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A
Tauromaquia ou, numa das suas principais expressões,
tourada ou
corrida de touros, é um evento que consiste na lide com
touros bravos, tanto a pé quanto a
cavalo.
[1] Os primeiros registos desta cultura remontam ao século XII, sendo que a sua expressão mais forte sempre decorreu na
Península Ibérica (
Portugal e
Espanha) embora seja também muito comum no Sul da
França e em diversos países da
América Latina, como o
México,
Colômbia,
Peru,
Venezuela,
Equador e
Costa Rica, assim como nas
Filipinas e
Estados Unidos. Nos últimos anos os eventos tauromáquicos têm despertado um intenso debate entre os respectivos apoiantes e críticos.
Em sentido amplo, a tauromaquia também inclui todo o desenvolvimento prévio do espetáculo, desde a criação do touro, a confecção dos trajes dos participantes, além do desenho e publicação do cartel taurino e outras manifestações artísticas ou de caráter publicitário, que variam de acordo com os países e regiões onde a tauromaquia integra a cultura nacional ou regional.
Na cultura da
Península Ibérica, o
Circo de Termes parece ter sido um local sagrado onde os
celtiberos praticavam o sacrifício ritual dos touros. A
estela de Clunia é a mais antiga representação do confronto de um guerreiro com um touro.
[2] As representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas na Península Ibérica, tais como os vasos de Líria, as esculturas dos
Berrões, a
bicha de Balazote ou o
touro de Mourão estão, quase sempre, relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida, que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península.
[3]
A palavra "tauromaquia" é oriunda do
grego ταυρομαχία - tauromachia (combate com touros). O registo pictórico mais antigo da realização de espectáculos com touros remete à ilha de
Creta (Knossos). Esta arte está presente em diferentes vestígios desde a antiguidade clássica, sendo conhecido o afresco da tourada no palácio de
Cnossos, em Creta.
Júlio César, durante a exibição do
venatio, introduziu uma espécie de "tourada" onde cavaleiros da
Tessália perseguiam diversos touros dentro de uma arena, até os touros ficarem cansados o suficiente para serem seguros pelos cornos e depois executados. O uso de uma capa num confronto de capa e espada com um animal numa arena está registado pela primeira vez na época do imperador
Cláudio.
[4]
A tourada fez parte das origens de Portugal. De entre a realeza, aqueles que foram reais toureiros foram
D. Sancho II,
D. Sebastião,
D. Afonso VI,
D. Pedro II,
D. Miguel e
D. Carlos I. Todos toureavam a cavalo, mas D. Pedro II chegou a enfrentar o touro a pé. O que mais contribuiu para o desenvolvimento das touradas terá sido D. Sebastião que pediu ao Papa Gregório que revogasse a Bula Pontifícia de
Pio V que proibia as touradas.
[5]
As touradas como as conhecemos hoje nasceram no
Iluminismo, entre o século XVII e XVIII, e realizavam-se nas praças públicas das cidades. Em
Lisboa, a
Praça do Comércio e o
Rossio eram os locais usados para as touradas. Desde o século XVIII, as touradas começaram a realizar-se em recintos fechados criados para correr os toiros, as actuais Praças de Toiros.
A maior
praça de touros do mundo é a "Plaza de Toros México", localizada na
Cidade do México. A maior praça europeia é a "Plaza de Toros de las Ventas", em
Madrid. Numa tourada, todos os touros têm, pelo menos, quatro anos de idade. Quando os touros lidados ainda não fizeram os 4 anos, diz-se que é uma novilhada.
A lide varia de país para país. Em
Portugal, tem duas fases: a chamada lide a
cavalo (ou, menos correntemente, lide a pé) e, posteriormente, a pega. A primeira é levada a cabo por um
cavaleiro lidando o touro. A lide consiste na colocação de
bandarilhas, ditas farpas, de tamanhos variáveis, começando com bandarilhas longas e culminando frequentemente com bandarilhas muito curtas, ditas "de palmo".
