Belmonte (Portugal)
Vista sobre a vila de Belmonte | |
Gentílico | Belmontense |
Área | 118,76 km² |
População | 6 859 hab. (2011[1]) |
Densidade populacional | 57,8 hab./km² |
N.º de freguesias | 4 |
Presidente da câmara municipal | António Pinto Dias Rocha (Independente) |
Fundação do município (ou foral) | 1211 |
Região (NUTS II) | Centro (Região das Beiras) |
Sub-região (NUTS III) | Beiras e Serra da Estrela |
Distrito | Castelo Branco |
Província | Beira Baixa |
Orago | São Tiago e Nossa Senhora da Esperança |
Feriado municipal | 26 de Abril |
Código postal | 6250 |
Sítio oficial | http://www.cm-belmonte.pt/ |
Municípios de Portugal |
Belmonte é uma vila portuguesa do distrito de Castelo Branco, na província da Beira Baixa, região do Centro e sub-região das Beiras e Serra da Estrela, com cerca de 3 500 habitantes.
É sede de município com 118,76 km² de área e 6 859 habitantes (2011),[1] subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município da Guarda, a leste pelo Sabugal, a sudoeste pelo Fundão e a oeste pela Covilhã.
População[editar | editar código-fonte]
Número de habitantes [2] | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
4 743 | 5 239 | 5 694 | 6 573 | 7 261 | 7 362 | 8 190 | 9 572 | 9 848 | 9 109 | 6 522 | 6 765 | 7 411 | 7 592 | 6 859 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por Grupo Etário [3] | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
0-14 Anos | 2 274 | 2 731 | 2 620 | 2 859 | 3 216 | 2 911 | 2 543 | 1 475 | 1 200 | 1 259 | 1 106 | 808 |
15-24 Anos | 1 205 | 1 243 | 1 413 | 1 561 | 1 658 | 1 754 | 1 525 | 820 | 1 094 | 965 | 925 | 677 |
25-64 Anos | 2 833 | 2 959 | 3 002 | 3 447 | 4 058 | 4 320 | 4 270 | 3 175 | 3 191 | 3 719 | 3 760 | 3 536 |
= ou > 65 Anos | 267 | 333 | 346 | 460 | 603 | 721 | 771 | 980 | 1 280 | 1 468 | 1 801 | 1 838 |
> Id. desconh | 3 | 7 | 4 | 4 | 28 |
(Obs.: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
Freguesias[editar | editar código-fonte]
O concelho de Belmonte é constituído por 4 freguesias:
Educação[editar | editar código-fonte]
- Jardim de Infância de Caria
- Jardim de Infância do Colmeal da Torre[4]
- Escola Básica do 1º ciclo de S. Marcos (Caria)
- Escola Básica do 1º ciclo do Colmeal da Torre
- Centro Educativo de Belmonte (Ensino de 1º ciclo, e com Salas de Apoio em Maçainhas e Carvalhal Formoso)
- Escola Básica e Secundária Pedro Álvares Cabral
História[editar | editar código-fonte]
A história da vila remonta ao século XII, quando o concelho municipal recebeu foral de D. Sancho I em 1211.
Belmonte e a vizinha Covilhã, apesar de situados no interior de Portugal estão conotados como poucas regiões portuguesas com os Descobrimentos marítimos Portugueses. Entre as curiosidades que permeiam a história da vila está o facto de que o descobridor do Brasil no século XV, o navegador Pedro Álvares Cabral, ter nascido em Belmonte.
