variações, atraindo rapidamente as atenções. Por um lado, o seu visual excêntrico não passava despercebido e, por outro, o seu estilo musical combinava vários géneros, como o rock, o pop, os blues ou o fado. Em 1978, apresentou-se à editora Valentim de Carvalho e assinou contrato.
A discoteca Trumps ou o Rock Rendez-Vous foram os locais onde Variações se apresentou ao público. Em 1981, sem ter até aí editado qualquer música, participou no programa de televisão de Júlio Isidro, O Passeio dos Alegres. A sua música e o seu estilo próprio e inconfundível fizeram com que depressa alcançasse uma fama razoável.
Editou o primeiro single com os temas Povo que Lavas no Rio de Amália Rodrigues (a sua maior referência), e Estou Além. De seguida, gravou o seu primeiro LP, Anjo da Guarda com dez faixas, todas de sua autoria, onde se destacaram os êxitos É p´ra Amanhã e O Corpo É que Paga.
Em 1984 lançou o seu segundo trabalho, intitulado Dar e Receber. Era Fevereiro e, dois meses depois, a 22 de Abril, Variações daria um concerto, na aldeia de Viatodos, concelho de Barcelos, durante as festas da "Isabelinha". Depois disso, aparece pela última vez em público no programa televisivo "A Festa Continua" de Júlio Isidro. Será a única interpretação no pequeno ecrã das faixas do novo disco, usando o mesmo pijama com ursinhos e coelhinhos que usou na sua primeira aparição televisiva. Variações cantou na Queima das Fitas de Coimbra de 1984, no dia 17 de Maio, na Noite da Psicologia, já gravemente doente, sendo que os seus amigos e familiares deixaram de receber notícias do cantor, que ficou hospedado por alguns dias em casa de um amigo até ter sido levado para o Hospital Pulido Valente no dia 18 de Maio devido a um problema brônquico-asmático.
Quando Canção de Engate invadiu as rádios, já António Variações se encontrava internado no hospital. Transferido para a Clínica da Cruz Vermelha, morreu a 13 de Junho, vítima de uma broncopneumonia, especula-se que provavelmente foi causada pelo vírus HIV. Foi a sepultar ao cemitério da terra natal, em Fiscal, Amares.
Vinte anos após a sua morte, em Dezembro de 2004, foi lançado um álbum em sua homenagem, com canções da sua autoria que nunca tinham sido editadas; sete conhecidos músicos portugueses formaram a banda Humanos e gravaram 12 músicas seleccionadas de um conjunto de cassetes "perdidas" no património de Variações administrado pelo irmão, Jaime Ribeiro.
Em entrevista, António Variações explicou o nome escolhido: "Variações é uma palavra que sugere elasticidade, liberdade. E é exactamente isso que eu sou e que faço no campo da música. Aquilo que canto é heterogéneo. Não quero enveredar por um estilo. Não sou limitado. Tenho a preocupação de fazer coisas de vários estilos."[2]
Homenagens[editar | editar código-fonte]
Ao longo dos anos têm sido várias as homenagens a título póstumo a António Variações, além do busto colocado em Fiscal, a sua terra natal, na toponímia; desde 1998, António Variações encontra-se perpetuado na cidade de Lisboa, numa rua localizada na actual freguesia do Parque das Nações[3], também em Amares o artista é homenageado, dando o seu nome a uma rua da freguesia de Ferreiros, ainda em Fiscal, o nome Edo conhecido filho da terra, é a designação da principal artéria da freguesia, a Avenida António Variações.
Dia 31 de Maio de 2014, o Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa, abriu com uma homenagem a António Variações. Os músicos que participam nesta homenagem foram: Linda Martini, Gisela João, Rui Pregal da Cunha e Deolinda, recordando os 30 anos do desaparecimento do cantor e compositor que marcou a história da música portuguesa. A direção artística esteve a cargo do cantor e compositor Zé Ricardo e teve planeamento do jornalista Nuno Galopim. A elaboração do espetáculo foi acompanhada pela família do cantor.
Segundo o músico Zé Ricardo, Director Artístico desta homenagem; “ A influência da música de Variações perdura até aos dias de hoje, e ele continua a ser recordado, com carinho, por todos os portugueses, como uma figura excêntrica que criou um estilo de música muito próprio.”[4]
Em 2014, por ocasião dos trinta anos após a sua morte e 70 do seu nascimento, a Banda Filarmónica de Idanha-a-Nova prestou tributo a António Variações, o evento contou com a contribuição da família do artista, e a participação de Lena D'Água.
