Sócrates, o par de botas e o cachecol do Benfica! (por Estátua de Sal*)
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Há aquela encenação ritual, mais que conhecida, em que os condenados à morte, nos momentos que antecedem a execução, tem direito a padre, se quiserem ser ouvidos em confissão, e direito também ao último cigarro. Parece-me legítimo, e ao que me consta, nem os mais impiedosos carrascos alguma vez puseram isso em causa. Sempre lhes amansa eventuais remorsos e má consciência, pela sua ação de assassinar. Fazê-lo em nome da Lei e do Estado, nem sempre deixa, ainda assim, dormir em paz os mais sensíveis.
Sócrates não está na cela da morte. Não está sequer acusado de coisa nenhuma. Não matou ninguém. Está preso por ordem do carcereiro, Alexandre de seu nome, por motivos que ninguém ainda percebeu, e que dificilmente se enquadram no articulado jurídico que fundamenta a prisão preventiva, a saber, o perigo de fuga, a continuação da atividade criminosa e a perturbação do inquérito.
Soube-se agora que, o ridículo anda à solta, pela prisão de Évora. Querem tirar as botas a Sócrates, bem como o cachecol do Benfica. Ora, eu só posso entender esta perseguição a Sócrates, consubstanciada nesta sonegação dos ditos objetos, se tal sonegação for determinada pelos motivos que fundamentam a legitimidade da prisão preventiva.
Será que lhe querem tirar as botas, para que não haja perigo de fuga? Sim, porque devem ser umas botas com foguetes que fazem o preso levantar voo, ultrapassar os muros da cadeia e aterrar no TIC, em frente à secretária do Alexandre, para lhe poder apertar os colarinhos.
Mas a melhor, é a do cachecol do Benfica. Também lho querem tirar. Para mim, tal só pode estar a suceder porque um preso com o cachecol do Benfica, constitui uma ameaça séria de perturbação do inquérito. Não são seis milhões, os benfiquistas? Já imaginaram seis milhões de almas benfiquistas em manifestação à porta do Alexandre? Ou à porta da cadeia de Évora que só tem 6 guardas mal pagos e sem subsídio de fardamento, sequer?
Sim, um cachecol do Benfica é uma arma perigosa que deve ser retirada a qualquer preso, e nem a um cadastrado na ala da morte deve ser facultada. Perturba o inquérito e é um rastilho de alarme social. Se Sócrates fosse de outro clube, do Amareleja, do Freixo de Espada à Cinta, ou mesmo do Sporting ou do Porto, ainda se poderia tolerar. Agora do Benfica, é uma espécie de convite à insurreição em larga escala e ameaça séria aos poderes do Alexandre.
Eu por mim, mandava fazer uma busca apurada à cela de Sócrates, para ver se não terá consigo outros objetos perigosos, como por exemplo: corta-unhas, abre-latas, lenços de assoar, e preservativos.
Sim, porque o corta-unhas é uma arma perigosíssima que pode servir de gazua para forçar a porta da cela e a porta da cadeia. Logo, a sua posse, aumenta consideravelmente o perigo de fuga.
O abre-latas é um instrumento de continuação da atividade criminosa, já que o Alexandre fez saber que Sócrates tinha um cofre com um milhão de euros, sendo o abre-latas a forma privilegiada de abrir e fechar esse tal cofre especial.
Os lenços de assoar são, obviamente, um meio de perturbar o inquérito, pois quando o preso espilra, sopra para o lenço bactérias de uma estirpe tão perigosa, as quais, inoculando as visitas, as faz sair da cadeia alucinadas a clamar por Justiça em frente das câmaras e dos microfones dos jornalistas do CM e afins.
Finalmente, os preservativos, são também um instrumento de eficaz utilização quando se quer fugir do cárcere. À falta óbvia de utilização mais condigna e adequada, pode sempre Sócrates soprar numa série deles e fazer um balão de S. João, do seu tamanho, levantar voo, e sair a voar por cima dos muros da cadeia.
Quando a Justiça se manifesta, descendo ao nível das botas, ainda não bateu no fundo, ainda pode ir mais fundo.
É que, por baixo de umas botas que se prezem boas, entre outros detritos, pode haver lama.
E a Justiça já se encontra mesmo por baixo das botas que quer tirar a Sócrates. Ou seja, na lama
(*) Nota da Redacção: Estátua de Sal é pseudónimo dum professor universitário devidamente reconhecido pelo Noticias Online.
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ANTÓNIO FONSECA