Igreja dos Clérigos devolvida ao Porto com elevador, museus e concertos de órgão
A renovada Igreja dos Clérigos, com inauguração marcada para 12 de dezembro às 12:00, será devolvida à cidade do Porto com nova entrada, acesso a pessoas com mobilidade reduzida, elevador, museus e concertos de órgãos de tubo.
As obras de renovação, lançadas a 23 de dezembro de 2013, substituíram os "cinzentos, pretos e a sujidade" das paredes, mármores, altares, mobiliário, esculturas e pinturas pelos "rosas, brancos e dourados", devolvendo ao monumento o "esplendor" de 1779, ano da sua primeira inauguração, afirmou hoje à agência Lusa, o presidente da Irmandade dos Clérigos, padre Américo Aguiar.
O espaço intervencionado rondou os 4.500 metros quadrados, foram instalados 13 quilómetros de cabos elétricos e gastos 60 quilos de algodão, 140 mil folhas de ouro e 200 litros de álcool etílico, referiu à Lusa o administrador da empresa Signinum, Luís Campos.
E, acrescentou, "tivemos cerca de 50 pessoas, em média, a trabalhar por dia, perfazendo mais de 120 mil horas".
A requalificação do monumento, considerado o `ex-libris´ da cidade do Porto, era "desejada mas, sobretudo, necessária", considerou o padre Américo Aguiar.
Os portuenses, portugueses e turistas vão descobrir áreas desconhecidas, dado estarem fechadas ao público, e a abertura à circulação de corredores até agora não transitáveis permitirá "uma visita de 360 graus a todo o edifício", disse.
A Igreja dos Clérigos, encerrada desde o início das obras, sofreu uma alteração "pura e dura de restauro", mas a principal mudança foi o aproveitamento do edifício, situado entre a torre e a igreja, antigo hospital, enfermaria e residência do clero, agora transformado em espaços museológicos, explicou o sacerdote.
O presidente da Irmandade dos Clérigos frisou que houve "grandes intervenções" em áreas como a infraestrutura elétrica, sistema de alarme contra incêndios ou climatização que não serão "vistas" pelos visitantes.
As obras, que não revelaram achados arqueológicos, foram feitas todas ao mesmo tempo, desde restauro à construção civil, para "não se correrem riscos", salientou.
"No nosso país, há muitos edifícios que nunca se concluíram por causa das fases de intervenção", afirmou.
O investimento total foi de 2,6 milhões de euros, comparticipados em 1,7 milhões pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), cabendo os restantes 800 mil euros à Irmandade dos Clérigos, com recurso a financiamento do programa Jessica.
Para gerar receita, a irmandade irá cobrar entrada nos museus e, tal como já acontece, na torre, mas a igreja manter-se-á de acesso gratuito, revelou.
A entrada dos visitantes na igreja passará a ser feita pela porta da Rua da Assunção, onde existirá um elevador destinado às pessoas com mobilidade reduzida e que permitirá o acesso aos quatro pisos do edifício, menos à torre.
O padre Américo Aguiar anunciou que, entre o Natal e o Dia de Reis, haverá concertos de órgãos de tubos, juntando o "culto e a cultura".
Desde março de 2014 que uma vez por mês, a dia 12, a Irmandade dos Clérigos organizou visitas às obras convidando políticos, desportistas, forças policiais ou membros do governo para "sensibilizar" a empresa de que o prazo seria para cumprir.
A inauguração está marcada para 12 de dezembro, às 12:00, exatamente 235 anos depois da primeira inauguração do monumento, com marca arquitetónica de Nasoni.
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ANTÓNIO FONSECA