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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

HENRIQUE NETO - A ENTREVISTA AO JORNAL "I" - 26 DE JANEIRO DE 2015



Jornal i

“Aquilo que Sócrates conta não é normal. Pedir aqueles empréstimos todos, de valor tão elevado”



© Fornecido por Jornal i
"Quem lutava contra o regime era o PCP. Os outros falavam, mas executar alguma coisa 'tá quieto, diz Henrique Neto.
Começou a trabalhar aos 14 anos e aos 15 tornou-se militante do PCP. Vivia na Marinha Grande e foi candidato da Oposição Democrática em 1969. Saiu do PCP em 1975, por causa do apoio aos SUV – Soldados Unidos Vencerão, um grupo de soldados que queria revolucionar as Forças Armadas. Só muito mais tarde, quando era já um empresário de sucesso, se tornou militante do PS, por causa de um convite de Jorge Sampaio de quem é amigo. António Guterres convidou-o depois para porta-voz para a Indústria. Ainda não sabe se votará ou não no PS, mas se António Costa continuar a esconder o seu programa para o país, não o fará: “O PS não pode ser eleito sem os portugueses saberem ao que vem”. No entanto, acredita na vitória do PS, porque os portugueses querem a mudança. Mesmo assim, há factores que complicam: o caso Sócrates e o cansaço com os partidos do sistema.
Pouco tempo depois de José Sócrates ser preso disse que já estava há muito tempo à espera que isso acontecesse. Porquê, em concreto?
Pelo conhecimento da personalidade dele, pelos muitos casos que ao longo dos anos foram sendo conhecidos e conhecendo eu as pessoas de quem se rodeava. Era previsível que mais tarde ou mais cedo a justiça haveria de se interessar pelas decisões que os governos dele tomavam e a que, do meu ponto de vista, faltava racionalidade.
O que está agora em causa é a vida em Paris. Ele diz que recebeu empréstimos de Carlos Santos Silva.
A minha opinião vem de antes de Paris. Quando ele foi primeiro-ministro já tinha essa opinião. Agora agravou-se
Há muitos portugueses a defendê-lo, a dizer que a justiça é que está mal. Existe muita gente que adora Sócrates.
Há questões que me chocam. Durante muitos anos os portugueses queixavam--se, e na minha opinião com razão, de que a justiça era inoperante, que havia casos que nunca ficavam esclarecidos. Agora, os mesmos que se queixavam de que a justiça não actuava queixam-se que a justiça está a actuar e fazem-no em termos que para um democrata não são aceitáveis. A justiça, como todos os sectores da sociedade, pode cometer erros, mas é a justiça e tem de ser defendida. No caso de José Sócrates, ainda é mais grave porque, dadas as coisas que já foram publicadas – e algumas delas com base naquilo que ele próprio disse – não é compreensível. Aquilo que ele conta não é normal. Pedir aqueles empréstimos ao amigo, de valor tão elevado, não há nenhuma pessoa que pense que aquilo é normal. Por outro lado, houve negócios e decisões do Estado dificilmente compreensíveis. Fala--se agora muito no grupo Lena, que até é uma empresa relativamente pequena. Os governos do eng. José Sócrates assinaram negócios muito maiores com outras empresas! O negócio com a Mota-Engil relativamente ao cais de Alcântara é uma coisa perfeitamente incompreensível. Porque é que se faz um contrato com uma empresa privada em que se o mercado não corresponder às expectativas o Estado paga a diferença? Como é que se explica uma coisa destas? Isto é um mero exemplo, existem muitos exemplos semelhantes. Claro que a Assembleia da República e os membros do governo deveriam ter--se feito ouvir e dizer que isto não era correcto. Mas, como disse, ainda hoje há muitas pessoas que adoram o eng. Sócrates, que acham que ele foi o melhor primeiro-ministro português e que o defendem até às últimas consequências. Para mim é muito difícil compreender, mas pronto.
Como é que acha que a direcção de António Costa está a lidar com isto? Está a lidar bem?
