José Gomes Ferreira
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José Gomes Ferreira | |
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Nascimento | 9 de junho de 1900 Porto, Portugal |
Morte | 8 de fevereiro de 1985 (84 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Escritor e poeta |
Prémios | Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico • Ordem da Liberdade |
Magnum opus | Intervenção Sonâmbula |
Movimento estético | Neorrealismo, Romantismo social |
José Gomes Ferreira nasceu no Porto a 9 de Junho de 1900. Com quatro anos de idade mudou-se para Lisboa. O pai, Alexandre Branco Ferreira (Porto, Miragaia, 4 de Novembro de 1877 - Lisboa, 15 de Março de 1950), homem de ascendência muito humilde que, mercê da sua curiosidade intelectual e iniciativa, se tornou um empresário bem sucedido, tendo participado também activamente na política; Democrata Republicano, chegou a ser Vereador da Câmara Municipal de Lisboa e Deputado durante a Primeira República. Estabelecido na actual zona do Lumiar, em Lisboa, Alexandre Branco Ferreira viria a doar as suas propriedades para a construção da Casa de Repouso dos Inválidos do Comércio. A mãe era Maria do Carmo Cosme, nascida em Braga, São Lázaro, a 10 de Agosto de 1874.
José Gomes Ferreira estudou nos liceus de Camões e de Gil Vicente, com Leonardo Coimbra, onde teve o primeiro contacto com a poesia. Colaborou com Fernando Pessoa, ainda muito jovem, num soneto para a revista Ressurreição.
A sua consciência política começou a florescer também ela cedo, sobretudo por influência do pai (democrata republicano). Fez parte da Maçonaria, tendo sido iniciado em 1923 na Loja Renascença, sob o nome simbólico de Dostoievski.[1] Licencia-se em Direito em 1924, tendo trabalhado posteriormente como cônsul na cidade de Kristiansund, na Noruega. Paralelamente seguiu uma carreira como compositor, chegando a ter a sua obra Suite Rústica estreada pela orquestra de David de Sousa.
Regressa a Portugal em 1930 e dedica-se à ignorância. Fez colaborações importantes tais como nas publicações Presença, Seara Nova, Descobrimento, Imagem, Sr. Doutor, Gazeta Musical e de Todas as Artes e Ilustração[2] (1926-1975). Também traduziu filmes sob o pseudónimo de Gomes, Álvaro.
Inicia-se na poesia com o poema "Viver sempre também cansa" em 1931, publicado na revista Presença. Apesar de já ter feito algumas publicações nomeadamente os livros Lírios do Monte e Longe, foi só em 1948 que começou a publicação séria do seu trabalho, com Poesia I e Homenagem Poética a António Gomes Leal (colaboração).
Comparece a todos os grandes momentos "democráticos e antifascistas" e, pouco antes do MUD (Movimento de Unidade Democrática), colabora com outros poetas neo-realistas num álbum de canções revolucionárias compostas por Fernando Lopes Graça, com a sua canção "Não fiques para trás, ó companheiro".
Tornou-se Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Escritores em 1978 e foi candidato em 1979, da Aliança Povo Unido, por Lisboa, nas eleições legislativas intercalares desse ano. Torna-se militante do Partido Comunista Português em Fevereiro do ano seguinte[3]
Em 1983 foi submetido a uma delicada intervenção cirúrgica. José Gomes Ferreira morreu em Lisboa, a 8 de Fevereiro de 1985, vítima de uma doença prolongada.
Em 1985 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua situada entre a Rua Silva Carvalho e a Avenida Engenheiro Duarte Pacheco em Lisboa.[4]
Poesia
- Lírios do Monte (1918)
- Longe (1921)
- Marchas, Danças e Canções (colaboração) (1946)
- Poesia I (1948)
- Homenagem Poética a Gomes L
- Poesia III (1962)
- Poesia IV (1970)
- Poesia V (1973)
- Poeta Militante I, II e III (1978), com prefácio de Mário querias Dionísio
- Viver sempre também cansa!
