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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

EXPRESSO - 8 DE AGOSTO DE 2016




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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Filipe Santos Costa
Por Filipe Santos Costa
Jornalista da secção Política
 
8 de Agosto de 2016
 
Os campeões voltaram
 
Bom dia!

Enquanto para muitos mortais esta é a altura do ano em que o calendário manda por os pés de molho à beira-mar e não pensar em mais nada (espero que seja o seu caso), para outros é o momento de mostrar o que valem e, sobretudo, se têm estofo de campeões.

Para os benfiquistas há boas notícias. O Benfica começou a nova época como acabou a anterior: a apostar em jogadores jovens, a dar espetáculo, a marcar golos e a levantar a taça. Ontem, Benfica e Braga foram tirar o pó ao Estádio de Aveiro e a equipa de Rui Vitória venceu por 3-0, apesar do esforço e do talento de Rafa, que levou os bracarenses às costas e justificou a cobiça que lhe tem sido dedicada pelos clubes grandes. Franco Cervi não se podia ter estreado melhor, marcando o primeiro golo da época para os encarnados, seguiram-se golos de Jonas e um golaço de Pizzi de se lhe tirar o chapéu e os benfiquistas conquistaram pela sexta vez a Supertaça. Depois da pausa das férias, voltou a ouvir-se o cântico "O campeão voltou".

O "special one" também. O Mancheter United de José Mourinho conquistou o primeiro troféu da época, a Community Shield (a.k.a. Supertaça inglesa) que opôs os "red devils" ao campeão inglês Leicester City. Os de Manchester venceram por 2-1, com Ibrahimovic a marcar o golo da vitória. Foi o suficiente para o Telegraph escrever sobre Mourinho e Zlatan: "The egos have landed; one game in and one trophy up". Tome nota: "Jose [sem acento] is back and you had better believe it".

Outro regresso: o de um português ao degrau mais alto do pódio da Volta a Portugal em bicicleta. Nos últimos quatro anos a vitória foi sempre espanhola, mas ontem Rui Vinhas quebrou o enguiço e celebrou o ouro.

E fecho este especial campeões com os deuses-do-Olimpo-colheita-2016. Os Jogos Olímpicos arrancaram apesar das polémicas, apesar dos atrasos, apesar dos incidentes, apesar das preocupações de segurança, apesar dos pesares e “apesar de você” (o Chico voltou a cantar essa canção de protesto, num evento paralelo, agora contra o homem que foi vaiado no Maracanã). A cerimónia de abertura homenageou o “Brasil brasileiro/ Terra de samba e de pandeiro”, o hino brasileiro sambou com Paulinho da Viola (salve, mestre!), teve Gisele, teve Guga, teve Caetano e Gil e teve a seleção dos refugiados.

Passada a festa, já há campeões, medalhas e recordes, mas ainda não chegou a hora de se fazer ouvir A Portuguesa. O Nuno Delgado, que percebe disso de medalhas olímpicas, deu uma entrevista ao Expresso e aposta que ganhamos seis, uma delas para a Telma Monteiro, que entra em ação esta tarde. Noutra entrevista, o João Rodrigues, que foi o porta-bandeira português, arrisca dizer que ficará para a história como o "tipo que vai aos jogos e não ganha medalhas" - para além, claro, de já ser o mais olímpico de todos os desportistas portugueses de sempre.

Para já há boas notícias: José Carvalho apurou-se para as meias-finais de C1, em canoagem slalon, os tenistas Gastão Elias e João Sousa passaram, cada um, à segunda ronda e, juntos, também passaram à segunda ronda, numa inesperada entrada na competição de pares. No ténis de mesa, Marcos Freitas já garantiu o seu lugar na história: passou aos oitavos de final e ficará entre os 16 melhores do torneio, mas garante que não fica por aqui. Na ginástica, Filipa Martins terminou o all around em 37º lugar - foi o melhor resultado de sempre para um atleta português na modalidade.

E há, claro, aquela equipa de futebol: a seleção portuguesa, os 18 jogadores possíveis depois de 57 telefonemas do selecionador nacional. E não é que os rapazes jogam que se fartam, indiferentes ao facto de serem primeira, segunda ou terceira escolha? Ontem, sofreram um golo aos 30 segundos de jogo, mas deram a volta e venceram as Honduras por 2-1. Estão nos quartos de final. E, a vê-los jogar, arriscamos dizer que cheira a medalha (à atenção dos fazedores de condecorações no Palácio de Belém).

