Enquanto dormia
Daqui a pouco, a partir das 10h00, em Luanda, será conhecida a
sentença dos ativistas angolanos acusados de atentar contra o governo. Antes de o grupo dos 15+2, como ficaram conhecidos, saber o que os espera, o João de Almeida Dias foi falar com alguns protagonistas, entre eles o rosto mais conhecido do protesto,
Luaty Beirão. Diz ele: "Estou a mentalizar-me que vou voltar para um buraco".
Marcelo Rebelo de Sousa continua a inovar. Hoje à noite fará uma declaração inédita ao país sobre o Orçamento de Estado. Segundo Marques Mendes,
o Presidente vai anunciar a promulgação do OE em direto na TV, de forma a que entre em vigor antes de 1 de abril, data propícia a outras leituras. Já amanhã, Marcelo vai ver o particular
Portugal-Bélgica com vários líderes religiosos a um estádio que a FPF encherá de bandeiras belgas, numa missão carregada de simbolismo depois dos atentados da semana passada. (Outras duas inovações que vêm do fim da semana: em Belém morará
o primeiro cão presidencial e o conselho de Estado de 9 de abril terá
dois convidados especiais, Mário Draghi, presidente do BCE, e Carlos Costa, governador do Banco de Portugal).
A violência voltou ao bairro da Cova da Moura, às portas de Lisboa. Agressões acabaram ontem à noite com
um morto e um ferido grave.
Do terror e do terrorismo
O terror continua a marcar a atualidade.Com Bruxelas ainda a ferro e fogo, ontem, no outro lado do mundo,
em Lahore, no Paquistão, um bombista fez-se explodir junto aos baloiços de um parque infantil frequentado sobretudo por católicos que celebravam a Páscoa.
Balanço: mais de 70 mortos, 315 feridos, a maioria mulheres e crianças. Os talibãs reclamaram o atentado.
Quase à mesma hora, na capital belga
a homenagem às vítimas dos atentados no aeroporto e no metro teve de ser interrompida.
A polícia foi obrigada a dispersar, à força, um grupo de extrema direita que se manifestou na praça da Bolsa com cânticos fascistas e saudações nazis.
As autoridades continuam, entretanto, a tentar descobrir os responsáveis pelos ataques, dos quais
28 vítimas mortais já foram identificadas. No meio de
várias críticas à forma como alguns terroristas foram sendo vigiados, houve
novas buscas em toda a Bélgica, em Itália um homem foi acusado de ter ligações aos atentados de Paris e na Holanda
foi detido um suspeito de estar a preparar novos ataques.
No meio de tanta tragédia,
da Síria chegou uma boa notícia. O exército sírio, com a ajuda de raides aéreos russos,
conseguiu recuperar a cidade histórica de Palmira, património da humanidade.E anunciou que é possível recuperar parte das
ruínas e dos monumentos da
cidade 'pérola do deserto'destruídos pelo autoproclamado Estado Islâmico.
Mas como o fim de semana foi longo e provavelmente preferiu manter-se longe das notícias do terror que no Observador
seguimos ao detalhe, deixo-lhe quatro sugestões de leitura de entre os muitos destaques que dedicámos ao tema:
- Duas das reportagens do nosso enviado a Bruxelas, o Nuno André Martins: uma no mal afamado bairro dos terroristas, Molenbeek, onde muitos apenas querem que os deixem em paz; e outra junto à estação de metro de Maelveek, com a história de Eric, a quem ser negro salvou de uma viagem fatal.
- E dois trabalhos de fôlego sobre o Estado Islâmico: um, do João Gaspar Marques, sobre como o negócio do petróleo suporta o grupo terrorista; e outro, do Manuel Louro, sobre como os extremistas estão a ler de forma enviesada o seu livro sagrado, o Corão.
Informação relevante
Outras tragédias. No
acidente que vitimou 12 portuguesesem França, na
'Estrada da Morte', há muitas dúvidas por explicar. O jovem (19 anos) condutor da
carrinha está internado numa ala psiquiátrica e pode ser
constituído arguido.O BPI está a ficar sem tempo. Depois do CaixaBank e da Santoro de Isabel dos Santos terem rompido as negociações (e de as terem agora de novo retomado, segundo o
Negócios) resta uma semana para
encontrar uma solução. Caso contrário, Fernando Ulrich terá de pagar uma multa diária superior a cem mil euros por incumprimento de exigências do Banco Central Europeu face à exposição do banco a Angola. E de nada valerão as chamadas de Costa, as
críticas de Passos ou o
apoio de Marcelo. Em
entrevista à Rita Tavares e à Rita Dinis, a bloquista Mariana Mortágua deixou um aviso ao Governo sobre o tema.
Esta é a semana que antecede o congresso do PSD. Qual é a força de Passos Coelho?
