domingo, 2 de agosto de 2020

CONFERÊNCIA DE POTSDAM - (1945) - 2 DE AGOSTO DE 2020


Conferência de Potsdam

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Attlee, Truman e Stalin em Potsdam

Conferência de Potsdam - ocorreu em PotsdamAlemanha (perto de Berlim), entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Os participantes foram os vitoriosos aliados da Segunda Guerra Mundial, que se juntaram para decidir como administrar a Alemanha, que tinha se rendido incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8 de maioDia da Vitória na Europa.[1] Os objetivos da conferência incluíram igualmente o estabelecimento da ordem pós-guerra, assuntos relacionados com tratados de paz e contornar os efeitos da guerra.

Participantes[editar | editar código-fonte]

Chegou à conferência com um dia de atraso, justificando-se com "assuntos oficiais" que requereram a sua atenção, embora seja possível que, na realidade, Stalin tenha tido alguma problemas cardiovasculares.[2] Apesar disso, a iniciativa da aliança contra o nazismo foi dele.[3]
Os resultados das eleições britânicas foram conhecidos durante a conferência. Como resultado da vitória do Partido Trabalhista sobre o Partido Conservador, o cargo de primeiro-ministro mudou de mãos.
Stalin sugeriu que Truman fosse o único chefe de estado presente na conferência, sugestão que foi aceita por Churchill.

Primeiros resultados da conferência[editar | editar código-fonte]

Estes foram os pontos da conferência:[4]

  • Acordo sobre as indenizações de guerra. Os aliados estimaram as suas perdas em 200 bilhões (português brasileiro) ou 200 mil milhões (português europeu) de dólares. Após insistências das forças ocidentais (excluindo assim a União Soviética), a Alemanha foi obrigada apenas ao pagamento de 20 bilhões (português brasileiro) ou 20 mil milhões (português europeu), em propriedades, produtos industriais e força de trabalho. No entanto, a Guerra Fria impediu que o pagamento se processasse na totalidade;
  • Stalin propôs que a Polónia não tivesse direito a uma indemnização directa, mas sim que tivesse direito a 15% da compensação da União Soviética (esta situação nunca aconteceu);
  • Todos os outros assuntos seriam tratados na conferência de paz final, que seria convocada assim que possível.
Antigas e novas fronteiras da Polônia, 1945. O território previamente parte da Alemanha está identificado em rosa. A nova fronteira soviético-polonesa segue aproximadamente a Linha Curzon.

Enquanto que a fronteira entre a Alemanha e a Polónia foi praticamente determinada e tornada irreversível através da transferência forçada de populações, facto acordado em Potsdam, o Ocidente queria que na conferência final de paz se confirmasse a linha OderNeisse como marco permanente.

Dado que a Segunda Guerra Mundial nunca foi terminada com uma conferência de paz formal, a fronteira germano-polaca foi confirmada com base em acordos mútuos: 1950 pela República Democrática Alemã, 1970 pela República Federal Alemã e em 1990 pela Alemanha já reunificada (Ver: Reunificação da Alemanha). Este estado de incerteza levou a uma grande influência da União Soviética sobre a Polónia e a Alemanha. A Arábia Saudita desde a conferência recebeu capitais norte-americanos depois da derrota de qualquer possibilidade imediata de se abrir o mercado petroleiro russo.[6][7]

Os aliados ocidentais, especialmente Churchill, mostraram-se desconfiados das jogadas de Stalin, o qual já tinha instalado governos comunistas em países da Europa Central sob sua influência; a conferência de Potsdam acabou por ser a última conferência entre os Aliados.

Durante a conferência, Truman mencionou a Stalin uma "nova arma potente" não especificando detalhes. Stalin, que ironicamente já sabia da existência desta arma muito antes que Truman soubesse da mesma, encorajou o uso de uma qualquer arma que proporcionasse o final da guerra. Perto do final da conferência foi apresentado um ultimato ao império do Japão, ameaçando uma "rápida e total destruição", sem mencionar a nova bomba.

Após a recusa do Japão, ocorreram os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, com o lançamento de bombas atómicas sobre Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto). 15 de agosto de 1945 foi o dia V-J (dia da vitória sobre o Japão). Representantes japoneses assinaram a rendição oficial do país em 2 de setembro.

Truman tomou a decisão de usar armamento atómico para acabar com a guerra enquanto esteve na conferência. Ainda que, hodiernamente, a historiografia recente admita que as bombas foram utilizadas com o intuito de apenas abreviar a guerra para que a URSS não avançasse mais na frente oriental.

Territórios ocupados[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 1946, o Conselho de Controlo Aliado dividiu a Alemanha em 4 zonas de ocupação controladas por Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido, e França. Estes países ocuparam a Alemanha de 1945 até 1948.

