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sexta-feira, 1 de maio de 2020

OBSERVADOR - DESPORTO - 1 DE MAIO DE 2020

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Desporto

Por Bruno Roseiro, Editor de Desporto
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Dia do Trabalhador, feriado, uma agenda limpa nos compromissos nacionais sabendo que à noite havia mais um jogo das meias da Liga dos Campeões. Este era o dia 1 de maio de 2019. Até que, do nada, sem se perceber ao certo quem deu primeiro a notícia mas com a garantia de que demorou uns minutos a correr mundo, toda a gente já tinha. Nessa manhã, no Olival, num dos milhares e milhares de treinos que realizou ao longo de uma vida dedicada quase toda ao futebol, Iker Casillas teve um enfarte. “Se tivesse acontecido noutro lugar, não estaria aqui a falar”, assume. Faz hoje um ano que a vida do guarda-redes espanhol mudou. Mas também se soube reinventar.
Aos 38 anos (que serão 39 no dia 20), o número 1, um dos melhores de todos os tempos na sua posição e que foi o grande símbolo da maior geração de sempre da Roja que conquistou um Mundial e dois Europeus consecutivos, tem outros projetos. Ao longo de vários meses, como se foi percebendo, nunca quis arrumar de vez a vontade de poder pelo menos mais uma vez regressar aos relvados, jogar, fazer aquilo de que mais gosta. A primeira prova de esforço que realizou, ainda em maio de 2019, fez com que quase desmaiasse; na última, aguentou bem. No entanto, e entre muitas conversas em confinamento que provam o estatuto mundial de quem ganhou tudo e conquistou 26 títulos entre clubes e seleções, o objetivo agora é outro: liderar a Real Federação Espanhola de Futebol. E é nisso que pensa na Foz, onde passou as últimas semanas em isolamento com a família, sem descurar a possibilidade de integrar de forma mais presente a estrutura do FC Porto, como chegou a ser anunciado pelo clube.
“E assim, sem ter dado conta, um ano. Não sou dos que olham para o caminho percorrido. Não sou dos que se gabam das coisas terem corrido bem, mas nesta ocasião sinto-me feliz por ter superado um grande obstáculo na minha vida. Foi, sinceramente, emocionante. Teve terror, drama e certas doses de ficção científica. E, claro, humor!”, escreveu esta sexta-feira, acrescentando a hashtag “Sou dos que vêem a garrafa meio cheia” (com a imagem que acompanha esta newsletter, colocada pelo próprio nas suas páginas oficiais das redes sociais).
Também Casillas ficou “parado no tempo” com a pandemia, não se sabendo como e quando irá medir forças com Luis Rubiales nas eleições pela Federação. No entanto, e aos poucos, existe uma “nova normalidade” que começa a ser projetada em alguns países europeus, Portugal incluído. E numa semana que teve de facto muitas decisões sobre o futuro do futebol e das modalidades, o Observador condensou tudo num Especial que pode ser lido esta sexta-feira e que aborda as decisões tomadas, as medidas por tomar e as opções que nunca se tomarão, não só em relação à Primeira Liga mas também lá fora, onde França e Holanda abdicaram do final dos seus campeonatos (não por vontade dos dirigentes dos seus países mas por imposição das autoridades governativas, acrescente-se).
E com tanto que se falou sobre o presente e o futuro do futebol jogado, quase passou ao lado um outro happening que promete mexer também com a realidade europeia como a conhecemos hoje: a Federação Inglesa anunciou restrições na contratação de futebolistas não britânicos, no seguimento de algo que já tinha sido discutido no dia do Brexit. A Premier League, por razões lógicas, corre o risco de perder competividade, ainda que seja em paralelo uma oportunidade para lançar mais jovens talentos para uma seleção em constante ascensão.
Extra relvados mas por cá, nota para três notícias: Cláudia Santos, professora universitária e deputada do PS que liderou a Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga entre 2012 e 2017, vai ser indicada por Fernando Gomes para encabeçar a lista para o Conselho de Disciplina da Federação no lugar de José Manuel Meirim; a defesa de Rui Pinto pediu o afastamento do juiz Paulo Registo do julgamento do processo, acusando-o de violar o direito de reserva e de já ter formulado um pré-juízo condenatório do criador do Football Leaks; e o julgamento da invasão à Academia do Sporting foi adiado sine die devido à pandemia quando falta apenas a sessão para alteração de factos (estava marcada para 29 de abril) e a leitura do acórdão (data “indicativa” de 28 de maio).

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