domingo, 29 de janeiro de 2023

DIA MUNDIAL DO PUZZLE - (QUEBRA CABEÇAS) - 29 DE JANEIRO DE 2023

 

Quebra-cabeça

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Quebra-cabeça (desambiguação).
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Quebra-cabeça[1] é um jogo onde um jogador deve resolver um problema proposto. Nesse tipo de jogo, o raciocínio lógico é bem mais importante que a agilidade e a força física. Os quebra-cabeças são normalmente usados como passatempo. Acredita-se que a história começou quando no século XVIII um cartógrafo colou um mapa a uma tábua de madeira.

Os primeiros quebra-cabeças eram desenhos feitos em tábuas de madeira que depois eram cortados em vários pedaços com uma serra. Atualmente os mais comuns são feitos em algum tipo papel resistente e possuem as mais variadas imagens impressas, sendo as mais comuns paisagens naturais, reproduções de obras de artes famosas e construções típicas de alguma cidade. A imagem é colada no papel e depois é cortada em uma prensa, onde lâminas definem o formato das peças. Além dos quebra-cabeças de papel, atualmente também são comercializados os 3D, os que possuem ilusões óticas e os dupla-face.

O maior quebra-cabeça existente, disponível para comercialização, tem 32 256 peças[2] e mede 5,44 x 1,92 metros, apresentando 32 imagens do artista Keith Haring. É produzido pela Ravensburger, da Alemanha.[3]

História

A "Europa dividida em reinos, etc." de John Spilsbury (1766). Ele criou o quebra-cabeça para fins educacionais e os chamou de "Mapas Dissecados".[4][5]

Acredita-se que o gravador e cartógrafo londrino John Spilsbury tenha produzido o primeiro quebra-cabeça por volta de 1760, usando uma serra de marchetaria.[6] Os primeiros quebra-cabeças, conhecidos como dissecações, foram produzidos montando mapas em folhas de madeira e cortando ao longo das fronteiras nacionais, criando um quebra-cabeça útil para o ensino de geografia.[7] Governanta real Lady Charlotte Finch usou esses "mapas dissecados" para ensinar os filhos do rei Jeorge III e da rainha Charlotte.[8][9]

Quebra-cabeça impresso britânico de 1874.

O nome "quebra-cabeças" veio a ser associado ao quebra-cabeça por volta de 1880, quando as serras mecânicas se tornaram a ferramenta preferida para cortar as formas. Quebra-cabeças de papelão surgiram no final de 1800, mas demoraram a substituir os de madeira porque os fabricantes sentiram que os quebra-cabeças de papelão seriam considerados de baixa qualidade e porque as margens de lucro nos quebra-cabeças de madeira eram maiores.[7]

Peças de quebra-cabeça de madeira, cortadas à mão.

Os quebra-cabeças cresceram em popularidade durante a Grande Depressão nos EUA, pois forneciam uma forma de entretenimento barata, duradoura e reciclável.[7][10] Foi nessa época que os quebra-cabeças evoluíram para se tornar mais complexos e atraentes para os adultos. Eles também foram dados em promoções de produtos e usados ​​em publicidade, com os clientes completando uma imagem do produto promovido.[7][10]

As vendas de quebra-cabeças de madeira caíram após a Segunda Guerra Mundial, à medida que a melhoria dos salários levou a aumentos de preços, enquanto melhorias nos processos de fabricação tornaram os quebra-cabeças de papelão mais atraentes.[10]

De acordo com a Alzheimer Society of Canada, fazer quebra-cabeças é uma das muitas atividades que podem ajudar a manter o cérebro ativo e reduzir o risco da doença de Alzheimer.[11]

A demanda por quebra-cabeças teve um aumento, comparável ao da Grande Depressão, durante os pedidos de estadia em casa da pandemia COVID-19.[12][13]

Alguns quebra-cabeças

De montagem

Nesse tipo de quebra-cabeça, as peças devem ser combinadas de modo a formar uma estrutura pré-determinada. Exemplos:

Regras para Quebra-Cabeças do MSN

Quando jogado por duas pessoas, ou mais pessoas, ganha aquela que consegue completá-lo com o menor uso de peças.

Jovens montando um quebra-cabeça juntos no "Our Community Place" em Harrisonburg, VirginiaEUA.

Tradução

  • enigma
  • quebra cabeça

Baseados em jogos de tabuleiro

Outros

Ver também

Referências

Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Quebra-cabeça
  1.  Dicionário Houaiss verbete "quebra-cabeça".
  2.  «Largest commercial jigsaw puzzle - most pieces»Guinness World Records. Consultado em 21 de junho de 2011
  3.  «32,000 piece jigsaw». Ravensburger. Consultado em 20 de maio de 2012. Arquivado do original em 13 de abril de 2014
  4.  «The Time of the Jigsaws». BBC. 15 de novembro de 2016
  5.  «Top 10 facts about jigsaw puzzles». Daily Express. 15 de novembro de 2016
  6.  McAdam, Daniel. «History of Jigsaw Puzzles». American Jigsaw Puzzle Society. Consultado em 13 de outubro de 2014Cópia arquivada em 19 de outubro de 2000
  7. ↑ Ir para:a b c d «Puzzle History»web.archive.org. 19 de outubro de 2000. Consultado em 12 de julho de 2021
  8.  Historic Royal Palaces press release "Jigsaw cabinet" Arquivado em 2015-06-13 no Wayback Machine
  9.  Museum, Victoria and Albert. «Puzzle Cabinet | Unknown | V&A Explore The Collections»Victoria and Albert Museum: Explore the Collections (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2021
  10. ↑ Ir para:a b c Williams, Anne, D. «Jigsaw Puzzles – A Brief History»www.mgcpuzzles.com. Consultado em 2 de agosto de 2014
  11.  Healthy Brain Arquivado em 2010-12-12 no Wayback Machine Alzheimer Society of Canada Accessed 30 March 2011
  12.  Miller, Hannah (5 de abril de 2020). «Demand for jigsaw puzzles is surging as coronavirus keeps millions of Americans indoors»CNBC. Consultado em 16 de abril de 2020
  13.  Doubek, James (13 de abril de 2020). «With People Stuck at Home, Jigsaw Puzzle Sales Soar»NPR. Consultado em 16 de abril de 2020