O território austríaco foi igualmente dividido e ocupado, ficando sob controle aliado até 1955. De acordo com o historiador norte-americano Frank McCann,[8] o Brasil teria sido chamado a também ocupar a Áustria.[9][10]

Alemanha ocupada em 1947
Áustria ocupada no período 1945-1955

Precedentes da Conferência de Potsdam[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  Former friends about USSR's contribution to victory in WWII
  2.  John Martin Carroll, George C. Herring. Modern American Diplomacy (1986) p. 131
  3.  Holdsworth, Nick (18 de outubro de 2008). «Stalin 'planned to send a million troops to stop Hitler if Britain and France agreed pact'» (em inglês). ISSN 0307-1235
  4.  Michael Neiberg, Potsdam: The End of World War II and the Remaking of Europe, Basic Books, 2015
  5.  Henry Heller, The Cold War and the New Imperialism: A Global History, 1945-2005, Monthly Review Press, New York, 2006.
  6.  F. William Engdahl, Gods of Money,2009, edition.engdahl, Wiesbaden, pp. 190-193.
  7.  You Can’t Understand ISIS If You Don’t Know the History of Wahhabism in Saudi Arabia
  8.  (em inglêsUNH - Página acessada em 25 de Novembro de 2010.
  9.  (em portuguêsEstadão - País foi chamado a ocupar a Áustria. Página acessada em 2 de Janeiro de 2011.
  10.  (em portuguêsMondopost - Brasil foi chamado a ocupar a Áustria. Acessado em 25 de Novembro de 2010.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • de Zayas, Alfred M. A terrible Revenge. Palgrave/Macmillan, New York, 1994. ISBN 1-4039-7308-3.
  • de Zayas, Alfred M. Nemesis at Potsdam. London, 1977. ISBN 0-8032-4910-1.
  • MAGNOLI, DemetrioHistória da Paz. São Paulo: Contexto, 2008. 448p. ISBN 8572443967
  • MEE, Charles L. Paz em Berlim: a conferência de Potsdam e seu mister de encerrar a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. ISBN 978-85-209-1978-1
  • Naimark, Norman. Fires of Hatred. Ethnic Cleansing in Twentieth. Century Europe. Cambridge, Harvard University Press, 2001.
  • Prauser, Steffen and Rees, Arfon. The Expulsion of the "German" Communities from Eastern Europe at the End of the Second World War Florence, Italy, European University Institute, 2004.

SINAGOGA PORTUGUESA DE AMSTERDÃO - INAUGURADA EM 1675 - 2 DE AGOSTO DE 2020


Sinagoga Portuguesa de Amesterdão

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Sinagoga Portuguesa de Amsterdão
EsnogaAmsterdam.jpg
Apresentação
Tipo
Estilo
Arquiteto
Daniël Stalpaert (en)Visualizar e editar dados no Wikidata
Período de construção
Estatuto patrimonial
Website
Localização
Endereço3 Mr. Visserplein (d)Visualizar e editar dados no Wikidata
1011RD Amesterdão (en)
Flag of the Netherlands.svg Países Baixos
Coordenadas
Sinagoga Portuguesa de Amesterdão

Sinagoga Portuguesa de Amesterdão (pt) ou Amesterdã (pt-BR), denominada de Esnoga, é uma sinagoga dos Países Baixos, situada numa rua (Visserplein) próxima do centro histórico de Amesterdão, em frente ao Museu da História Judaica de Amesterdão.[1] É um edifício monumental que foi construído no século XVII (o chamado "século de ouro da Holanda") pela congregação de judeus de origem sefardita da cidade, a Congregação Portuguesa Israelita de Amesterdão. Hoje, após a Segunda Guerra Mundial e o resultante extermínio dos judeus (Holocausto), não existem mais do que 700 membros da congregação. Apesar disso, o imponente edifício, que escapou milagrosamente à destruição pelos nazis (a maioria das sinagogas alemãs foram incendiadas) permanece aberto ao público todos os dias das 10h às 16h, com excepção do Sábado (Shabat), dia em que está fechada.

12 de setembro de 1670 o terreno foi comprado para a construção da Sinagoga Portuguesa de Amesterdão. Foi projectada pelo arquitecto neerlandês Elias Bouman. As obras começaram a 17 de Abril de 1671. A esnoga seria inaugurada a 2 de agosto de 1675. Ainda hoje o Sefardi é utilizado como língua litúrgica.

História da Comunidade Sefardita de Amesterdão[editar | editar código-fonte]

Após a expulsão dos judeus de Espanha pelos "Reis Católicos" através do Decreto de Alhambra de 1492, cerca de 130.000 fugiram para Portugal, onde havia 50.000 judeus portugueses.

Em 1496/1497, no reinado de D. Manuel I, todos eles seriam obrigados à conversão ao catolicismo, quer fossem judeus portugueses ou espanhóis. Começava a perseguição activa aos judeus em Portugal, que se iria consolidar com a entrada em funcionamento em 1540 do Tribunal da Inquisição, que perdurou até 1821.