Em
Portugal as touradas foram proibidas em 1836, durante o reinado de
Dona Maria II, mas tal proibição durou somente 9 meses, pois a população revoltou-se contra a mesma. Voltaram assim a ser permitidas mas sendo proibidos os chamados touros de morte, onde o touro é morto em praça pública, embora tal prática tenha continuado a acontecer em diversas corridas. Em 1928, os touros de morte foram proibidos em Portugal. Em
2002, a lei foi alterada, voltando a permitir os toiros de morte em locais justificados pela tradição, como na vila de
Barrancos. Em
Monsaraz o touro continuou a ser morto entre 2002 e 2013 (seguindo uma tradição centenária), mesmo sem autorização administrativa, defendendo os locais que esta vila cumpria os requisitos legais para ter toiros de morte, tendo o
Tribunal Administrativo para que recorreram lhes dado razão e, em consequência, os espectáculos com toiros de morte na vila medieval de Monsaraz passaram a ser autorizados pela autoridade administrativa competente (Inspecção-Geral das Actividades Culturais) desde 2014.
[6]
A Tauromaquia é toda a Cultura que envolve os touros. Esta começa nas Ganadarias (onde se criam os touros), espaços associados a grandes campos com espaço a perder de vista, passa pelas Coudelarias (onde se criam os cavalos), peças fundamentais na tauromaquia por serem necessários desde a criação dos touros até à sua lide, passa também pelos Trajes típicos associados aos touros, do traje dos Campinos (inspirado no traje típico do
Ribatejo), dos Cavaleiros (traje de montar a cavalo no século XVIII), dos Forcados (inspirado no traje dos campinos), dos Cavaleiros Amadores (traje tradicional português ou tradicional espanhol de montar a cavalo), dos Toureiros ("traje de luces"), dos Picadores (nas corridas em Espanha), dos Peões de Brega ou mesmo dos cavalos nas cortesias, entre outros, pelas Festas e Feiras tauromáquicas, das Largadas de touros, Garraiadas, Largadas à Corda etc., pelos Passodobles, estilo de música "de banda", muito antigo e criado com o propósito de dar ambiente às lides de touros, pelos bastantes
Fados,
Sevilhanas ou
Flamencos de temática tauromáquica, pelos modos de vida das pessoas ligadas aos touros como os Ganaderos, Campinos, Cavaleiros Amadores, e passa por muitos e muitos outros exemplos da cultura tauromáquica, da qual dependem directa ou indirectamente dezenas, talvez centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.
As touradas representam o domínio do Homem, da razão, sobre a força bruta e violenta do animal, onde o Homem tenta lidar um animal que é livre de se defender, com objectivo de criar
arte. Na tourada, o Homem representa os valores humanos da coragem, da superação, do valor perante a violência e o
caos do touro. O filósofo francês
Francis Wolff, Professor da
Universidade de Paris-Sorbonne, escreveu, em 2011, um pequeno livro chamado "50 Razões para Defender as Corridas de Toiros" dirigido a aficionados e antitaurinos. Em 2011, a Federação Portuguesa das Associações Taurinas (Protoiro), entregou um documento explicativo sobre "
«O que são as Touradas». pt.scribd.com"
[7] e a sua importância, no Parlamento Português, na Comissão de Educação e Cultura.
Cavaleiro tauromáquico António Palha Ribeiro Telles com traje tradicional
A
corrida de toiros à portuguesa consiste na lide a cavalo de 6 ou mais toiros bravos, seguindo-se a pega efectuada por 8 forcados (pega de caras) ou por somente 2 forcados (pega de cernelha). Desde meados do século XIX, com a generalização da pega, que na corrida à portuguesa foi abandonada a morte do toiro na arena.
Na
corrida de touros à portuguesa, os cavaleiros vestem-se com trajes do século XVIII e os forcados vestem-se como os rapazes do fim do século XIX. Foi no tempo de
Filipe III que foram introduzidos na arena, pela primeira vez, os coches de gala durante as corridas reais.