BEM-AVENTURANÇAS - IV DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - 29 DE JANEIRO DE 2023

 

Bem-aventuranças

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

As bem-aventuranças são os ensinamentos que, de acordo com o Evangelho segundo MateusJesus pregou no Sermão da Montanha, Mateus 5,1-12, e, que de acordo com o Evangelho segundo Lucas, Lucas 6, 20-49, Jesus pregou no Sermão da Planície, para ensinar e revelar aos homens a verdadeira felicidade. Na verdade trata-se de um gênero literário com mais de 100 exemplos ao longo da Bíblia tanto no Antigo quanto Novo Testamento, com antecedentes em textos de outras culturas, em especial, dos egípcios. Recorre-se a este gênero para expressar uma felicitação a pessoas que pelo seu exemplo de vida estão ligadas de modo especial a Deus.

As bem-aventuranças[1] anunciam também a vinda do Reino de Deus através da palavra e ação de Jesus, que tornam a justiça divina presente no mundo. Elas revelam também o caráter das pessoas que pertencem ao Reino de Deus, exortando as pessoas a seguir este carácter exemplar. Segundo os ensinamentos de Cristo, atingimos na plenitude a nossa felicidade quando vivermos eternamente ao lado de Deus, fonte da vida, de toda a verdade e de toda a felicidade.

Cada bem-aventurança consiste de duas partes: uma condição e um resultado. Em quase todos casos, as frases são familiares ao Velho Testamento, mas o sermão de Jesus as eleva à condição de um novo ensinamento. No conjunto, as bem-aventuranças apresentam um novo conjunto de ideais, com foco no amor e humildade, ecoando ensinamentos de espiritualidade e compaixão.

Resumindo e usando as palavras do Catecismo da Igreja Católica (CIC), as bem-aventuranças nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino de Deus, a visão de Deus, a participação na natureza divina, a vida eterna, a filiação divina, o repouso em Deus (CIC, n. 1726).

Traduções

  • Sociedade Bíblica do Brasil (Mateus 5, 3-10)
    3Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas.
    4Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará.
    5Felizes as pessoas humildes pois receberão o que Deus tem prometido.
    6Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ELE as deixará completamente satisfeitas.
    7Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas.
    8Felizes as pessoas que têm o coração puro, pois elas verão a Deus.
    9Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos.
    10Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas.
  • Bíblia Sagrada - Edição Pastoral (Mateus 5, 3-12)
    3Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
    4Felizes os aflitos, porque serão consolados.
    5Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
    6Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
    7Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
    8Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
    9Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
    10Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
    11Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de Mim.
    12Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês.
  • Bíblia Ave Maria (Mateus 5, 3-12):
    3 Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
    4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
    5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
    6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
    7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
    8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
    9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
    10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
    11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
    12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
  • Traduzida por João Ferreira de Almeida (Mateus 5, 3-12):
    3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
    4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
    5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
    6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
    7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
    8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
    9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
    10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
    11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
    12 Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.

Interpretações

Bíblia de Jerusalém comenta o conjunto dos ditos de felicitações por meio de notas de rodapé e indicações de paralelismos relativas a Mateus 5:3–12 e Lucas 6:20–23, que observam que:

  1. Evangelho de Lucas contém uma relação resumida de bem-aventuranças em: Lucas 6:20–23, e após as bem-aventuranças apresenta uma relação de maldições Lucas 6:24–26;
  2. as bem-aventuranças relatadas em Mateus 5:3–12 contém um programa de vida com promessa de recompensa celeste, enquanto que o conjunto formado pelas bem-aventuranças e maldições relatadas respectivamente em Lucas 6:20–23 e em Lucas 6:24–26 anunciam a mudança de situações entre essa vida e a futura (cf. Lucas 16:25);
  3. em Mateus 5:3–12 os bem-aventurados são referidos na terceira pessoa, enquanto que em Lucas 6:20–23 e em Lucas 6:24–26 os discurso é feitos diretamente, respectivamente, aos bem-aventurados e amaldiçoados, que são referidos na segunda pessoa;
  4. no Antigo Testamento também é possível encontrar:
4.1 ditos de felicitações, tais como: Salmos 1:1–2Salmos 33:12Salmos 127:5–6Provérbios 3:3 e Eclesiástico 31:8;
4.2 associação entre ditos de felicitações e ditos de maldições, tais como: Isaías 65:13–14;
4.3 ditos de maldição, tais como: Isaías 5:8–25 e Habacuque 2:6–18;
5. também foram encontrados ditos de felicitação em trechos dos Manuscritos do Mar Morto;
6. as três primeiras bem-aventuranças (Mateus 5:3–5Lucas 6:20–21+) declaram que as pessoas comumente tidas como infelizes e amaldiçoadas são felizes, pois estão aptas a receber a bênção do Reino;
7. as bem-aventuranças posteriores (Mateus 5:6–12) tem maior foco na atitude moral do homem;
8. há outros ditos de felicitações no Novo Testamento, tais como: Mateus 11:6Mateus 13:16Mateus 16:17Mateus 24:46Lucas 1:45Lucas 11:28Apocalipse 1:3 e Apocalipse 14:13;

A Edição Pastoral da Bíblia, comenta Mateus 1:12[2]:

As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime.

