Melanoma
Melanoma | |
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Melanoma de 2,5 por 1,5cm | |
Especialidade | oncologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | C43 |
CID-9 | 172.9 |
CID-ICD-O | M8720/3 |
CID-11 | 625791806 |
OMIM | 155600 |
DiseasesDB | 7947 |
MedlinePlus | 000850 |
eMedicine | derm/257 med/1386 ent/27 plastic/456 |
MeSH | D008545 |
Leia o aviso médico |
Melanoma, também conhecido como melanoma maligno, é um tipo agressivo de câncer de pele que se desenvolve a partir dos melanócitos, que são células produtoras de melanina.[1] Esta neoplasia maligna ocorre geralmente na pele, mas pode manifestar-se mais raramente na boca, intestinos ou olhos.[1][2] Em mulheres as lesões desenvolvem-se mais frequentemente nas pernas, enquanto que nos homens a área mais atingida é o tronco.[2][3] As lesões podem evoluir a partir de alterações em nevos melanocíticos, quando sofrem aumento de tamanho e apresentam bordas irregulares, alteração de cor, prurido ou úlceras.[1][3]
A principal causa de melanoma é a exposição à radiação ultravioleta (UV) em pessoas com baixos níveis de pigmento na pele.[2][4] Esse tipo de radiação pode vir da luz solar ou de outras fontes, como dispositivos de bronzeamento. Cerca de 25% das lesões evoluem a partir de nevos.[2] Indivíduos com um número elevado de nevos, aqueles com histórico familiar de melanoma, os imunossuprimidos e os portadores de xerodermia pigmentosa (uma rara desordem genética) tem maior risco de desenvolver melanoma.[1][5] O diagnóstico é confirmado pela biopsia de qualquer lesão de pele suspeita.[1][3]
A prevenção é feita com a utilização regular de filtro solar e evitando-se a exposição prolongada ao sol.[2][3] O tratamento consiste na excisão cirúrgica simples ou com ampliação de margens. Nos pacientes com lesões maiores, pode ocorrer comprometimento dos linfonodos adjacentes. Desde que não haja metástases os índices de cura podem ser maiores que 95%.[3] Para os demais casos, o tratamento com imunoterapia, bioquimioterapia, radioterapia ou quimioterapia pode melhorar a sobrevida.[1][3] Nos Estados Unidos, 98% dos pacientes submetidos a tratamento tiveram sobrevida de cinco anos. Todavia, entre os pacientes com lesões metastáticas, esse índice caiu para 17%.[6] A probabilidade de recidiva dependerá do estadiamento da lesão, da velocidade da divisão celular e da existência de infiltração.[2][3]
Tipos
Existem quatro tipos de melanomas:[7]
- Superficial: representa 70% dos casos de melanoma, é o menos agressivo dos melanomas e está restrito a epiderme. Mais comum em jovens.
- Nodular: representa 15% dos casos, é um nódulo invasivo, agressivo, que pode ter diversas cores e é mais comum em idosos.
- Lentigo maligna: É um carcinoma in situ bem superficial, marrom, formando nódulos elevados em partes muito expostas ao sol. Mais comum em idosos.
- Acral lentiginoso: o menos frequente em brancos e mais comum entre indivíduos em asiáticos e negros, aumenta primeiro superficialmente antes de invadir outros tecidos, é que cresce mais rápido, ou seja, o mais agressivo. Pode estar oculto embaixo da unha ou na sola do pé.
Sinais e sintomas
Para identificar um melanoma deve-se analisar seu "ABCD":[8][9]
- Assimetria: lados esquerda/direita e cima/baixo desiguais.
- Bordas: Irregulares que se expandem desigualmente a cada mês.
- Cores: Podem ter mais de uma cor e geralmente são negros ou marrons, mas podem ter partes vermelhas, roxas, rosas ou brancas.
- Diâmetro: Mais de 6mm e crescendo a cada mês.