As cortesias marcam o início da corrida de touros à portuguesa. No início da corrida todos os intervenientes (cavaleiros, forcados, bandarilheiros, novilheiros, campinos e outros intervenientes) entram na arena e cumprimentam o público, a direcção da corrida e figuras eminentes presentes na praça. Nas corridas de gala à antiga portuguesa a indumentária é de rigor e na arena desfilam coches puxados por cavalos luxuosamente aparelhados.
Todo o decorrer da corrida de
touros à portuguesa consiste na "lide" de seis touros, habitualmente. Cada um dos touros é lidado por um cavaleiro tauromáquico, que tem um determinado tempo durante o qual poderá cravar um número variável de farpas compridas (no início), curtas e de palmo (ainda mais pequenas) no dorso do animal. A forma de abordar o touro e cravar o ferro também pode variar, podendo ser, entre outros, "frontal", "ao piton contrário" ou "em violino", devendo ser rematada "ao estribo". A lide de touros a cavalo exige uma grande preparação física e psicológica destes animais, que começam a ser trabalhados logo com três anos de idade. Existe uma raça de cavalos desenvolvida especialmente para as Corridas de Touros, o cavalo "
Puro Sangue Lusitano" (PSL), que se diferencia pela sua coragem, generosidade e altivez.
Após a lide do touro pelo cavaleiro tauromáquico é comum entrar em cena o "Peão de Brega" (figura subalterna do Cavaleiro, que tem como função posicionar o toiro da melhor forma, seja para a lide a cavalo ou para a pega) que efectua algumas manobras com um capote posicionando o toiro, normalmente junto às tábuas, de forma a que o Grupo tenha espaço para o pegar. De seguida entram em cena os
forcados. Os
forcados são um grupo amador que enfrenta o touro a pé com o objectivo de conseguir imobilizar o touro unicamente à força de braços. Oito homens entram na arena, sendo o primeiro o forcado da cara, seguindo-se os chamados ajudas, o primeiro e os segundo ajuda (os mais determinantes), em quinto o rabejador (o chamado "leme" do Grupo, que segura no rabo do toiro, procurando deter o avanço do animal e fixá-lo num determinado local para que quando os forcados o largarem este não invista sobre eles e normalmente, por espetáculo, costuma dar voltas com o animal) e finalmente os terceiros ajudas que também ajudam na pega.
A pega só está consumada se o forcado da cara se mantiver seguro nos cornos do toiro e este seja detido e imobilizado pelos seus companheiros. Nas touradas em que os touros são lidados a pé não existe pega.
Os Forcados nasceram por volta de 1836 quando a
rainha dona Maria II proibiu a morte dos toiros na arena, havendo, assim, necessidade de terminar a lide dos cavaleiros com um qualquer gesto de domínio do Homem sobre o animal. Antes de cumprirem essas funções, os "Moços de Forcado" eram os guarda reais durante as corridas de toiros, que impediam que o animal ou pessoas não autorizadas subissem ao camarote real.
Em Março de 2015 a Assembleia da República aprovou uma Lei
[8] que estabelece a idade mínima de 16 anos para os artistas tauromáquicos e auxiliares, com excepção dos forcados e artistas amadores que podem participar com idade inferior embora somente com prévia autorização ou comunicação, conforme o caso, à respectiva Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, segundo as regras previstas no Código de Trabalho para o exercício de funções por menores de 16 anos.
