360º
Filomena Martins
Diretora AdjuntaQuinta-feira, 13 fevereiro 2020
Diretora AdjuntaQuinta-feira, 13 fevereiro 2020
Enquanto dormia…
… a discussão sobre a eutanásia aqueceu e passou a dominar o discurso político, social e religioso nacional. Entre as muitas divisões, abriu-se um enorme fosso entre os que defendem um referendo e os que apoiam alguma das propostas dos cinco partidos para despenalizar a morte medicamente assistida que dentro de uma semana — na próxima quinta-feira, 20 — vai a votos no Parlamento. A nível mundial, é do coronavírus — agora baptizado covid-19 — que se continua a falar. O surto da doença não dá sinais de abrandar, o último balanço é já de 1.357 mortos e mais de 60 mil infectados, e começam a sentir-se os efeitos colaterais: depois de vários cancelamentos desportivos, tecnológicos e políticos, o Japão garante, para já, a realização dos Jogos Olímpicos, mas criou um grupo de trabalho para acompanhar tudo o que se está a passar. Nota ainda para mais uma notícia do Observador sobre novas coimas a Tomás Correia e ao Montepio por parte do Banco de Portugal. E também para a qualificação do FC Porto para a final da Taça de Portugal: jogará com o Benfica a 24 de Maio.
Eutanásia. As cinco propostas dos partidos detalhe a detalhe e a onda pelo referendo
O Parlamento deu ontem início à discussão sobre a eutanásia e a comissão parlamentar aprovou por unanimidade o parecer sobre as iniciativas legislativas do PS, BE, PEV e PAN sobre a despenalização da morte medicamente assistida. De fora desta reunião ficou apenas o diploma do Iniciativa Liberal, por “falta de tempo útil para ser apreciado”. Mas, depois de uma primeira tentativa em 2018, onde nenhum projeto de lei foi aprovado, o Parlamento vai mesmo levar o tema de novo a votos já na próxima quinta-feira, dia 20. O debate instalou-se, as posições extremaram-se, pelo que importa ir aos detalhes. Foi o que fizeram a Rita Dinis e a Rita Penela:
- Em a “Eutanásia pode mesmo ser aprovada. O que querem os partidos?”, elas explicam as cinco propostas partidárias, as possibilidades de aprovação e as hipóteses de referendo.
- Mas também o complicado processo, com as grandes e pequenas diferenças partido a partido nas várias questões que ele coloca. Se for aprovada, a lei entra logo em vigor? E se houver referendo? Quem, e em que situações, pode pedir a morte assistida? Como se desenvolve o processo depois do pedido? Onde pode ser feito o procedimento? E quem pode administrar? O doente pode voltar atrás? O que acontece se o doente ficar inconsciente a meio do processo? Os médicos podem alegar objeção de consciência?, são algumas das respostas que pode ver respondidas.
- O PS já anunciou que é contra o referendo e que quer a lei votada logo no dia 20. A deputada Joacine Katar Moreira e o PCP também votarão contra qualquer tipo de consulta pública: António Filipe diz que não faz sentido quando está em causa o direito à vida.
- Já a Ordem dos Médicos pediu uma audiência a Marcelo Rebelo de Sousa para lhe apresentar um manifesto contra a despenalização da eutanásia. Um parecer do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica reafirma a decisão de há dois anos e recomenda o chumbo dos cinco projectos agora em causa, segundo o DN.
- Embora seja contra o referendo, Passos Coelho elogia-o por “provocar um sobressalto cívico” e pede um debate mais profundo. Enquanto Manuela Ferreira Leite, que assina a petição pelo referendo, deixou ontem na TVI a suspeita do tema ter feito parte de um acordo entre o PS e o Bloco durante o Orçamento.
- Sete portugueses escolheram a Suíça para morrer nos últimos tempos, onde a Associação Dignitas conta com 20 portugueses e mais de 9 mil inscritos de outros países. Ao suicídio assistido é aplicada uma taxa de 2350 euros e para o fazer é preciso corresponder a pré-requisitos, avança hoje o JN.
Coronavírus. Como o surto da doença está a cancelar eventos desportivos, tecnológicos e políticos
As consequências do surto da nova estirpe do coronavírus, o Covid-19, começam a fazer-se sentir-se em várias áreas, económicas, sociais e políticas. Com o número de mortos a atingir os 1.357 (mais 242 vítimas num só dia) e os infectados a ultrapassar os 60 mil em todo o mundo, cientistas e investigadores continuam reunidos para coordenar respostas, mas uma vacina ainda deve demorar um ano e meio a ser desenvolvida e a OMS diz que é muito cedo para prever o fim da epidemia. E nesta corrida contra o tempo, a opção está a ser jogar pelo seguro: várias provas desportivas foram já canceladas, com grande destaque para o Grande Prémio da China em Fórmula 1, marcado para o circuito de Xangai, a 19 de Abril. A Organização dos Jogos Olímpicos em Tóquio também está “preocupada” e criou um grupo de trabalho. O Dalai Lama também decidiu anular todas as aparições públicas que tinha previsto. Seis marcas cancelaram a participação na semana da moda em Paris. E o maior evento de smartphones do mundo, o Mobile World Congress de Barcelona, foi cancelado (não arriscando, como a Samsung fez em S. Francisco). Economicamente falando, em Macau houve menos 80% de passageiros e 57% de voos em 10 dias e a ocupação de hotéis caiu para 16%. E a OPEP prevê um recuo de 19% no consumo estimado de petróleo para 2020. O medo tomou conta da China, onde tudo (mas mesmo tudo) serve de protecção, como pode ver na fotogaleria.