Melanomas atípicos
Muitas vezes, os melanomas malignos cutâneos não apresentam estes itens descritos. Além disso, muitas vezes há a concomitância com lesões benignas (alguns especialistas descrevem que melanomas malignos cutâneos podem surgir a partir de lesões benignas preexistentes). Neste caso, ainda mais se a lesão possui grandes dimensões, é possível que na primeira biópsia para o diagnóstico microscópico, tenha sido representada grande parte do espectro benigno da doença. Deve-se dar preferência à biópsia excisional (quando se pretende retirar toda a lesão) para tumores com até 2 cm de extensão na superfície da pele. No entanto, nem sempre isso é possível, ou por vezes a aparência da lesão para o cirurgião ou dermatologista, não é característica e então a representação para o médico patologista (o especialista que avalia a lesão no microscópio óptico) é de apenas parte da lesão. A esse propósito, é interessante notar que a literatura médica descreve um longo histórico de discussões sobre lesões benignas que simulam melanoma maligno, ou o contrário: lesões que pareciam benignas a princípio, e que acabaram por apresentar evolução muito adversa.[10][11] Para ilustrar essa dificuldade, há uma entidade conhecida como "nevo de Spitz", descrita como uma proliferação melanocítica benigna. Descrita em 1948, pela primeira vez, por Sophie Spitz como melanoma da infância, observou-se que esse tipo de lesão não tinha a evolução agressiva dos melanomas cutâneos clássicos. Para piorar essa confusão, essa lesão pode se mostrar eventualmente assimétrica e quando finalmente ela é avaliada pelo microscópio óptico, é comum notar alterações celulares nucleares que podem assustar um médico patologista pouco experiente. Levando em conta que os melanomas malignos eram pouco conhecidos, portanto relativamente pouco estudados, é natural pensar que confusões como esta permaneceram por um certo tempo, até que se deixou de chamar melanoma juvenil (ou da infância), nome que indica comportamento maligno e passou-se ao termo "nevo de Spitz", que indica evolução benigna.[12] É ainda curioso notar que em que pese toda evolução nos conceitos sobre melanomas cutâneos, ainda permanecem como importantes elementos para a traçar um prognóstico dos pacientes, os dados descritos por Clark e Breslow (com respectivo colaboradores), desde há pelo menos algumas décadas. No entanto, ainda há controvérsias sobre como esses critérios devem ser utilizados.[13] Levando em conta que o diagnóstico precoce e a pronta retirada das lesões suspeitas é o principal meio de se evitar a progressão desta doença, é crucial entender que nem sempre o diagnóstico delas é algo livre de dificuldades, pelo contrário: isso significa que ainda teremos muitos estudos populacionais ou do mecanismo como as células tumorais progridem, para que possamos melhorar ainda mais a abordagem das pessoas afetadas por esta enfermidade.
Epidemiologia
A estimativa brasileira do INCA é de 6 mil novos casos por ano, com proporção similar entre homens e mulheres. Isso equivale a cerca de 3,3 casos a cada 100.000 de habitantes ou 0,00003% por ano. A mortalidade é de cerca de 25%, sendo maior em homens. Os melanomas representam apenas 4 a 5% dos casos dos 140 mil casos anuais de câncer de pele. Cânceres de pele são 25% dos cânceres no Brasil. São mais comuns após os 40 anos, em áreas da pele expostas ao sol, em pessoas que se bronzeiam sem filtro solar ou com predisposição genética (histórico familiar).[14]
Em Portugal surgem, anualmente, cerca de 700 novos casos de melanoma maligno, o que equivale a 7 casos por ano a cada 100.000 habitantes.[15] O dobro da incidência no Brasil.