Eu não acho que esteja a lidar bem. O anterior secretário-geral do PS, António José Seguro, também não lidou bem e eu disse-lhe isso algumas vezes. Não era preciso ser mago nem vidente para perceber que o PS, depois de ter perdido as últimas eleições, ia ter um problema. Era o problema da herança de José Sócrates. Sempre achei que o Partido Socialista tinha que – não digo condenar na praça pública o eng. Sócrates – mas tinha pelo menos de se afastar das políticas e dizer o que é que tinha corrido menos bem. Não foi feito. E António José Seguro foi vítima disso mesmo. Não era possível apaziguar o grupo de apoiantes de José Sócrates, eram quase religiosos. Era preciso isolá-los e explicar porquê – Seguro não o fez e foi vítima disso. António Costa tem tido uma atitude talvez mais pragmática, mas também não resolve. Tenta gerir a situação. Ela já era difícil de gerir em situações normais mas, com José Sócrates na prisão, o PS vai ter de lidar com isso tudo este ano em que há eleições.
A prisão de Sócrates pode afectar a capacidade do PS nas eleições?
Pode. Apesar de existirem muitas pessoas, como disse, que gostam do eng. Sócrates e estão convencidos que ele foi o melhor primeiro-ministro, a maioria da sociedade portuguesa não gosta do eng. Sócrates. E não apenas por razões partidárias.
Mas Costa demarcou-se de Sócrates. Sócrates escreve cartas a dizer que se está perante um processo político, Costa diz que é apenas judicial.
António Costa está a gerir a situação, mas é uma situação muito difícil de gerir.
Mas as sondagens dão António Costa a ganhar as eleições…
Estou convencido que António Costa vai ganhar as eleições. O perigo para Costa vem de dois lados: do próprio Sócrates, que vai continuar a querer transformar aquilo num caso político, que não é. António Costa tem toda a razão em dizer que é um caso de justiça. O outro perigo é que a sociedade portuguesa está muito cansada do modelo em que temos vivido. Há uma tendência para surgirem novos grupos, novos partidos. A abstenção é muito elevada. Tudo isso são perigos para uma maioria clara e mesmo para uma vitória. Mas eu estou convencido que, dadas todas as circunstâncias, António Costa vai ganhar as eleições. Os portugueses estão tão aflitos do ponto de vista económico que penso que vão acreditar que têm de mudar, para ver se muda alguma coisa. Se muda ou não, é outra matéria. Mas o sentimento geral é que as pessoas querem uma mudança.
Mas acha que é possível o PS conseguir uma grande mudança?
Que uma grande mudança é desejável, é. Se alguma coisa me distingue da maioria das pessoas é que eu acho que o país tem potencialidades que não são debatidas, não são entendidas. Há muita coisa a fazer nesse campo. Teríamos oportunidades excelentes se tivéssemos uma visão estratégica. Era importante para a sociedade ter mais esperança, a de ver qualquer coisa à sua frente que pudesse ser um sintoma de alteração. É preciso uma estratégia euro-atlântica. Quando nos transformámos num país europeu apostámos nos serviços, abdicámos da agricultura, das pescas, de parte da indústria. E nós como povo europeu ficamos diminuídos – somos periféricos. Como povo euro-atlântico temos vantagens logísticas, de atracção do investimento estrangeiro. Se for para receber componentes de todo o mundo para reenviar para todo o mundo Portugal está no sítio certo. Sines é uma aposta muito importante. É o local ideal e barato para receber componentes de todo o mundo e exportar para todo o mundo produtos montados em Portugal. Não é possível uma economia pequena sobreviver em boas condições exportando apenas 40%. Tem de exportar 70, 80%. Os governos têm-se recusado a dizer qual é o caminho para Portugal. Temos hoje uma indústria de engenharia que é das melhores do mundo. Temos de fazer muitas Autoeuropas, pode ser com electrodomésticos, com telemóveis.
O problema são os maus dirigentes?
