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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

EXPRESSO CURTO - 27 DE AGOSTO DE 2015



Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Miguel Cadete
Por Miguel Cadete
Diretor-Adjunto
 
27 de Agosto de 2015
 
Sporting - 0; CSKA - 14
 
Olá!

Ainda estamos em férias
: mas podemos sempre pensar na bolsa de Xangai, nos debates da campanha eleitoral ou até nos candidatos da direita às presidenciais. Vamos até pensar em todas essas coisas mas o que realmente se torna incontornável é a derrota do Sporting, ontem, perante o CSKA de Moscovo. O assunto é, obviamente, desinteressante mas também apaixonante: tratava-se de um jogo de futebol em que se disputavam 14 milhões de euros. Ao qual chegava com mínima vantagem o clube português. Foi tudo por terra: o Sporting perdeu o direito a ganhar a eliminatória, pois levou três golos contra um, e por consequência, perdeu também os 14 milhões de euros que davam acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.

Nada fora do normal: caso tivesse sido apurado, o Sporting só poderia almejar, na melhor das hipóteses, jogar com o PSV Eidhoven, Manchester City ou Malmoe. Mas essa seria uma hipótese entre cinquenta mil (confesso que não fiz as contas, mas isto só serve para tentar demonstrar que o SCP não tem cabedais para estas cavalarias). Ontem vimos o Sporting a tentar viver, artificialmente, onde afinal não podia viver.

Mas o que não tem remédio, remediado está. Apesar do resultado de 2 – 1, em Alvalade, e apesar também de ter chegado a uma vantagem louca na segunda mão, ao colocar-se a vencer por 1 - 0 em Moscovo, o Sporting foi capaz de deitar fora a eliminatória e esbanjar 14 milhões de euros. Caso fosse jogador de FIFA 2015, o treinador do Sporting saberia quem era Doumbia, OP, ou overpower player. Assim sendo...

Na noite em que foi anunciada a contratação de Jorge Jesus para o Sporting, fui capaz de dizer aqui que se tratava de pura destruição de valor. Hoje, passaram quase três meses, e então já sabemos que é muito mais do que isso. Rui Vitória devia ter ficado no Guimarães. O lugar de Marco Silva era realmente no Sporting – onde mantinha uma folha de resultados invejáveis – e Jorge Jesus havia de ter ficado no Benfica, o clube onde em seis anos havia conquistado três campeonatos nacionais.

Verdade? Mentira. Jesus, depois de uma excelente época de Marco Silva, chegou ao Sporting com fama de ganhador. Venceu os primeiros jogos, nas taças e torneios menores, e ainda abichou a conquita do Troféu Cinco Violinos contra a AS Roma. Conquistou também, a 9 de agosto, a Supertaça contra o Benfica. Tinha montado uma equipa. Ou não? Afinal, o super treinador mudou o onze no jogo da segunda jornada, contra o Paços Ferreira, em casa[MC1] [MC2] , e empatou. Voltou a mudar a equipa no jogo decisivo da segunda mão da eliminatória da Liga dos Campeões, depois de uma esclarecedora vitória na primeira mão, e voltou a perder.

Ou seja, Jesus teve fama e proveito enquanto aplicou o seu proverbial método de jogo, com dois pontas de lança (Slimani e Gutiérez) e falhou em todos os jogos em que tentou mudar esse aparato: ao introduzir Aquilani e, sobretudo, Montero, quando já estava provado que a dupla de avançados que funcionava era com Teo e Slimani.

Com este esquema, e com uma vontade que carece de razão para defender o resultado, o Sporting apresentou-se em Moscovo como em Paços de Ferreira. À espera do que dava como garantido. Nos dois casos, e ontem foi evidente, perdeu a aposta.

Quem fez essa aposta é um treinador que, aparentemente, custa cinco milhões por ano. Mas que se tem mostrado incompetente qb.

Porque não consegue ganhar ao Paços Ferreira em Alvalade? E porque não é capaz de entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões?, o que não seria tão importante se não estivessem em causa 14 milhões de euros.