Belmonte é um Concelho quase tão antigo como a Nacionalidade. A vila de Belmonte teve foral em 1199 e está situada no panorâmico Monte da Esperança (antigos Montes Crestados), em cujo morro mais rochoso foi construído nos finais do séc. XII o seu castelo que juntamente com os castelos de Sortelha e Vila de Touro, formaram até à assinatura do Tratado de Alcanices (1297), a linha defensiva do Alto Côa, apoiada na retaguarda pela muralha natural da Serra da Estrela e pelo Vale do Zêzere. Por ser tempo de guerras contra leoneses e castelhanos, o castelo de Belmonte foi sendo melhorado nos reinados de D. Afonso III, D. Dinis e D. João I. A bravura e a lealdade da família dos Cabrais, foi sempre lendária e temida, sobretudo a do seu primeiro Alcaide-mor – Fernão Cabral, que uma vez nomeado a título definitivo e hereditário, em 1466 por D. Afonso V, transformará o castelo numa Residência Senhorial Fortificada, onde seu filho Pedro Álvares Cabral viverá os seus primeiros anos de vida. No séc. XIII atesta-se a existência de uma já próspera comunidade Judaica, responsável pela existência de uma sinagoga de que resta uma inscrição datada de 1296, que provavelmente viveria numa judiaria localizada no atual bairro de Marrocos. Em consequência da expulsão dos judeus de Espanha em 1492, pelos Reis Católicos é provável que esta comunidade tenha aumentado, até que em 1496, D. Manuel I decreta a conversão forçada ao catolicismo, seguindo-se uma série de perseguições e a criação de uma comunidade cripto-judaica que sobreviveu ao longo dos séculos, mantendo os seus rituais e tradições. É ainda o mesmo monarca que em 1510 renova o foral de Belmonte. Em 1989 foi oficialmente criada a comunidade judaica de Belmonte, cuja sinagoga foi inaugurada em 1997, atualmente é uma das poucas comunidades com Rabi.[5]
O Homem ocupou estas terras desde a Pré-história como atestam os vestígios megalíticos com cerca de 6 mil anos nas freguesias de Inguias e de Caria. Igualmente importantes são os sinais da proto-história, que assumem novos conceitos e estratégias de ocupação do território. Nesta época privilegiam-se os cumes dos relevos montanhosos como forma de domínio territorial e de ostentação social. É o exemplo do castro da Chandeirinha, na Serra da Senhora da Esperança. Verdadeiramente marcante neste concelho foi a presença romana. Efetivamente, os romanos atraídos pela riqueza mineira e agrícola desta região, depressa se aperceberam da importância estratégica e económica deste território atravessando-o com vias. Surgem, assim as villae da Quinta da Fórnea na freguesia de Belmonte e de Centum Cellae, na freguesia de Colmeal da Torre. Com a sua imponente torre é um dos mais monumentais sítios da época romana de Portugal e tem sido alvo de várias interpretações históricas e arqueológicas.
Em 1199, D. Sancho I e o Bispo de Coimbra outorgaram Carta de Foral a Belmonte com o intuito de “povoar e restaurar”, assegurando, desta forma, o controlo político da região pela coroa portuguesa.
Em 1258, D. Afonso III concedeu ao bispo de Coimbra, D. Egas Tafes, autorização para a construção da torre de menagem e do castelo nas terras deste concelho. No séc. XIII, Belmonte é já uma vila bastante povoada por cristãos e judeus, justificando a existência de duas igrejas (S. Tiago e Sta Maria) e uma sinagoga. A administração militar (alcaidaria) de Belmonte foi entregue por este rei a Aires Pires Cabral, da família senhorial dos Cabrais.
Na sequência das Guerras Fernandinas e da Crise de 1383/85, atendendo a que “o seu castello de bellmonte he muy despouado por rezam desta guerra”, D. João I concederia Belmonte, por Carta de Couto ao Bispo de Coimbra e, em 1397, à família de Álvaro Gil Cabral, nomeando alcaide do castelo Luís Álvares Cabral, que herdara em Belmonte o morgadio instituído por sua tia Maria Gil Cabral. Em 1466 a família Cabral fixa-se definitivamente em Belmonte, aquando da doação a título hereditário da Alcaidaria-mor do Castelo a Fernão Cabral, recebendo também doação régia de todas as rendas, foros e direitos da vila de Belmonte, de «juro e herdade».