Referências
- ↑ ab c d e f «Melanoma Treatment (PDQ®)–Health Professional Version». National Cancer Institute. U.S. Department of Health and Human Services - National Institutes of Health. 2015. Consultado em 16 de Agosto de 2016
- ↑ ab c d e f International Agency for Research on Cancer (2014). «5.14». World Cancer Report 2014 1ª ed. Genebra: World Health Organization. 512 páginas. ISBN 978-9283204299
- ↑ ab c d e f g «Melanoma». A.C. Camargo Cancer Center. Fundação Antônio Prudente. Consultado em 16 de Agosto de 2016
- ↑ Azoury, Lange 2014, p. 945-962.
- ↑ «SEER Stat Fact Sheets: Melanoma of the Skin». National Cancer Institute. U.S. Department of Health and Human Services - National Institutes of Health. 2015. Consultado em 16 de Agosto de 2016
- ↑ «Types of Melanoma». Skin Cancer Information. Skin Cancer Foundation. Consultado em 17 de Agosto de 2016
- ↑ «Melanoma». Skin Cancer Information. Skin Cancer Foundation. Consultado em 17 de Agosto de 2016
- ↑ Weigert et al, p. 113.
- ↑ Cochran et al 1997.
- ↑ Peris et al 2002, p. 259-262.
- ↑ Pinheiro et al 2010, p. 555-557.
- ↑ Prade et al 1980, p. 159-163.
- ↑ «Melanoma». Instituto Nacional do Câncer. Ministério da Saúde do Brasil. Consultado em 17 de Agosto de 2016
- ↑ «Melanoma». Liga Portuguesa Contra o Cancro. Consultado em 17 de Agosto de 2016[ligação inativa]
Bibliografia
- Azoury, S.C.; Lange, J.R. (outubro de 2014). «Epidemiology, Risk Factors, Prevention, and Early Detection of Melanoma». Surgical Clinics of North America. 94 (5): 945-962. ISSN 0039-6109. Consultado em 16 de agosto de 2016
- Cochran, A.J.; Bailly, C.; Eberhard, P.; Remotti, F. (1997). Melanocytic tumors: a guide to diagnoses. Filadélfia: Lippincott-Raven. ISBN 978-0397516339
- Kanavy, H.E.; Gerstenblith, M.R. (dezembro de 2011). «Ultraviolet Radiation and Melanoma» (PDF). Seminars in Cutaneous Medicine and Surgery. 30 (4). 951 páginas. ISSN 1085-5629. Consultado em 16 de agosto de 2016
- Peris, K.; Ferrari, A.; Argenziano, G.; Soyer, H.P.; Chimenti, S. (1997). «Dermoscopic classification of Spitz/Reed nevi». Clinics in Dermatology. 20 (3): 259-262. ISSN 0738-081X
- Pinheiro, A.M.C.; Amorin, A.G.; Friedman, H.; Pereira, G.A.; Varella, T.C.N. (2010). «Nevo de Spitz: relato de caso e dermatoscopia» (PDF). Anais Brasileiros de Dermatologia. 85 (4): 555-557. ISSN 1806-4841. Consultado em 16 de agosto de 2016
- Prade, M.; Sancho-Garnier, H.; Cesarini, J.P.; Cochran, A. (agosto de 1980). «Difficulties encountered in the application of Clark classification and the Breslow thickness measurement in cutaneous malignant melanoma». International Journal of Cancer. 26 (2): 159-163. ISSN 1097-0215. Consultado em 16 de agosto de 2016
- Weigert, U.; Burgdorf, W.H.C.; Stolz, W. (2013). «Capítulo 6: Methods to differentiate between melanoma and benign melanocytic nevi - Subcapítulo 6c: ABCD rule». In: Marghoob, A.A.; Malvehy, J.; Braun, R.P. An Atlas of Dermoscopy 2ª ed. Boca Raton: Informa Healthcare. pp. 113–117. ISBN 978-1-84184-762-7
Ligações externas
- Sintomas do melanoma em Sintomasdocancer.com
- Causas do melanoma em ProjetoMelanoma.com.br