Albinismo
Albinismo | |
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Especialidade | endocrinologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | E70.3 |
CID-9 | 270.2 |
OMIM | 203100 |
DiseasesDB | 318 |
MedlinePlus | 001479 |
eMedicine | derm/12 |
MeSH | D000417 |
Leia o aviso médico |
O albinismo (do termo em latim albus, "branco"; também chamado de acromia, acromasia ou acromatose) é um distúrbio congênitocaracterizado pela ausência completa ou parcial de pigmento na pele, cabelos e olhos, devido à ausência ou defeito de uma enzima envolvida na produção de melanina. O albinismo resulta de uma herança de alelos de gene recessivo e é conhecido por afetar todo o reino animal. O termo mais comum usado para um organismo afetado por albinismo é "albino".
O albinismo é associado com um número de defeitos de visão, como fotofobia, nistagmo e astigmatismo. A falta de pigmentação da pele faz com que o organismo fique mais suscetível a queimaduras solares e câncer de pele.
Índice
Conceituação[editar | editar código-fonte]
O albinismo é uma condição de natureza genética em que há um defeito na produção pelo organismo de melanina. Este defeito é a causa de uma ausência parcial ou total da pigmentação dos olhos, pele e pêlos do animal afetado. Também aparecem equivalentes do albinismo nos vegetais, em que faltam alguns compostos corantes, como o caroteno. É uma condição hereditária que aparece com a combinação de genes que são recessivos nos pais.[1]
Os principais tipos de albinismo são os seguintes:
- Oculocutâneo (completo ou total) - em que todo o corpo é afetado;
- Ocular - somente os olhos sofrem da despigmentação;
- Parcial - o organismo produz melanina (ou corantes, se no vegetal) na maior parte do corpo, mas em outras partes isto não ocorre como, por exemplo, nas extremidades superiores.
Etimologia[editar | editar código-fonte]
A palavra albinismo deriva do latim albus, que significa branco. Também é conhecido como Hipopigmentação.[2]
Descrição da mudança genética[editar | editar código-fonte]
Nos indivíduos comuns/médios o organismo transforma um aminoácido chamado tirosina na substância conhecida por melanina. Para que haja produção de melanina devem ocorrer uma série de reações enzimáticas (metabolismo) por meio dos quais se opera a transformação do aminoácido Y (chamado tyr) em melanina, por intermédio da acção da enzima tirosinase.
Os indivíduos que padecem de albinismo têm este caminho metabólico interrompido, já que sua enzima tirosinase não apresenta nenhuma actividade (ou esta é tão pequena que é insuficiente), de modo que a transformação não ocorre e tais indivíduos ficarão sem pigmentação.
Papel da melanina[editar | editar código-fonte]
A melanina se distribui por todo o corpo, dando cor e proteção à pele, cabelos e à íris dos olhos. Quando o corpo é incapaz de produzir esta substância, ou de distribuí-la por todo o soma, ocorre a hipopigmentação, conhecida por albinismo.
Transmissão[editar | editar código-fonte]
O albinismo é hereditário, e transmite-se de três formas distintas:
- Autossómica recessiva;
- Autossómica dominante, e
- Ligado ao cromossomo X, quando afeta apenas indivíduos do sexo masculino.
Graus de albinismo[editar | editar código-fonte]
O albinismo completo se apresenta quando a carência da substância corante se percebe na pele, no cabelo e nos olhos, sendo conhecido como albinismo oculo-cutâneo ou tiroxinase-negativo. Estes indivíduos apresentam a pele e os pêlos de cores branca, e os olhos de tom rosado. Sofrem de transtornos visuais, fotofobia, movimento involuntário dos olhos (nistagmus) ou estrabismo e, em casos mais severos, podem chegar à cegueira. A exposição ao sol não produz o bronzeamento, além de causar queimaduras de graus variados.
No albinismo ocular, uma versão menos severa deste transtorno, apenas os olhos são afetados. Nesta variedade do albinismo a cor da íris pode variar de azul a verde e, em alguns casos, castanho-claro - e cuja detecção se dá mediante exame médico. Nestes casos a fóvea (responsável pela acuidade visual, no olho) tende a desenvolver-se menos, pela falta da melanina, que cumpre um papel central no desenvolvimento do olho, nos fetos.