O tributo teve a participação de cerca de 90 intervenientes, entre os quais, estiveram os músicos da Filarmónica Idanhense que foram acompanhados vocalmente por Jaime Ribeiro e Luís Ribeiro (irmãos de António Variações), Jaime Rafael Ribeiro (sobrinho), Lena D'Água, (amiga pessoal e colega) e Rui Aziago, também cantor.[5]
Em 2019 será lançado no cinema português o filme com o título "Variações", ano que o cantor celebraria os 75 anos de vida. É Sergio praia que encarna a personagem, sendo o cineasta João Maia realizador e guionista do projecto[6][7].
Discografia[editar | editar código-fonte]
Singles[editar | editar código-fonte]
- 1982 - Povo que lavas no rio/Estou além
- 1983 - É p'ra amanhã…/Quando fala um português…
- 1997 - Canção de engate [Póstumo]
- 1997 - O corpo é que paga (remistura de Nuno Miguel) [Póstumo]
- 1998 - Minha cara sem fronteiras - entre Braga e Nova Iorque [Póstumo]
Maxi-singles[editar | editar código-fonte]
- 1982 - Povo que lavas no rio/Estou além
- 1983 - É p'ra amanhã…/Dar e receber (promo)
Álbuns[editar | editar código-fonte]
- 1983 - Anjo da guarda
- 1984 - Dar & Receber
- 1998 - Anjo da guarda [Póstumo. Remasterizado, inclui faixa extra "Povo que lavas no rio"]
- 2000 - Dar & receber [Póstumo. Remasterizado, inclui três versões (duas remisturas) do inédito "Minha cara sem fronteiras"]
Compilações[editar | editar código-fonte]
- 1997 - O melhor de António Variações [Compilação/best-of]
- 2006 - A história de António Variações - entre Braga e Nova Iorque [Compilação. Inclui temas inéditos]
Versões[editar | editar código-fonte]
- 1987 - Delfins - Canção de Engate
- 1989 - Lena D'Água - Tu Aqui [álbum com inéditos de Variações]
- 1994 - Variações - As canções de António [álbum tributo]
- 1995 - Amarguinhas - Estou Além
- 1995 - Íris - Estou Além
- 1996 - MDA - Dar & Receber
- 1996 - MDA - Estou Além
- 1997 - Isabel Sivestre - Deolinda de Jesus
- 2004 - Humanos - Humanos [álbum de inéditos de Variações]
- 2004 - Donna Maria - Estou Além
- 2004 - Funkoffandfly - Dar e receber
- 2005 - RAMP - Anjinho da Guarda
- 2006 - Humanos - Humanos ao Vivo - [álbum no formato CD com dois DVD, letras e músicas por António Variações]
- 2008 - André Sardet - Anjinho da Guarda
- 2012 - Tiago Bettencourt - Canção de Engate
- 2013 - Dead Combo & Márcia - Visões Ficções
- 2014 - OqueStrada - Parei na Madrugada [tema inédito de António Variações]
- 2016 - Telmo Pires - Ao passar por Braga abaixo [novo tema inédito de António Variações]
- 2016 - Linda Martini - Visões Ficções
- 2017 - União das Tribos com Miguel Ângelo - Canção de Engate
- 2017 - Filipe Catto - Canção de Engate
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- GONZAGA, Manuela,
- Parceria A.M. Pereira Livraria Editora MARQUES, Paulo, António Variações: Um Homem Além do Tempo - Lisboa, 2008.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ António Variações (em inglês) no Internet Movie Database
- ↑ MP2000:. «A origem dos nomes». SAPO. Mp2000.no.sapo.pt. Consultado em 12 de Maio de 2013
- ↑ Núcleo de Toponímia da C.M. de Lisboa:. «Na véspera de Santo António, a Rua de Variações». Toponímia de Lisboa. toponimialisboa.wordpress.com. Consultado em 5 de Dezembro de 2015
- ↑ RFM:. «ROCK IN RIO LISBOA 2014 - ANTONIO VARIAÇÕES». SAPO. rfm.sapo.pt. Consultado em 11 de Dezembro de 2015
- ↑ blitz:. «Filarmónica de Idanha homenageia António Variações». SAPO. blitz.sapo.pt. Consultado em 5 de Dezembro de 2015
- ↑ Group, Global Media (17 de julho de 2018). «▶ Vídeo: Variações, o homem cheio de mundos que foi ″a metáfora de uma época″». TSF Rádio Notícias
- ↑ «Vem aí um filme sobre a vida e obra de António Variações». Magg