Pode acompanhar tudo na área do site do Expresso dedicado aos Jogos Olímpicos. Para além das atualizações constantes, a Margarida Mota propõe-lhe uma fascinante viagem ao passado: a história, em fascículos, de todas as edições dos Jogos Olímpicos modernos, desde a primeira, em Atenas, em 1896, até à mais recente, em Londres, há quatro anos, inserindo-as no contexto político e social da época. Nos quatro episódios já publicados no site do Expresso, há de tudo, desde a improvável concretização do sonho bizarro de Pierre de Coubertin, que meteu na cabeça que havia de ressuscitar Olímpia no final do século XIX, à vergonha dos “Dias Antropológicos”, uma espécie de zoo humano de “povos primitivos” que mereceu o repúdio de Coubertin, chocado com a exibição circense de índios, negros ou pigmeus. As palavras ditas então pelo criador dos Jogos Olímpicos modernos foram pouco menos que proféticas.

Por fim, referência ao ministro da Educação, que foi ao Rio de Janeiro acompanhar a delegação olímpica portuguesa e acabou por, involuntariamente, participar numa típica experiência turística na Cidade Maravilhosa. “Um susto”, como reconheceu a assessora de Tiago Brandão Rodrigues - mas, entretanto, ambos recuperaram os seus pertences.


 
Outras notícias

Por cá, vai havendo notícias de uma nova geração de campeões: Portugal ainda é o segundo país com menor taxa de natalidade da UE, mas o Público conta em manchete que há cada vez mais casais portugueses a querer ter o terceiro filho (respeito!). Mais: os dados de 2016 voltam a ser positivos, seguindo os bons indicadores do ano passado e há regiões, como Trás os Montes e Alentejo, onde estão mesmo a nascer mais bebés.

De resto, as notícias do verão português são pouco novas e não surpreendem. Nas serras, os incêndios: foi um fim de semana negro, com localidades em risco, autoestradas cortadas e centenas de bombeiros no combate ao fogo. Este é o ponto da situação mais recente. Nas praias, as derrocadas. Como se fosse uma fatalidade ou o nosso destino. A boa novidade, desta vez, foi a ausência de vítimas.

A política foi a banhos. A polémica dos secretários de Estado que foram ver jogos da seleção à boleia da GALP está em banho-maria e o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais continua sem dar sinais de vida. Talvez voltem ambos (a polémica e os sinais de vida do secretário de Estado) quando Marcelo regressar a solo pátrio. Por enquanto, queima os últimos cartuchos da visita ao Brasil, país a que voltará no mês que vem e onde poderá celebrar o dia de Portugal em 2018.

Paulo Portas, que já não é político, não pára: para além dos sete trabalhos que já tinha, tem outro - foi contratado pela petrolífera mexicana Pemex, a maior empresa do México. O México, curiosamente, foi um dos destinos de algumas das viagens de Portas quando estava no Governo - o Bloco de Esquerda diz, na manchete do i, que a coisa cheira a esturro. "Acabou de sair do Governo e foi contratado por dois portentos económicos como a Mota-Engil e a Pemex. É claro que isso suscita dúvidas", afirmam os bloquistas.

Por falar em BE, vale a pena ler a entrevista de João Semedo ao Público desta segunda-feira.


Lá fora

Na Turquia, Erdogan ruge. Depois de uma gigantesca manifestação de apoio, promovida pelo partido do presidente turco, o próprio tomou a palavra para renovar as ameaças de reposição da pena de morte. E continuam as purgas: depois dos milhares de funcionários públicos e professores despedidos e/ou detidos, agora a limpeza chegou às forças de segurança. O El País publicou um bom trabalho sobre as razões para a inquietação da Europa - e, muito em particular, da Alemanha, onde vive uma enorme e muito ativa comunidade turca - com o endurecimento do regime de Ancara. Com um vizinho com este longo braço, não há como dormir descansado.

O Irão anunciou a execução de um cientista nuclear, acusado de espionagem a favor dos Estados Unidos. A história, aqui bem contada pelo Guardian, é um daqueles casos em que a realidade ultrapassa a ficção.

