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sábado, 14 de setembro de 2019

ERA BIZANTINA - ANO 7528 - 14 DE SETEMBRO DE 2019

Império Bizantino

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Império Bizantino
Império Romano do Oriente
Βασιλεία Ῥωμαίων • Vasilía Roméon
Imperium Romanum

395 — 1453 

Bandeira da dinastia paleólogaEmblema imperial da dinastia paleóloga
Bandeira da dinastia paleólogaEmblema imperial da dinastia paleóloga
The Byzantine State under Justinian I-pt.svg
Império Bizantino em sua extensão máxima, durante o governo de Justiniano
Coordenadas de Constantinopla41° N 28° 58' E
ContinenteEurafrásia
RegiãoBacia do Mediterrâneo
CapitalConstantinopla

Idiomas oficiaislatim (até 620)
grego
Religiõespoliteísmo (até 391)
cristianismo (391–1051)
cristianismo ortodoxo (1051–1453)
Moedasoldo (+ outras)

Forma de governoAutocracia
Imperador
• 395–408Arcádio
• 1449–1453Constantino XI

Período históricoAntiguidade Tardia
Idade Média
• 11 de maio
de 330
Fundação de Constantinopla
• 17 de janeiro
de 395
Cisão do Império Romano
• 1054Grande Cisma
• 1204Conquista de Constantinopla pela Quarta Cruzada
• 1204–1261Exílio (Império de Niceia)
• 1261Reconquista de Constantinopla
• 29 de maio
de 1453
Queda de Constantinopla

População
 • 56526 000 000  (est.)
 • 7807 000 000  (est.)
 • 102512 000 000  (est.)
 • 114310 000 000  (est.)
 • 1282 [♦]5 000 000  (est.)

[♦] ^ Ver população do Império Bizantino para dados mais detalhados.
Império Bizantino foi a continuação do Império Romano na Antiguidade Tardia e Idade Média. Sua capital, Constantinopla (atual Istambul), originalmente era conhecida como Bizâncio. Inicialmente parte oriental do Império Romano[1] (comumente chamada de Império Romano do Oriente no contexto), sobreviveu à fragmentação e ao colapso do Império Romano do Ocidente no século V e continuou a prosperar, existindo por mais de mil anos até sua queda diante da expansão dos turcos otomanos em 1453. Foi conhecido simplesmente como Império Romano (em gregoΒασιλεία τῶν Ῥωμαίωνtransl.: Basileía tôn Rhōmaíōn; em latimImperium Romanum) ou România (em grego: Ῥωμανία; transl.: Rhōmanía) por seus habitantes e vizinhos.
Como a distinção entre o Império Romano e o Império Bizantino é em grande parte uma convenção moderna, não é possível atribuir uma data de separação. Vários eventos do século IV ao século VI marcaram o período de transição durante o qual as metades oriental e ocidental do Império Romano se dividiram.[2] Em 285, o imperador Diocleciano (r. 284–305) dividiu a administração imperial em duas metades. Entre 324 e 330, Constantino (r. 306–337) transferiu a capital principal de Roma para Bizâncio, conhecida mais tarde como Constantinopla ("Cidade de Constantino") e Nova Roma.[nt 1] Sob Teodósio I (r. 379–395), o cristianismo tornou-se a religião oficial do império e, com sua morte, o Estado romano dividiu-se definitivamente em duas metades, cada qual controlada por um de seus filhos. E finalmente, sob o reinado de Heráclio (r. 610–641), a administração e as forças armadas do império foram reestruturadas e o grego foi adotado em lugar do latim. Em suma, o Império Bizantino se distingue da Roma Antiga na medida em que foi orientado à cultura grega em vez da latina e caracterizou-se pelo cristianismo ortodoxo em lugar do politeísmo romano.[4][5][6][7]
As fronteiras do império mudaram muito ao longo de sua existência, que passou por vários ciclos de declínio e recuperação. Durante o reinado de Justiniano (r. 527–565), alcançou sua maior extensão após reconquistar muito dos territórios mediterrâneos antes pertencentes à porção ocidental do Império Romano, incluindo o norte da Áfricapenínsula Itálica e parte da Península Ibérica. Durante o reinado de Maurício (r. 582–602), as fronteiras orientais foram expandidas e o norte estabilizado. Contudo, seu assassinato causou um conflito de duas décadas com o Império Sassânida que exauriu os recursos do império e contribuiu para suas grandes perdas territoriais durante as invasões muçulmanas do século VII. Durante a dinastia macedônica (século X–XI), o império expandiu-se novamente e viveu um renascimento de dois séculos, que chegou ao fim com a perda de grande parte da Ásia Menor para os turcos seljúcidas após a derrota na Batalha de Manziquerta (1071).
No século XII, durante a Restauração Comnena, o império recuperou parte do território perdido e restabeleceu sua dominância. No entanto, após a morte de Andrônico I Comneno (r. 1183–1185) e o fim da dinastia comnena no final do século XII, o império entrou em declínio novamente. Recebeu um golpe fatal em 1204, no contexto da Quarta Cruzada, quando foi dissolvido e dividido em reinos latinos e gregos concorrentes. Apesar de Constantinopla ter sido reconquistada e o império restabelecido em 1261, sob os imperadores paleólogos, o império teve que enfrentar diversos estados vizinhos rivais por mais 200 anos para sobreviver. Paradoxalmente, este período foi o mais produtivo culturalmente de sua história.[1] Sucessivas guerras civis no século XIV minaram ainda mais a força do já enfraquecido império e mais territórios foram perdidos nas guerras bizantino-otomanas, que culminaram na Queda de Constantinopla e na conquista dos territórios remanescentes pelo Império Otomano no século XV.

