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MIGUEL CADETE
DIRETOR-ADJUNTO
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Venezuela na miséria tem dois presidentes
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Ontem à tarde, no centro de Caracas, quando se celebrava mais um aniversário da queda do regime militar de 1958, o Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, declarou perante uma multidão de manifestantes: “Hoje, 23 de janeiro de 2019, juro assumir formalmente a responsabilidade do governo nacional enquanto Presidente da Venezuela”. (Quem é este engenheiro de 35 anos?)
A revolução chavista, que há 20 anos domina o poder, nunca tinha conhecido tal afronta. Nicolás Maduro, o Presidente da Venezuela tinha tomado posse para um mandato de mais seis anos há duas semanas, após um sufrágio que levantou dúvidas junto da comunidade internacional, reagiria de imediato, assumindo que a declaração de Guaidó (veja aqui as imagens do pronunciamento) se tratava de uma manobra conspirativa dos Estados Unidos da América para o demover. Como demonstração de força, assinou, na varanda do palácio presidencial, a ordem para que todos os diplomatas dos EUA abandonassem o país no prazo de 72 horas. (O Expresso seguiu em direto os acontecimentos, acompanhe aqui o desenrolar da situação)
Desde ontem, a Venezuela tem dois presidentes. O insurgente Guaidó foi prontamente apoiado por Donald Trump. Em Washington um responsável da administração Trump, avisou que os EUA iriam impor sanções económicas à Venezuela caso Maduro, o presidente contestado, usasse a força contra os seus opositores não deixando de fora a possibilidade de uma intervenção militar. O “New York Times acrescenta ainda que Mike Pompeo, o Secretário de Estados, assumiu que “os EUA trabalhariam de perto com o legitimamente eleito Presidente da Assembleia Nacional de modo a facilitar a transição da Venezuela para a democracia e o estado de direito”
Seguiu-se o apoio do Canadá e de quase todos os países da América Latina, com vários Chefes de Estado a anunciar o seu apoio via Twitter: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, Panamá, Paraguai, Perú, Equador e a Guatemala reconheceram Guaidó enquanto Presidente. De fora ficaram o México e a Bolívia, estando também ao lado de Maduro Cuba, Nicarágua e a Rússia.
No mesmo sentido foram as reações de Donald Tusk, Presidente do Conselho Europeu (também no Twitter), e Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia que disse “apoiar plenamente “a Assembleia Nacional da Venezuela. No mesmo sentido, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, assumiu, em declarações à Lusa,que “o tempo de Maduro acabou”.
Na Venezuela residem cerca de 400 mil portugueses mas estima-se que os luso-descendentes possam triplicar esse número. Muitos regressaram nos últimos meses,mais de cinco mil à ilha da Madeira, quando deixou de haver comida, medicamentos e a inflação chegou aos 1 000 000 por cento em 2018, um valor similar ao da Alemanha em 1923. Segundo o FMI, o PIB terá caído, nos últimos doze meses, 18 por cento, sendo este o terceiro ano consecutivo em que a descida do Produto Interno Bruto é de dois dígitos.
O número de venezuelanos de saída, nos últimos anos, chega aos três milhões (dados do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas) e as mortes devidas à crise estão na ordem das dezenas de milhar (dados do Observatório Venezuelano de Violência).
Ontem, nas ruas de Caracas e das principais cidades venezuelanas, confrontos entre manifestantes e com as forças da ordem terão provocado sete mortos. Como contaDaniel Lozano, o correspondente do Expresso na Venezuela, o país está exausto mas os próximos dias não serão certamente de paz. Juan Guaidó promete “eleições livres”.
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. O Sporting precisou de ir até às grandes penalidades para vencer a meia final da Taça da Liga contra o Sporting de Braga. Renan, o seu guarda-redes, defendeu três penáltis. Vai encontrar, sábado, na final, o FC Porto. Na Tribuna está tudo sobre um jogo em que o árbitro e o VAR voltaram a ser muito criticados pelo presidente e treinador da equipa derrotada.
Sete créditos da CGD dados como totalmente perdidos. O relatório preliminar da auditoria da EY aponta imparidades de 100% do valor em dívida em relação a sete devedores, segundo oExpresso Diário: Investifino, Júpiter SGPS, Always Special, Soil SGPS, Fundação Horácio Roque, FDO e Fercal. O “Público” nota, na edição de hoje, que Santos Ferreira, um dos presidentes do banco público mais visados no relatório, foi chefe de grande parte dos mais altos quadros que atualmente se encontram no Banco de Portugal, BCP, Novo Banco e na própria CGD. Já Teresa Leal Coelho, a deputada que preside à Comissão de Finanças, assegura que esta versão preliminar do relatório que foi conhecida é “diferente” da final.
Durante 20 horas não existiram rondas em Tancos. O responsável pela segurança dos paióis, coronel João Paulo Almeida, admitiu ontem na Comissão Parlamentar que não existiu vigilância durante aquele período de tempo. O deputado Jorge Machado questionou-se: “como é possível que as punições tenham ficado pelo sargento e pela praça”.
