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Estamos fartos do Sporting, mas não estamos fartos de futebol. Estamos fartos das conferências de imprensa cubanas de Bruno de Carvalho, da debandada merecida mas impiedosa dos jogadores, dos conselhos diretivos estéreis e das assembleias gerais continuadas, mas não estamos fartos de futebol. Estamos fartos do que estão a fazer ao Sporting e da mancha de óleo negra que alastra no futebol. Mas não estamos fartos de futebol. Porque o futebol é comunhão, só faz sentido se for. |
(Haverá alguém que não saiba onde estava há dois anos menos um mês? Naquele 10 de julho, a chorar primeiro com a lesão de Ronaldo, depois com a lição de grupo de Ronaldo e depois com o golo de Éder que nos deu aquela improvável vitória que nenhuma ficção saberia imitar?) |
Não nos conformamos, ainda hoje, talvez nunca, com a lágrima na cara de Bas Dost, com a ingratidão a Jesus e com a emigração de Rui Patrício, que aprendemos a respeitar e quase até a cobiçar, mesmo que não sejamos sportinguistas. |
No Mundial, que arranca hoje, daqui a nada, é menos importante se Portugal vencerá Espanha do que a reconciliação com esse futebol que se não nos une no campeonato, junta-nos sempre no Europeu e no Mundial. É um duelo ibérico, vale o que vale. Portugal não se estreia a ganhar num mundial desde 2008. Vale o que vale |
Daqui a nada, era bom que olhássemos para o copo meio cheio. Daqui a nada, quando Cristiano Ronaldo entrar em campo no Estádio Fisht, em Sochi, - no dia em que se sabe que aceitou uma pena suspensa de dois anos relativos aos crimes fiscais entre 2011 e 2014 e pelos quais terá de pagar 18,8 milhões de euros ao Fisco espanhol - era bom que fosse aplaudido e não, como não raras vezes acontece, alvo de uma qualquer ira que nunca se percebe vinda muito bem de onde. Mas sobretudo quando Rui Patrício entrar em campo é imperioso que seja aplaudido. Esperemos que seja. Por Portugal. E por um futebol menos esclerosado. |
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