Maus é uma palavra desadequada… Portugal foi sempre um país em que o problema era arranjar um emprego. Podia ser pobre, rural. O sonho de qualquer pessoa de Viana do Castelo ou outro sítio qualquer era pedir ao chefe lá da terra para lhe arranjar uma cunha para ir trabalhar para o Estado. A literatura portuguesa está cheia de exemplos destes. Isto não muda de um dia para o outro. Chegámos agora a um ponto em que estamos a ser dirigidos por pessoas que tiraram o seu curso universitário aos 40, 45 anos e até então não tinham feito nada senão estar nas “jotas”. Acontece um fenómeno que não é valorizado e que é fatal: falamos todos os dias que precisamos de fazer crescer a economia. Mas parece que ninguém pergunta quem é que vai fazer crescer a economia! São os empresários! O PIB é feito pelos empresários! Mas o que é que estão a fazer os empresários? Estão enquistados! Estão isolados e o isolamento dos empresários tem vindo a crescer. Há um grande desconhecimento, uma grande inoperância, uma grande falta de energia. Não havendo uma estratégia, os governantes vão decidindo coisas por reflexos, frequentemente emocionais. E os empresários fecham-se, não falam uns com os outros. Não podemos querer crescimento económico sem pôr os empresários a falar uns com os outros! É preciso trazer os empresários para o debate de ideias.
O senhor é um empresário que António Guterres foi buscar para a primeira linha da política.
Se eu lhe mostrasse a carta que enviei a Guterres no ano 2000! Já lá vão 15 anos! Eu disse-lhe que nós não nos iríamos aproximar da Europa. Um dos debates que estava em curso era o ferrovia versus rodovia. Disse a Guterres, e disse-o no parlamento, que o que iria vencer daí a 20 anos era a ferrovia. Por razões energéticas, ambientais… Nós não devíamos fazer o que os outros europeus tinham feito há 30 anos, que fizeram auto-estradas por toda a Europa no pós-guerra. As auto-
-estradas não são económicas nem para mercadorias nem para pessoas. Podia falar durante horas de coisas semelhantes e erros absurdos. Por exemplo, há anos que se fala de educação. Eu resumo a educação a duas palavras: pré-escolar e exigência. Se nos entendermos sobre isto, a educação resolve-se numa geração. Nós temos um terço da sociedade portuguesa que vive na ignorância e na pobreza! Nenhum país cresce economicamente com este peso. Temos de acabar com isto!
Mesmo assim investiu-se bastante nos últimos anos…
Eu defendo o pré-escolar com alimentação e transporte. Um terço da sociedade portuguesa ou não tem acesso ao pré-
-escolar ou não vai todos os dias. Tem de haver um projecto nacional para isto, que a Dinamarca fez no século XIX! Se não fizermos isto, vamos continuar com o insucesso escolar. Muitos dos que chegam à universidade não sabem ler nem escrever porque chegaram atrasados ao processo!
Como é que chega à política? Esteve no MUD juvenil…
Entrei aos 15 anos.
Já trabalhava, começou a trabalhar muito cedo..
Aos 14. Na altura o MUD juvenil pôs-me em casa, para horror da minha mãe, uma máquina de escrever e um stencil. Passei esse período todo sem ser preso, uma coisa fantástica. Eu não ia às manifestações. Tratava do stencil, passava o stencil e depois fornecia aos meus amigos os textos…
Isso na Marinha Grande…
Uma vez foram distribuir num domingo à porta da missa, numa terra próximo de Leiria que se chama Amor. O pároco telefonou à GNR e foi tudo preso! Miudagem de 15, 16, 17 anos, para aí uns 30, todos presos! Depois em 1969 fui candidato da Oposição Democrática. Em 1975, era director-geral de uma empresa de moldes lá na Marinha, ganhava bem, tinha a minha vida organizada, não tinha grandes ambições… As pessoas acham que eu sou um empresário excelente, mas deve ter sido por acaso (risos). Eu não tinha ambição nenhuma de ser empresário! Há muito bons empresários. O problema é que não conhecemos, não estudamos as coisas. Por exemplo: ninguém quer saber porque é que a indústria do calçado que se achava há 15 anos que não havia nada a fazer, que aquilo era para a China, era um sector para desaparecer, cresceu, sobreviveu e é hoje um dos sectores que temos neste momento a dar cartas no mundo inteiro. E há alguém que se preocupe em saber porquê? No governo explicam aquilo com duas bacoradas mas não estudaram nem mandaram estudar. Aquilo foi feito por pessoas, que têm nome. Quando eu digo que a economia portuguesa pode resolver facilmente os seus problemas, não digo que se faz de um ano para o outro. Tem de ser uma coisa continuada e uma coisa que não temos é continuidade. Na semana passada a minha alma sofreu um embate quando vi o dr. António Costa e o dr. Rui Rio dizerem que a regionalização era o futuro do país!