Morais Sarmento, em entrevista à Antena 1, admitiu a possibilidade de um dia vir a ser líder e disse não acreditar que Passos se mantenha à frente do partido até 2019. Já Marques Mendes instou Passos a agir e não a reagir e deixou, muitas, mas muitas críticas, na SIC.
Do Brasil, à hora em que escrevo, Lula ainda não é ministro, Dilma ainda é presidente. Mas nunca se sabe até quando. O juiz do Supremo que confirmou a suspensão da tomada de posse de Lula afirmou que
há um sistema de corrupção generalizada no país e no seu blogue no jornal O Globo, o jornalista Lauro Jardim conta que
Dilma confessou em privado que dentro de 90 dias pode já não estar onde está. Pelo meio, Marcelo Odebrecht, preso há nove meses, terá revelado a quem a sua construtora pagava 'propina' a troco de adjudicação de obras, como contava o
Expresso, numa lista que é
loooooonnnnga. Com o Brasil
mais dividido que nunca (sobre o tema e em fragmentação partidária), o impecheament vai ser discutido e há
muita gente a posicionar-se para novas eleições.
Os nossos Especiais
Muitos e bons, que, se não leu ainda, lhe recomendo vivamente.O Hugo Tavares da Silva decidiu
estrear a nova ponte aérea Lisboa-Porto da TAP (serão 18 viagens diárias, das 5h30 às 22h25, com preços a partir de 39 euros).
Este domingo entrou às 6h10 no avião, às 6h22 já estava a ouvir o comandante a avisar para a descida e às 6h38 aterrou no aeroporto de Sá Carneiro. Pelo caminho recordou as polémicas em redor das decisões da (semi)privatizada TAP e ainda conversou com um português que viveu de perto os atentados de Bruxelas. No regresso, a tempo do almoço de Páscoa, veio de comboio. Para ver, e comparar, aquilo a que pode obrigar a concorrência.
Mas o Hugo fez ainda outras viagens. E soube de uma muito especial que deu este texto espantoso: nele conta como Luke, numa pausa de vida, decidiu viajar para um paraíso algures no Vietname e de lá voltar de moto até Londres. E como, afinal, acabou no inferno que é a vida dos refugiados, algures na Grécia. E ainda como em Atenas ouviu de um deles o drama que a sua sobrinha, Rufa, vivia na Arábia Saudita com um tumor cerebral.
Foi então que Luke mudou todos os planos e virou o mundo do avesso para tentar salvá-la. A Sónia Simões contou-nos
uma outra história, a de Isabel. Depois de dois anos a definhar com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neurológica degenerativa incurável, ela não foi eutanasiada, como teria preferido. Apenas
sedada para morrer sem sofrimento, a única opção permitida em Portugal, quando a morte é incontornável. Como o tema da
eutanásia ainda está aí para durar, é ler e tentar entender.
Já a Ana Cristina Marques entrevistou, sem tabus, a autora de "Em minha Casa ou na Tua?", Sílvia Baptista. Resultado:
uma conversa sem filtros, nem preconceitos, sobre sexo.
A Catarina Falcão foi tentar perceber se é fácil
suceder a um líder carismático. Tudo, claro, por causa da
herança que Paulo Portas deixa a Assunção Cristas. E o que ouviu ela de vários especialistas? A palavra resultados! Tudo depende deles.
Notícias surpreendentesO Gonçalo Correia desvendou
o mistério da Rua do Ouro, em Évora. Um bom mistério, que os moradores gostavam que se tivesse prolongado no tempo, já que
andaram uma semana a receber, sem saber porquê, 20 euros por dia nas suas caixas do correio. Afinal era apenas uma campanha de marketing da Quoty, uma
app que permite aos utilizadores fazerem listas de compras digitais.
Por falar em apps, que tal esta: a Thoughts é um "lembrei-me de ti" em formato tecnológico, onde só tem de clicar na foto da pessoa de quem se lembra. É o destaque de
"tive uma ideia", da Ana Pimentel.
Foi histórico, mas terá sido assim tão histórico? Falo, claro, do
concerto dos Rolling Stones em Cuba, 30 anos depois de serem considerados uma encarnação do inimigo. Apesar do simbolismo, e dos
500 mil espectadores, eles não foram a primeira banda rock na ilha de Fidel, como lembra o João Pedro Pincha.
No dia de Páscoa, que foi também
Dia Mundial do Teatro, o Nuno Costa Santos foi
estender o microfone aos artistas. E ouviu desabafos, críticas e desejos.
Para terminar, e como talvez esteja a pensar voar nas próximas férias, deixo-lhe estas fotos curiosas:
as dos aviões mais feios da história.
Depois da pausa da Páscoa, já em plena primavera e comhorário de verão, mantenha o Observador à distância de um clique, para poder continuar, como sempre, bem informado. Assim sendo, até já.Tenha um bom dia, feliz e produtivo!