[9]
Lide a pé (Alter do Chão)
A lide toiros a pé foi sempre muito associada a Espanha, sendo uma das imagens de marca deste país, especialmente no sul (em zonas como a Andaluzia ou a Extremadura), no entanto é praticada em todos os 8 países taurinos (França, Espanha, Portugal, México, Peru, Venezuela, Equador e Colômbia). Não se tem a certeza da origem do toureio "apeado", mas crê-se que nasceu por volta de 1669, quando
dom Filipe V de Espanha é coroado rei. De sensibilidade diferente de seu pai, logo mostra o seu desagrado perante as Corridas de Touros. A fidalguia, com necessidade de agradar ao novo Rei, afasta-se das arenas, mas o povo mantém a sua paixão e continua a lidar touros, porém, não tendo dinheiro para sustentar cavalos, passam a toureá-los a pé. Hoje em dia, a lide de toiros é bastante diferente e bastante mais "evoluída". A lide de touros a pé está dividida em três "Tercios":
No primeiro, o "Tercio de Varas", o toureiro utiliza uma capa larga e pesada, geralmente cor-de-rosa e amarela, denominada "Capote". Com o Capote, o toureiro pode avaliar a "bravura" do toiro com alguma segurança. De seguida incentiva-se o toiro a investir contra o "Picador", personagem montado em cima de um cavalo tapado por uma forte protecção, que utiliza uma vara comprida ("puya", em
espanhol), cravando-a no dorso do animal. Com o picador, "corrige-se" a investida do toiro, tira-se-lhe um pouco de força (por segurança) e o toureiro consegue avaliar novamente a bravura do animal que tem pela frente.
No segundo, o "Tercio de Bandarilhas", um "Bandarilheiro" crava, a pé, dois ou três pares de bandarilhas no dorso do toiro, com o objectivo de o "acordar" (o toiro começa a cansar-se) para o vem de seguida.
No terceiro, o "Tercio de Muerte", é que se vê a conhecida arte de tourear. Um toureiro, apenas munido de uma leve capa encarnada (a "Muleta") e de um "estoque", toureia o enorme e perigoso animal que tem pela frente, com o objectivo de criar uma lide bela e artística. Quando o toiro estiver completamente dominado, sem qualquer resto de altivez, então chega a altura de o matar. Este é, provavelmente, o momento em que se vê claramente todo o objectivo e a razão de ser das Corridas de Toiros. Este é, também, o momento mais perigoso de toda a lide pois o toureiro chega-se muito próximo dos cornos do toiro e arrisca-se seriamente a levar uma cornada. Com o "estoque" (uma espécie de espada encurvada), este crava-o no animal, tentando acertar directamente no coração (quanto menos tempo o toiro estive a sofrer com o "estoque" e mais rápido morrer, melhor é considerada a "estocada"). Em Portugal, devido à proibição de matar os toiros dentro da arena (com excepção de Barrancos e Monsaraz), crava-se uma última bandarilha seguindo o mesmo gesto, sendo o animal morto mais tarde num matadouro.
Em
França, as touradas foram consideradas como parte do Património Imaterial e Cultural francês
[10][11] de acordo com a Convenção da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura para a salvaguarda do Património Cultural Imaterial.
A Espanha também declarou as touradas como Património Imaterial e Cultural,
[12] mas estas foram proibidas pelas autoridades locais primeiro nas Ilhas Canárias em 1991 e na região autónoma da
Catalunha em 2012.
[13] A proibição da Catalunha aguarda decisão do Tribunal Constitucional Espanhol, que a poderá reverter.
Em Portugal, 32 Municípios declararam a Tauromaquia como Património Imaterial e Cultural, como por exemplo nas Autarquias de
Sabugal (Guarda),
Barrancos (Beja),
Pombal (Leiria),
Alter do Chão,
Monforte e
Fronteira (Portalegre),
Azambuja ,
Coruche (Santarém) ou
Angra do Heroísmo e
Graciosa (Açores), assim como a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), que inclui todo o distrito de Évora. Existe, actualmente, um projecto de elevar a Tauromaquia a
Património da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, para além de um outro projecto que pretende elevador o tradicional "
Forcão" (típico da região da Guarda, na Beira Alta) a
Património Imaterial e Cultural da Humanidade.
Os grupos de defesa de
direitos animais e de
bem-estar animal criticam as touradas por considerarem que consistem num ato injustificável de crueldade, que não se insere dentro das tradições humanistas.
Em Portugal, quatro autarquias defenderam a não realização de actividades tauromáquicas nos seus concelhos,
Viana do Castelo,
Braga,
Cascais e
Sintra.
