Mostrar mensagens com a etiqueta NATÁLIA CORREIA - ESCRITORA - MORREU EM 1993 - 16 DE MARÇO DE 2020. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta NATÁLIA CORREIA - ESCRITORA - MORREU EM 1993 - 16 DE MARÇO DE 2020. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 16 de março de 2020

NATÁLIA CORREIA - ESCRITORA - MORREU EM 1993 - 16 DE MARÇO DE 2020

Natália Correia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Natália Correia
Natália Correia retratada por Bottelho
Nome completoNatália de Oliveira Correia
Nascimento13 de setembro de 1923
Fajã de BaixoPonta Delgada
Morte16 de março de 1993 (69 anos)
Lisboa
ResidênciaRua Rodrigues Sampaio n.º 52, Lisboa
Nacionalidadeportuguesa
CônjugeÁlvaro dos Santos Dias Pereira (1942)
William Creighton Hyler (1949)
Alfredo Machado (1950)
Dórdio Guimarães (1990)
OcupaçãoPoetaescritoradeputada
PrémiosPrémio La Fleur de Laure (1977)
Magnum opusA MadonaO HomúnculoA PécoraErros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente
Natália de Oliveira Correia GOSE • GOL (Fajã de BaixoSão Miguel13 de Setembro de 1923 — Lisboa16 de Março de 1993[1]) foi uma escritora e poetisa portuguesa, nascida no arquipélago dos Açores.
Deputada à Assembleia da República[2] (1980-1991), interveio politicamente[1] ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. Juntamente com José Saramago (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo MagalhãesManuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Tem uma biblioteca com o seu nome em Lisboa em Carnide.
A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Durante as décadas de 1950 e 1960, na sua casa reunia-se uma das mais vibrantes tertúlias de Lisboa, onde compareciam as mais destacadas figuras das artes, das letras e da política (oposicionista) portuguesas e também internacionais. A partir de 1971, essas reuniões passaram a ter lugar no bar Botequim. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascida na ilha de São Miguel, quando tinha apenas 11 anos o pai emigra para o Brasil, fixando-se Natália Correia com a mãe e a irmã em Lisboa, cidade onde fez estudos liceais no Liceu D. Filipa de Lencastre. Iniciou-se na literatura com a publicação de uma obra destinada ao público infanto-juvenil, mas rapidamente se afirmou como poetisa (como ela gostava de ser chamada: «...poetisa. Sim, chamar-lhe-ei poetisa. A homenagem que distingue o génio poético feminino com o prémio de lhe masculinizar o estro ultraja uma poesia que quer feminizar o mundo»[3]).
Notabilizada através de diversas vertentes da escrita, já que foi poeta, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora[4], tornou-se conhecida na imprensa escrita e, mais tarde, nos anos 80, na televisão, com o programa Mátria, onde advogou uma forma especial de feminismo (afastado do conceito politicamente correcto do movimento), o matricismo, identificador da mulher como arquétipo da liberdade erótica e passional e fonte matricial da humanidade; mais tarde, à noção de Pátria e de Mátria acrescenta a de Frátria.
Foi igualmente coordenadora da Editora Arcádia, uma das principais editoras livreiras portuguesas do seu tempo.
Dotada de invulgar talento oratório e grande coragem combativa, tomou parte activa nos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969), liderada por Mário Soares.
Foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes (1966) e processada por ter tido a responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel BarrenoMaria Velho da Costa e Maria Teresa Horta; processo que ficaria conhecido como Três Marias.
A sua intervenção política pública levou-a ao Parlamento, no período subsequente ao 25 de abril de 1974, eleita em 1980[4] nas listas do Partido Popular Democrático (PPD), motivada pelo projeto de Francisco Sá Carneiro, de quem era amiga, tal como de Snu Abecassis. Passaria, no entanto, a deputada independente, durante essa legislatura.
Foi autora de polémicas intervenções parlamentares. Ficou célebre, durante um debate sobre o aborto, em 11 de novembro de 1982, o poema satírico que fez a João Morgado, deputado do CDS que afirmara que «o acto sexual é para ter filhos». O poema foi publicado dias depois pelo Diário de Lisboa.
Fundou em 1971, com Isabel Meireles, o bar Botequim, onde durante as décadas de 1970 e 1980 se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa. Foi amiga de António Sérgio (esteve associada ao Movimento da Filosofia Portuguesa), David Mourão-Ferreira ("a irmã que nunca tive"), José-Augusto França ("a mais linda mulher de Lisboa")[2]Luiz Pacheco ("esta hierofântide do século XX"), Almada NegreirosD. Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança ("confidente íntima")[5]Mário Cesariny ("era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo")[6]Ary dos Santos ("beleza sem costura")[7]Amália RodriguesFernando Dacosta, entre muitos outros. Foi uma entusiasmada e grande impulsionadora pelo aparecimento do espectáculo de café-concerto em Portugal. Na sua casa, foi anfitriã de escritores famosos como Henry MillerGraham Greene ou Ionesco.
A 13 de Julho de 1981 foi feita Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Natália Correia recebeu, em 1991, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano a 26 de Novembro foi feita Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.[8]
Natália Correia casou-se por quatro vezes. Após dois primeiros curtos casamentos, casou em Lisboa a 31 de Julho de 1953 com Alfredo Luís Machado (1904-1989), gerente e dono do Hotel do Império, a sua grande paixão, bem mais velho do que ela e já viúvo, casamento este que durou até à morte deste, a 17 de Fevereiro de 1989. (São já notáveis as cartas de amor da jovem Natália para Alfredo Luís Machado). Em 1990, tinha Natália 67 anos de idade, casou com Dórdio Guimarães, seu admirador desde sempre, cineasta e filho de Manuel Guimarães.

