Basta encher um lavatório ou mesmo um balde de água, mergulhar o Dolfi e 30 minutos depois a roupa está lavada. Este novo dispositivo com tecnologia ultra-som quer revolucionar o segmento das máquinas de lavar roupa — e junta-se a outras inovações que podem, em poucos anos, tornar a máquina lá de casa numa peça de museu. O design foi concebido pelo portuense de 32 anos André Fangueiro.
A oportunidade surgiu graças à rede de trabalho desenvolvida por André desde 2010, altura em que assentou na Holanda em busca de novos desafios. Lena Solis, a alemã fundadora do
Dolfi, tinha como ponto de partida a utilização da tecnologia ultra-som num “produto funcional”. E entregou a criatividade a André.
Nos primeiros esboços, emergiu desde logo o desenho de um seixo, símbolo da “ausência de esforço e muita delicadeza” capaz de transmitir “confiança e segurança” ao utilizador, explicou ao P3 o fundador da agência criativa especializada em design de produto
Studio Lata: “As formas redondas do Dolfi transmitem conforto e são convidativas ao toque, criando de imediato uma ligação física entre o utilizador e o objecto.”
André Fangueiro resume o produto em poucas palavras: “Um dispositivo do tamanho de uma mão, que muda a experiência de lavagem de vestuário, especialmente quando em viagem.” Graças à tecnologia ultra-som, este "gadget" — já
disponível para pré-venda por cerca 100 euros — “consome 80 vezes menos energia do que a máquina de lavar vestuário tradicional”.
“A ideia do Dolfi veio depois de algumas experiências terríveis com lavandarias durante as minhas viagens”, explica a criadora Lena Solis no site oficial do produto. A empresária acredita que este dispositivo "vai mudar a nossa forma de lavar roupa" e espera tornar "as vantagens da tecnologia ultra-sónica" uma realidade neste segmento.
O "gadget", totalmente silencioso, pode ser utilizado em qualquer tipo de tecido e, dizem os autores, é menos agressivo do que as máquinas actualmente utilizadas. “Tecidos delicados, como as rendas, sedas ou caxemira serão bem cuidados”, garante André.
O dispositivo pode ser usado em qualquer recipiente com água e a utilização de detergente não é obrigatória, já que o ultra-som é capaz de limpar sozinho. “O Dolfi emite milhares de bolhas de cavitação, microscópicas e invisível a olho nu. O colapso destas bolhas produz correntes de jacto de força que, em colisão com as fibras da peça de vestuário, expulsam qualquer sujidade ou cheiros que estejam presentes nas fibras.”
Na Holanda desde 2010, e tendo antes disso vivido quatro anos na Polónia, André não pensa regressar a Portugal tão cedo. No Studio Lata, criado em 2014, tem colaborado com diversos projectos, algumas vezes em parceria com a esposa, Chantal Serno, outras com colaboradores externos, nunca com estagiários não remunerados — uma questão de princípio.