Câmara de Lobos
Brasão | Bandeira |
Centro de Câmara de Lobos | |
Área | 52,15 km2 |
População | 35 666 hab. (2011[4]) |
Densidade populacional | 683,91 hab./km2 |
N.º de freguesias | 5 |
Presidente da Câmara Municipal | Pedro Coelho (PSD) Mandato 2017-2021 |
Fundação do município | 4 de outubro de 1835 (184 anos) Elevação a cidade: 3 de agosto de 1996 (23 anos) |
Região Autónoma | Madeira |
Ilha | Madeira |
Antigo Distrito | Funchal |
Orago | São Sebastião |
Feriado municipal | 4 de outubro (Fundação do município) |
Código postal | 9300 Câmara de Lobos |
Site oficial | www.cm-camaradelobos.pt |
Municípios de Portugal |
Câmara de Lobos é município português na ilha da Madeira, Região Autónoma da Madeira, com sede na cidade e freguesia homónima. Tem 52,15 km² de área e 35 666 habitantes (2011[4]), subdividido em 5 freguesias. A freguesia de Câmara de Lobos é uma das mais antigas na ilha da Madeira, e a sua criação remonta ao princípio do segundo quartel do século XV, aproximadamente pelos anos 1430. O município é limitado a norte pelo município de São Vicente, a nordeste por Santana, a leste pelo Funchal e a oeste pela Ribeira Brava, sendo banhado pelo oceano Atlântico a sul. A cidade tem 17 986 habitantes.[4]
Índice
História[editar | editar código-fonte]
O concelho foi criado em 1835 e a vila foi elevada à categoria de cidade a 2 de agosto de 1996. Neste concelho é produzido o universalmente famoso Vinho da Madeira.
Câmara de Lobos foi um dos primeiros lugares da Madeira, após a sua descoberta, sujeitos a uma imediata exploração agrícola. Tem ótimas qualidades de terreno, condições climatéricas, boa exposição solar e abrigo dos ventos.
Na cultura da agricultura salienta-se a cultura da vinha, em que resultou na fabricação do Vinho da Madeira, famoso internacionalmente.
Estabeleceram na freguesia indivíduos vindos de Portugal e formaram famílias em Câmara de Lobos. Desses indivíduos, os de origem nobre, tiveram muitas terras de sesmarias e ali instituíram os seus vínculos e morgadias. Entre eles pode-se mencionar João Afonso, companheiro de João Gonçalves Zarco, e João Caldeira o Velho, que deu o nome ao sítio da Caldeira.
Nesta freguesia, a atividade pescatória era praticada por diversos indivíduos; uma considerável parte destes indivíduos vivia no bairro do Ilhéu, e as condições higiénicas inapropriadas de viver.
Quando João Gonçalves Zarco chegou a Câmara de Lobos, traçou a fundação da capela do Espírito Santo, que foi dedicado ao Espírito Santo, na baía de Câmara de Lobos; mais tarde a capela foi convertida para a igreja de São Sebastião.
A localidade deve o seu topónimo ao facto de que quando o redescobridor da ilha da Madeira, João Gonçalves Zarco (1419) desembarcou aqui pela primeira vez, observou que existia uma rocha delgada que entrava pelo mar adentro e que entre esta rocha e outra ficava um braço de mar, onde a natureza fez uma grande lapa, ao jeito de câmara de pedra e rocha viva. Entraram e tendo deparado com tantos lobos marinhos, ficaram espantados, encontrando-se deste modo a justificação para o surgimento do nome deste local.
Desta freguesia foram naturais Henrique Henriques de Noronha, genealogista, João Pedro de Freitas Pereira Drumond, advogado e jornalista, Dr. Francisco da Silva Barradas, advogado e escritor, Padre Dr. José Gonçalves de Aguiar, teólogo e Joaquim Pestana, poeta.
Inicialmente formado pelas freguesias de Câmara de Lobos, do Curral das Freiras, do Estreito de Câmara de Lobos e do Campanário, então pertencentes ao concelho do Funchal, até ser atingida a sua actual constituição, várias alterações entretanto viriam a ocorrer. Assim, a 24 de Julho de 1848, às quatro freguesias iniciais, juntar-se-ia uma outra, a freguesia da Quinta Grande, surgida na sequência do desmembramento de alguns sítios das freguesias do Campanário e de Câmara de Lobos, ficando assim o concelho acrescido em mais uma freguesia, ainda que mantendo a mesma área territorial. A 6 de Maio 1914, perde a freguesia do Campanário que é integrada no novo concelho da Ribeira Brava e a 5 de Julho de 1996 é criada uma nova freguesia, denominada de Jardim da Serra, constituída a partir da desagregação de alguns sítios da zona alta da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos.
Como consequência, a partir desta data, o concelho de Câmara de Lobos, passa a ser constituído pela freguesia de Câmara de Lobos, criado por volta de 1430; pela freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, criada por volta de 1509; pela freguesia do Curral das Freiras criada a 17 de Março de 1790; pela freguesia da Quinta Grande, criada a 24 de Julho de 1848 e pela freguesia do Jardim da Serra criada, a 5 de Julho de 1996. Durante este percurso ainda haverá a destacar a elevação, a 15 de Setembro de 1994, da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos à categoria de vila e a elevação, em 3 de Agosto de 1996, da vila de Câmara de Lobos à categoria de cidade.