Os que buscam a justiça do Reino são os "pobres em espírito". Sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta rejeita, esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade.

E também comenta Lucas 6:17–26[3]:

O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza.

Bíblia do Peregrino comenta o conjunto dos ditos de felicitações por meio de notas de rodapé a Mateus 5:1–12 e Lucas 6:20–26, que observam que:

  1. as bem-aventuranças são enunciados de valor, e não mandamentos como os "Dez Mandamentos", apresentados em um gênero literário denominado "ashrê" em hebraico, que é frequentemente utilizado no Livro de Salmos e na poesia sapiencial;
  2. tais enunciados:
2.1 revelam uma felicidade humana paradoxal, que vinculam promessas de bens excelentes a exigências extraordinárias;
2.2 como apresentados em Mateus 5:1–12, insistem mais em atitudes do que em situações;
2.3 pretendem mais o alcance do que a precisão;
2.4 indicam que a felicidade não está no exercício das bem-aventuranças, mas nas suas consequências, por outro lado não se exclui que as consequências positivas já sejam percebidas no exercício das bem-aventuranças;
3. a proclamação programática encontrada em Lucas 6:20–26 distingue-se daquela encontrada em Mateus 5:1–12, pois no Evangelho de Lucas pode-se encontrar duas estrofes paralelas e antitéticas[4], sendo que cada estrofe articula-se em três peças concisas e uma desenvolvida;
3.1 pelo conteúdo, as três peças contidas em cada estrofe, equivalem a variações ou mostram aspectos da mesma realidade;
4. nas bem-aventuranças descritas em Lucas 6:20–23:
4.1 não há atitudes positivas (como beneficência ou trabalho pela paz);
4.2 a pobreza não é qualificada pela interioridade, razão pela qual, pode-se sustentar que a versão apresentada por Lucas esteja mais próxima das palavras originalmente proferidas por Jesus;
4.3 emprega-se um gênero literário frequente no Livro de Salmos e nos demais livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento conhecido como macarismo ou "shry" em hebraico;
5. em Lucas 6:20–26 pode-se encontrar uma relevação escatológica que abre caminho pelo paradoxo (não fruto de uma árvore proibida), trata-se de um anúncio que confronta e divide a humanidade, que introduz e difunde o reinado de Deus na história humana;

Tradução Ecumênica da Bíblia comenta o conjunto dos ditos de felicitações por meio de notas de rodapé a Mateus 5:1–3 e a Lucas 6:20, que observam que:

1. as bem-aventuranças:
1.1 servem de introdução ao Sermão da Montanha;
1.2 na perspectiva apresentada por Mateus:
1.2.1 apresentam grupos de pessoas que se encontram em situação mais propícia para receber o Reino de Deus;
1.2.2 parecem visar a atitudes que constituem a justiça;
1.2.3 teriam a função de exortação mais acentuada;
    1.3 na perspectiva apresentada por Lucas:
    1.3.1 são parte de um discurso dirigido principalmente aos discípulos, para definir a conduta de um discípulo perfeito;
    1.3.2 parecem visar as situações concretas;
    1.3.3 teriam a uma maior caráter social (tema dos pobres);
    1.3.4 são seguidas por quatro antíteses que proclamam a infelicidade dos "felizes" deste mundo[5];
    1.3.5 têm como ideia geral prometer a salvação aos que na época eram pobres e aflitos, ou seja, o Reino de Deus é apresentado como uma inversão das situações presentes, tal perspectiva encontra sintonia com outros trechos do Evangelho de Lucas, tais como: Lucas 1:51–53 e Lucas 16:19–26;
    1.4 visam sempre a uma alegria concebida por Deus e são fórmulas clássicas da tradição judaica para:
    1.4.1 exprimir o anúncio profético de uma alegria futura, como em: Isaías 30:18Isaías 32:20 ou Daniel 12:12;
    1.4.2 expressar ação de graças por uma alegria presente, como em: Salmos 32:1–2Salmos 33:12Salmos 84:5–6 ou Salmos 84:13;
    1.4.3 fazer exortações com a promessa de recompensas, como em: Provérbios 3:13Provérbios 8:32–34Eclesiástico 14:1–2Eclesiástico 14:20–21Eclesiástico 25:8–11Salmos 1:1Salmos 1:1Salmos 2:12b ou Salmos 34:9b;
    1.5 podem ser dividas em dois grupos:
    1.5.1 em Mateus 5:3–9, as bem-aventuranças giram em torno da pobreza e do comportamento do homem;
    1.5.2 em Mateus 5:10–12, as bem-aventuranças se referem à perseguição[6];
    2. existem outros ditos de felicitação relatados nos Evangelhos Canônicos, tais como: Mateus 13:16Mateus 16:17Mateus 11:6Lucas 11:28Lucas 12:37–38Lucas 12:43Lucas 14:14João 13:17João 20:29 e Lucas 6:20–23.

    Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus

    Bíblia de Jerusalém faz um comentário específico sobre a felicitação aos pobres por meio de um nota de rodapé a Mateus 5:3, no qual observa que:

    1. em Mateus 5:3, diferentemente do que ocorre em Lucas 6:20 a felicitação é restrita aos pobres "no espírito", o que evidencia que a palavra "pobres" é empregada com o matiz moral, de forma semelhante ao modo como foi empregada em Sofonias 2:3+;
    2. despojados e oprimidos, os "pobres" ou os "humildes" estão disponíveis para o Reino dos Céus;
    3. destaca outras passagens no Novo Testamento onde há referências aos "pobres": Lucas 4:18Lucas 7:22 = Mateus 11:5Lucas 14:13 e Tiago 2:5;
    4. a "pobreza" sugere a mesma ideia que:
    4.1 a "infância espiritual" seria necessária para entrar no Reino dos Céus (Mateus 18:1–5=Marcos 9:33–37Lucas 9:46–48Mateus 19:13–14 e Mateus 11:25);
    4.2 o mistério foi revelado aos pequeninos (népioi) (Lucas 12:32 e I Coríntios 1:26–28);
    5. o termo "pobres" (ptochói), também pode corresponder:
    5.1 aos humildes (tapeinói): Lucas 1:48Lucas 1:52Lucas 14:11Lucas 18:14Mateus 23:12 e Mateus 18:4;
    5.2 aos últimos que prevalecem sobre os primeiros: Marcos 9:35;
    5.3 aos pequenos que prevalecem sobre os grandes: Lucas 9:48Mateus 19:30Mateus 20:26 e Lucas 17:10;
    6. embora a fórmula empregada em Mateus 5:3 enfatize o espírito de pobreza, tanto no rico quanto no pobre, Jesus exige a pobreza efetiva dos seus discípulos: Mateus 6:19–21Lucas 12:33–34Mateus 6:25–34Mateus 4:18–22Mateus 4:18–22Lucas 5:1–11Mateus 4:18–22Marcos 10:28Atos 2:44–46 e Atos 4:32–37;
    7. o próprio Jesus dá o exemplo:
    7.1 de pobrezaLucas 2:7 e Mateus 8:20; e
    7.2 de humildadeMateus 11:29Mateus 20:28Mateus 21:5João 13:12–15II Coríntios 2:9 e Filipenses 2:7–8;
    8. Jesus se identifica com os pequeninos e infelizes: Mateus 25:45 e Mateus 18:5.

    Bíblia do Peregrino traduz o Versículo 3 do Capítulo 5 do Evangelho de Mateus, por meio da seguinte expressão: "Felizes os pobres de coração, porque o reinado de Deus lhes pertence", versículo que é objeto de comentário específico em uma Nota de Rodapé que diz que:

    1. o tema dos "pobres" é recorrente no Antigo Testamento e o sentido do termo pode ser melhor compreendido a partir da leitura de: I Samuel 3:8Salmos 72:4 e Salmos 72:13 em chave messiânica;
    2. é difícil determinar o sentido da cláusula restritiva "toi pnêumati", que não está presente em Lucas 6:20, mas pode-se sustentar que a presença de tal cláusula indicaria que Jesus se referiria aos que reconhecem sua pobreza perante Deus ou aos que aceitariam a pobreza e renunciariam à cobiça, razão pela qual se deveria aceitar a ambiguidade da expressão e supor que o reinado de Deus favorece a ambos tipos de pobres.

    Os Versículos 20 e 21 do Capítulo 6 do Evangelho de Lucas, que contém, respectivamente, as expressões: "Felizes os pobres, porque o reinado de Deus lhes pertence" e "Felizes agora os que agora passais fome, porque vos saciarei", também são objeto de comentários na Bíblia do Peregrino, por meio de notas de rodapé que dizem que:

    1. a mensagem se dirige a qualquer classe de necessitados, indigentes, desvalidos, oprimidos. etc.;
    2. no Antigo Testamento há passagens que mostram preocupação com os pobres, tais como: Isaías 29:19Isaías 57:15Isaías 61:1 e Salmos 72:, que permitem concluir que "o reinado de Deus vem para libertá-los e mudar sua sorte, já na história, embora sem concluir a consumação";
    3. Antigo Testamento utiliza o termo "ebyôn" para se referir aos pobres em diversas passagens do Pentateuco, dos livros proféticos e dos livros sapienciais, como por exemplo em: Deuteronômio 15:1–11Isaías 29:19 e Salmos 74:21;
    4. o famintos a que se refere o Versículo 21 são uma categoria mais restrita, que são referidos em diversas passagens do Antigo Testamento, tais como: Isaías 58:7Salmos 107:9 e Joel 2:26.

    Tradução Ecumênica da Bíblia traduz o Versículo 3 do Capítulo 5 do Evangelho de Mateus, por meio da seguinte expressão: "Felizes os pobres de coração; deles é o Reino dos céus", versículo que é objeto de comentário específico em uma Nota de Rodapé que diz que:

    1. uma tradução literal do grupo de pessoas ao qual se dirige essa felicitação poderia ser informada pelas expressões: "pobres pelo espírito" ou "em espírito", mas não se trata de referência ao Espírito Santo, nem à inteligência, mas a uma característica humana que pode ser melhor descrita pelo termo "coração", termo que é empregado no Versículo 8 ("Felizes os de coração puro"), e que representa o centro e a totalidade das pessoas[7];
    2. esses pobres pertencem a grande família daqueles que, diante das provações materiais e espirituais, se acostumaram a contar somente com o socorro de Deus[8];
    3. juntamente com os milagres, a evangelização dos pobres é o sinal dado por Jesus para que os emissários de João Batista pudessem reconhecer o Messias[9].

