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Por Pedro Candeias
Coordenador
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14 de Setembro de 2015 |
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Schengen: Espaço, a última fronteira
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O
problema com a morte é que ela existe, repete-se, todos a vemos e isso
banaliza-a; pior do que isso, torna-a irrelevante, um número abstrato,
se desprovido de contexto. Mas um número, na génese, é uma coisa concreta: um não é dois, dois mais um são três, três mais dois dá cinco. Ontem, cinco rapazes, cinco raparigas e quatro bébés morreram perto da ilha de Farmakonisi,
na Grécia, quando o rudimentar barco de pesca de madeira se virou no
sul do mar Egeu. Iam 112 pessoas lá dentro e 34 delas perderam a vida -
este ano,o Mediterrâneo já engoliu 2700 refugiados/migrantes. Não é um número, é uma tragédia que não tem filiação nem pátria, com vários pontos de partida e um ponto de chegada. "Não podemos permitir aos refugiados que escolham livremente onde querem ficar", avisou Thomas de Maizière, Ministro do Interior alemão. [Thomas de Maizière é ele próprio descendente de franceses protestantes que pediram asilo na Prússia no século XVII.] O
país mais rico e poderoso da Europa fechou as suas fronteiras a sul e o
acordo de Schengen, de 1995, ficou suspenso "provisoriamente".
A polícia alemã diz o contrário - diz que está preparada para lá ficar
"durante muito tempo". A Alemanha está a chegar ao limite da capacidade
de alojamento e os migrantes que chegam, dormem ao relento e no chão e
amontoados uns nos outros; em Munique, estão 63 mil refugiados desde há duas semanas. Abriu-se o primeiro precedente: Milan Chovonec, ministro do interior da República Checa, garantiu que o país dele também iria reforçar a fronteira. Viktor
Orban, primeiro ministro da Hungria com tiques de outros tempos, bateu
palmas à decisão de Angela Merkel. E Merkel telefonou a Claude Juncker
para se justificar. Disse Juncker: "A situação atual na Alemanha, à primeira vista, parece ser uma situação abrangida pelas regras." Que regras são essas? A Economist diz-nos que a suspensão dos acordos de Schengen é permitida, se em causa estiver a segurança nacional de quem baixa as barreiras e aumenta os controlos. Estas
exceções são legais desde que temporárias e é aqui que entra a
semântica - temporário é provisório, provisório é transitório, e
transitório é uma palavra vaga, como indeterminado. E a seguir a
indeterminado, normalmente, vem o definitivo. E quanto mais tempo o espaço Schengen estiver limitado mais a ideia da Europa una e unida tenderá a perder-se. É por isso que, hoje, os ministros do Interior da zona Euro se reúnem de emergência em Bruxelas para discutirem a crise dos refugiados que bateu agora à porta do Velho Continente mas que anda de porta em porta pelo resto do planeta há décadas. A França já pediu o "respeito escrupuloso" do acordo Schengen por parte da UE. P.S.: Nesta madrugada, soube-se que turistas mexicanos e guias egípcios foram mortos no deserto do Egito pelas autoridades locais que os confundiram com terroristas do auto-denominado Estado Islâmico.12 mortos e 10 feridos - ou a estúpida irrelevância da vida. OUTRAS NOTÍCIAS Em Inglaterra, só dá Jeremy Corbyn. No primeiro dia como novo líder do Partido Trabalhista,
Corbyn manteve a sua agenda: apanhou um táxi, foi a uma acção de
solidariedade contra doenças mentais, falou de depressão e de Alzheimer,
e não respondeu a perguntas de jornalistas. Aparentemente, nada mudou
na vida dele. Talvez não tenha espreitado o Twitter de David Cameron, que o considerou uma "ameaça à segurança nacional, à segurança económica e à segurança das famílias". Ou talvez não tenha visto o seu número 2, Tom Watson, a dar uma entrevista em que disse estar contra duas medidas dos novos trabalhistas: a saída da NATO e o fim das negociações à renovação da frota dos submarinos nucleares, o tal programa Trident. Por cá também temos histórias com submarinos, mas estas ficaram debaixo de água. À
tona está um banco ruim que foi partido em dois: um mau, que é
realmente mau, e um bom, que não é assim tão bom e até deu um prejuízo