É o concelho com uma estrutura etária mais jovem de Portugal.
População[editar | editar código-fonte]
Número de habitantes [5] | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
10 226 | 12 475 | 12 134 | 14 118 | 16 455 | 17 578 | 21 806 | 24 130 | 27 420 | 29 759 | 31 810 | 31 035 | 31 476 | 34 614 | 35 666 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por Grupo Etário [6] | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
0-14 Anos | 7 004 | 8 499 | 6 860 | 9 283 | 10 716 | 10 909 | 12 456 | 14 310 | S/ dados | 9 997 | 9 029 | 7 445 |
15-24 Anos | 3 135 | 3 668 | 3 709 | 4 159 | 4 121 | 5 864 | 5 397 | 5 655 | S/ dados | 6 853 | 6 458 | 5 637 |
25-64 Anos | 6 335 | 6 859 | 6 130 | 7 622 | 8 100 | 9 213 | 10 441 | 10 100 | S/ dados | 12 361 | 16 079 | 18 987 |
= ou > 65 Anos | 960 | 1 059 | 807 | 735 | 1 098 | 1 198 | 1 465 | 1 745 | S/ dados | 2 265 | 3 048 | 3 597 |
> Id. desconh | 33 | 45 | 29 | 15 | 15 |
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)
Distribuição da população[editar | editar código-fonte]
Segundo os censos de 2011, a população do concelho totaliza 35 666, distribuídas pelas cinco freguesias da seguinte maneira:
- Câmara de Lobos: 17 986 hab.
- Estreito de Câmara de Lobos: 10 269 hab.
- Jardim da Serra: 3 311 hab.
- Quinta Grande: 2 099 hab.
- Curral das Freiras: 2 001 hab.
Subdivisões[editar | editar código-fonte]
O concelho de Câmara de Lobos está dividido em 5 freguesias. Cada freguesia é governada por uma Junta de Freguesia, órgão executivo que é eleito pelos membros da Assembleia de Freguesia, por sua vez eleita diretamente pelos cidadãos recenseados no seu território.
Geminações[editar | editar código-fonte]
Câmara de Lobos possui as seguintes cidades-gémeas:[7]
Economia[editar | editar código-fonte]
Em 2011, segundo os dados do IVBAM (Instituto do Vinho, Bordado e do Artesanato da Madeira), 62% do total de uvas recolhidas na RAM para a produção do Vinho Madeira, tiveram a sua origem no concelho de Câmara de Lobos, com destaque para a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos que representa cerca 88% dessa mesma produção.[8]
Em Câmara de Lobos existe também a pesca, atividade que confere a principal característica visual à cidade. A captura do peixe espada preto, espécie que dá nome a uma das maiores festividades organizadas na cidade no decorrer da época estival, representa a maior parte das capturas locais e, a nível regional, esta espécie representou no ano de 2011, segundo os dados disponibilizados pela DREM (2011), cerca de 43% do total de pescado descarregado nos portos da RAM, o que equivaleu a aproximadamente 53% do valor global do pescado.[8]
Património Construído[editar | editar código-fonte]
Forno da Cal[editar | editar código-fonte]
O Forno da Cal encontra-se localizado no sítio da Trincheira, na famosa freguesia de Câmara de Lobos e a sua construção deu-se no ano de 1874 por Roque Teixeira de Agrela. No entanto, é em 1914 que se dão início a algumas restaurações e adaptações ao meio envolvente. A produção de cal desempenhava um papel importante na construção civil, no entanto, é já no ano 1960 que se deu o seu encerramento uma vez que causava mau estar principalmente à vizinhança e originava reclamações resultantes do odor e do fumo. Vinte anos depois, já na posse da Câmara Municipal tentou-se criar um novo uso para o edifício permitindo a secagem de "peixe gata" muito abundante na freguesia, o que acabou mais tarde por ter sido encerrado também.
Na atualidade, apesar de ser considerado como um dos patrimónios mais importantes da freguesia, encontra-se em degradação e sob exploração da Frente Mar de Câmara de Lobos, onde se abrange também as Salinas.
Referências
- ↑ «Dicionário de Gentílicos e Topónimos». Portal da Língua Portuguesa. Consultado em 28 de junho de 2010
- ↑ ««Xavelha»». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 31 de outubro de 2015
- ↑ ««Chavelha»». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 31 de outubro de 2015
- ↑ ab c Instituto Nacional de Estatística. «Censos de 2011». Consultado em 18 de fevereiro de 2012
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
- ↑ «Geminações da RAM». Diário de Notícias da Madeira. Consultado em 14 de outubro de 2009. Arquivado do original em 7 de outubro de 2011
- ↑ ab Teles, Marco (2013). Câmara de Lobos: estudo das potencialidades de desenvolvimento e promoção turística do concelho, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa.