Ofensiva russa na Ucrânia. A evolução da guerra ao minuto
Valentyn Ogirenko - Reuters
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre a ofensiva militar desencadeada pela Rússia na Ucrânia.
Os órgãos locais do Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler alemão Olaf Scholz, reuniram-se para ponderar a expulsão do ex-líder Gerhard Schroeder, mas não chegaram a uma decisão.
A relação de longa data de Schroeder com o setor da energia russo e a rejeição em se distanciar do presidente da Rússia, Vladimir Putin, depois da invasão da Ucrânia, deixaram a sua posição política frágil.
Uma comissão de arbitragem do SPD em Hanôver, onde reside o antigo chanceler, considerou 17 pedidos de expulsão de membros do partido.
Schroeder não se apresentou na audiência e também não teve um advogado em sua representação, informou a agência de notícias alemã dpa.
O dirigente local do partido, Christoph Matterne, disse após o fim da audiência sem resultados que será tomada uma decisão nas próximas três semanas.
Mas as expectativas para expulsar o antigo chanceler não são altas. Na Alemanha, expulsar membros de partidos é um processo complicado e falha com frequência.
O chefe da administração do gabinete presidencial da Ucrânia solicitou ao Parlamento a criação uma comissão para controlar as armas entregues pelos aliados ocidentais aos ucranianos, para combater a invasão russa.
A proposta surge no seguimento das preocupações manifestadas pela União Europeia (UE), de que essas armas tenham sido contrabandeadas da Ucrânia para equipar grupos criminosos na Europa.
"O Parlamento, como legislador, deve estar envolvido na supervisão da ajuda de defesa dos aliados. O nosso objetivo é ser o mais transparente possível sob a lei marcial", referiu Andrii Yermak, numa mensagem divulgada na rede social Telegram.
No entanto, Andrii Yermak assegurou que todas as armas fornecidas pelo Ocidente foram "registadas e enviadas para a frente [de combate]”.
Esta comissão de acompanhamento estará “encarregada da preparação e análise das questões relacionadas com o controlo e uso das armas” entregues pelos aliados, acrescentou o chefe da administração presidencial.
O presidente ucraniano acusou a Rússia de terrorismo e de ter tido a “audácia de matar” quando decorria em Haia uma conferência internacional sobre a responsabilidade dos crimes de guerra cometidos na guerra na Ucrânia.
“A Rússia acabou com a vida de civis exatamente no momento em que uma conferência sobre crimes de guerra russos estava a decorrer na Holanda, em Haia”, refere Volodymyr Zelensky num texto difundo hoje através do sistema de mensagens Telegram, após um ataque com mísseis à cidade de Vinnytsya, que provocou a morte a pelo menos 23 pessoas.
Afirmando que “nenhuma outra organização terrorista teve a audácia de matar novamente quando a comunidade internacional estava a discutir crimes anteriores”, o Presidente ucraniano refere que com o ataque de hoje, a Rússia “mostrou assim sua atitude em relação ao direito internacional, à Europa e a todo o mundo civilizado”.
Neste contexto, reiterou que “ninguém pode ter dúvidas” sobre a necessidade de se criar “o mais rapidamente possível” um “tribunal especial” para julgar a invasão russa.
Zelensky já tinha hoje pedido a criação deste “tribunal especial” numa intervenção durante uma conferência internacional em Haia sobre a responsabilização dos crimes e guerra cometidos durante o conflito em curso, tendo reforçado a mensagem após o ataque russo com mísseis contra a cidade ucraniana de Vinnytsya que causou a morte a pelo menos 23 pessoas, incluindo três crianças, e causou mais de 100 feridos.
Estes números, referiu, não são ainda definitivos, uma vez que há ainda dezenas de pessoas dadas como desaparecidas.
Os Estados Unidos asseguraram a bancos, empresas de transporte e seguradoras que as transações de alimentos e fertilizantes com a Rússia não violariam as sanções de Washington a Moscovo por causa da invasão da Ucrânia.
Permitir estas exportações russas é parte fundamental das tentativas das Nações Unidas e das autoridades turcas de intermediar um acordo com Moscovo, que também permitiria embarques de grãos ucranianos do porto de Odesa, no Mar Negro, bloqueado pela guerra.