    Os Versículos 20 e 21 do Capítulo 6 do Evangelho de Lucas, que contém, respectivamente, as expressões: "Felizes, vós, os pobres, o Reino de Deus é vosso" e "Felizes, vós que agora tendes fome: sereis saciados", também são objeto de comentários na Tradução Ecumênica da Bíblia, por meio de notas de rodapé que dizem que:

    1. a felicitação é feita aos pobres de bens deste mundo, diferentemente do que ocorre em Mateus 5:3, onde a felicitação é feita aos que têm "coração de pobre";
    2. Jesus manifestou a predileção pelos pobres e assemelhados (pequenos/humildes) em outras passagens descritas dos Evangelhos Canônicos, tais como: Marcos 10:21Marcos 12:41–44Lucas 14:13–21Lucas 16:19–26Lucas 19:8Lucas 4:18Lucas 7:22Lucas 10:21Lucas 14:11 e {{citar bíblia|Lucas|18|14}, e, pelas próprias condições nas quais nasceu;
    3. essa preferência manifestada em favor dos pobres e pequenos é a marca da liberalidade soberana de Deus, trata-se de um convite para esperar tudo da Graça de Deus e da compaixão pelos infelizes deste mundo;
    4. a promessa de "saciar os que tem fome" tem precedentes no Antigo Testamento, tais como: Isaías 49:10Jeremias 31:12Jeremias 31:25Ezequiel 34:29Ezequiel 36:29 e Isaías 25:6–9.

    Felizes os mansos porque herdarão a terra

    Bíblia de Jerusalém que diferentemente da maior parte das traduções da Bíblia, apresenta essa felicitação no Versículo 4 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus[10] faz um comentário específico sobre a felicitação dirigida aos mansos por meio de uma nota de rodapé ao referido Versículo, no qual observa que:

    1. trata-se de uma felicitação dirigida aos mansos ou aos humildes;
    2. a felicitação aos mansos pode ser interpretada como um reforço à felicitação dirigida aos "pobres no espírito", o que reduziria o número de bem-aventuranças relatadas no Evangelho segundo Mateus a sete.

    Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos mansos no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da seguinte expressão: "Felizes os despossuídos, porque herdarão a terra", e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que trata-se de uma citação presente no Versículo 11 do Salmo 37 (Salmos 37:11), que é um Salmo dedicado aos injustamente despossuídos, e que deve ser rezado no contexto da busca pela partilha ideal da terra e contra a apropriação injusta, razão pela qual não se deveria fazer uma interpretação espiritualizada.

    Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a felicitação aos mansos no Versículo 4 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da seguinte expressão: "Felizes os mansos, seu quinhão será a terra", e indica como passagem correlacionada o Versículo 11 do Salmo 37 (Salmos 37:11) e comenta essa felicitação por meio de notas de rodapé, que observam que:

    1. a mansidão:
    1.1 pode decorrer da dura necessidade da condição social e religiosa;
    1.2 é uma das características de Jesus (Mateus 11:29 e Mateus 21:5);
    1.3 é uma característica exaltada em outras passagens do Novo Testamento, tais como: II Coríntios 10:1Gálatas 5:23Tito 3:2 e I Pedro 3:16;
    2. o conceito de Terra seria equivalente ao de Reino dos Céus.

    Felizes os aflitos porque serão consolados

    Bíblia de Jerusalém, que diferentemente da maior parte das traduções da Bíblia, apresenta essa felicitação no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus[11], indica como passagens correlacionadas a essa felicitação: Salmos 126:5–6Isaías 61:2–3Isaías 40:1Tobias 14:16 e Eclesiástico 48:24.

    Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos aflitos no Versículo 4 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da seguinte expressão: "Felizes os afligidos, porque serão consolados", e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que:

    1. a referência aos afligidos é frequente no Livro dos Salmos, mas também está presente em outros livros do Antigo Testamento, como, por exemplo, em: Êxodo 3:17Isaías 40:1Isaías 44:10Isaías 61:1–3[12];
    2. são frequentes no Antigo Testamento as referências feitas aos pobres, afligidos, oprimidos e marginalizados[13], razão pela qual, as três primeiras bem-aventuranças poderiam ser compreendidas em conjunto.

    Por outro lado, a Bíblia do Peregrino traduz a parte final do Versículo 21 do Capítulo 6 do Evangelho segundo Lucas por meio da seguinte expressão: "Felizes os que agora chorais, porque rireis.", trecho que é objeto de uma nota de rodapé, que destaca os seguintes precedentes no Antigo TestamentoIsaías 25:8Isaías 30:19Salmos 56:9 e Salmos 125:5–6.

    Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a felicitação aos aflitos no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus por meio da seguinte expressão: "Felizes os que choram, porque serão consolados", e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que: a tradução literal da expressão "os que choram" corresponderia a "os que estão de luto", portanto, não se trata de referência aos melancólicos, nem às vítimas da opressão social que, em virtude da lei da compensação, terão na outra vida uma contrapartida, recebendo o Messias, e sim de felicitação dirigida aos que ainda esperam a Consolação definitiva, tal como Simeão, que é citado em Lucas 2:25, ou seja, aos que esperam a única consolação que libertará os homens de sua aflição, a que se referiu Isaías em Isaías 61:2. Por outro lado, a Tradução Ecumênica da Bíblia traduz a parte final do Versículo 21 do Capítulo 6 do Evangelho segundo Lucas por meio da seguinte expressão: "Felizes, vós que agora chorais: haveis de rir.", trecho que é objeto de uma nota de rodapé, que observa que:

    1. trata-se de fórmula que combina choros e risos, portanto mais concretas e provavelmente mais primitiva do que aquela empregada no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus;
    2. trata-se de felicitação dirigida aos infelizes e aos felizes deste mundo, pois todo o resto do Evangelho mostra que não basta ser factualmente infeliz ou feliz para obter a felicidade ou a infelicidade, mas que importa compreender e acolher sua situação à luz da salvação.

    Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados

    Bíblia de Jerusalém indica como passagens correlacionadas a essa felicitação: Isaías 51:1–2Amós 8:11–12Provérbios 9:4–6Eclesiástico 24:18Salmos 37:18–19Salmos 107:4–11Lucas 1:53 e João 6:35.

    Bíblia do Peregrino faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que:

    1. fome e sede são empregados no sentido metafórico para designar um desejo intenso, inclusive por Deus, como por exemplo em Salmos 42:2 e Salmos 63:2;
    2. o objeto do desejo desses bem-aventurados é a justiça, nesse contexto tomada em seu sentido mais amplo, considerando-se especialmente o dito em Mateus 5:20Mateus 6:1 e Mateus 6:33, trata-se da justiça que corresponde ao reinado de Deus;
    3. destaca a correlação com o Versículo 28 do Capítulo 4 do Eclesiástico, que exorta para que: se lute pela justiça até a morte;

    Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a felicitação aos que têm fome e sede de justiça por meio da seguinte expressão: "Felizes os que têm fome e sede de justiça: eles serão saciados", e, além de destacar a correlação dessa felicitação com Salmos 42:3 faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que não se trata de referência à justiça do Juízo Final, nem de referência à justiça social, mas de referência feita à justiça da prática, ou seja, a justiça a ser vivenciada na vida cristã, que é fonte de justiça entre os homens, melhor compreendida por meio:

    1. dos comentários feitos a Mateus 5:20, que esclarecem que esta justiça é a fidelidade dos discípulos à lei de Deus, a partir da interpretação que Jesus dá a essa Lei (cf. Mateus 7:29);
    2. da leitura de Mateus 3:15Mateus 5:10Mateus 6:1Mateus 6:33 e Mateus 21:32.

    Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia

    Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos misericordiosos por meio da seguinte expressão: "Felizes os misericordiosos, porque os tratarão com misericórdia", e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que:

    1. misericórdia (= piedade) é um dos atributos máximos de Deus (cf. Êxodo 34:6–8), que também é recomendada ao homem (cf. Provérbios 14:21);
    2. trata-se de felicitação que tem um precedente em: Salmos 41:2;
    3. a misericórdia agrada à Deus (cf. Provérbios 14:31 e Provérbios 19:17).

    Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a felicitação aos misericordiosos por meio da seguinte expressão: "Felizes os misericordiosos, eles alcançarão misericórdia", e destaca a inter-relação dessa passagem com: Mateus 18:21–35 e Tiago 2:13.

    Felizes os puros de coração, porque verão a Deus

    Bíblia de Jerusalém destaca a inter-relação dessa felicitação com as seguintes passagens da BíbliaGênesis 20:5–6Salmos 24:3–4Salmos 11:7Provérbios 22:11Êxodo 33:20–23 e Hebreus 12:14.

    Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos puros de coração por meio da seguinte expressão: "Felizes os limpos de coração, porque verão a Deus", e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que:

    1. trata-se de felicitação dirigida àqueles que são sinceros com Deus e com os homens (cf. Salmos 24:4 e Provérbios 22:11);
    2. trata-se de pureza interior, distinta da pureza somente externa ou ritualista (cf. Mateus 23:25–28);
    3. há precedentes no Antigo Testamento que falam da esperança de "Ver a Deus", tais como: Salmos 11:7Salmos 17:15 e Salmos 63:3;
    4. por outro lado, segundo Êxodo 33:20Deus negou a Moisés o pleito para ver seu rosto e disse que ninguém poderia vê-lo e continuar com vida.

    Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a felicitação aos puros de coração por meio da seguinte expressão: "Felizes os corações puros; eles verão a Deus", além de destacar a inter-relação dessa felicitação com Salmos 51:12, faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que:

    1. em tradução literal, trata-se de felicitação dirigida aos "puros quanto ao coração";
    2. trata-se de pureza do coração que é o cerne da pessoa;
    3. não se trata de uma perfeição moral, mas de uma retidão pessoal a qual os Evangelhos Canônicos também se referem por meio do termo simplicidade;
    4. essa felicitação inter-relaciona-se especialmente com Mateus 6:22[14] e Mateus 15:11[15];
    5. na Bíblia a palavra "coração" designa a sede de toda a vida íntima do homem: seu pensamento, sua memória, seus sentimentos, suas decisões (cf. Lucas 2:19Lucas 2:35Lucas 2:51 e sobretudo Lucas 21:14[16].

    Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados Filhos de Deus

    Bíblia de Jerusalém destaca a inter-relação dessa felicitação com: Provérbios 12:20.

    Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos que promovem a paz por meio da seguinte expressão: "Felizes os que procuram a paz, porque se chamarão filhos de Deus", e faz um comentário específico sobre essa felicitação por meio de uma nota de rodapé, que observa que:

    1. paz era exaltada no Antigo Testamento (cf. Isaías 2:4Provérbios 12:20 e Eclesiástico 25:25–6);
    2. a expressão Filhos de Deus foi empregada no Antigo Testamento em passagens como: Deuteronômio 14:1 e Oseias 2:1;
    3. para a tradição cristã, "Príncipe da Paz", é um dos títulos dados pelo Profeta Isaías a Jesus em Isaías 9:5.

    Tradução Ecumênica da Bíblia apresenta a felicitação aos que promovem a paz por meio da seguinte expressão: "Felizes os que que agem em prol da paz; eles serão chamados filhos de Deus", e destaca a inter-relação dessa felicitação com I Reis 5:15–32Lucas 1:79Hebreus 12:14Tiago 3:18 e I Pedro 3:14.

    Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus

    Essa última felicitação, inscrita no Versículo 10 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus deve ser compreendida em conjunto com os dois versículos seguintes[17], que são apresentados na Bíblia de Jerusalém por meio da seguinte tradução:

    11 Felizes sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. 12 Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram aos profetas, que vieram antes de vós.

    Bíblia de Jerusalém destaca a inter-relação dessa felicitação com: Zacarias 8:16–17I Pedro 3:14Isaías 51:7Atos 5:41Filipenses 1:29Colossenses 1:24Hebreus 10:32–35Tiago 1:2Eclesiástico 2:8 e Mateus 23:34; e a comenta por meio de uma nota de rodapé que observa que os discípulos de Jesus são os sucessores dos profetas do Antigo Testamento (cf. Mateus 10:41Mateus 13:17 e Mateus 23:34).

    Bíblia do Peregrino apresenta a felicitação aos perseguidos por causa da justiça por meio da seguinte expressão: "Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque o reinado de Deus lhes pertence", e faz um comentários específicos sobre essa felicitação por meio de notas de rodapé[18], que:

    1. destacam a existência de outras passagens que falam sobre perseguições contra os discípulos, os profetas e/ou aos justos na Bíblia, tais como Mateus 10:23Mateus 23:34Lucas 11:47I Pedro 4:4I Pedro 4:12–19Sabedoria 2:11–20I Reis 19:1–13II Crônicas 36:16 e Amós 7:10–13;
    2. observam que nos Versículos 11 e 12[19] do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus o destinatário do discurso é "segunda pessoa" (vós);
    3. destacam a importância da cláusula "por minha causa" que poderia ser melhor compreendia pela leitura de Salmos 44:23 e Salmos 74:22.

    Tradução Ecumênica da Bíblia destaca a inter-relação da mensagem veiculada pelos Versículos 10 a 12 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus com Mateus 10:22I Pedro 4:14II Crônicas 36:16Atos 7:52Hebreus 11:32–38 e Tiago 5:10; e comenta a mensagem por meio de notas de rodapé[20] que observam que:

    1. os Versículos 11 e 12 complementam a Felicitação aos perseguidos em geral, veiculada pelo Versículo 10, e, aplicam tal Felicitação especialmente aos discípulos, que são os continuadores dos profetas (cf. Mateus 10:41 e Mateus 13:17);
    2. o judaísmo da época já associava as perseguições iniciadas por Antíoco IV Epifânio, em 167 AC, às perseguições sofridas pelos profetas do Antigo Testamento (cf. II Macabeus 6:-II Macabeus 7:);
    3. Jesus mencionou outras vezes o martírio dos profetas (ex: Lucas 11:47–51 e Lucas 13:33–34).

    As mal-aventuranças

    No Evangelho segundo Lucas, as bem-aventuranças Lucas 6:20–23, são seguidas de mal-aventuranças (Lucas 6:24–26).

    Bíblia de Jerusalém destaca o paralelismo dessas mal-aventuranças com: Isaías 5:8–25 e Habacuque 2:6–19.

    Bíblia do Peregrino sustenta ou observa que:

    1. nessas mal-aventuranças emprega-se um gênero literário fúnebre frequente nos livros proféticos do Antigo Testamento, caracterizados pelo emprego da expressão "Ai de!" ("hoy" em hebraico) no início das frases, como se observa em: Isaías 5:8–23Hababuque 3:6–19 e Eclesiástico 2:12–14;
    2. a correlação entre injustiça e o luxo encontra paralelos em: Ezequiel 16:49Amós 6:1–49 e Tiago 5:1;
    3. o consolo do aguardado Reinado de Deus que já era anunciado por Isaías (cf. Isaías 40:1Isaías 49:13 e Isaías 51:12) é superior ao consolo humano (cf. Jó 21:34);
    4. os falsos profetas, a que se refere o Versículo 26, também são objeto de referências em: Miqueias 2:6–11Miqueias 3:5–12Jeremias 23:Ezequiel 13: e I Reis 22:.

    Tradução Ecumênica da Bíblia comenta esse conjunto dos ditos de infelicitações, destacando seu paralelismo com: Isaías 65:13–14 e por meio de nota de rodapé que observa que:

    1. são quatro declarações estritamente paralelas à bem-aventuranças descritas em Lucas 6:20–23;
    2. são úteis para, além das promessas, destacar as exigências;
    3. não são maldições (no estilo do Antigo Testamento: "Ai de vós!"), nem condenações irrevogáveis, mas queixumes ("Infelizes sois vós!"), ou seja, ameaças feitas como apelos à conversão (cf. Lucas 10:13Lucas 11:42–52Lucas 17:1Lucas 21:23 e Lucas 22:22.