Foi a partir daqui que se falou dos chamados "cristãos-novos", ou seja, os descendentes dos judeus convertidos à força. Foram perseguidos e oprimidos, por várias razões. Muitas vezes por inveja do seu poder económico — a Igreja Católica desempenhava um papel desencorajador da actividade económica, proibindo a usura — ou cultural — grande parte dos judeus sabia ler, enquanto que a esmagadora maioria dos católicos era analfabeta.

Por volta de 1596, muitas famílias portuguesas de ascendência judaica, cansadas da opressão em Portugal e desejosas de voltar a praticar abertamente a sua religião, rumaram a Amesterdão (entre muitos outros destinos de refúgio).

Nessa altura, entre 1580 e 1640, Portugal pertencia à União Ibérica da Dinastia Filipina, uma aliança de tradição católica, em guerra aberta com a Inglaterra (ver: Armada Invencível) e a Holanda, países protestantes. A Holanda, país onde a Reforma Protestante ganhara muitos adeptos, tinha sido um território dependente da Espanha católica, e lutava agora pela independência política e religiosa (ver: Guerra dos 80 Anos, a guerra da independência holandesa).

Assim se explica que não só os judeus portugueses que se refugiaram em Amesterdão, mas também os judeus espanhóis, se tenham rotulado de "Portugueses" para evitar a identificação com a Espanha inimiga.

Interior da Sinagoga.

Em 1599 havia apenas cerca de uma centena de portugueses em Amesterdão. Em 1610 seriam perto de 200. Por volta de 1725 seriam já 2500.

Os judeus ibéricos (os chamados Sefarditas) em breve se tornariam uma minoria, com o afluxo de judeus dos territórios da Europa de Leste (os chamados Asquenazitas), mais numerosos mas normalmente mais pobres do que os judeus sefarditas, que ganharam na Holanda um rótulo de gente de cultura, de dinheiro e influência política. Hoje, os nomes de família portugueses na Holanda (muito poucos, depois da invasão pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial mais de 80% dos judeus holandeses foram exterminados pelos Nazis), têm ainda uma aura de prestígio, intimamente ligado ao afluxo de judeus portugueses nos séculos XVI e XVII.

Os judeus portugueses desempenharam um papel importante no desenvolvimento cultural e económico da República dos Países Baixos. Desfrutaram ali da liberdade de culto e de expressão, invejáveis para a maioria dos judeus nas restantes partes do mundo.

A comunidade judaica portuguesa produziria muitas figuras de renome nacional e internacional, rabinos, eruditos, filósofos, banqueiros, fundadores de companhias de comércio internacional: Gracia NasiIsaac de PintoDavid RicardoMenasseh ben IsraelIsaac Aboab da FonsecaUriel AcostaBaruch de Espinoza, entre outros.

Historiadores[editar | editar código-fonte]

O historiador António José Saraiva, na sua obra "Inquisição e Cristãos-Novos", viu na saída das comunidades judaicas da península ibérica no século XVI um factor prejudicial para as sociedades e economias ibéricas, anunciando o declínio de Portugal e Espanha no concerto da nações, então no auge da sua influência. O historiador norte-americano David Landes, ao resumir as posições do Saraiva, assim escreve em "A riqueza e pobreza das nações":

"Quando os Portugueses conquistaram o Atlântico Sul, eles estavam na linha da frente das técnicas de navegação. A abertura para a aprendizagem com sábios estrangeiros, muitos deles Judeus, tinha trazido conhecimento que se traduzia directamente na aplicação prática, e quando em 1492 os Espanhóis decidiram obrigar os seus Judeus a adoptar o Cristianismo ou a sair, muitos encontraram refúgio em Portugal, então com uma política mais relaxada face ao Judaísmo. Mas em 1497, pressão da Igreja Romana e de Espanha levou a coroa portuguesa a abandonar esta tolerância. Cerca de 70.000 judeus foram forçados a um baptismo meramente formal. Em 1506, Lisboa viu o seu primeiro pogrom, que matou dois mil Judeus "convertidos" (a Espanha já vinha fazendo o mesmo desde há duzentos anos). A partir daí a vida intelectual e científica de Portugal desceu a um abismo de intolerância, fanatismo e pureza de sangue.
O declínio foi gradual. A Inquisição portuguesa foi instalada apenas na década de 1540 e queimou o seu primeiro herético em 1543; mas só se tornou cruelmente amedrontante a partir de 1580, após a união das coroas portuguesa e espanhola sob a pessoa de Filipe II de Espanha. Entretanto, os cripto-judeus, incluindo Abraão Zacuto e outros astrónomos, acharam a vida em Portugal suficientemente perigosa para saírem em grandes números.
… Os cientistas, matemáticos e físicos cripto-judeus do passado tinham saído. Nenhuma outra minoria dissidente apareceu para tomar o lugar deles… se os ganhos da troca de mercadorias são importantes, esses ganhos são ainda pequenos comparados com os ganhos da troca de ideias".

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Belinfante, Judith C. E.; Stroo, ‎Martine; Kurpershoek, Ernest. The Esnoga: a monument to Portuguese-Jewish culture. Amesterdã: D'Arts

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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