Não entendo nada de futebol, mas nessas duas situações percebi que Jorge Jesus tinha medo. Falo dos jogos com o Paços e com o CSKA, onde não tinha soluções para alterar a situação. Não por culpa do plantel, mas por culpa, provavelmente, da imensa variedade soluções que esse plantel permite.

Depois do jogo com o Paços, e do último, ontem, com o CSKA, ficou patente o desconforto do treinador com a equipa do Sporting. A eliminação da Liga dos Campeões vai permitir resolver alguns assuntos: o salário de Carrillo não irá subir. E até pode sair mais tarde, já desmotivado. William poderá realmente ser transferido. Ou mesmo Adrien, que poderá deixar Alvalade, de maneira a colmatar a ausência dos tais 14 milhões de euros.

Agora, dir-me-ão que o campeonato do Sporting não é a Liga dos Campeões. Que a fama de Jesus vem, e continuará a vir, do campeonato nacional. Ele lá sabe. E a verdade é que sabe.

Mas poderá o Sporting crescer se não ganhar uma competição europeia?

Será Jesus o melhor treinador para o Sporting? E Rui Vitória para o Benfica? As jornadas que se vão completando dizem que não. E a bicada do século pode não ter sido assim tão grande. O Sporting segue para a, mais consentânea, Liga Europa. Caso contrário, e fora os 14 milhões, alguém imaginava que fosse possível sucesso num grupo que miraculosamente não tivesse o PSV Eidhoven. Malmoe ou Manchester City? (Esta é só para quem se lembra).

OUTRAS NOTÍCIAS
“Coligação assume votação acima do PS”. O Jornal de Negócios diz em manchete que PSD e CDS pressupõem maioria absoluta. O que é que isto vale? Vale o que vale.

Merkel declara tolerância zero à xenofobia contra migrantes na Alemanha (no Diário Económico). Um grande revés para os que faziam bigodinhos de Hitler na senhora que domina os destinos da Alemanha e da Europa. Afinal, os migrantes podem ser bons e repor os índices de trabalhadores necessários à preservação do sistema de segurança social. Quantos vão entrar em Portugal? O que dizem os nossos governantes ou pretendentes a governantes, sobre isto. Ver tema de capa da Revista do Expresso no próximo sábado.

A esse respeito, a manchete do “Diário de Notícias” diz que já há cinco ministérios em Portugal que estão a tratar da entrada de 1500 migrantes. A Polícia tem um plano de contingência e tudo parece estar a funcionar às mil maravilhas. Merkel perguntaria, provavelmente com toda a razão, se eles vão pagar as nossas pensões de reformas.

Rui Rio não avança em Setembro enquanto candidato presidencial, diz o i. Adiou a decisão e, aparentemente, a salganhada dos candidatos de direita que querem ser presidentes. É um fartote: Marcelo, Rio e Santana. Tudo ao molho e fé em Deus. E todos à espera de um resultado nas legislativas que não permita a Passos dizer quem avança. O PSD tem que perder. Mas também há quem queira o lugar de líder do PSD. Que diz Portas?

A vida não é só filmes destes. Também há fitas: Miguel Gomes, realizador de cinema, conta ao i, e também ao Público, ao Expresso e imagino que ao Diário de Notícias, que o seu filme tinha a “ambição de fazer o retrato do estado de alma do país”. Cobertura mediática transversal ou o verdadeiro choque com o “Pátio das Cantigas”? Leonel Vieira, a não perder, sábado, na página 6 do Expresso, explica o êxito do seu último filme, o mais visto entre todos os estreados por realizadores portugueses.

Sardinha começa a faltar mas restaurantes aguentam preço. É um título do Correio da Manhã que nos interessa, até porque a sardinha, mesmo pequenina, é uma portentosa arma contra várias doenças.

Stieg Larsson morreu e eu já não me estou a sentir lá muito bem. O certo é que o modo de produção escandinavo não dá mostras de parar. Depois de ter falecido, o popular escritor do “dark side” sueco deu origem a um sucessor. Não sabemos se sucedâneo. O mundo ainda não leu mas, à partida, considera que “A Rapariga Apanhada na Teia”, prosa de David Lagercrantz, é digno sucessor dos três primeiros volumes de uma saga que transformou a rapariga Salmander em heroína do século XXI. Quem quer dar uma voltinha?