Nomenclatura

A designação do império como "bizantino" surgiu na Europa Ocidental em 1557, quando o historiador alemão Hieronymus Wolf publicou sua obra Corpus Historiæ Byzantinæ, uma coleção de fontes bizantinas. "Bizantino" em si vem de "Bizâncio" (uma cidade grega, fundada por colonos de Mégara em 667 a.C.), o nome da cidade de Constantinopla antes de se tornar a capital do império sob Constantino. Este antigo nome da cidade raramente seria utilizado a partir daquele evento, exceto no contexto poético ou histórico. A publicação, em 1668, de Bizantino du Louvre (Corpus Scriptorum Historiæ Byzantinæ), e em 1680 da História Bizantina de Du Cange popularizou o uso de Bizantino em autores franceses, como Montesquieu.[8] Contudo, só em meados do século XIX é que o termo entrou em uso geral no mundo ocidental.[9]
O império era conhecido por seus habitantes como Império Romano (em latimImperium Romanum; em gregoΒασιλεία τῶν Ῥωμαίωνtransl.: Basileía tôn Rhōmaíōn)[10] ou Império dos Romanos (em latimImperium Romanorum; em gregoΑρχη τῶν Ῥωμαίωνtransl.: Arche tôn Rhōmaíōn), România (em latimRomania;em gregoῬωμανίαtransl.: Rhōmanía),[nt 2] República Romana (em latimRes Publica Romana; em gregoΠολιτεία τῶν Ῥωμαίωνtransl.: Politeίa tôn Rhōmaíōn),[16] Graikia (em grego: Γραικία),[17] e também Rhōmais (Ῥωμαΐς).[18]
Por boa parte da Idade Média, os bizantinos identificaram-se como romaioi (em gregoΡωμαίοι , "romanos", ou seja, cidadãos do Império Romano), um termo que, em língua grega, tornou-se sinônimo de grego cristão.[19][20] Também chamavam-se graikoi (em gregoΓραικοί , "gregos"),[21][22][23][24][25] embora este etnônimo nunca foi usado na correspondência política oficial antes de 1204.[26] O antigo nome "heleno" era popularmente considerado um sinônimo para pagão e foi readotado como um etnônimo no período médio bizantino,[nt 3] mais precisamente no século XI.[30]
Embora o império tivesse caráter multiétnico em boa parte de sua história[31][32] e mantém as tradições romano-helênicas[33] era geralmente conhecido pela maioria dos seus contemporâneos ocidentais e do norte como o "Império dos Gregos" (em latimImperium Graecorum)[nt 4] devido ao crescente predomínio do elemento grego.[4][34][35][36][37][38][39][40][41][42] O uso ocasional do termo "Império dos Gregos" para referir o Império Romano do Oriente e "Imperador dos Gregos" (em latimImperator Graecorum[43] para o imperador bizantino reflete o desejo dos novos reinos do Ocidente de separá-lo do Império Romano, pois rejeitavam a afirmação imperial de descendência.[nt 5]
A reivindicação do Império Oriente da herança romana foi ativamente disputada no Ocidente durante o reinado da imperatriz Irene de Atenas (r. 797–802), depois da coroação de Carlos Magno como imperador do Sacro Império no ano 800 pelo papa Leão III, que, precisando de ajuda contra os lombardos em Roma, considerou vago o trono do Império Romano por não haver um ocupante do sexo masculino no trono. O papa e os governantes do ocidente sempre utilizaram o nome "romano" para referirem-se aos imperadores do oriente, todavia preferiram o termo Imperator Romaniæ ("imperador da România"), em vez de Imperator Romanorum ("imperador romano"), um título que os ocidentais mantiveram apenas para Carlos Magno e seus sucessores.[nt 6] Essa distinção não existiu nos mundos persaislâmico e eslavo, nos quais o império era visto como uma continuação do Império Romano. No mundo islâmico, era conhecido principalmente como روم (Rûm, "Roma").[46][47]

