Ferreira de Castro
Ferreira de Castro | |
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Nome completo | José Maria Ferreira de Castro |
Nascimento | 24 de maio de 1898 Oliveira de Azeméis, Portugal |
Morte | 29 de junho de 1974 (76 anos) Porto, Portugal |
Nacionalidade | português |
Cônjuge | Diana de Lis (1927-1930)
Elena Muriel (1938, 1 filha)
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Ocupação | Escritor |
Prémios | Prémio Ricardo Malheiros(1934)
Prémio Águia de Ouro de Festival do Livro de Nice (1970)
Prémio da Latinidade (1971) |
Magnum opus | A Selva |
José Maria Ferreira de Castro (Ossela, Oliveira de Azeméis, 24 de Maio de 1898 — Porto, 29 de Junho de 1974) foi um escritor português.
Existe uma biblioteca e uma escola secundária com o seu nome em Oliveira de Azeméis e uma escola secundária e um museu em Sintra.
Índice
Biografia[editar | editar código-fonte]
Filho mais velho de José Eustáquio Ferreira de Castro e de Maria Rosa Soares de Castro. Aos 8 anos ficou órfão de pai, um camponês pobre e decide, aos 12 anos, emigrar com a intenção de sustentar a família. A 7 de Janeiro de 1911 embarcou no vapor " Jerôme" com destino a Belém do Pará, no Brasil[1]. Ali viria a publicar o seu primeiro romance Criminoso por ambição, em 1916.
Durante quatro anos viveu no seringal Paraíso, em plena floresta amazónica, junto à margem do rio Madeira. Depois de partir do seringal Paraíso, viveu em precárias condições, tendo de recorrer a trabalhos como, colar cartazes, embarcadiço em navios do Amazonas etc.
Mais tarde, em Portugal, foi redator do jornal O Século, diretor do jornal O Diabo e colaborador das revistas O domingo ilustrado[2] (1925-1927),Renovação (1925-1926) [3] e Ilustração [4] (iniciada em 1926). Ao serviço do jornal de Pereira da Rosa, assinou crônicas vibrantes, como o dia em que se deixou prender no Limoeiro para testemunhar a vida dos reclusos nas cadeias portuguesas ou a sua entrevista exclusiva em Dublin com Eamon de Valera, líder do Sinn Fein em 1930.[5]
Em 1930 publica A Selva, a obra que o tornaria um escritor de dimensão internacional, inclusive candidato a Prêmio Nobel. O livro recebe críticas positivas no The New York Times e abre-lhe caminho em Hollywood e possibilita-lhe o ingresso no Pen Clube francês. Nessa altura perde tragicamente a esposa, Diana de Liz, a quem dedicou o livro.
Após o falecimento da esposa, Ferreira de Castro partiu para Inglaterra de barco, na companhia do escritor Assis Esperança. Fica doente, com septicemia, mas é tratado pelo médico e historiador de arte Reynaldo dos Santos. Em consequência do estado de luto, em Dezembro de 1931 Ferreira de Castro tenta o suicídio sem sucesso. Para convalescer parte para a Madeira, onde escreve o romance Eternidade (1933), cujo tema é a obsessão pela morte[6].
Ferreira de Castro ordenou a transladação dos ossos da esposa Diana e erigiu-lhe um mausoléu.
Faleceu em 1974, pouco depois do 25 de Abril, tendo chegado a desfilar no 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Encontra-se enterrado em Sintra, por sua expressa vontade [7].
Vida pessoal[editar | editar código-fonte]
Foi casado com Diana de Liz, escritora, defensora da emancipação feminina, que morreu em 1930 de causas desconhecidas. Voltou a casar-se com Elena Muriel, pintora espanhola refugiada no Estoril. Com ela viveu 40 anos e teve uma filha, Elsa Beatriz.