Nos EUA, a luta continua. E Trump continua a dar tiros nos pés. Mas, desta vez, ao contrário do que aconteceu sempre até agora, as broncas do milionário não o estão a tornar mais forte junto do eleitorado, mas a fragilizá-lo. O Washington Post explica como a semana negra de Trump - que começou com os ataques aos familiares de um militar americano muçulmano morto no Iraque e incluiu (outra vez) comentários misóginos, agora a propósito de assédio sexual no local de trabalho - pode ter sido o ponto de viragem da campanha.

Já há responsáveis republicanos que admitem que Trump poderá perder estados essenciais, como Ohio e Arizona, e a conclusão é sempre a mesma: "Trump needs to change as a candidate". Mas pode alguém ser quem não é? Sobretudo alguém que só chegou onde chegou por ser quem e como é? Surpresa: Trump parece estar a esforçar-se por mudar. Depois de meses a pelejar com o establishment do Partido Republicano, depois de, há poucos dias, ter recusado manifestar apoio a dois trutas do seu partido que estão a disputar importantes eleições estaduais, voltou atrás e fez finalmente a declaração de endorsment a Paul Ryan e John McCain. Uma inversão de estratégia quando as sondagens dizem que o milionário está a cair do céu aos trambolhões?

Mas esse é assunto para o ponto seguinte.


O que ando a ler/ ver/ ouvir

As eleições presidenciais norte-americanas não são uma escolha entre candidatos, partidos ou programas (se alguém encontrar o de Trump é favor enviar-me), mas entre duas visões da América e do mundo. Mais opostas e conflituantes do que há memória. Poucas vezes uma eleição implicou uma escolha civilizacional como a eleição presidencial de 8 de novembro.

Donald Trump traz uma ameaça tal aos EUA e ao mundo como os conhecemos que é impossível ficar indiferente. O Daniel Oliveira explicou bem o que está em causa no artigo que publicou na última edição da Revista do Expresso.

Por todas as razões, todos os dias leio, oiço, e vejo notícias sobre a campanha. Não passo sem o New York Times, o Washington Post, o Politico, o Huffington Post. Na CNN, habituei-me a ver todas as noites o "State of the Race with Kate Bolduan" - meia hora, a partir das onze da noite (hora portuguesa), com o essencial do dia de campanha e análise de comentadores independentes e apoiantes de ambos os candidatos.

Esta é também uma campanha que tem colocado questões inéditas aos jornalistas. Como lidar com um candidato como "o Donald"? Não será por acaso que quase todos os órgãos de comunicação social que elenquei acima estão na lista negra de Trump: com exceção da CNN, já todos foram alvo de represálias várias da campanha republicana, incluindo a retirada da acreditação para integrar o grupo de jornalistas que acompanha de perto o candidato.

Se "o Donald" puxa sempre os limites do que se pode dizer, fazer ou acontecer, também o jornalismo é confrontado com os seus próprios limites. Quase todas as semanas um destes órgãos de comunicação social faz alguma coisa que nunca tinha feito antes. Lembra-se do Huffington Post ter começado por colocar as notícias sobre Trump na secção de entertainment? Pois... "We are no longer entertained", teve de escrever Ariana Huffington há um mês.

Há dias, o Washingto Post publicou um violentíssimo editorial contra Trump, classificando-o como "uma ameaça inédita para a democracia americana". And so on...

Há poucos dias, o New York Times voltou a passar uma linha vermelha, ao publicar um video que junta imagens recolhidas ao longo de um ano em comícios de Trump. É um video duro, com imagens chocantes e linguagem imprópria para espíritos sensíveis, mas extremamente revelador. E não, não é um video com discursos de Trump: são as palavras e gestos dos seus apoiantes. Sem filtro. Veja aqui.

É o próprio jornal que admite que nunca fez nada semelhante e que entrou em terreno desconhecido. E arriscado. Mas explica que não podia não o fazer no excelente podcast "Inside the Times". "O Donald" mudou as regras e mudou o jogo. Vale a pena ler a explicação dada pelo NYT. Eis um excerto: "Politics at its best can be inspiring. But many in Mr. Trump’s audiences were being inspired to express themselves in hateful, coarse, profane, obscene or just plain nasty ways. Shifting our focus to those outbursts was an eye-opener."

Fico por aqui. Se está contente com esta onda de calor, rejubile, pois ela continua a partir de quinta-feira; se sofre com estas temperaturas, a boa notícia é que entre amanhã e quinta-feira a canícula abranda.

Amanhã o Martim Silva cá estará para lhe servir o Expresso Curto. Tenha uma boa segunda-feira.
 
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