História

Divisão do Império Romano


O Batismo de Constantino, por Rafael Sanzio, 1520–1524, VaticanoPalácio ApostólicoEusébio de Cesareia recorda que, como foi comum entre os cristãos convertidos deste período, Constantino teve um batismo tardio, próximo de sua morte[48]

Seção restaurada das Muralhas de Teodósio, em Istambul

Soldo de Odoacro (r. 476–493) no qual aparece o nome de Zenão I (r. 474–475; 476–491), a quem estava nominalmente subordinado
Em 293, Diocleciano (r. 284–305) criou um novo sistema administrativo, a Tetrarquia.[49] Após a abdicação de Diocleciano e Maximiano (r. 286–308), a tetrarquia entrou em colapso e Constantino (r. 306–337) substituiu-a pelo princípio dinástico de sucessão hereditária.[50] Escolheu a antiga cidade de Bizâncio como nova capital imperial, refundando-a em 330 como "Nova Roma" (adquiriria posteriormente o nome Constantinopla), pois estava bem situada nas rotas comerciais que passavam pelos mares Negro e Mediterrâneo, ligando o Oriente e o Ocidente. Constantino fez muitas mudanças nas instituições civis, militares, administrativas e religiosas. Baseando-se nas reformas administrativas introduzidas por Diocleciano, estabilizou a moeda (o soldo de ouro que introduziu tornou-se moeda altamente valorizada e estável)[nt 7] e fez alterações na estrutura do exército.[55] Embora não tenha sido tornado a religião oficial do Estado, o cristianismo gozava da preferência imperial, uma vez que Constantino concedeu-lhe generosos privilégios.[56] Estabeleceu o princípio de que os imperadores não deveriam resolver questões de doutrina, mas deveriam convocar concílios eclesiásticos gerais para esse efeito. O Primeiro Concílio de Arles foi convocado por ele e o Primeiro Concílio de Niceia apresentou sua reivindicação para ser a cabeça da Igreja.[57][58][59]
Durante o reinado de Teodósio I (r. 378–395) os templos pagãos do império foram sistematicamente destruídos e o cristianismo tornou-se a religião oficial do Estado romano. Após a sua morte em 395, o império foi dividido entre seus filhos: a porção ocidental foi mantida por Honório (r. 393–423), enquanto a oriental por Arcádio (r. 395–408).[60] O Oriente foi poupado das dificuldades enfrentadas pelo Ocidente no século V, em parte devido a uma cultura mais urbana e a mais recursos financeiros[61] que lhe permitiram evitar invasões pagando tributos e contratando mercenários estrangeiros. Teodósio II (r. 408–450) comissionou em Constantinopla as muralhas que levaram seu nome (408–413),[62] o que deixou a cidade imune à maior parte dos ataques; as muralhas mantiveram-se inexpugnáveis até 1204. A fim de afastar os hunos, Teodósio pagou-lhes tributos (159 quilos de ouro).[63]
Seu sucessor, Marciano (r. 450–457), recusou continuar pagando a quantia anteriormente estipulada, pois considerava-a elevada.[64] À época, no entanto, Átila (r. 434–453) já havia desviado sua atenção para o Império Romano do Ocidente. Após a morte de Átila, o Império Huno se desmoronou e Constantinopla iniciou um relacionamento profícuo com os hunos restantes, que acabaram lutando como mercenários do exército.[65][66][67] Com o fim da ameaça huna, o Império do Oriente viveu um período de paz, enquanto o Império do Ocidente continuou seu lento declínio em decorrência da expansão dos povos germânicos: por esta altura muitos de seus antigos territórios já haviam sido perdidos, terminando por ser completamente conquistado em 476 pelo oficial de origem germânica Odoacro, que forçou o imperador Rômulo Augusto (r. 475–476) a abdicar.[68][69]
Em 480, o imperador Zenão I (r. 474–491) aboliu a divisão do império, tonando-se imperador único. Odoacro (r. 476–493), agora governando a Itália como rei, foi nominalmente subordinado de Zenão, mas atuou com completa autonomia e acabou por apoiar uma rebelião contra o imperador.[70] Para recuperar a Itália, Zenão negociou a reconquista com o rei ostrogótico da MésiaTeodorico, o Grande (r. 474–526), a quem enviou como mestre dos soldados da Itália, a fim de depor Odoacro. Ele foi assassinado por Teodorico durante um banquete em 493 e Teodorico fundou o Reino Ostrogótico, do qual tornou-se rei (493–526),[71] embora nunca tenha sido reconhecido como tal pelos imperadores orientais.[70] Em 491, Anastácio I (r. 491–518), um oficial civil de origem romana, tornou-se imperador. No âmbito militar foi bem sucedido em suprimir, em 497, uma revolta isaura que havia eclodido em 492,[72] bem como numa guerra contra o Império Sassânida. Atualmente desconhecem-se os termos do tratado de paz que terminou este último conflito.[73][74] No âmbito administrativo mostrou-se um reformador enérgico e um administrador competente — aperfeiçoou o sistema de cunhagem de Constantino, através do estabelecimento definitivo do peso do fólis, a moeda utilizada na maioria das transações diárias,[75] e reformou o sistema tributário, abolindo permanentemente o imposto Crisárgiro. O Tesouro do Estado dispunha da enorme quantia de 150 000 quilos de ouro quando ele morreu em 518.[76]

Reconquista das províncias ocidentais


Trecho de um dos afrescos da Basílica de São Vital, em Ravena, no qual Justiniano é representado