Relevância da obra[editar | editar código-fonte]
Emigrante, homem do jornalismo, mas sobretudo ficcionista, é hoje em dia, ainda, um dos autores com maior obra traduzida em todo o mundo, podendo-se incluir a sua obra na categoria de literatura universal moderna, precursora do neorrealismo, de escrita caracteristicamente identificada com a intervenção social e ideológica.
A exemplo da sua ainda grande atualidade pode referir-se a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da obra A Selva.
Casa-Museu Ferreira de Castro[editar | editar código-fonte]
Ferreira de Castro, um dos maiores vultos de sempre da cultura portuguesa, era um trabalhador incansável, na verdadeira acepção do termo.
Não dispondo ou não querendo utilizar máquina de escrever e ainda a uma enorme distância dos nossos computadores, veja-se a montanha de papel que Ferreira de Castro, laboriosamente, escreveu, para produzir uma das suas mais importantes obras: " As Maravilhas Artísticas do Mundo".
Em 1967, Ferreira de Castro doa a propriedade à autarquia, que se comprometeu, desde essa data, a mantê-la e conservá-la, proporcionando visitas guiadas a todos que o quisessem fazer.
Obras[editar | editar código-fonte]
- Emigrantes (1928)
- A Selva (1930)
- Eternidade (1933)
- Terra Fria (1934)
- Pequenos Mundos, Velhas Civilizações (1937)
- A Tempestade (1940)
- A Volta ao Mundo (1940 e 1944)
- A Lã e a Neve (1947)
- A Curva da Estrada (1950)
- A Missão (1954)
- As Maravilhas Artísticas do Mundo (Vol. I) (1959)
- As Maravilhas Artísticas do Mundo (Vol. II) (1963)
- O Instinto Supremo (1968)
Obras da Adolescência e Juventude[editar | editar código-fonte]
- Criminoso por Ambição (1916)
- Alma Lusitana (1916)
- Rugas Sociais (1917)
- Mas ... (1921)
- Carne Faminta (1922)
- O Êxito Fácil (1923)
- Sangue Negro (1923)
- A Metamorfose (1924)
- A Boca da Esfinge (1924)
- Sendas de Lirismo e de Amor (1925)
- O Drama da Sombra (1926)
- A Epopeia do Trabalho (1926)
- A Morte Redimida (1925)
- A Peregrina do Mundo Novo (1926)
- A Casa dos Móveis Dourados (1926)
- O voo nas Trevas (1927)
- Sim, uma Dúvida Basta (1936)- publicado em 1994
- O Intervalo (1936)- publicado em 1974
- Os Fragmentos (1974)
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Prémio Literário Ferreira de Castro, da Câmara Municipal de Sintra
- Filme Terra Fria, baseado na obra com o mesmo nome
- Filme A Selva (2002), baseada na obra com o mesmo nome.
Referências
- ↑ Revista 25 de Abril n.º 12 (1976). A Emigração na Literatura Portuguesa. [S.l.]: Secretaria de Estado da Emigração
- ↑ O domingo ilustrado : noticias & actualidades graficas, teatros, sports & aventuras, consultorios & utilidades (1925-1927) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
- ↑ Jorge Mangorrinha (1 de Março de 2016). «Ficha histórica:Renovação : revista quinzenal de artes, litertura e atualidades (1925-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de maio de 2018
- ↑ Rita Correia (16 de Junho de 2009). «Ficha histórica: Ilustração (1926-)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 6 de Novembro de 2014
- ↑ http://ecosferaportuguesa.blogspot.pt/2014/07/o-furo-de-ferreira-de-castro-nas-terras.html
- ↑ Revista E n.º 2412 (19 de Janeiro de 2019). Sempre mais alto, ainda para além da morte, pág. 31.
- ↑ https://www.publico.pt/2013/07/07/jornal/dois-lugares-para-a-memoria-de-ferreira-de-castro-26790164
- ↑ http://www.escritoresanorte.pt/roteiros.aspx?id=8