É contra a regionalização?
Por acaso até votei a favor da regionalização no parlamento. Fui defensor, mas entretanto aprendi alguma coisa. Aprendi que as clientelas políticas em Portugal são um pavor. E principalmente neste momento não me interessa discutir a regionalização. Portugal precisa de resolver problemas urgentíssimos, como a dívida! Precisa de galvanizar os portugueses para aquilo que é absolutamente essencial que é o crescimento económico, o dar alguma esperança aos portugueses, não ir buscar dinheiro a quem não o tem! E em vez de se estar a ganhar os quadros, os empresários, os universitários para um projecto simples…
Acha que António Costa não dá essa esperança?
Não. Quando ele coloca o problema da regionalização que é que está a fazer na prática? A dividir o país ao meio, entre os que são a favor e os que são contra. Para quê? Explique-me para quê!
António Costa inicialmente parecia partidário da reestruturação da dívida, mas hoje só diz uma frase sobre isso.
Todos nós somos partidários da reestruturação da dívida. Não há ninguém no seu bom senso, na situação em que estamos, que não queira pagar em 40 anos aquilo que é para pagar em 10. Os que dizem outra coisa estão na lua. Agora, o problema é se isso é possível. É desejável, devemos colocar isso na agenda europeia para ver se conseguimos alguma vantagem. Para isso precisávamos de ser inovadores no plano europeu…
Nós temos sido os “bons alunos” da Europa…
Claro, desde o tempo do prof. Cavaco Silva. A palavra “bom aluno” ficou-nos marcada na pele.
Como é que foi a sua passagem pelo poder? António Guterres vai buscá-lo, o senhor era militante do PS...
Eu era amigo do Jorge Sampaio, entrei para o PS quando ele foi para secretário--geral. Ele convidou-me, eu tinha sido do PCP no passado, tinha saído em 1975 por causa dos SUV. Fui do PCP entre 1967 e 1975 e saí numa madrugada, às cinco da manhã… Eu estava no MDP, mas era PCP… quando se discutiu os SUV. Achei que aquilo era de doidos, porque podia dar uma guerra civil. Dar armas aos soldados, sem oficiais sem nada, achei aquilo uma coisa de loucos! De maneira que disse: “comigo não”. E aí desiludi-me mesmo.
Como é que vai para o PCP? Pelo meio operário da Marinha Grande?
Quem lutava contra o regime era o PCP! Os outros falavam, o PCP agia! De 1969 até 1974 Leiria tornou-se o centro das reuniões nacionais da oposição. Havia lá um homem fabuloso, meu amigo, o dr. José Vareda, advogado, que organizava reuniões e vinha gente de todo o país. As pessoas da oposição gostavam de falar, mas depois executar fosse o que fosse ‘tá quieto. Os únicos que realmente executavam eram os do PCP. Eu era um bocado o ajudante do dr. José Vareda.
Sai do PCP por causa dos SUV e demora bastante tempo a aderir ao PS.
Interessava-me ler jornais, falar com as pessoas, mas deixei de praticar, até que Jorge Sampaio me convidou e eu disse “está bem”. Não havia razão nenhuma para não o apoiar, gostava dele. Cheguei a vir várias vezes a Lisboa, ao Florida, onde eles iam almoçar, participei disso, tinha uma relação com ele. Estive parado sem fazer grande coisa, a não ser uma ou outra reunião, até que Guterres me pediu se podia ser porta-voz para a Indústria. Eu disse-lhe que sim. Ficou sempre a ideia de que eu queria ser ministro mas eu, por acaso, tinha feito um acordo com ele de que nunca seria ministro. Não era só não querer, era não poder, tinha problemas nas empresas.
Mas desilude-se rapidamente com Guterres...