Marcelo quer manter condecorações de Ronaldo. O PR está a averiguar a possibilidade de CR7 não ser obrigado a devolver as altas condecorações com que foi agraciado pelo Estado português depois de ter sido condenado em Espanha por fraude fiscal. Cristiano Ronaldo foi condecorado em 2014 por Cavaco Silva com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. E em 2016 por Marcelo Rebelo de Sousa com a Grã Cruz da Ordem de Mérito. De acordo com a lei, o cidadão perde automaticamente os títulos após condenado a mais de três anos.
Vistos Gold na mira da Comissão Europeia. A comissária europeia com a pasta da Justiça, Consumidores e Igualdade de Género considera injusto que a cidadania seja atribuída mais facilmente a quem tem dinheiro do que a alguém que está integrado num determinado país. No caso português e dos Vistos Gold de residência, defende que deve haver transparência e ligações genuínas da pessoa em causa ao país. Věra Jourová exige mais transparência.
Macron em presidência aberta. O Presidente de França reuniu-se com 600 autarcas do sul do país e discursou, sem notas, durante horas a fio abordando temas como a saúde pública e a habitação. As sondagens refletem uma subida da popularidade de Macron enquanto os distúrbios dos coletes amarelos vão diminuindo.
Anti-globalização em Davos. Numa intervenção por vídeo, o Secretário de Estados dos EUA associou a administração Trump ao Brexit e ao governo de Itália, segundo um certo “padrão de disrupção”. Giuseppe Conte, primeiro-ministro de Itália, gostou e repetiu. Angela Merkel defendeu as democracias liberais o multilateralismo.
Realizador de filme dos Queen acusado de abuso sexual de menores.Um dos filmes que revitalizou o musical enquanto género dilecto de Hollywood tem o seu realizador sob suspeita. Bryan Singer, o realizador de "Bohemian Rhapsody", é acusado de abuso sexual por quatro homens. As situações na base destas alegações surgem descritas na “The Atlantic”, resultado de uma investigação levada a cabo ao longo de doze meses pela revista norte-americana.
FRASES
“Tivemos de encontrar uma nova identidade para os Xutos”. Entrevista do grupo português que celebra 40 anos, ao “DN”
“O PT foi o único partido a sair desta eleição de pé. Machucado, mas de pé”.Fernando Haddad, ex-candidato a Presidente do Brasil pelo PT, em entrevista ao jornal “i”
“O que me preocupa é ouvir um presidente criticar um árbitro e vê-lo pedir dispensa”.Frederico Varandas, presidente do Sporting, após os jogos das meias-finais da Taça da Liga
“A inovação é a única arma para criar mais empregos”. Carlos Moedas, comissário europeu, em entrevista ao “Jornal de Negócios”
O QUE ANDO A LER
A gastronomia, está bom de ver, é um ato de cultura. Para Nuno Diniz, cozinheiro, gastrónomo, professor, antigo parceiro de António Sérgio nas ondas da rádio e agitador, é ainda amais do que isso. É economia e, sobretudo, política. Radical.
O livro que acaba de publicar, “Entre Ventos e Fumos” (Bertrand Editora), codifica os fumeiros e enchidos de Portugal como nunca havia sido feito. Nos tempos mais recentes, só Edgardo Pacheco com “Os 100 Melhores Azeites de Portugal”havia tentado algo semelhante capaz de ombrear com a obra magna de Maria de Lourdes Modesto, “Cozinha Tradicional Portuguesa”, onde se encontra codificado o receituário português.
Mas o livro de Nuno Diniz que agora chega aos escapares é radical porque, além de publicar informação preciosa sobre os mais recônditos enchidos do país, dá início a uma batalha contra o segredo provinciano costume nestas ocasiões: em cada entrada são revelados sempre que possível os contactos dos produtores - pequenos e nada industrializados - de chouriços, farinheiras, morcelas, alheiras, maranhos, cacholeiras, paios, buchos e outros que tais, pouco ou nada conhecidos.
Mas é essencialmente radical por ser um grito contra a industrialização e, muito claramente, contra o capitalismo, mas também em firme oposição ao vegetarianismo e a todas as práticas que desvirtuam um mundo que se ainda não desapareceu está à beira disso mesmo. Qual Giacometti dos fumeiros de Portugal, Nuno Diniz pugna pela utopia de um mundo que só existe devido ao isolamento e, nalguns casos, a condições de vida muito difíceis senão mesmo miseráveis; mas onde resiste uma ancestralidade fundada no mais profundo dos humanismos. Logo a abrir, uma escorreita e detalhada descrição do que é uma matança do porco dá o tiro de partida. No caso, a facada. Obrigatório para quem quiser entender o que é algo tão primitivo ou sofisticado como a alimentação.
Tenha boas refeições. Siga toda a informação atualizada em permanência no Expresso online, na BLITZ, Tribuna e Vida Extra. |
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