Basílica de Santa Sofia (hoje um museu) em Istambul
Em 527, Justiniano (r. 527–565), sobrinho de Justino I (r. 518–527), assume o trono.[77] Em 529, uma comissão de dez homens sob João da Capadócia e Triboniano revisou o código legal romano e criou nova codificação de leis e extratos de juristas; em 534, o código foi atualizado e, juntamente com as Novelas (decretos promulgados pelo imperador até 534), formou o sistema legal usado durante a maior parte do período bizantino.[78] Em 532, com a morte do  Cavades I (r. 488–496; 499–531), Justiniano firmou a chamada Paz Eterna com o seu filho e sucessor, Cosroes I (r. 531–579), concluindo assim a Guerra Ibérica que havia sido iniciada em 526.[79] No mesmo ano, o imperador sobreviveu a uma revolta em Constantinopla (a Revolta de Nika), que terminou com a morte de cerca de 30 a 35 mil revoltosos.[80][81] Esta vitória consolidou o poder de Justiniano.[82] No rescaldo do evento, o imperador empreendeu um extenso programa de reparação e ampliação dos edifícios danificados, entre os quais o mais famoso, a Basílica de Santa Sofia, perdura até a atualidade como um dos principais monumentos da arquitetura bizantina.[83]
Seu reinado foi caracterizado por uma série de guerras contra os poderes germânicos que culminaria na reconquista de vastas porções do então findado Império Romano do Ocidente. Este período de reconquistas se iniciou em 533, quando o general Belisário foi enviado para recuperar a província da África Proconsular dos vândalos, que controlavam-a desde 429.[84] A Guerra Vândala acabou em 534, mas a província só foi efetivamente tomada em 548,[85] por João Troglita, pois eclodiram várias rebeliões no exército e entre as tribos berberes que residiam na região.[82][86][87] Na Itália, aproveitando-se do assassinato da rainha Amalasunta por Teodato (r. 534–536)[88] Justiniano lançou duas expedições contra o Reino Ostrogótico, uma na Sicília, sob Belisário, e outra na Dalmácia, comandada por Mundo,[89] o que deu início à chamada Guerra Gótica. Os bizantinos conquistaram gradualmente os territórios ostrogodos, capturando as cidades de RavenaNápoles e Roma.[90][91] Em 549, Belisário, que estava em Ravena, foi convocado para Constantinopla[92][85] e em seu lugar foi colocado o eunuco armênio Narses, que chegou na Itália no final de 551. Sob o comando de Narses, os bizantinos conseguiram vitórias decisivas contra os reis Totila (r. 541–552) e Teia (r. 552–553) que concluíram a guerra, embora os ostrogodos permanecessem resistentes ao domínio imperial por algum tempo.[93][94] Em 551, quando a Guerra Gótica ainda decorria, Atanagildo, um nobre visigodo do Reino Visigótico, procurou a ajuda de Justiniano numa rebelião contra o rei Ágila I (r. 549–551), que enviou uma força sob Libério. O Império Bizantino manteve uma faixa no sul da Hispânia, que ficou conhecida como província da Espânia, até o reinado de Heráclio (r. 610–641).[95][96]