O 10.º FC Porto-Benfica na final da Taça, o candidato portista que afinal não o é, e o relato do agressor de Alcochete
Acabo com desporto, com um resumo alargado do dia de ontem, começando pela vitória do FC Porto frente ao Académico de Viseu por 3-0 que valeu a qualificação dos portistas para a final da Taça pelo segundo ano consecutivo, com a ajuda do sorriso de Nakajima, que até se lesionara no aquecimento. A 24 de Maio jogar-se-á assim o décimo clássico no Jamor (16 anos depois!), com clara vantagem histórica dos encarnados, que ganharam oito dos nove jogos decisivos entre os quais o último, em 2004.
Continuando no FC Porto, ontem apareceu o nome de um candidato a candidato a adversário de Pinto da Costa nas próximas eleições. Começou como rumor, ganhou contornos de certeza, ficou como vontade: João Rafael Koehler foi desafiado por um grupo de sócios para avançar para a presidência do FC Porto mas acabou a dizer que não avança. Koehler é “portista, sócio, adepto, acionista, investidor (ex-Lago dos Tubarões)”, mas não candidato (para já), apesar de achar “saudável mais do que uma lista”.
No Benfica, a notícia é a lesão de Gabriel, que o vai afastar dos relvados por tempo indeterminado. Trata-se de um problema ocular que faz com que o olho não se mexa com normalidade. O nome da doença é complicadíssimo: parésia do VI par craniano esquerdo, com limitação da abdução, que condiciona dipoplia.
Por fim, no Sporting, o jogo continua nos tribunais com o caso das agressões de Alcochete. Ontem foi a vez do primeiro arguido falar: Tiago Neves contou na primeira pessoa os motivos, a bazófia no Whatsapp, o encontro e a fuga (errada). À tarde foi a vez de Bas Dost, a última testemunha, prestar depoimento via Skype, fazendo o relato de um dia de terror: “Fiquei no chão inconsciente. Passaram, viram-me sangrar e não me tocaram. Ainda tenho a cicatriz”.
E agora, se já está bem desperto, óptimo. Caso contrário é melhor preparar-se. Vou escrever devagarinho para não se assustar muito: “Quem matou António Sala?”. Sim, esse, o senhor rádio. Não, também não é caso para ficar devastado. É só uma radionovela. É a fingir. Mas que ele levou muito a sério quando aceitou ter uma participação especial neste novo podcast da Rádio Observador. O melhor é espreitar os bastidores, as críticas que Sala por cá andou a fazer e que terão levado ao seu ‘assassínio’, porque o resto da história da radionovela vai desenvolver-se a partir daí. E depois ouvir o primeiro capítulo que hoje estreamos neste nosso primeiro dia da Rádio.
MAIS NOTÍCIAS IMPORTANTES
OS NOSSOS ESPECIAIS
A NOSSA OPINIÃO
Dizer não à ida de Centeno para governador do BdP é necessário para a protecção da independência do BdP. Que o líder do PSD não o entenda é uma incompreensível conivência com os interesses do PS.
Fernando Medina prometeu 6000 casas de renda acessível, mas não produziu uma única. Foi ao baú de velharias e até usa os tarecos do Dr Salazar para mostrar 120 casas como se fossem uma obra inovadora
É paradoxal que a liberdade com que justificam a eutanásia venha ser deliberada por outros e que a outros seja entregue a sua execução. Toda esta construção é movediça. Muito movediça.
O PSD joga hoje tudo na tentativa de criar instabilidade entre o PS e os partidos à sua Esquerda, predispondo-se a votar favoravelmente iniciativas que são totalmente desconformes à sua matriz.
Castiga-se os poucos que ainda sobrevivem onde e do sustento que mais ninguém quer exigindo, impondo, taxando, multando, expropriando, para fazerem as tarefas que nem o Estado faz naquilo que é seu.
Os nossos avós faziam “policultura” porque tinham famílias numerosas a trabalhar de graça e “moços de lavoura" muito baratos. Muitos eram os vossos pais e avós, que há muito emigraram para a cidade.
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