Em 1 de Junho de 1510 Belmonte recebeu nova Carta de Foral no âmbito da Leitura Nova (1496-1520).
Em 1527, Belmonte tinha a segunda maior densidade populacional na comarca de Castelo Branco, e era uma comunidade rural dependente da pecuária e da agricultura e com algum comércio praticado maioritariamente por Judeus.
Apesar disso os Cabrais continuariam a afirmar-se como elite política: entre 1549 e 1550, a culminar uma carreira por altos cargos de nomeação régia, D. Jorge Cabral tornar-se-ia 15.° governador da Índia.[6]
Comunidade judaica[editar | editar código-fonte]
A comunidade de Belmonte abriga um importante facto da história judaica sefardita, relacionado com a resistência dos judeus à intolerância religiosa na Península Ibérica.
No século XVI, aquando da expulsão dos judeus da Península Ibérica, e da reconquista das terras espanholas e portuguesas pelos Reis católicos e por D. Manuel, foi instaurada uma lei que obrigava os judeus portugueses converterem-se ou a deixarem o país.
Muitos deles acabaram abandonando Portugal, por medo de represálias da Inquisição. Outros converteram-se ao cristianismo em termos oficiais, mantendo o seu culto e tradições culturais no âmbito familiar.
Um terceiro grupo de judeus, porém, tomou uma medida mais extrema. Vários decidiram isolar-se do mundo exterior, cortando o contacto com o resto do país e seguindo suas tradições à risca. Tais pessoas foram chamadas de Marranos, uma alusão à proibição ritual de comer carne de porco. Durante séculos os Marranos de Belmonte mantiveram as suas tradições judaicas quase intactas, tornando-se um caso excecional de comunidade criptojudaica. Somente nos anos 70 a comunidade estabeleceu contacto com os judeus de Israel e oficializou o judaísmo como sua religião.
Em 2005 foi inaugurado na cidade o Museu Judaico de Belmonte, o primeiro do género em Portugal, que mostra as tradições e o dia-a-dia dessa comunidade.
Política[editar | editar código-fonte]
Eleições autárquicas[editar | editar código-fonte]
Data | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | APU/CDU | PPD/PSD | AD | PRD | IND | |||||||
1976 | 47,49 | 3 | 16,10 | 1 | 15,83 | 1 | ||||||
1979 | 24,41 | 1 | 34,11 | 2 | AD | 37,58 | 2 | |||||
1982 | 22,10 | 1 | 32,06 | 2 | 39,07 | 2 | ||||||
1985 | 18,83 | 1 | 3,83 | - | 29,21 | 2 | 43,06 | 2 | ||||
1989 | 37,85 | 2 | 3,50 | - | 33,66 | 2 | 17,90 | 1 | ||||
1993 | 22,95 | 1 | 18,11 | 1 | 50,83 | 3 | ||||||
1997 | 29,86 | 2 | 12,62 | - | 50,90 | 3 | ||||||
2001 | 49,47 | 3 | 5,68 | - | 38,28 | 2 | ||||||
2005 | 52,54 | 3 | 4,17 | - | 38,17 | 2 | ||||||
2009 | 49,69 | 3 | 6,67 | - | 30,45 | 2 | ||||||
2013 | 56,97 | 4 | 7,44 | - | 26,38 | 1 | ||||||
2017 | 56,69 | 3 | 6,40 | - | 31,24 | 2 |
Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]
Data | % | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | CDS-PP | PPD/PSD | PCP | UDP | AD | APU/CDU | FRS | PRD | PSN | BE | PAN | PàF | |
1976 | 44,93 | 16,77 | 14,48 | 6,92 | 1,18 | ||||||||
1979 | 36,14 | AD | AD | APU | 1,34 | 38,66 | 14,14 | ||||||
1980 | FRS | 1,03 | 40,17 | 12,86 | 36,07 | ||||||||