Em 541, quando Justiniano estava empenhado em suas campanhas ocidentais, Cosroes I resolveu quebrar a Paz Eterna e declarar guerra. A chamada Guerra Lázica começou com inúmeras escaramuças e cercos na frente mesopotâmica, sendo transferida, a partir de 548, à Lázica por influência do rei local Gubazes II (r. 541–555), arrastando-se até 561, quando concluiu-se a chamada Paz de 50 anos.[nt 8][99] Em meados dos anos 550, Justiniano obteve vitórias na maioria dos teatros de operação, com a notável exceção dos Bálcãs, que foram submetidos a repetidas incursões dos esclavenos e gépidas; depois, sob Heráclio, tribos sérvias e croatas foram reassentadas no nordeste dos Bálcãs.[100] Em 559, o Império Bizantino enfrentou uma grande invasão dos cutrigures liderada por Zabergano. Justiniano chamou o seu general Belisário de seu retiro e, com a liderança deste, os hunos foram derrotados. O reforço das frotas do rio Danúbio provocou a retirada dos cutrigures, que concordaram num tratado que permitiu a passagem segura para o outro lado do Danúbio.[101][102]

Império em 600
Justiniano morreu em 565 e foi sucedido por seu sobrinho Justino II (r. 565–578), cuja primeira medida foi recusar-se a pagar o grande tributo anual aos persas que havia sido estipulado na Paz de 50 anos. Após ajudar o armênio Bardanes III Mamicônio numa revolta contra os persas, eclodiu nova guerra entre as potências.[103] Enquanto isso, os lombardos invadiram a Itália; no final do século, apenas um terço da Itália estava sob domínio do Império Bizantino. Sob Tibério II (r. 578–582) aconteceram as primeiras invasões avares e, mesmo aplacando-os com subsídios, a fortaleza balcânica de Sirmio foi cercada e conquistada. Além deles, os eslavos incursionaram no Danúbio. Maurício I (r. 582–602), se envolveu numa guerra civil entre o legítimo Cosroes II (r. 590–628) e o usurpador Vararanes VI (r. 590–591). Devido à ajuda prestada, o conflito bizantino-sassânida foi concluído, com os persas cedendo vastas porções de terra do nordeste da Mesopotâmia, Armênia e do Reino da Ibéria, além de isentarem os bizantinos de pagar tributo.[104][105] O fim do conflito e a consequente economia de recursos permitiu que Maurício empreendesse uma série de campanhas bem sucedidas nos Bálcãs que empurraram avares e eslavos para além do Danúbio e estabilizarem por algum tempo a fronteira.[106][107][108][109][110]