[14] Em
Faro, no ano de 2012, o Presidente da Câmara Municipal cancelou uma garraiada agendada no âmbito da semana de receção ao caloiro da Universidade do Algarve, declarando que os espetáculos tauromáquicos não eram bem-vindos no concelho.
[15] Contudo, em Portugal é legal a realização de espectáculos tauromáquicos em todo o território nacional, tendo recentemente sido realizadas corridas de toiros em Viana do Castelo mesmo contra a vontade da Câmara Municipal
[16], pois é crime um presidente de câmara impedir a realização de touradas.
Em 2010, o Presidente da Câmara Municipal de
Santarém, Francisco Moita Flores, lançou uma petição em defesa das touradas
[17] que já ultrapassou as 100 mil assinaturas
[18], sendo uma das petições mais participadas de sempre em Portugal, em prol de uma causa, ao invés das típicas petições contra algo.
Em
Espanha, existem regiões onde os espectáculos tauromáquicos estão proibidos. Primeiro foram as
Ilhas Canárias, com a aprovação em 1991 da Lei de Proteção de Animais. Duas décadas depois, em Julho do 2010, o Parlamento de
Catalunha aprovou uma
Iniciativa Legislativa Popular - que contou com 180 000 cidadãos subscritores - levando à proibição de espectáculos tauromáquicos, com a exceção dos
bous al carrer (bois na rua).
Um estudo de opinião sobre touradas
[19] foi levado a cabo pela Eurosondagem, em 2011, em todo o país, e mostrou que 32,7% dos entrevistados são aficionados, gostam ou apreciam actividades com touros, 20,6% são indiferentes às touradas, 32,8% não são aficionados mas não são contra as touradas e 11% são contra as actividades com touros. Ainda 59,3% dos portugueses acham que as touradas contribuem para uma boa imagem do país no estrangeiro e 75% dos portugueses acham que as touradas são importantes ou têm alguma importância para a economia e turismo e 65,3% acha que seria muito grave o desaparecimento da tradição taurina.
Touradas em Portugal
Concelhos que pertence à Secção de Municípios com Actividade Taurina, mas rejeitou declararar a tauromaquia como património cultural imaterial (Tomar).
Concelhos que pertencem à Secção de Municípios com Actividade Taurina da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP).
Concelhos portugueses onde a tauromaquia foi declarada Património Cultural Imaterial.
Concelhos que pertencem à Secção de Municípios com Actividade Taurina, mas não declararam a tauromaquia como património cultural imaterial.
Concelhos que não pertencem à Secção de Municípios com Actividade Taurina e rejeitaram declararar a tauromaquia como património cultural imaterial (Abrantes).
Touradas na Espanha:
Tourada banida, mas outros espetáculos envolvendo o touro protegidos legalmente.
[21]
Tourada permitida na maioria das regiões, mas proibida em algumas.
[22]
Tourada legalmente permitida, mas não praticada tradicionalmente.
Tourada permitida.
Tourada permitida e protegida por lei.
[23][24]
Apesar do estatuto de Património Cultural e Imaterial em alguns municípios portugueses, um estudo académico realizado em
2007 no
Instituto Universitário de Lisboa, a pedido de uma associação de defesa dos direitos dos animais, mostra que 56,1% das pessoas inquiridas num inquérito de abrangência nacional responderam ser a favor de uma proibição legal das touradas.
[25]
O número de espectáculos tauromáquicos, bem como de espectadores, diminuíram em Portugal, no ano de 2013, de acordo com os dados estatísticos publicados pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC)
[26], o que tem acontecido com todos os setores culturais e económicos em Portugal que sofrem o forte impacto da crise económica. Por exemplo, os cinemas em 2013 perderam um milhão de espectadores enquanto as touradas perderam somente 27 mil espectadores, uma ligeira descida pouco significativa.
