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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 20 DE JANEIRO DE 2015

Macroscópio – Uma guerra doméstica e alguns temas a não esquecer‏

Macroscópio – Uma guerra doméstica e alguns temas a não esquecer

Observador (newsletters@observador.pt)
 
 
19:05
 
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Para: antoniofonseca40@sapo.pt

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 
 
Falei-vos ontem de um dos temas que domina a agenda europeia esta semana, a decisão a tomar pelo Banco Central Europeu sobre estímulos à economia, e devia falar-vos hoje das próximas eleições na Grécia. São acontecimentos que, mesmo passando-se longe das nossas fronteiras, podem afectar de forma decisiva o nosso futuro a curto e médio prazo. Decidi porém fazer um intervalo para recuperar alguns textos da nossa imprensa dos últimos dias que merecem não passar despercebidos. Referem-se quase todos a temas domésticos, mas alguns bem importantes.
 
Começo por uma polémica: a entre os directores do Correio da Manhã e do Jornal de Notícias, os dois diários mais vendidos em Portugal (o CM vendeu em média 110 mil exemplares, por dia, em 2014, o JN vendeu menos de metade, 52,5 mil). Tudo começou com as notícias, avançadas pelo CM, de que o director do JN, Afonso Camões, teria avisado José Sócrates, quando ainda era pres idente da Lusa, de que este estaria a ser vigiado, e de que teria discutido com o mesmo José Sócrates a sua ida para director do diário portuense. Afonso Camões reagiu com um longo textoque obrigou a PGR a emitir um comunicado. (Sobre um tema aparentado, o das alegadas pressões do mesmo José Sócrates sobre a ERC, a entidade reguladora da comunicação social, vale a pena ler a declaração de voto do seu presidente, Carlos Magno, num caso que envolveu o CM, declaração que o Observadorrelembrou ontem.)
 
Dois textos, escritos pelos próprios, são importantes para compreender os termos da polémica:
  • O editorial do Correio de Manhã, de 16 de Janeiro, Novo atentado contra o Estado de Direito: “Com o seu advogado na liderança de um importante grupo de Comunicação Social, José Sócrates mexia os cordelinhos dos seus fiéis para coartar a liberdade ao Correio da Manhã. O fim era óbvio e já tentado anos antes – Sócrates precisava de matar a imprensa livre para não morrer politicamente.”
  • O texto de Afonso Camões, de 19 de Janeiro, Estado não cumpre e assobia para o lado: “Como eu compreendo o Papa Francisco quando, há poucos dias, disse que se alguém lhe ofendesse a mãe "deveria estar preparado para levar um soco". Por mim, hesito em ir às fuças cobardes de quem me quer ofender, porque resisto à ideia de meter as mãos na enxovia. Até lá, o Senhor lhes perdoe, que eu não posso.”
 
No terreno da opinião, destaque para outros três textos, que sublinham o facto de esta controvérsia não ser apenas a discussão entre os directores de dois jornais concorrentes, antes implicar com todo o regime:
  • O de João Miguel Tavares, no Público, Proença tem de se explicar: “Porque o problema vai muito além de Afonso Camões, que no citado editorial afirmou ter “mais de 40 anos” de amizade com José Sócrates. Eu diria que tão longa amizade o deveria ter desaconselhado de aceitar, em Março de 2009, o cargo de presidente do Conselho de Administração da Agência Lusa – mas isso se calhar sou eu que sou muito puritano. Só que entre o meu excesso de puritanismo e a absoluta mixórdia de interesses há-de existir um ponto de equilíbrio. E é nesse exacto ponto que Proença de Carvalho começa a perder o pé, e que começa a dever-nos uma boa explicação.”
  • O de Rui Ramos aqui no Observador, Um atentado à portuguesa: “O trabalho jornalistas e dos magistrados é fundamental. Mas José Sócrates, o seu governo, a sua influência e a sua reputação começam a justificar mais do que uma série de artigos de jornal ou processos judiciais parcelares: o regime tem de confrontar directamente este fantasma, e um dos meios para o fazer é um inquérito parlamentar, em que todos os que tenham algo a dizer sejam formalmente questionados. O que se passou em Portugal, ou melhor: o que se está a passar em Portugal? Se não tivermos uma resposta, a pergunta ficará respondida da pior maneira.”
  • O de Luís Rosa, director do jornal I, DPC : O novo dono disto tudo?: “Novidade é ter um líder de um grupo de comunicação social [Proença de Carvalho] que ao mesmo tempo é representante de tantos e tão diversos interesses. Isso pode colocar problemas em dois planos. O primeiro é o jornalístico, já que ao mesmo tempo que Proença de Carvalho lidera órgãos sociais da Galp, Cimpor, BESI, Renova ou (futuramente) da Portugal Telecom, os "seus" jornalistas terão de escrutinar essas empresas. O segundo prende-se com a concorrência. Ao mesmo tempo que Proença de Carvalho tem de assegurar a viabilidade financeira da Controlinveste, também tem influência junto de empresas que são dos principais anunciantes na comunicação social. Numa altura em que se fala tanto de liberdade de imprensa, estas duas questões deviam preocupar a ERC pela sim ples razão que é seu dever assegurar "a independência" dos media "face aos poderes político e económico".
 