- Os filhos da lua
Os albinos sofrem conseqüências devido a falta de proteção contra a luz solar especialmente na pele e nos olhos. Assim muitos preferem a noite para desenvolvimento de suas atividades, daí o nome filhos da lua. Muitos albinos humanos sofrem dificuldades de adaptação social e emocional.[3][4]
Outras mudanças genéticas associadas à falta de melanina[editar | editar código-fonte]
- Síndrome de Waardenburg: é um transtorno que se apresenta como uma mecha de pêlos que crescem sem pigmentação na parte frontal da cabeça, ou pela ausência de pigmentação numa das íris.
- Síndrome de Chediak-Higashi: falta parcial da pigmentação na pele, associado a alterações imunológicas celulares, tendo tendência a criar graves infecções sistémicas.
- Esclerose tuberosa: pequenas áreas localizadas com despigmentação.
- Síndrome de Hermansky-Pudiak: albinismo generalizado, associado com problemas sanguíneos, pulmonares e intestinais.
Albinismo animal[editar | editar código-fonte]
Os animais albinos, via de regra, não sobrevivem por muito tempo em seu meio natural em virtude de sua debilidade ante os raios solares e ainda porque sua falta de coloração os delata facilmente, quer para suas presas, quer para seus predadores.
Deve-se diferenciar, porém, os animais albinos daqueles que possuem a coloração branca (ou leucísticos). Comumente são vendidos animais como albinos quando na realidade trata-se de animais de pelagem branca mas que ainda assim possuem melanina em seu organismo, como ocorre aos ursos do Ártico.
A vida em cativeiro dos animais albinos é, sem dúvida, a única forma de manter sua sobrevivência. Por sua beleza e raridade, tornam-se atração em alguns zoológicos do mundo, como os seguintes:
- O gorila chamado Floco de Neve (Floquinho de Neve), único albino conhecido de sua espécie, que vivia no Zoológico de Barcelona, até sua morte causada por câncer de pele em 24 de novembro de 2003. Viveu por 40 anos, e nascera na Guiné Equatorial.
- No zoológico de Barranquilla (Colômbia) vive um espécime de macaco-aranha albino, da espécie Ateles ater, conhecida popularmente pelo nome de Marimonda.
- Mecky Way, um ouriço criado em liberdade, na Alemanha.
- Snowdrop, um pinguim sul-africano albino, que vivia no zoológico de Bristol (Reino Unido) até sua morte em agosto de 2004. Era um dos quatro casos documentados de albinismo nesta espécie.
- Os espetaculares pavões reais albinos dos zoológicos de Connecticut (Estados Unidos) e Lahore (Paquistão), Cangurú, nascido no zoológico de Brasília(Brasil).
- Mince, uma cobra albina de 2 cabeças, que foi vista numa exposição de animais exóticos na Suíça.
Discriminação[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Perseguição aos albinos
Em países africanos como a Tanzânia e Burúndi existem casos de albinos sendo mortos nos anos recentes pois seus corpos seriam usados em poções e rituais, e forneceriam sucesso e saúde para o usuário.[5] Numerosos incidentes têm sido reportados no século XXI. Por exemplo, na Tanzânia em setembro de 2009, três homens foram acusados de matarem um garoto de 14 anos albino e cortarem suas pernas com o propósito de venderem para feiticeiros. Novamente na Tanzânia e Burúndi em 2010, o assassinato, desmembramento e rapto de uma criança albina foi denunciada para a corte. A National Geographic estima que na Tanzânia o corpo completo de uma pessoa com albinismo custe 75000 dólares.
Outro sério problema é a falsa crença que relações sexuais com uma mulher albina irá curar a AIDS. Isso acarreta, no Zimbábue, estupros e consequentemente infecções de HIV.
Referências
- ↑ Digital, CacauLimão Comunicação. «ALBINISMO - alteração genética, ausência de pigmentação, etc.». www.todabiologia.com
- ↑ «Mutações Genéticas: Albinismo». www.notapositiva.com. Consultado em 18 de dezembro de 2006. Arquivado do original em 27 de junho de 2013
- ↑ «Page Not Found - NOAH - Albinism». www.albinism.org. Consultado em 19 de Dezembro de 2006. Arquivado do original em 7 de Dezembro de 2006
- ↑ «Albinismo: A obrigação de trocar o dia pela noite». amp.org.br. Consultado em 19 de Dezembro de 2006. Arquivado do original em 29 de Setembro de 2007
- ↑ Oakford, Samuel (9 de Setembro de 2014). «Na Tanzânia Estão Caçando Albinos Para Vender a Pele a US$ 75 Mil». Vice (em inglês). Vice Media LLC. Consultado em 23 de Fevereiro de 2016