de €850 milhões num ano. Em pré-campanha eleitoral, Passos Coelho disse-se disposto a criar uma subscrição pública para angariar fundos para quem ficou mal na vida com o banco mau, mas avisou que não valia a pena pressioná-lo pois o Governo não se metia na Justiça. António Costa aproveitou a deixa para dizer que mal seria de um país se os seus cidadãos tivessem de depender "da caridade do primeiro-ministro". E por falar em primeiro-ministro, hoje regressa o Prós & Contras na RTP1 e o programa será votado ao tema: "A independência da Justiça". A promo
deste P&C tem 'aquela' pergunta de Paulo Rangel que implica um
ex-PM, que agora vive no número 33 da Abade Faria, e um partido que não o
PSD. Os socialistas fizeram-se ouvir. Ou ler. Ascenso Simões,
no Facebook: "Mais não posso que considerar que a RTP fez uma opção
partidária, que nestas eleições optou por atacar o PS, maltratar os seus
militantes e provocar os seus votantes”. João Galamba, no Twitter: "O diretor de informação da RTP, Paulo Dentinho, só tem uma alternativa: demitir-se". Edite Estrela, no Facebook: "A televisão estatal vai mesmo dedicar um Prós e Contras ao dislate de Paulo Rangel?". E José Lello, o único destes quatro a aparecer 'naquela' foto, no Twitter: "A RTP está ao serviço da campanha do PSD/CDS." Ainda da série Sócrates, temos isto: Eduardo Catroga escreveu uma carta aberta a António Costa, acusando-o de inverdades no debate com Passos Coelho no episódio quem-chamou-a-troika-foram-vocês-e-não-nós. Catroga descreve Pedro Silva Pereira, braço direito de quem-vocês-sabem, como o interlocutor do Governo que não quis conversas com o PSD; e Pedro Silva Pereira puxou a mola do PEC IV para fazer saltar a Troika cá para fora. O que é que Kennedy dizia?
"Não procuremos a resposta Republicana ou a resposta Democrata, mas a
resposta certa. Não devemos procurar quem culpar pelo passado. Devemos
aceitar a nossa responsabilidade para o futuro." Adiante. A acabar, dois programas para começarem a noite: o debate António Costa/Catarina Martins, na TVi 24, e o regresso dos Gato Fedorento à TV com "Isto é tudo muito bonito, mas", no Jornal da Noite da TVi. O primeiro convidado é Jerónimo de Sousa.. FRASES "Estou a tentar ser simpático" Donald Trump, candidato a candidato à nomeação Republicana para as eleições presidenciais, versão Dr. Jekyll "Quem me atacar, está condenado." Donald Trump, versão Mr. Hyde "É o funeral do blairismo e o regresso ao socialismo." Manuel Alegre, o barão vermelho, ao jornal i "Novo Banco é uma batata frita. Não é bom para qualquer Governo." Marcelo Rebelo de Sousa e a lógica da batata quente, no comentário semanal à TVi "Muitas vezes me pergunto como será a minha cruz". Papa Francisco, em entrevista à Rádio Renascença "Estava muito mais preocupado se o Sporting sofresse mais golos do que marcasse" , Jorge 'contas-são-comigo' Jesus, após a vitória por 2-1 em Vila do Conde "Estou a gostar mais deste ano do que dos anteriores, porque agora sou marido e pai e isso torna tudo melhor" Novak Djokovic, vencedor do US Open O QUE ANDO A LER
Há uma teoria americana que diz que os assassinos têm três nomes e são
estes os exemplos: Lee Harvey Oswald (JKF) , James Earl Ray (Martin
Luther King), John Wilkes Booth (Lincoln), Mark David Chapman (John
Lennon), Gary Leon Ridgway (43 mortes de Green River), John Wayne Gacy
(Killer Clown) e Paul John Knowles (Casanova Killer). "Mao: A História Desconhecida"
de Jung Chang (Cisnes Selvagens) e John Halliday é o livro que pretende
desmistificar o ditador que liderou a China durante décadas do século
XX. Nele, Mao é retratado como um menino bem e da mamã, que
detestava o trabalho forçado e os camponeses. Era hipocondríaco e
vaidoso - e traficante de ópio. E um tirano oportunista, que deixou
mulheres e filhos para trás em busca da glória pessoal, atingida através
da manipulação, perseguição e assassínio de quem lhe fazia frente.
Chang e Halliday recuperam documentos antigos (como cartas pessoais e
atas institucionais) que mostram que Mao teve o apoio de Estaline e da
Rússia para chegar ao poder do PCC e tentam provar que a Grande Marcha
foi uma grande ilusão panfletária. Mao Tsé-Tung é um nome com três letras. Com duas letras apenas se escreve Bernardo Ferrão, o editor de política do Expresso que tem sempre uma coisinha ou outra de bastidores para vos contar. É dele o Expresso Curto de amanhã. Continue a seguir-nos aqui e aqui mas também aqui e aqui. Estamos à distância de um site, de um jornal digital, de uma mensagem whatsapp e de um snapchat.
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ANTÓNIO FONSECA
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