1983 | 44,13 | 12,52 | 22,53 | 0,47 | 11,68 | ||||||||
1985 | 25,39 | 8,84 | 25,21 | 0,88 | 9,92 | 20,88 | |||||||
1987 | 26,52 | 3,82 | 46,85 | CDU | 0,65 | 6,31 | 6,83 | ||||||
1991 | 34,35 | 3,53 | 50,98 | 4,23 | 0,85 | 2,39 | |||||||
1995 | 59,41 | 6,36 | 27,31 | 0,47 | 3,21 | ||||||||
1999 | 57,21 | 6,07 | 26,88 | 5,06 | 0,82 | ||||||||
2002 | 48,33 | 6,56 | 36,64 | 3,74 | 1,02 | ||||||||
2005 | 63,78 | 3,30 | 20,75 | 4,23 | 3,68 | ||||||||
2009 | 44,02 | 6,60 | 25,45 | 6,57 | 9,75 | ||||||||
2011 | 37,42 | 8,11 | 33,20 | 6,51 | 5,23 | 0,70 | |||||||
2015 | 43,44 | PàF | PàF | 7,90 | 11,05 | 0,42 | 27,32 |
Desporto[editar | editar código-fonte]
Ao nível do futebol no concelho existe a União Desportiva de Belmonte, que participa no Campeonato Distrital de Castelo Branco. desde as categorias de formação até aos seniores[7], o clube possui várias valências desportivas, entre elas, a Academia de Golfe da Quinta da Bica.[8]
Na modalidade de futsal existe a União Desportiva Cariense, da freguesia de Caria, que se dedica ás camadas de formação e tem também uma equipa sénior na II.ª Divisão Nacional de Futsal[9], existe ainda o Centro Cultural Recreativo e Desportivo de Carvalhal Formoso, da aldeia de Carvalhal Formoso, freguesia de ínguias, que tem uma equipa sénior no campeonato distrital.
Património[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Lista de património edificado em Belmonte
- Castelo de Belmonte
- Torre de Centum Cellas
- Igreja de Santiago
- Igreja da Sagrada Família - Igreja Matriz (destaque para o altar em talha dourada onde se encontra a venerada Imagem de Nossa Senhora da Esperança, que acompanhou Pedro Álvares Cabral ao Brasil em 1500)
- Capela do Calvário
- Capela de Santo António
- Sinagoga
- Praça do Pelourinho
- Rua Direita e Judiaria
- Capela de Santo Antão (na estrada de acesso à Pousada Convento de Belmonte)
- Fórnea - complexo romano
- Coreto do Jardim Municipal
- Parque Natural do Machorro
Cultura[editar | editar código-fonte]
- Museu Judaico de Belmonte
- Museu do Azeite
- Museu dos Descobrimentos
- Ecomuseu do Zezêre
- Panteão dos Cabrais
Gastronomia[editar | editar código-fonte]
Em Belmonte destacam-se os licores e compotas, arroz doce, papas de carolo, cabrito na telha, farófias, filhoses, cavacas, biscoitos de azeite, sopas da água do feijão e, com maior destaque, o vinho.
Naturais ilustres[editar | editar código-fonte]
Geminações[editar | editar código-fonte]
O concelho de Belmonte é geminado com as seguintes cidades:[10]
- Santa Cruz Cabrália, Bahia, Brasil
- Mézière, Ille-et-Vilaine, França
- Rosh Pina, Distrito Norte, Israel
- Belmonte, Bahia, Brasil
- São Vicente, São Paulo, Brasil
- Santarém, Distrito de Santarém, Portugal[11]
- Olivença, Espanha
Referências
- ↑ ab «Instituto Nacional de Estatística». INE.pt. 2011
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
- ↑ ↑ http://www.ae-pedroalvarescabral.net/index.php/escolas
- ↑ «História de Belmonte»
- ↑ «Bem Vindos»
- ↑ «UD Belmonte na frente do campeonato frente». 06 de outubro de 2014. Consultado em 26 de junho de 2017
- ↑ «Academia de Golfe da Quint