Fiel de Sigmaringa
Fidélis de Sigmaringa | |
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Nascimento | Sigmaringa, Baden-Württemberg 1 de outubro de 1578 |
Morte | Seewis im Prättigau, Suíça 24 de abril de 1622 (43 anos) |
Nome nascimento | Markus Rey |
Nome religioso | Frei Fidélis de Sigmaringa |
Progenitores | Mãe: Genoveva Rosenberger Pai: Johannes Rey |
Beatificação | 24 de abril de 1729 por Papa Bento XIII |
Canonização | 29 de junho de 1746 por Papa Bento XIV |
Festa litúrgica | 24 de abril |
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Fidélis de Sigmaringa ou Fiel de Sigmaringa (Sigmaringa, 1 de outubro de 1578 — Seewis, 24 de abril de 1622) foi um jurista e sacerdote católico, frade da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, que levou uma vida de oração e austeridade e se notabilizou como pregador nas campanhas da Contra-Reforma contra o calvinismo no leste da actual Suíça. No contexto da Guerra dos Trinta Anos, foi morto pelos calvinistas devido à sua pregação, razão pela qual é considerado mártir da Igreja Católica, que o canonizou. A sua festa comemora-se em 24 de abril.
Biografia
Fidélis era o nome religioso de Markus Rey (algumas fontes indicam Markus Roy ou Mark Roy), nascido em Sigmaringa, filho do empresário estalajadeiro, mais tarde presidente da Câmara de Sigmaringen (Bürgermeister), Johannes Rey e de sua esposa Genoveva Rosenberger, oriunda de Tubinga. O seu avô paterno, Mathäus, era oriundo de Antuérpia, tendo-se fixado em Sigmaringen em 1529 como parte do séquito que vindo dos Países Baixos acompanhou o conde Carlos I de Hohenzollern (1512-1576) quando este veio tomar posse do governo do Condado de Zollern (mais tarde Hohenzollern-Sigmaringen). A família ganhou propriedades e prestígio na cidade, vivendo segundo as normas da pequena aristocracia urbana, o que explica a eleição de pai de Fidelis para o prestigioso cargo de Bürgermeister.
Depois de ter feito estudos preparatórios na sua cidade natal de Sigmaringen, matrculou-se na Universidade de Friburgo, na acual Suíça, onde estudou Filosofia e Direito civil e canónico vindo a formar-se em Direito no ano 1604.
Iniciou uma carreira como advogado na cidade de Colmar, na Alsácia, onde exerceu a profissão durante alguns anos. Católico fervoroso, assumia gratuitamente a defesa dos necessitados, tornando-se conhecido pelo seu espírito caritativo.
Aos 35 anos de idade fez-se frade capuchinho em Friburgo, cidade onde tinha frequentado os estudos de Direito. Adoptou então o nome religioso de Fidélis (do latim fidelis, "fiel") e impôs a si mesmo viver em obediência, pobreza, humildade, com espírito de penitência, de austeridade e de sacrificada renúncia.
Foi ordenado presbítero em 4 de Outubro de 1612, tornando-se afamado pregador. Enviado para a Suíça no contexto das lutas religiosas que se seguiram à Reforma Protestante e à expansão do calvinismo, foi eleito guardião do convento capuchinho de Weltkirchen, em Feldkirch (na actual Áustria), onde se notabilizou na luta contra o calvinismo, entregando-se fervorosamente ao apostolado católico num momento particularmente difícil da vida da Igreja Católica naquela região da Europa.
Face à expansão do calvinismo na região dos Grisões, no leste da Suíça, a Congregação para a Doutrina da Fé enviou Fidélis, juntamente com alguns frades auxiliares, com a missão de combater o que a Igreja Católica considerava a heresia calvinista que assolava aquela região.
Quando no contexto da Guerra dos Trinta Anos a disputa entre católicos e calvinistas degenerou numa sangrenta guerra civil alinhada pelas posições dos Valões e do Imperador da Áustria, como enviado da Igreja Católica com a missão específica de lutar contra o calvinismo Fidélis acabou por atrair a ira das autoridades calvinistas. Após vários incidentes, no dia 24 de abril de 1622, depois de ter sido interrompido com disparos de espingarda numa das suas pregações em Seewis, foi agredido fora da igreja em que pregara e depois ferido de morte, tendo o seu corpo sido esquartejado.
A sua morte impressionou até os seus mais acirrados inimigos, tendo contribuído para a pacificação da região. Passou a ser considerado como mártir do catolicismo e figura venerada entre os opositores ao calvinismo.
Foi canonizado pelo Papa Bento XIV em 29 de Junho de 1746. É o protomártir da Sagrada Congregação da Propaganda da Fé.
Referências
- Christian Schweizer: Fidelis von Sigmaringen no Dicionário histórico da Suíça
- Manoel de Azevedo: Acta canonizationis sanctorum Fidelis a Sigmaringa, Camilli de Lillis, Petri Regalati, Josephi a Leonissa, et Catharinae de Ricciis : una cum apostolicis literis sanctissimi domini nostri Benedicti XIV et Vaticanae Basilicae ornatus descriptione. Palearini, Rom 1749 (Digitalisat)
- Friedrich Wilhelm Bautz: Fiel de Sigmaringa. Em: Biographisch-Bibliographisches Kirchenlexikon (BBKL).
- Matthias Ilg: Der Kult des Kapuzinermärtyrers Fidelis von Sigmaringen als Ausdruck katholischer Kriegserfahrungen im Dreißigjährigen Krieg. In: Matthias Asche (Hrsg.): Das Strafgericht Gottes: Kriegserfahrungen und Religion im Heiligen Römischen Reich Deutscher Nation im Zeitalter des Dreißigjährigen Krieges. Beiträge aus dem Tübinger Sonderforschungsbereich „Kriegserfahrungen – Krieg und Gesellschaft in der Neuzeit“. Aschendorff, Münster 2001, ISBN 3-402-05910-X, S. 291–439
- Heinrich Kellner (1877). "Fidelis von Sigmaringen". In Allgemeine Deutsche Biographie (ADB) (em alemão). 7. Leipzig: Duncker & Humblot. pp. 4–5.
- Bonaventura von Mehr, ed. (1961). «Fidelis von Sigmaringen». Neue Deutsche Biographie (NDB) (em alemão). 5. 1961. Berlim: Duncker & Humblot. pp. 137 et seq..
- Richard Schell: Fidelis von Sigmaringen – der Heilige in den Darstellungen der Kunst aus vier Jahrhunderten, Sigmaringen 1977
- J.A. Zimmermann: Fidelis von Sigmaringen – sein Leben, sein glorreicher Martertod, seine Wunder und Selig- und Heiligsprechung, Innsbruck, 1863
- Silvester von Mailand: Vita beati Fidelis a Sigmaringa Suevi Ord. Min. Divi Francisci Capuccinorum missionum apostolicarum Rhaetiae praefecti congregationis de propaganda fide protomartyris. Mailand, Malatesta 1730
- Albert Werfer: Leben des heiligen Fidelis von Sigmaringen. - Schaffhausen : Hurter, 1860. Digitalisierte Ausgabe der Universitäts- und Landesbibliothek Düsseldorf