Ainda hoje digo que nunca conheci ninguém com a capacidade do eng. Guterres para estruturar ideias, para arrumar ideias, para as organizar, para as comunicar. Houve uma altura em que fiquei quase apaixonado, posso dizer, pelo funcionamento daquela cabeça! Mas depois, na prática... foram pequenas coisas. Uma vez na reunião do grupo parlamentar, no Senado da Assembleia, um ano ou dois anos depois de ele ser eleito, um colega lá da bancada queixou-se de que António Barreto, que era socialista, já andava a dizer mal de nós. Aquilo era para não ligar. Mas Guterres pegou naquilo e disse uma coisa que para mim foi assassina: “Ó não sei quantos, esquece isso, o que eles gostariam era de estar no nosso lugar”. Fiquei chocado. Pedi a palavra e disse ao Guterres que se nesta altura do campeonato a gente já não ouvia as críticas das pessoas qualificadas – para as avaliar, não temos de concordar – era mau. Daí para a frente foram coisas deste tipo. O aborto foi outra coisa. A gente tinha votado a lei da interrupção voluntária da gravidez, o assunto estava resolvido. E depois veio uma ordem para se fazer o referendo! Isto fundiu a minha cabeça! E depois começaram as coisas que já metiam negócios. Levantei muitas questões na comissão política. A única vez que vi o Guterres aos berros – ele era muito calmo – foi quando fiz uma intervenção sobre as leis que o Cravinho tinha mandado para a Assembleia sobre a reorganização do sector da construção civil e que o Jorge Coelho andou a renegociar para serem aprovadas com as associações empresariais. Eram coisas muito simples sobre segurança no trabalho e coisas do género. Eu perguntei se estávamos feitos com os empresários da construção civil e o Guterres atirou os papéis ao ar e desatou aos gritos. Toda a gente ficou espantada.
Pronto, já vi que não será o seu candidato à Presidência da República. Nem ele, nem o Vitorino, nem o Marcelo, nem o Rui Rio...
São pessoas do sistema. Desejo ardentemente que surja um candidato de fora do sistema, que seja credível e tenha condições para ser eleito.
Mas admitia candidatar-se à Presidência da República? Num painel do “Expresso” foi sugerido para candidato por Pinto de Sousa
Em política nunca digo desta água não beberei. Mas é inviável. Para já, não há condições financeiras. Nós dizemos que a democracia é o sistema do “common man” mas os partidos estão organizados para não deixar lá entrar novos “common men”. E os que lá estão já não são “common men”. E depois, os próprios portugueses... O que faz com que mais de 45% dos portugueses achem que António Vitorino pode ser Presidente ? O Guterres ainda posso perceber, foi primeiro-ministro. Agora o Vitorino? É um tipo com piada, realmente... Mas porque é que será bom Presidente da República? Ainda não percebi. Já para não falar do Santana Lopes!
Vai votar PS nas legislativas?
Provavelmente não, mas ainda não sei. Ainda é muito cedo.
António Costa ainda não o convenceu?
Se continuar no meio desta táctica toda... O país não pode estar à espera, o PS tem de apresentar ideias! Eticamente isso é absolutamente essencial. Este PS não pode ser eleito sem os portugueses saberam ao que vem! Depois António Costa diz coisas contraditórias. No congresso diz que a esquerda tem de participar, agora é o Rui Rio... Há um problema de leviandade, mas se calhar sou eu que já estou velho.
Diga-me uma coisa. Como é que começa a trabalhar aos 14 anos?
O meu pai andou sempre a mudar de empregos e houve uma altura na sua vida que foi polícia aqui em Lisboa. Eu nasci aqui em Lisboa no beco do Carrasco, onde havia uma fábrica de vidro. O meu pai era vidreiro, depois foi polícia.
O seu pai era da Marinha Grande?
O meu pai era da Marinha, a minha mãe da Batalha. Regressou à Marinha, depois voltou para Lisboa. Eu ainda fiz a quarta classe e o 1.o e 2.o ano da Escola Industrial na Fonseca Benevides em Lisboa. Depois fui para a Marinha fazer o 3.o, 4.o e 5.o da Escola Industrial. Eu hoje penso muito que nunca ninguém da minha família pensou que eu pudesse ir para o liceu! Na altura não dei por isso, mas agora penso muito nisso! Na altura deram-me a escolher entre o curso comercial na Calçada do Combro ou industrial na Fonseca Benevides. O liceu era impensável, era para os meninos ricos. Está a ver a volta que o país levou? Isto dá-me uma grande satisfação e uma grande alegria!
Faz questão em dizer que não é doutor...
Não faço questão! Não tirei curso nenhum, não sou!

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ANTÓNIO FONSECA

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