[27]
Em 2012, o Governo de Portugal lançou a iniciativa "Meu Movimento", com o objectivo de eleger a causa online mais popular no país com vista a ser apresentada ao Primeiro-Ministro. O Movimento pela Abolição das Corridas de Touros, venceu com grande maioria dos votos, entre mais de 1 000 causas diferentes, e foi recebido em audiência pelo Primeiro-Ministro e o Secretário de Estado da Cultura, no dia 8 de Maio de 2012.
[28] Estes movimentos venceram no meio de várias fraudes que foram publicamente denunciadas e reconhecidas pela própria gestão do "Meu Movimento" tendo sido retirados 10.000 votos fraudulentos dos movimentos antitaurinos
[29]. Os movimentos antitaurinos vencedores receberam somente 3 mil votos, na votação final, revelando a fraca adesão que a iniciativa do governo suscitou entre os portugueses. Na sequência desta iniciativa foi criada a Plataforma Cívica Basta,
[30] que conta com o apoio de um número alargado de instituições a associações de protecção animal.
O Comité dos Direitos das Crianças das Nações Unidas recomendou, a Portugal, em fevereiro de 2014, a elevação da idade a partir da qual é permitido assistir ou atuar em espetáculos tauromáquicos, com vista a garantir o seu bem-estar físico e mental.
[31] Tal recomendação foi contestada pela sua falta de fundamento científico,
[32] tendo sido resultado do
lobby da fundação suíça antitaurina Franz Weber junto do Comité da
Organização das Nações Unidas, onde não existiu qualquer contraditório ou estudo científico que fundamentasse as recomendações. O único estudo científico até hoje realizado sobre o possível impacto das touradas nas crianças contou com reputados especialistas de diversas universidades espanholas, tendo sido feito pela Protecção de Menores da Comunidade de Madrid,
[33] que concluiu que "não se pode considerar perigosa a assistência de espectáculos taurinos por menores de 14 anos..."
[34] Actualmente, em Portugal, Espanha, França, Equador, México, Venezuela, Peru e Colômbia, as crianças podem assistir a ou participar em espetáculos tauromáquicos.
[35]
Em 2018 a Academia de Coimbra realizou um referendo com a questão: "Deve o evento garraiada continuar no programa oficial da Queima das Fitas?". A resposta 70,7% dos estudantes que participaram no referendo foi "não", uma maioria entre os 5638 estudantes que participaram do ato eleitoral.
No entanto, em 2017, as 4 corridas transmitidas (3 na RTP e 1 na TVI) obtiveram um acumulado de cerca de 2 milhões de telespectadores. As transmissões televisivas obtêm uma média por corrida na ordem do meio milhão de telespectadores, atingindo sempre picos de 700 mil telespectadores por corrida. Isto faz com que as touradas sejam dos programas mais vistos do dia, na RTP, além chegarem a liderar as audiências em vários horários. Um exemplo da enorme adesão e gosto dos portugueses por este espectáculo cultural português, único no mundo. Além disso, também em 2017 os espectáculos tauromáquicos formais (realizados em praças de toiros) obtiveram cerca de meio milhão de espectadores (435.660). A média de espectadores por espectáculo continua a subir
[36].
Porto Alegre teve corridas de touros em praça de touros situada no
Campo da Redenção, que hoje abriga parque de mesmo nome. Com cavaleiros, bandarilheiros, forcados e pega, assim como pantomimas tauromáquicas, eram consideradas eventos sociais, recreativos e artísticos, atraindo humildes e abonados. A informação disponível não permite saber se o animal era sacrificado na apresentação.
[37]
Havia, também, praças de touros em
São Paulo,
[38] Campinas,
[39] Santos,
[40] Cuiabá,
[41][42] Curitiba,
Salvador e no
Rio de Janeiro,
[43] então capital nacional. Nela, em 1922, dentre as
festividades do centenário da independência brasileira, realizaram-se touradas com registro cinematográfico.
[44] Em 1934, as touradas, juntamente com as
rinhas de galo, foram proibidas pelo então
presidente brasileiro Getúlio Vargas, proibições estas que se mantêm em vigor até hoje.
[45]
Referências
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