360º
Miguel PinheiroDiretor ExecutivoSegunda-feira, 9 março 2020
Enquanto dormia…
… foi anunciado o encerramento de várias escolas, universidades e outros locais públicos em diferentes zonas do país. E a economia entrou em pânico por causa do surto e de uma guerra entre a Arábia Saudita e a Rússia por causa do petróleo.
Portugal fecha escolas e aperta medidas de contenção do surto
A situação em Portugal está a evoluir rapidamente e a Direção-Geral de Saúde decidiu aplicar medidas de prevenção e de contenção mais apertadas:
- Em Felgueiras e Lousada, os dois municípios que representam o maior foco do país, foram encerradas todas as escolas e também serão fechados serviços como cinemas, piscinas, bibliotecas e outras zonas de grande concentração de pessoas;
- Na Amadora, foram encerradas duas escolas (a Escola Básica Roque Gameiro e a Escola Secundária da Amadora). Os alunos, funcionários e professores deverão ficar em isolamento voluntário durante 14 dias — uma medida que surge depois de ter sido confirmada a infeção de um aluno em cada uma das escolas;
- No Porto, as aulas na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto foram suspensas e os seus alunos estão “interditos de circular no edifício do Hospital de São João”;
- Em Lisboa, a Faculdade de Medicina também suspendeu aulas com doentes;
- No Hospital Santa Maria, em Lisboa, e no Hospital São João, no Porto, foram ontem instalados hospitais de campanha para isolar casos suspeitos de infeção;
- O Presidente da República vai suspender a sua agenda oficial durante duas semanas e trabalhar a partir de casa. Marcelo Rebelo de Sousa recebeu na semana passada em Belém uma turma de uma escola de Felgueiras onde um menor foi diagnosticado com coronavírus. Apesar de não apresentar sintomas, vai ser testado hoje.
É uma notícia desta manhã: mais de 40 portugueses estão retidos num cruzeiro em Luxor, no Egipto, e aguardam o rastreio dos serviços de saúde. Pode seguir todos os desenvolvimentos do dia ao minuto no nosso liveblog.
Na Europa, o país que está numa situação mais complicada é Itália: várias províncias do Norte foram ontem isoladas. A medida afeta 16 milhões de pessoas — ou seja, um quarto da população. Ponto por ponto, veja aqui como o governo italiano está a tentar conter o surto. Os médicos italianos escreveram uma carta a alertar os colegas para o impacto do Covid-19 e deixaram um aviso: “Preparem-se!”.
Além de ser um problema de saúde pública, o coronavírus tem consequências económicas: esta manhã, as bolsas estão com perdas pesadas. A isto soma-se um conflito entre a Arábia Saudita e a Rússia que colocou o petróleo em queda livre.
O surto está a afetar todas as áreas da nossa vida — por isso, as dúvidas são muitas. Juntámos 62 respostas para as perguntas mais importantes, da saúde ao trabalho, das viagens à economia.
Na política: entrevistas e reações
Estes dias são de ataques, silêncios, avanços e impasses na política:
- No Governo: António Costa deu uma entrevista ao Público onde acusou Rui Rio de não ter “pensamento nenhum sobre qualquer matéria de fundo da sociedade portuguesa”. Em resposta (ou melhor, em não resposta), o líder do PSD disse que não alinha numa “escalada gratuita de violência verbal”;
- Nas presidenciais: Ana Gomes deu uma entrevista ao DN e à TSF e disse que “Mário Soares daria uma volta ao túmulo se o PS deixasse Marcelo ultrapassar os 70%”; já Marcelo Rebelo de Sousa entra hoje no último ano de mandato sem confirmar se avança ou não avança para o segundo.
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A NOSSA OPINIÃO
O sector dos serviços, em especial as viagens e o turismo, posiciona-se como o que levará mais tempo a recuperar do surto do coronavírus. O Governo pode estar a desvalorizar o impacto que vamos sofrer
A concorrência de Ana Gomes e André Ventura vai expôr os maiores erros do primeiro mandato do Presidente da República. A recandidatura de Marcelo arrisca-se a não ser um passeio no parque.
Era importante que o coronavírus ficasse restringido aquilo que os pais entendam ser indispensável. Isto é, informação de mais “à solta”, lá em casa, não representa um ganho por aí além para os filhos
A esperança liberal-democrática na chamada “revolução da internet” deve ser re-avaliada. Mas a confiança na “mão invisível” não deve ser abandonada: “Keep Calm and Carry On”.
O rol de promessas anunciadas na entrevista de domingo enche seis páginas do «Público» mas pouco tem que ver com as preocupações do país perante a iminência de uma recessão económica
É admissível que o primeiro-ministro conteste (sem provar o seu argumento) as competências que estão atribuídas por lei aos municípios? Como se atreve António Costa a fazer declarações tão arrogantes?
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