    Ver também

    Referências

    1.  As bem-aventuranças e o ministério de Jesus Cristo, acesso em 02 de fevereiro de 2016.
    2.  EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 5, acesso em 10 de maio de 2013.
    3.  EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS 6, acesso em 30 de maio de 2013.
    4.  Na sequência do comentário é indicado um precedente de prescrições antitéticas encontrada em Deuteronômio 27:15–26, lista de atitudes malditas que é seguida de uma lista de bênçãosDeuteronômio 28:1–13, seguida de um lista de maldiçõesDeuteronômio 28:15–68.
    5.  O fato da perspectiva apresentada por Mateus não trazer essas ameaças (antíteses), faz com que alguns suponham que é um acréscimo feito Lucas. Também cabe observar a existência de antíteses semelhantes em trechos do Antigo Testamento, como em: Tobias 13:14–18Provérbios 28:14Eclesiastes 10:16–17Isaías 3:10–11 e Jeremias 17:5–8.
    6.  Tal distinção sugere que tais ditos podem ter ocorrido, originalmente, em circunstâncias diferentes.
    7.  Nesse contexto, cita o Versículo 19 do Salmo 34: ("O Senhor está próximo dos corações quebrantados e salva os espíritos abatidos").
    8.  Nesse contexto, cita o Versículo 18 do Salmo 40: ("Sou pobre e miserável, o Senhor pensa em mim...").
    9.  O comentarista esclarece que se refere a Mateus 11:4–6.
    10.  Cabe observar que na maior parte das traduções a felicitação feita aos mansos (ou humildes) é apresentada no Versículo 5 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus.
    11.  Cabe observar que na maior parte das traduções a felicitação feita aos aflitos é apresentada no Versículo 4 do Capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus.
    12.  As passagens do Isaías tem como objeto a época da libertação do Cativeiro na Babilônia.
    13.  Também é salientado que os últimos três termos têm semelhanças fonéticas em hebraico.
    14.  Trata-se de versículo que deve ser compreendido em conjunto com o versículo seguinte, e esses dois versículos são traduzidos na Tradução Ecumênica da Bíblia por meio da seguinte expressão: "22 A lâmpada do corpo é o olho. Se pois seu olho está são, teu corpo inteiro estará na luz. 23 Mas se teu olho está doente, teu corpo inteiro estará nas trevas. Se pois a luz que há em ti é trevas, que trevas!", que são objeto de nota de rodapé que esclarece que:
      1. a tradução literal do termo "são" seria dada pela palavra "simples";
      2. a tradução literal do termo "doente" seria dada pela palavra "mau";
      3. trata-se do reconhecimento da integridade do homem, cujo olhar se fixa unicamente em Deus e na sua lei;
      4. trata-se de referência à simplicidade bíblica, que é objeto de outras passagens da Bíblia, tais como: Romanos 12:8II Coríntios 9:11–13II Coríntios 11:3Efésios 6:5Colossenses 3:22 e Tiago 1:5.
    15.  Trata-se de versículo que é traduzido na Tradução Ecumênica da Bíblia por meio da seguinte expressão: "Não é o que entra na boca que torna o homem impuro; mas o que sai da boca, eis o que torna o homem impuro.", que é objeto de indicação de inter-relação com Mateus 12:34 e de nota de rodapé que esclarece que:
      1. a tradução literal de "que torna o homem impuro" seria "que mácula o homem";
      2. trata-se de frase proferida em uma contenda com os fariseus sobre a questão das tradições;
      3. as tradições defendidas pelos fariseus tinham como principal sustentáculo os Capítulos 11 a 16 do Levítico;
      4. a ideia é aprofundada em Mateus 15:18–20, onde Jesus esclarece que o que mácula o homem é o que ofende ao próximo, ou seja, a pureza se manifesta na relação com os outros.
    16.  Trata-se de versículo que é traduzido na Tradução Ecumênica da Bíblia por meio da seguinte expressão: "Ponde em vossa mente que não tendes que preparar vossa defesa.", que é objeto de nota de rodapé que esclarece que: a tradução literal para o termo "mente", seria "coração".
    17.  Que, segundo a Bíblia de Jerusalém, correspondem aos Versículos 22 e 23 do Capítulo 6 do Evangelho segundo Lucas, que teriam a seguinte tradução:
      22 Felizes sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. 23 Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque no céu será grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais tratavam os profetas.
    18.  Aqui estão reunidos também os comentários feitos aos Versículos 22 e 23 do Evangelho segundo Lucas que teriam a seguinte tradução:
      22 Felizes quando os homens vos odiarem, vos desterrarem, vos insultarem, e denegrirem vosso nome por causa deste Homem. 23 Saltai então de alegria, porque vosso prêmio no céu é abundante (ou "porque Deus vos recompensará com abundância"). Assim vossos pais tratavam os profetas.
    19.  Bíblia do Peregrino apresenta a seguintes tradução para os referidos Versículo 11 e 12:
      11 Felizes vós quando vos injuriarem e vos perseguirem e vos caluniarem de tudo por minha causa. 12 Ficai contentes e alegres, pois vosso prêmio no céu é abundante (ou porque Deus vos premiará com abundância). Da mesma forma perseguiram aos profetas, que vos precederam.
    20.  Aqui também estão reunidas as observações veiculadas pela nota de rodapé do Versículo 23 do Capítulo 6 do Evangelho segundo Lucas
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