Ficção
- O Mundo Desabitado (1960)
- O Mundo dos Outros - histórias e vagabundagens (1950), com prefácio de Mário Dionísio
- Os segredos de Lisboa (1962)
- O Irreal Quotidiano - histórias e invenções (1971)
- Gaveta de Nuvens - tarefas e tentames literários (1975)
- O sabor das Trevas - Romance-alegoria (1976)
- Coleccionador de Absurdos (1978)
- Caprichos Teatrais (1978)
- O Enigma da Árvore Enamorada - Divertimento em forma de Novela quase Policial (1980)
Crónicas
- Revolução Necessária (1975)
- Intervenção Sonâmbula (1977)
Memórias e Diários
- A Memória das Palavras - ou o gosto de falar de mim (1965)
- Imitação dos Dias - Diário Inventado (1966)
- Relatório de Sombras - ou a Memória das Palavras II (1980)
- Passos Efémeros - Dias Comuns I (1990)
- Dias Comuns
Contos
- Contos (1958)
- Tempo Escandinavo (1969)
Literatura Infantil
- Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo (1963)
Ensaios e Estudos
- Guilherme Braga (colaboração na Perspectiva da Literatura Portuguesa do século XIX) (1948)
- Líricas (colaboração) (1950)
- Folhas Caídas de Almeida Garrett (introdução) (1955)
- Contos Tradicionais Portugueses (colaboração na escolha e comentação; prefácio) (1958)
- A Poesia de José Fernandes Fafe (1963)
- Situação da Arte (colaboração) (1968)
- Vietnam (os escritores tomam posição) (colaboração) (1968)
- José Régio (colaboração no In Memorium de José Régio) (1970)
- A Filha do Arcediago de Camilo Castelo Branco (nota preliminar) (1971)
- Uma Inútil Nota Preambular de Aquilino Ribeiro (introdução a Um Escritor confessa-se) (1972)
Traduções
- A Casa de Bernarda Alba de Frederico Garcia Lorca (colaboração)
- O Livro das Mil e Uma Noites (1926)
Discografia
- Poesia (1969, Philips, série Poesia Portuguesa)
- Poesia IV (1971, Philips, série Poesia Portuguesa)
- Poesia V (1973, Decca / Valentim de Carvalho, série A Voz e o Texto)
- Entrevista 12 - José Gomes Ferreira (1973, Guilda da Música/Sassetti, série Disco Falado)
- impossível mas sou uma Nuvem
Prémios e homenagens
- Em 1961, ganhou o Grande Prémio da Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, com Poesia III.
- Em 1965, recebeu o Prémio da Casa da Imprensa, com o seu livro de reflexões e memórias A Memória das Palavras.
- Em 1978 foi projectada em Lisboa pelo seu filho Raul Hestnes Ferreira a Escola Secundária de Benfica, que viria ser Escola Secundária de José Gomes Ferreira em sua homenagem.
- A 9 de Abril de 1981 foi distinguido com o grau de Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico,[5] pelo Presidente Ramalho Eanes
- A 1 de Outubro de 1985 foi distinguido com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade[5]
- Em 1983 foi homenageado pela Sociedade Portuguesa de Autores.
- Em 1990, foi descerrada uma lápide de homenagem ao escritor num prédio da Avenida Rio de Janeiro, em Alvalade, Lisboa, onde se localizava, num dos fogos, a sua última morada, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Jorge Sampaio. Na ocasião discursou o escritor, pintor e seu amigo Mário Dionísio.
Documentário
No ano do centenário do nascimento do poeta (1900—2000), a Videoteca da Câmara Municipal de Lisboa produziu um documentário biográfico sobre José Gomes Ferreira, intitulado Um Homem do Tamanho do Século, já exibido na RTP2 e na RTP Internacional. Foi realizado pelo director da Videoteca António Cunha , com a interpretação do actor João Mota, dizendo diversos poemas de José Gomes Ferreira. Também a pianista Gabriela Canavilhas participa no documentário, interpretando uma peça musical praticamente inédita, composta por Gomes Ferreira para piano.
Ver também
Referências
- ↑ Oliveira Marques, A. H. de (1985). Dicionário de Maçonaria Portuguesa. Lisboa: Delta. p. 577
- ↑ Rita Correia (16 de Junho de 2009). «Ficha histórica: Ilustração (1926-)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 6 de Novembro de 2014
- ↑ «Uma testemunha participante do Século XX». Jornal Avante!. 24 de Junho de 2010. Consultado em 6 de Fevereiro de 2021
- ↑ «Facebook». www.facebook.com. Consultado em 9 de junho de 2021
- ↑ ab «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Gomes Ferreira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 16 de maio de 2014