Sara Sampaio com amigas nas cascatas do Gerês. É só um título do Jornal de Notícias, mas parece bem. Aguardamos aventuras no Pulo do Lobo, Ilha do Pico ou arrecadação da Juve Leo, no Estádio de Alvalade. Portugal perece, aqui ou lá fora.

FRASES
“Fomos nitidamente prejudicados nos dois jogos”, Jorge Jesus

“Sei o que é a sorte. Tive muita”, Keith Richards

“O ideal seria haver um único candidato”, Marques Mendes na Universidade do PSD

“Não fui a Pequim porque o comité não me levou”, Fernanda Ribeiro ao DN

“Futebol mete nojo”, Cláudia Carvalho, mulher de Bruno de Carvalho, presidente do SCP

O QUE EU ANDO A LER
Perdoem-me por não andar a ler os livros que, por estes dias, são publicados. Gasto mais tempo, e dinheiro, em porcarias como “Isabel, filha de D. João I, prolongamento histórico de Joana d’Arc”, coisa que saiu da pena de Alfredo Gândara tendo sido dada à estampa em 1954 (com prefácio de João de Barros), e chancela do Centro Tipográfico Colonial. É irrelevante, como já imaginam, mas preenche uma falta que nem Joaquim Pedro Oliveira Martins, autor dos “Filhos de D. João I” tinha querido preencher. Eça de Queirós, o seu amigo, dizia que ele se fartava de inventar mas nem mesmo assim, nessas epístolas reveladoras, o historiador deu espaço à mulher que havia de casar com o Duque da Borgonha e ser pintada, e logo por duas vezes, por Jan van Eyck, o maior pintor da Flandres.

Ora, Isabel foi sendo esquecida e apenas rememorada episodicamente. Mesmo que tenha sido a mulher mais poderosa na Europa do século XV, mesmo que no mando, na arte ou no sacrifício tenha sido ela a liderar, o certo é que os historiadores não lhe ligaram pevide. Há uma monografia que dizem ser muito boa, mas que também é muito cara, assinada por uma francófona, Monique Sommé, à qual não tive acesso por ser tremendamente cara. E há este livrinho do Gândara, que mesmo produzido sob os vigores do Estado Novo, não deixa de carrear novas ideias sobre a irmã do Infante D. Henrique, Infante D. Fernando e Infante D. Pedro, os que ficaram conhecidos pela Ínclita Geração, até por terem sido armados cavaleiros em Ceuta, na Mesquita que transformaram em templo cristão. Porém, ela é a mulher que muito provavelmente mais do que eles mandou sobre a Europa que, na altura, interessava. Não vos maço mais, mas escutem este pedaço sobre quem até há poucos dias tinha o retrato plasmado na exposição de Rogier van der Weyden, no Museu do Prado, em Madrid: “Por ela foi estadista, diplomata e chefe militar. Por ela - e também pelo desvelo ardente de cruzada – operou o casamento da nossa D. Leonor, filha de D. Duarte, com o imperador da Alemanha, Frederico III, na esperança de que a sobrinha a ajudasse a substituir por complacência o ódio imperial, que, no tempo de Segismundo, impotente e rancoroso, mostrou medonha carranca, e a colocar a coroa real na fronte do marido, e, além disso, movesse o Habsburgo a cumprir o seu dever europeu, perante a cruciante e a cada vez mais terrível ameaça do turco”.

Obviamente, falhou.

Hoje, não deixe de saber tudo o que acontece em www.expresso.pt. Mais logo, lá pelas 18h, conheça o Expresso Diário, a publicação que diz de antemão o que trazem os diários do dia seguinte. E claro, amanhã, pela fresca, há mais um Expresso Curto.

Tenha um bom dia!
 
 
O grupo Impresa pretende oferecer um serviço personalizado de qualidade, 

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ANTÓNIO FONSECA

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