Deixo agora este assunto para chamar a atenção para outros textos de opinião, estes com temas variados.
  • Sevinate Pinto fez no Público um apelo à defesa dos nossos montados de sobro, E por que não tentarmos salvar os sobreiros?. É um texto que chama a atenção para o que se está a passar no sul do país, onde se regista um “alargamento contínuo das áreas com autênticos mortórios de sobreiros e com povoamentos com crescentes sintomas de declínio”. O apelo do antigo ministro da Agricultura é sentido: &l dquo;Uma vez que já tenho a certeza que pertenço à geração que irá ver desaparecer as palmeiras, perdida que me parece estar a guerra contra o escaravelho vermelho que as devora com uma rapidez impressionante, não gostaria mesmo nada de pertencer à geração que verá desaparecer os sobreiros. Se isso vier a acontecer, as consequências serão bem mais graves do que as resultantes do desaparecimento das palmeiras.
  • Luis Aguiar-Conraria escrevu no blog A destreza das Dúvidas uma pequena nota, Um novo Correia de Campos?, que me chamou a atenção:  Sétima pessoa a morrer nas urgências em apenas um mês. Isto é extraordinário. Nos anos anteriores, ninguém morria nas urgências. O que também era extraordinário. Isto é tudo tão extraordinário que nem sei o que é mais extraordinário. Faz lembrar os últimos tempos de Correia de Campos como Ministro da Saúde. Se bem me lembro, de um momento para o outro, as mulheres começaram a parir em barda nas ambulâncias. (…) O mais fantástico deste fenómeno foi que mal o ministro caiu as mulheres deixaram de ter filhos nas ambulâncias. Uma explicação possível é a queda de natalidade.”
  • Gabriel Mithá-Ribeiro criticou aqui no Observador a forma como o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra realiza certos estudos, Doutores em delinquência: “O centro de investigação de Boaventura de Sousa Santos e de José Manuel Pureza, e de outros, serve-se da ciência, transforma uma universidade pública em barriga de aluguer e utiliza o erário público destinado ao financiamento à investigação para legitimar, sofisticar e exportar a violência social e política. Na impossibilidade de fazer germinar tais barbaridades em Coimbra, empenha-se em exportá-las para Cabo Verde e Guiné-Bissau, como se estas e outras sociedades africanas necessitassem de mais convulsões e violências.”
  • Ricardo Reis, no Dinheiro Vivo, parte em Ética mili tar dos casos BES e PT para refletir sobre a forma como as instituições podem moldar a ética dos seus dirigentes ou de quem por elas passa. Recordando um estudo de dois economistas americanos, nota o seguinte: “Mais interessante à luz dos casos BES e PT é o efeito que o passado militar tem na propensão para a fraude. Os CEOs militares tem 70% menos hipóteses de serem condenados por fraude. O serviço militar tem um efeito enorme nesta medida básica de comportamento ético.” Curioso, não?
  • Helena Matos, de novo aqui no Observador, recordou em As minorias e os 'prakistamos' alguns debates políticos que, na sua opinião, desviaram a atenção dos assuntos mais importantes para a maioria da popul ação: “Se quisermos uma imagem de uma sociedade aprisionada pela agenda de minorias não temos melhor que aquilo que vivemos nos últimos anos: nada do que diz respeito à sociedade no seu todo é discutido. Os políticos evitam dizer como pensam governar. Até se dá como adquirido que não o devem fazer para não afastar potenciais eleitores.”
 
Termino com um tema completamente diferente. O New York Times decidiu aceitar para publicação um texto de Marine Le Pen, decisão que naturalmente suscitou controvérsia. Num tempo em tanto se discute a liberdade de expressão, que decisão tomaria o leitor se fosse o editor do grande jornal de Nova Iorque? Antes de dizer qualquer coisa, tome conhec imento do conteúdo de To Call This Threat by Its Name (aqui em francês). Pequeno extracto:
Without a policy restricting immigration, it becomes difficult, if not impossible, to fight against communalism and the rise of ways of life at odds with laïcité, France’s distinctive form of secularism, and other laws and values of the French Republic. An additional burden is mass unemployment, which is itself exacerbated by immigration.
 
Bom descanso, boas leituras e boa reflexão. Até amanhã.
 
 
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