Morte[editar | editar código-fonte]

Na madrugada de 16 de Março de 1993, morreu[1], subitamente, com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de regressada do Botequim. A sua morte precoce deixou um vazio na cultura portuguesa muito difícil de preencher. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa) constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.
Foi sepultada originalmente no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, e posteriormente trasladada para a ilha de São Miguel, nos Açores, em outubro de 2015.

Bibliografia activa[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

  • Rio de Nuvens (poesia), 1947
  • Poemas (poesia), 1955
  • Dimensão Encontrada (poesia), 1957
  • Passaporte (poesia), 1958
  • Comunicação (poema dramático), 1959
  • Cântico do País Emerso (poesia), 1961
  • O Vinho e a Lira (Poesia), 1969
  • Mátria (Poesia), 1967
  • As Maçãs de Orestes (Poesia), 1970
  • Trovas de D. Dinis, [Trobas d'el Rey D. Denis] (Poesia), 1970
  • A Mosca Iluminada (Poesia), 1972
  • O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (Poesia), 1973
  • Poemas a Rebate, (poemas censurados de livros anteriores) (poesia), 1975
  • Epístola aos Iamitas (poesia), 1976
  • O Dilúvio e a Pomba (poesia), 1979
  • O Armistício (poesia), 1985
  • Sonetos Românticos (poesia), 1990 ; 1991
  • O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (poesia completa), 1993 ; 2000
  • Memória da Sombra, versos para esculturas de António Matos (poesia), 1993

Ficção[editar | editar código-fonte]

  • Grandes Aventuras de um Pequeno Herói (romance infantil), 1945
  • Anoiteceu no Bairro (romance), 1946 ; 2004
  • A Madona (Romance), 1968 ; 2000
  • A Ilha de Circe (romance), 1983 ; 2001
  • Onde está o Menino Jesus? (contos), 1987
  • As Núpcias (romance), 1992

Literatura de viagens[editar | editar código-fonte]

  • Descobri Que Era Europeia: impressões duma viagem à América (viagens), 1951 ; 2002

Diário[editar | editar código-fonte]

  • Não Percas a Rosa. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 - 20 de Dezembro de 1975) (Diário), 1978 ; 2003

Teatro[editar | editar código-fonte]

  • Sucubina ou a Teoria do Chapéu (teatro), em colab. com Manuel de Lima, 1952
  • O Progresso de Édipo (poema dramático), 1957
  • D. João e Julieta, peça escrita em 1959 (teatro), 1999
  • O Homúnculo, tragédia jocosa (teatro), 1965
  • O Encoberto (Teatro), 1969 ; 1977
  • Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981 ; 1991
  • A Pécora, peça escrita em 1967 (teatro), 1983 ; 1990

Ensaio[editar | editar código-fonte]

  • Poesia de Arte e Realismo Poético (ensaio), 1959
  • A Questão Académica de 1907 (ensaio), 1962
  • Uma Estátua para Herodes (Ensaio), 1974
  • Notas para uma Introdução às Cantigas de Escárnio e de Mal-Dizer Galego-Portuguesas (ensaio), 1982
  • Somos Todos Hispanos (ensaio), 1988 ; 2003

Antologias[editar | editar código-fonte]

  • Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à actualidade (Antologia), 1965 ; 2000
  • Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses (Antologia), 1970 ; 1998
  • O Surrealismo na Poesia Portuguesa (Antologia), 1973 ; 2002
  • A Mulher, antologia poética (Antologia), 1973
  • Antologia de Poesia do Período Barroco (antologia), 1982
  • A Ilha de Sam Nunca: atlantismo e insularidade na poesia de António de Sousa (antologia), 1982
  • A Ibericidade na Dramaturgia Portuguesa (ensaio), 2000
  • Breve História da Mulher e outros escritos (antologia de textos de imprensa), 2003
  • A Estrela de Cada Um (antologia de textos de imprensa), 2004

Notas e Referências

  1. ↑ Ir para:a b c «Natália Correia». Instituto Camões. Consultado em 26 de Junho de 2011
  2. ↑ Ir para:a b «Da Menina mais Bonita de Lisboa à Senhora da Rosa dos Açores, a hierofântide do século XX». teiaportuguesa.com. Consultado em 26 de Junho de 2011
  3.  CORREIA, Natália (1981). prefácio a "Diário do Último Ano de Florbela Espanca". Lisboa: Bertrand. 11 páginas
  4. ↑ Ir para:a b «Depósitos- CORREIA, Natália, 1923-1993». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 26 de Junho de 2011
  5.  Fernando Dacosta; O Botequim da Liberdade. Casa das Letras: Lisboa, 2013. pp. 176-177
  6.  «A primeira vez que vi a Natália Correia foi no São Carlos. Eu estava na galeria ela no segundo balcão. Quando? Ui! Aí pelos anos 1950. Apesar de já não ter muito afecto a senhoras, ia caindo para o lado do espectáculo de beleza que ela apresentava. Era quase extra-humana, era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo. Era uma coisa impressionante. Mas era também uma mulher de um desdém muito grande. Cheguei a julgá-la assexuada ou frígida mas parece que não era bem isso…», Mário Cesariny entrevistado por Carlos Câmara Leme, jornal Público, 2003.03.16
  7.  "A casaca", in Adereços, Endereços (1965)
  8.  Ordens Honoríficas Portuguesas

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikiquote
Wikiquote possui citações de ou sobre: Natália Correia

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue