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Por Martim Silva
Diretor-Executivo
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9 de Agosto de 2016 |
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Telma, és a maior! (e hoje é dia de heróis)
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Bom dia, (Começo com uma informação de última hora: o
Conselho dos ministros das Finanças acaba de informar que decidiu
acolher a decisão da Comissão de não aplicar sanções a Portugal e
Espanha por défice excessivo). Telma Monteiro é nome de herói e hoje falamos de heróis. De Telma Monteiro. Mas também de Rafaela Silva. E de Lucinda Borges e de Paulo Pereira. Confesso, sou daqueles que adora os Jogos Olímpicos. A maior prova desportiva do planeta agarra-me há décadas. Não gosto de perder uma cerimónia de abertura ou encerramento. Vibro com a tocha olímpica.
Naqueles dias torno-me fã e especialista instantâneo emprestado de
remo, atletismo, hipismo, natação, saltos para a água, hóquei em campo,
judo, luta greco-romana. Na televisão sigo os JO com sofreguidão, não me
importando se num momento estou a ver andebol, no seguinte basket,
depois ténis de mesa e a seguir esgrima. Gosto daquilo, mesmo, muito. Portanto, caro leitor, é com prazer que hoje lhe sirvo um Curto inspirado no que ontem me deu imenso prazer: ver
Telma Monteiro lutar no tatami, na categoria de -57 quilos de judo
feminino, desde a ronda inicial em que despachou uma neo-zelandesa, à
derrota dramática com a mongol (que viria a ser campeã olímpica) nos
últimos segundos (se fosse futebol tínhamos todos dito que o árbitro
estava comprado), à vingança com a francesa na repescagem (vem daí a
imagem viral do “eu vim para ficar” gritado por Telma) e, finalmente, ao decisivo combate com a romena, ganho sem espinhas mas de forma emocionante.
Um dia inteiro a vibrar com a Telma (já a podemos tratar assim),
culminado com a fantástica medalha de bronze obtida pela atleta da
margem sul, a primeira da sua carreira, aos 30 anos. Ela que, com uma carreira extraordinária, já vai nos seus quarto jogos, só agora se estreou nas medalhas olímpicas (já levava onze medalhas em europeus e cinco em mundiais, imagine-se). Ela era uma das nossas maiores esperanças. E não desiludiu. Com este feito, Portugal passou a ter 24 medalhas na história dos Jogos Olímpicos da era moderna (mais uma que Michael Phelps…) Telma é nome de herói. De heroína (e aqui pode ficar a saber mais sobre ela e de como felizmente perdemos uma futebolista para ganharmos a melhor judoca nacional de sempre). Rafaela também é nome de heroína.
Se para nós, portugueses, aquela prova de judo ficou inteiramente
marcada pela medalha de Telma, para os brasileiros o evento também foi
marcante. Mas porque significou a primeira medalha de ouro para os anfitriões da prova. A menina da Cidade de Deus, a menina da favela que há quatro anos o Brasil insultava depois da expulsão dos JO de Londres, chegou ao cume. Mas para lá chegar sofreu, e muito. Deixo-lhe dois textos, um publicado no Público e outro vindo do Brasil,
onde se explica o percurso da menina vinda da favela celebrizada por
Fernando Meirelles (curiosamente, o responsável agora pela fantástica
cerimónia de abertura dos Jogos) e de como começou a praticar judo
integrada num projecto que visava precisamente a inclusão social através
do desporto. Um trajecto incrível e um caso de superação notável. E de
como conseguiu superar a depressão depois da enorme campanha de ódio
contra si, nomeadamente nas redes sociais, depois de em Londres (2012)
ter sido desqualificada dos JO por uma pega de pernas ilegal. Ainda a propósito de judo, e nem de propósito, aqui fica este texto publicado ontem pelas 18.00 no Expresso Diário, e que relata o percurso e experiência de Nuno Delgado. A essa hora ele ainda era o único português que tinha conseguido obter uma medalhas no judo. Tem deixado muita gente intrigada as marcas nos corpos de vários dos nadadores da equipa americana (uma espécie de chupões gigantes
nos ombros e nas costas). Trata-se da utilização de uma técnica
ancestral, cupping, que através de sucção visa aumentar o fluxo
sanguíneo e relaxar os músculos dos atletas. Irritados, muito irritados andam os brasileiros com a sua selecção, que nem com Neymar parece conseguir ganhar um jogo. Agora até parece que nas bancadas, quando joga o escrete, se grita por Marta. A melhor jogadora de futebol do mundo, e que também é brasileira. Dois países, o Kosovo e o Vietname, conseguiram as suas primeiras medalhas olímpicas de sempre, no judo e no tiro. A imagem contrastante das jogadoras de voléi de praia do Egipto e Alemanha continua a correr muito e a gerar muita discussão. Depois do feito de Telma, Portugal ocupa o 34º lugar no pódio das medalhas no Rio. E tem, já se disse, 24 medalhas olímpicas na sua história: 10 Atletismo 4 Vela 3 Hipismo 2 Judo 1 Canoagem 1 Ciclismo 1 Tiro 1 Triatlo 1 Esgrima Se Michal Phelps, 19 medalhas de ouro e 23 no total da carreira, fosse um país, já ocupava o 35º lugar no ranking histórico das nações com mais medalhas em JO. Neste gráfico muito interessante pode perceber a evolução ao longo da história do número de países participantes nos JO. E de quem foram as nações mais medalhadas em cada edição.
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OUTRAS NOTÍCIAS Cá Dentro, Vamos aos incêndios,
que por estes dias dominam a agenda mediática e atacam o país em força.
Neste capítulo o meu principal destaque vai, não para uma notícia, mas
para um artigo de opinião. João Miguel Tavares, no Público, coloca na minha opinião o dedo na ferida: “Os
estudos não enganam. Isto não é azar geográfico nem altas temperaturas.
É mesmo uma profunda incompetência política, muito mais árdua de
combater do que o pior dos fogos.” Nesta manhã de terça-feira, há mais de 200 fogos activos por todo o país,
sendo que 13 deles levantam preocupações acrescidas. Há mais de 3 mil
bombeiros no terreno. Os distritos de Viana, Porto, Aveiro, Viseu,
Guarda e Braga são os mais afectados. O Funchal é outra zona de inquietação, com um incêndio a chegar perto do centro da cidade. Ainda a propósito de incêndios, falo de mais dois heróis. Lucinda
e Paulo. Sabe quem são? Lucinda Borges e Paulo Pereira são o que se
costuma chamar de cidadãos anónimos. Mas eles são verdadeiros heróis.
A sua história? Perante o enorme incêndio na zona de Estarreja que
durante horas e horas cortou totalmente a A1, para desespero de milhares
de automobilistas, lembraram-se de comprar qualquer coisa como
mil litros de água para ir distribuir pelas pessoas que estavam retidas
na auto-estrada. Relevante, muito relevante, é a viragem registada na Função Pública. Pela primeira vez, em 2015 havia mais reformados do que activos (e os partidos continuam sem querer discutir a sério a sustentabilidade da segurança social, acrescento eu). Mariana Vieira da Silva, a discreta secretária de Estado que é o braço direito de António Costa, dá hoje uma entrevista ao DN. O título é suculento: “Ser do governo implica que há coisas que não se pode fazer”.
Mas, ao contrário do que parece óbvio, dificilmente se pode ver na
sentença uma crítica ao comportamento de Fernando Rocha Andrade (o da
viagem da Galp ao Euro). Porquê? É que a entrevista foi concedida uma
semana antes da polémica rebentar. Ou então Mariana tem dotes
zandinguenses. Sobre o recente assalto de que foi vítima Tiago Brandão Rodrigues no Rio de Janeiro (ele está no país a acompanhar os JO, dado ter a tutela do Desporto no Governo) vale a pena ler este texto para perceber como funciona a segurança à volta dos titulares de cargos políticos. E sobre a silly season, nada melhor que este texto
escrito aqui pela malta da política do Expresso, e que recorda vários
dos episódios silly que marcaram esta season nos últimos anos. Sim, aqui
vai ouvir falar de Manuel Pinho, de Pedro Lomba e de Paulo Portas. Lá fora, Muito significativo é o encontro, hoje, de Erdogan com Vladimir Putin.
