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POR PEDRO SANTOS GUERREIRO
Diretor
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Cinco notícias, aqui dos bastidores |
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Sexta-feira.
Eram duas da tarde quando a direção desenhou a primeira página, depois da última reunião da semana com os editores. É sempre assim. A página em branco parece enorme mas, à medida que selecionamos a manchete, a fotografia, as 24 Horas, as chamadas, a página fica pequena. É sempre assim.
Sexta-feira é dia de fecho do semanário que no dia seguinte os leitores poderão abrir e se o Expresso tem a folha maior da imprensa portuguesa, ela é sempre pequena para o nosso impulso de mostrarmos tudo o que, no nosso entendimento, os leitores precisam de saber que está lá dentro. Lá dentro no Primeiro Caderno, lá dentro na Economia, lá dentro na Revista E, lá dentro até nos livros, o segundo volume da História dos Descobrimentos de Jaime Cortesão, a edição de bolso da Constituição da República Portuguesa, oferecida 40 anos depois da Constituinte.
1. Há coisas nacionais que deviam ser causas nacionais.Dizemos muitas vezes que a geração que tem hoje entre 20 e 30 anos é a primeira a viver pior que a dos pais - razão pela qual, aliás, muitas vezes as duas gerações vivem na mesma casa. A existência deste fosso geracional não é apenas uma perceção. É um facto. Um facto que mostramos amanhã. A Joana Pereira Bastos e a Raquel Albuquerque estiveram duas semanas neste trabalho, que mostra que os jovens estão a perder rendimentos há vinte anos, agravando o fosso geracional e criando uma situação de desigualdade sem precedentes. São dados nunca antes divulgados, apurados pelo INE a pedido do Expresso (e obrigado por isso) e que cruzam rendimentos com idades. Falámos com economistas e sociólogos. E com uma dezena de jovens, muitos dos quais já não são assim tão jovens, e que têm o presente comprometido e o futuro hipotecado. Porque a pobreza ameaça até a sua velhice. Chama-se "a geração que a economia atraiçoou". E não é um lamento, é uma inquietação sobre a sociedade que construímos, deixámos construir e que não deixará de ser esta forma de aperto se todos estivermos pacificados com a ideia de apartar.
2. E é por isso que emigram. Tantos. Quantos? Mais do que nunca. Sim, é mesmo verdade, o fenómeno de emigração portuguesa só tem paralelo com os anos 60 e 70. Amanhã explicamos porquê. E por que tantos, partindo, não voltam nem pensam voltar. É outro fosso, não apenas geográfico, mas familiar. Entre os que vão e os que ficam.
3. É uma entrevista impressionante, pela coragem, pela revolta - mas também pelo desespero. Mónica Almeida estava em Lisboa quando soube da sentença de prisão de 17 ativistas em Angola, incluindo a do seu marido, Luaty Beirão. A Alexandra Simões de Abreu entrevistou-a ao início da noite aqui no Expresso, para ouvir que "em Angola ainda nada é suficiente para acender o rastilho". Foi em vão? "Isto não vai mudar agora, nem daqui a cem anos. Não deposito nenhum tipo de esperança na minha geração". Nem nas seguintes, diz. O que se passa em Luanda também passa por Lisboa. Os direitos humanos não são um assunto de nacionalidades, mas de homens e mulheres. Os que estão lá. Os que estão cá.
4. Daesh. As ameaças a Portugal feitas esta semana levaram o Hugo Franco e a Raquel Moleiro (os dois jornalistas que investigam o fenómeno em Portugal há mais tempo), bem como o Micael Pereira, a descobrir novos dados que podem criar perturbação. A Luísa Meireles e a Helena Pereiraentrevistaram o ministro da Defesa, que falou sobre o assunto. E sobre o medo e a forma de não ser consumido por ele.
5. A ascensão e queda de Jorge Nuno Pinto da Costa.Trata-se de um texto desenvolvido por Rui Santos, que faz uma análise sobre um líder que fez do FC Porto o que o FC Porto é, sem sabermos hoje o que será. Mas sabendo hoje que o presidente de sempre já não é incontestado. Nem ele nem os negócios que sob ele se têm feito no clube.
Depois de uma semana de intensas audições na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif, ainda há muito por contar e muita documentação que merece ser revelada. Fazêmo-lo amanhã. Há ainda novidades sobre a Lei das Rendas… E sobre a forma como o Governo continua a preferir as nomeações aos concursos na escolha dos dirigentes da Administração Pública.
Esta newsletter é diferente do habitual, porque já estamos a falar de amanhã sem termos ainda escrito sobre hoje. Mas hoje já há um Expresso Diário, que mostra que nenhum partido à esquerda ou à direita do PS quer agora que o Presidente da República use a “bomba atómica”, arma a que já pode recorrer a partir de segunda-feira. E mostramos, também, o que mudou na Constituição nas sete revisões a que foi sujeita desde que foi aprovada, há 40 anos.
Já vai longo, o texto. Para nós, jornalistas, é um texto contínuo, que vamos escrevendo para si a cada hora. Agora são 18:45, faltam duas ou três horas para o semanário fechar, e a última página que fecharemos será a primeira que lerá. Amanhã. Daqui a pouco. Até já.
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