Escuteiros negam ter tentado esconder abusos sexuais dos pais das crianças
João Martins, de 31 anos, foi detido numa operação em que foram apreendidas milhares de imagens de pornografia infantil, algumas em que o próprio aparecia com meninas dos 4 aos 10 anos.
Os Escuteiros negam ter tentado esconder dos pais das crianças do agrupamento de Belém situações de abuso sexual de menores por parte de um dirigente do Corpo Nacional de Escutas (CNE). João Martins, chefe dos Lobitos daquele agrupamento foi preso no final de setembro, depois de ser apanhado numa operação internacional contra a pornografia infantil.
O CNE, em comunicado, diz que contactou a Polícia Judiciária no "próprio dia em que teve conhecimento da detenção do suspeito" e que foi proibido de fazer qualquer tipo de declaração ou informação sobre este assunto". Diz também que até ao momento não têm conhecimento de vítimas entre as crianças dos escuteiros.
"Perante a grande insistência do CNE em reunir e falar com os pais do Agrupamento envolvido, a PJ sempre manteve esta orientação, alegando que qualquer tipo de comunicação poderia colocar em causa a investigação no seu todo e afetar as vítimas", acrescenta o CNE.
João Martins trabalhava com crianças nas atividades extracurriculares de três escolas do Restelo e noutra de Carnide, numa instituição de solidariedade onde dava a oficina de expressões plásticas, e era chefe dos escuteiros, lembra a revista Visão. Foi detido no início do mês e o caso tornou-se público depois da sua morte.
O homem de 31 anos suicidou-se a 30 de outubro, na prisão, cerca de um mês depois de ser detido. Tinha sido apanhado através de uma operação internacional coordenada pela Europol, em que foram apreendidas milhares de imagens, algumas em que o próprio João aparecia com crianças. Fonte próxima do processo contou à Visão que as fotografias mostram atos sexuais explícitos, sempre com meninas, entre os quatro e os dez anos. Numa carta que deixou à família, João admitia os crimes e pedia desculpa.
Apesar da morte de João Martins, a investigação continua, refere também aVisão: por um lado, porque João estava envolvido numa rede internacional; por outro, para identificar as vítimas e prestar-lhes o devido apoio.
O CNE reuniu com os pais no último domingo, já depois da morte de João Martins e no dia em que a RTP emitiu uma notícia que dava conta da morte do dirigente do CNE.