Kyiv disponível para investigação sobre preparação de "bomba suja"
A Ucrânia manifestou-se hoje disponível para uma investigação da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) sobre as alegações russas de que estará a preparar-se para utilizar uma "bomba suja" em território ucraniano para culpar Moscovo.
"Todas as nossas instalações nucleares estão abertas à AIEA. É fácil confirmar que as declarações russas são um disparate", disse o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, na rede social Facebook, citado pela agência espanhola EFE.
Rwznikov reagia à acusação de Moscovo de que a Ucrânia pretende usar uma arma convencional contendo material radioativo, designada por "bomba suja", para culpar a Rússia e desencadear uma resposta dos aliados ocidentais.
Tratar-se-ia de uma operação de bandeira falsa, usada num conflito de modo a aparentar ser realizada pelo inimigo para tirar partido das suas consequências.
O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, informou no domingo, em contactos separados, os seus homólogos francês, britânico e turco dessa alegada intenção ucraniana, tendo falado também com o secretário da Defesa norte-americano sobre a situação na Ucrânia.
"Ao contrário de Moscovo, a Ucrânia sempre foi extremamente responsável em questões de segurança nuclear", disse o ministro ucraniano.
Reznikov agradeceu aos parceiros da Ucrânia por terem reparado corretamente no que considerou ser um "perigoso disparate russo".
O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, disse hoje ter falado com o seu homólogo norte-americano, Anthony Blinken, e que os dois concordaram que as alegações russas fazem parte de uma "campanha de desinformação".
Kuleba devolveu a acusação a Moscovo, referindo que a campanha poderá ter como objetivo "criar um pretexto para uma operação de bandeira falsa".
O Departamento de Estado norte-americano confirmou que Blinken disse a Kuleba que Washington "rejeita as acusações manifestamente falsas" de Shoigu, que o mundo vê como o pretexto de Moscovo para uma escalada.
Kuleba disse que falou igualmente com a sua homóloga francesa, Catherine Colonna, e que ambos condenaram a "campanha de desinformação" da Rússia sobre a "bomba suja".
O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um centro de reflexão norte-americano que tem acompanhado diariamente a guerra na Ucrânia, considerou ser "pouco provável" que a Rússia "esteja a preparar um ataque iminente com uma 'bomba suja' de bandeira falsa".
Moscovo pretende "intimidar os Estados ocidentais a cortar ou limitar o apoio à Ucrânia", uma vez que "enfrenta contínuos reveses militares e a provável perda de Kherson ocidental até ao final do ano", disse o ISW.
As acusações russas surgem numa altura em que a Ucrânia tem em curso uma contraofensiva que lhe permitiu reconquistar territórios controlados pela Rússia, incluindo em regiões anexadas por Moscovo.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, mergulhando a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1045).
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