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Delatores Youssef e Costa mencionam repasse de propina a Guerra e Aécio
Posted: 26 Aug 2015 08:58 AM PDT
Leandro Prazeres Do UOL
Dois
dos principais delatores da operação Lava Jato, o doleiro Alberto
Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto
Costa, mencionaram nesta terça-feira (25) que políticos do PSDB
receberam recursos desviados de empresas estatais como a Petrobras e
Furnas. Entre os beneficiados estariam o ex-presidente nacional partido
Sérgio Guerra e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
As
declarações de Costa e Youssef foram feitas durante uma acareação
realizada nesta terça-feira na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
da Petrobras na Câmara. Costa e Youssef disseram que Sérgio Guerra
recebeu R$ 10 milhões para "abafar" uma CPI no Congresso Nacional para
investigar irregularidades na Petrobras em 2009. O dinheiro, segundo a
dupla, teria sido pago pela empreiteira. Segundo Youssef, o dinheiro foi
pago pela empreiteira Camargo Correa, uma das investigadas pela
operação Lava Jato.
Costa
disse que foi procurado por Guerra e pelo deputado federal Eduardo da
Fonte (PP-PE) para que o dinheiro fosse encaminhado ao líder tucano. "De
minha parte, posso dizer que eles receberam", afirmou Costa. Sérgio
Guerra morreu em março de 2014.
Deputados
do PT seguiram questionando os dois delatores sobre suspeitas de
pagamento de propina a líderes tucanos. Jorge Sola (PT-BA) perguntou a
Youssef se ele tinha conhecimento das informações de que o senador Aécio
Neves teria recebido dinheiro de propina relativa a contratos da
estatal Furnas. "O senhor confirma que Aécio recebeu dinheiro de
corrupção de Furnas?", indagou Sola. Youssef disse ter ouvido sobre isso
do ex-deputado José Janene, morto em 2010: "Eu confirmo por conta do
que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre, e eu era
operador dele", disse Youssef. Janene é apontado como o responsável pela
indicação de Paulo Roberto Costa à direção de Abastecimento da
Petrobras.
Em
nota oficial, o diretório nacional do PSDB rebateu as afirmações dos
delatores. "Como já foi afirmado pelo advogado de Alberto Youssef e,
conforme concluiu a Procuradoria Geral da República (PGR) e o Supremo
Tribunal Federal (STF), as referências feitas ao senador Aécio Neves são
improcedentes e carecem de quaisquer elementos que possam minimamente
confirmá-las."
O
texto prossegue questionando as motivações de tais declarações: "Não se
tratam de informações prestadas, mas sim de ilações inverídicas feitas
por terceiros já falecidos, a respeito do então líder do PSDB na Câmara
dos Deputados, podendo, inclusive, estar atendendo a algum tipo de
interesse político de quem o fez à época."
A
partir das menções feitas a Aécio Neves e a Sérgio Guerra, deputados do
PT e da oposição travaram uma espécie de "batalha" ao longo da
acareação. Em diversos momentos, quando deputados oposicionistas faziam
perguntas sobre líderes do PT, deputados governistas gritavam o nome de
Aécio.
Youssef
disse ainda que chegou a enviar recursos oriundos de propina a Belo
Horizonte, mas negou que fossem direcionados ao senador Antonio
Anastasia (PSDB-MG).
"Com
referência ao Anastasia, eu mandei, sim, dinheiro para Belo Horizonte,
mas não fui que fui entregar. Então, a mim não foi dito que era para o
Anastasia. Mas quem foi lá entregar foi o Jayme [Alves de Oliveira
Filho], então só ele pode dizer a quem ele entregou. Eu posso dizer que
recebi um endereço, um nome, e mandei entregar. Esse nome que eu recebi,
me lembro muito bem, não era o Anastasia. Tinha outro nome e tinha
outro endereço", afirmou.
Em
março deste ano, Aécio negou participação no esquema de Furnas. "A
chamada lista de Furnas - relação que contém nomes de mais de 150
políticos brasileiros de diferentes partidos - é uma das mais conhecidas
fraudes políticas do País e já foi reconhecida como falsa em 2006 pela
CPMI dos Correios", disse o tucano em nota. Segundo a nota, a "lista de
Furnas" surgiu em 2005 como "tentativa de dividir atenção da opinião
pública" em meio à revelação do mensalão.
Em
relação ao PT, Youssef disse que a presidente Dilma Rousseff (PT) e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinham conhecimento do
esquema de desvios de recursos públicos da Petrobras investigado pela
Polícia Federal e pelo MPF (Ministério Público Federal). Ambos negam.
Leia a seguir a íntegra da nota oficial do PSDB sobre os depoimentos dos delatores:
"Como
já foi afirmado pelo advogado de Alberto Youssef e, conforme concluiu a
Procuradoria Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal
(STF), as referências feitas ao senador Aécio Neves são improcedentes e
carecem de quaisquer elementos que possam minimamente confirmá-las.
Não
se tratam de informações prestadas, mas sim de ilações inverídicas
feitas por terceiros já falecidos, a respeito do então líder do PSDB na
Câmara dos Deputados, podendo, inclusive, estar atendendo a algum tipo
de interesse político de quem o fez à época.
Em seu depoimento à Polícia Federal, conforme a petição da PGR, Youssef afirma que: "Nunca teve contato com Aécio Neves" (página 18) e que "questionado se fez alguma operação para o PSDB, o declarante disse que não" (página 20). Na declaração feita hoje, diante da pressão de deputados do PT, Yousseff repetiu a afirmativa feita meses atrás: de que nunca teve qualquer contato com o senador Aécio Neves e de que não teve conhecimento pessoal de qualquer ato, tendo apenas ouvido dizer um comentário feito por um terceiro já falecido. Dessa forma, a tentativa feita pelo deputado do PT Jorge Solla, durante audiência da CPI que investiga desvios na Petrobras, buscou apenas criar um factoide para desviar a atenção de fatos investigados pela Polícia Federal e pela Justiça e que atingem cada vez mais o governo e o PT." |
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