Oposição síria fala em civis mortos em primeiro ataque aéreo da Rússia
Rússia diz que bombardeou alvos do Estado Islâmico, mas a oposição
síria diz que foram atingidos civis, incluindo crianças, e fala em 36
mortos.
Além disso, um habitante de Talbisa disse a um correspondente do The Guardian no Médio Oriente que há “hoje um estado de terror e de medo entre as pessoas [da vila] como nunca tinha havido antes“. Os relatos no local apontam para um grau de destruição sem precedentes naquele local.
O ministério da Defesa russo apresenta outra versão, adiantando que a missão, que contou com aviões pilotados por sírios, iraquianos e russos, atingiu alvos do Estado Islâmico, nomeadamente armazéns de armamento, munições, postos de comunicação e de armazenamento de combustível. O mesmo órgão oficial de Moscovo divulgou um vídeo que diz ser da ação militar desta manhã.
Por outro lado, os EUA estão a avançar a informação de que o território afetado pelo bombardeamento de Moscovo não foi dirigido contra o Estado Islâmico.
Da Casa Branca, a palavra de ordem é prudência. “Os líderes das duas nações [Rússia e EUA] reconhecem que há um problema político fundamental na Síria que resultou neste caos”, disse à imprensa o porta-voz do governo norte-americano Josh Earnest. “Esperamos uma contribuição construtiva da Rússia para combater o Estado Islâmico. Há prioridades clara que partilhamos.”
Controlo de Homs é crucial para Assad
Segundo explica a Reuters, o controlo de Homs é essencial para o regime do Presidente Bashar Al-Assad. Sem esta cidade debaixo da sua alçada, o regime deixa de controlar o corredor a Oeste no país, separando Damasco de outras cidades como Tartous e Latakia, o principal bastião de Assad. “Atingir Homs e grupos da oposição em vez de atingir o Estado Islâmica demonstra que o primeiro objetivo do Kremlin é o de fortalecer Assad“, disse à Reuters uma fonte diplomática francesa.O ataque surge dois depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter apelado à formação de uma coligação militar entre a Rússia e outros países do Ocidente para combater grupos terroristas e radicais na Síria, com especial atenção ao Estado Islâmico. Para Putin, bombardear alvos do regime sírio, liderado pelo Presidente Bashar al-Assad, está fora de questão. “Não há outra solução para a crise na Síria sem o fortalecimento das estruturas do governo efetivo e sem lhes dar ajuda na luta contra o terrorismo”, disse Putin ao canal norte-americano CBS.
Além disso, este ataque surge poucas horas depois de o Parlamento russo ter autorizado Vladimir Putin a utilizar as forças armadas no estrangeiro. Terá sido o Presidente sírio, Bashar al-Assad, a pedir ao homólogo russo ajuda no combate ao autoproclamado Estado Islâmico.
França mata, pelo menos, 30 jihadistas no primeiro ataque aéreo na Síria
O primeiro ataque aéreo levado a cabo na Síria pela França contra o autoproclamado Estado Islâmico matou pelo menos 30 jihadistas, incluindo 12 crianças-soldado, revela esta quarta-feira um grupo humanitário.“O ataque aéreo francês (no domingo) num campo de treino do Estado Islâmico (EI) localizado no oriente da Síria matou pelo menos 30 combatentes, incluindo 12 dos ‘Filhos do Califado'”, disse Rami Rahman, do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma vasta rede de fontes na Síria, avançou que entre os mortos se encontravam combatentes estrangeiros, revelando também que o ataque feriu 20 pessoas.
O ataque francês tinha como alvo um campo na província oriental de Deir Ezor, perto do posto de fronteira Boukamal, usado pelo grupo radical Estado Islâmico para estabelecer comunicação com as suas forças presentes no Iraque e na Síria.
A França indicou que realizou estes ataques conta o EI na Síria em nome da “legítima defesa” contra a ameaça terrorista e por ter uma voz no jogo diplomático e militar atualmente em curso sobre esta questão.
Cinco aviões Rafale, um avião de patrulha marítima Atlantique 2 e um outro de abastecimento de aeronaves C-135 estiveram envolvidos na operação.
“Atingimos uma base militar num local extremamente sensível para o Estado Islâmico”, afirmou o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian.
Paris participa nos ataques da coligação anti-Estado Islâmico no Iraque, mas até agora tinha recusado intervir na Síria por receio de fortalecer o Presidente Bashar al-Assad.
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ANTÓNIO FONSECA