O esclarecimento por escrito dos EUA veio um dia depois de a Rússia, Ucrânia, Turquia e autoridades da ONU se terem reunido em Istambul para negociações destinadas a retomar as exportações de grãos da Ucrânia. A Turquia anunciou que as partes voltariam na próxima semana para assinar um acordo.
"Os Estados Unidos apoiam fortemente os esforços das Nações Unidas para levar grãos ucranianos e russos aos mercados mundiais e reduzir o impacto da guerra não provocada da Rússia contra a Ucrânia no abastecimento e nos preços globais de alimentos", referiu o Departamento do Tesouro dos EUA na ficha informativa.
A guerra na Ucrânia contribuiu para o aumento dos preços dos grãos, óleos de cozinha, combustíveis e fertilizantes, alimentando uma crise alimentar global.
Eduard Zernin, chefe da União Russa de Exportadores de Grãos, descreveu a medida dos EUA como "um ato de boa vontade" e um "passo real na luta contra a fome no mundo".
"Esperamos sinceramente que outros países envolvidos sigam este exemplo e emitam os esclarecimentos e licenças necessários para remover as sanções ocultas que impedem o fornecimento de grãos aos países necessitados", afirmou à agência Reuters.
O presidente da Federação Russa assinou uma lei que dá o estatuto de ‘veterano’ (ex-combatente) a civis que tenham participado na invasão da Ucrânia, incluindo jornalistas correspondentes de guerra.
“Mostraram o seu heroísmo durante a operação militar especial e merecem o apoio do Estado”, disse o presidente da câmara baixa do parlamento russo (Duma), Viacheslav Volodin, quando a iniciativa foi apresentada.
Volodin adiantou que até agora os civis, entre os quais motoristas, mecânicos, médicos e outros especialistas, só podiam receber este estatuto se tivessem sido feridos ou condecorados.
Um dos autores da lei, o deputado Andrei Krasov, avançou que os jornalistas que cobrem a guerra também podem optar pelo estatuto de ex-combatente independentemente do tempo que tenham estado a cobrir o conflito.
O estatuto permite aos seus possuidores vários benefícios, como isenções fiscais e preferência na aquisição de terrenos.
Durante do dia de hoje, Vladimir Putin promulgou mais de uma centena de leis, incluindo novas normas sobre “agentes estrangeiros”, economia e represálias por discriminação de meios russos.
(agência Lusa)
O secretário-geral da ONU e a Comissão Europeia condenaram o ataque russo com mísseis contra a cidade ucraniana de Vinnytsya.
Numa mensagem transmitida pelo seu porta-voz, o secretário-geral da ONU manifestou-se “chocado” com o ataque russo que atingiu edifícios civis.
António Guterres “condena todos os ataques contra civis ou infraestruturas civis”, referiu o porta-voz, citado pela AFP.
Em comunicado, a Comissão Europeia também condenou “nos termos mais fortes possíveis” os ataques da Rússia contra civis, incluindo o de hoje em Vinnytsya, que fica a 268 quilómetros da capital, Kiev.
“A União Europeia condena nos termos mais fortes possíveis estes contínuos ataques indiscriminados contra objetivos civis, incluindo hospitais, instalações de saúde, escolas e abrigos. Esta atrocidade em Vinnytsya foi a última de uma série de ataques brutais contra alvos e infraestruturas civis”, refere a CE.
O comunicado está assinado pelo chefe da diplomacia da UE, Josep Borrel, e pelo comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, assinalando ambos que o exército russo está a deixar “um rasto de sangue na Ucrânia” e que milhares de civis “já foram mortos”.
Apontando o “comportamento bárbaro da Rússia”, o comunicado sublinha que a população civil ucraniana “continua a pagar um preço elevado nesta guerra devido ao desrespeito da Rússia pelo Direito Internacional Humanitário”.
“Não pode haver impunidade pelas violações e crimes cometidos pelas forças russas e seus superiores políticos. Todos os responsáveis por essas atrocidades devem ser responsabilizados por suas ações, de acordo com o Direito Internacional", enfatizaram Borrell e Lenarcic.
(agência Lusa)