O líder turco sai do país pela primeira vez desde o golpe de Estado
falhado, e logo para visitar (e estreitar laços) a Rússia, agora a jogar
um papel decisivo na guerra na Síria. O encontro de São Petersburgo tem
ainda maior significado se lembrarmos a alta tensão entre os dois
estados quando há nove meses os turcos abateram um caça russo junto à
fronteira com a Síria. Ainda sobre a Turquia, neste artigo do Spiegel explica-se como a Europa não deve ceder à chantagem turca em matéria de refugiados. A OPEP estima que até final do ano o preço do petróleo, que se tem mantido em níveis historicamente baixos, deverá subir. Invocando razões de segurança, as autoridades no Irão decidiram proibir o jogo Pokemón Go no país. De leitura obrigatória para quem se interessa pelo que se passa no sistema financeiro europeu e na Zona Euro é este texto do Expresso Diário, escrito por Heiner Flassbeck, economista e antigo secretário de Estado das Finanças da Alemanha. Com a manutenção do impasse político em Espanha,
agora fala-se cada vez com mais intensidade na possibilidade da
realização, pela terceira vez num ano, de eleições gerais. Mas esta sondagem mostra como o resultado poderá não se alterar muito se os espanhóis regressarem às urnas. Invocando razões de saúde, o imperador Akihito do Japão, no poder há quase três décadas, mostrou vontade de resignar do cargo, o que pode originar uma enorme mudança no país. Nos EUA, a campanha presidencial continua totalmente centrada em Donald Trump. Seja quando o Republicano fala, seja quando os outros falam dele. Ou, como agora, quando aparece à última hora, uma candidatura Republicana alternativa. Evan McCullin, antigo agente da CIA, é o nome que se chega à frente. Na Alemanha, um jovem turista chinês esteve 12 dias detido indevidamente num centro de refugiados.
Isto depois de ter perdido a carteira e preenchido um formulário a
solicitar asilo, quando pensava que estava tão só a preencher uma
declaração de roubo. Ivo Pitanguy, o mais conhecido cirurgião plástico do planeta, morreu aos 93 e no Diário lembrámos o seu percurso de vida. Vem aí a estreia de Woody Allen no formato de séries de televisão. Ainda a propósito de séries de tv, na nova temporada de Segurança Nacional (Homeland), e aproximando realidade e ficção, o presidente dos EUA será… uma presidenta.
NÚMEROS 110 Milhões de euros é o incrível valor da transferência mais cara da história do futebol mundial. Protagonista? O francês Paul Pogba, que sai da Juventus para o Manchester United de Mourinho (curiosamente,
regressando por esta verba astronómica ao clube de onde saiu por meia
dúzia de patacos para os italianos, há quatro anos). Aqui pode ver o top das transferências mais caras de sempre. E aqui são explicadas as razões porque o Manchester precisa de um jogador de topo como Pogba. 300 É o incrível número de voltas de golfe (percurso de nove ou 18 buracos) feitas por Barack Obama… desde que é presidente dos EUA. A notícia
até inclui uma auto-definição de Obama como golfista: “I'm not a hack,
but I'm not quitting my day job. My sand game is terrible. My irons are
good, my drive is straight but unimpressive in length. My putting's
decent, chipping is OK.” 50 Mil milhões de dólares é o impacto económico estimado das ondas no planeta. Ou melhor, o efeito económico gerado em todo o planeta pelo boom do surf e da busca planetária de ondas de qualidade. Leia aqui na Economist. FRASES (especial Telma Monteiro) “Tinha de ser o meu dia” “Com a medalha até podia saltar o ombro, não me importava” “Já perseguia esta medalha há 12 anos”
“Grande conquista para Telma Monteiro nos Jogos Olímpicos Rio2016. Uma
medalha que é um orgulho para todos os portugueses! Parabéns e obrigado”, António Costa, na sua conta no Twitter O QUE ANDO A LER No último fim de semana, enquanto começava a ler a "História do Mundo",
do britânico Andrew Marr, com a marca de água da qualidade da BBC, eis
que o Expresso ofereceu mais um volume da série de dedicada a Camilo Castelo Branco. Desta vez, "A Queda de um Anjo". Bom, tão bom, tão mas tão bom!
Desde os tempos dos bancos da escola de de "Amor de Perdição" que não
me dedicava a Camilo. Deixo uma sincera sugestão: vá ler. Não se vai
arrepender de devorar ou voltar a passar os olhos por algumas das
melhores páginas jamais escritas em português. As aventuras e
desventuras de Calisto Eloi, de morgado no Douro e deputado na Cortes. AQUI pode ler a apresentação da obra feita por quem percebe mais do assunto que eu, o Francisco José Viegas. No próximo sábado já está marcado encontro com "Novelas do Minho".
Por hoje é tudo. Espero que o leitor me perdoe por ter ganho a medalha
de ouro no número de caracteres escritos num Expresso Curto. Tenha um grande dia.
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