As fronteiras encolhendo


Império em 626

Império em 650

Dinastia heracliana

Nos séculos VI e VII, o império foi atingido por uma série de epidemias, que foram devastadoras à população e contribuíram para um declínio econômico significativo e e para o enfraquecimento do império.[111][112][113] Sob Tibério II, o excedente do tesouro que havia sido acumulado desde Justino II foi gasto com sua magnanimidade e campanhas,[114][115] o que forçou Maurício a adotar medidas fiscais estritas e cortes nos pagamentos do exército, ocasionando vários motins.[116] O último deles, em 602, levou ao assassinato de Maurício por Focas (r. 602–610).[117][118][119] Depois do assassinato, Cosroes II usou-o como pretexto para recomeçar hostilidades com o Império Bizantino.[120]
Focas, um líder impopular invariavelmente descrito como "tirano", foi alvo de conspirações lideradas pelo senado. Foi deposto em 610 por Heráclio, que rumou para Constantinopla de Cartago com um ícone posto na proa de seu navio.[121][122] Em sua ascensão, os sassânidas avançaram profundamente na Ásia Menor, ocupando importantes cidades do Oriente como Damasco e Jerusalém e levando a Vera Cruz para sua capital, Ctesifonte.[123] A contra-ofensiva de Heráclio assumiu caráter de guerra santa, e uma imagem acheiropoieta de Cristo foi usada como estandarte.[124][125] De mesmo modo, quando Constantinopla foi salva do cerco avar em 626, a vitória foi atribuída ao ícone da Virgem, que foi levado em procissão pelo patriarca Sérgio I sobre os muros.[126] A principal força persa foi destruída em Nínive em 627 e Heráclio restaurou a Vera Cruz em cerimônia majestosa em 629.[122][127] [128] A guerra esgotou os Impérios Bizantino e Sassânida, e deixou-os vulneráveis aos árabes muçulmanas que surgiram nos anos seguintes.[129] Os romanos sofreram uma esmagadora derrota para os árabes na Batalha de Jarmuque, em 636, e Ctesifonte caiu em 637.[130]

Descrição do cerco avar num afresco no Mosteiro Moldovita, na Romênia

fogo grego foi usado pela primeira vez pela marinha bizantina durante as guerras bizantino-árabesEscilitzes de Madri

Mosaico de Constantino IV e sua corte na Basílica de Santo Apolinário, em Ravena
A partir de 649, os árabes conduziram ataques navais contra o império, chegando a controlar Chipre. Já firmemente controlando a Síria e o Levante, enviaram frequentes incursões às profundezas da Anatólia, e entre 674 e 678 cercaram Constantinopla. A frota árabe foi repelida pelo uso de fogo grego, e foi assinada uma trégua de trinta anos entre o Império Bizantino e o Califado Omíada.[131] Contudo, as incursões na Anatólia perduraram e aceleraram o fim da cultura urbana clássica, com os habitantes de muitas cidades refortificando áreas muito menores no interior das muralhas, ou se mudando para fortalezas próximas.[132][133] Constantinopla regrediu em tamanho consideravelmente, com a população diminuindo de 500 mil habitantes para apenas 40 a 70 mil. Isso ocorreu sobretudo após o fim das remessas gratuitas de cereais do Egito, primeiro devido à perda temporária da região aos persas (618–628) e depois à perda definitiva aos árabes em 642.[134][135] O vazio deixado pelo desaparecimento de velhas instituições cívicas semiautônomas foi preenchido pelo sistema das temas, que implicou a divisão da Anatólia em "províncias" ocupadas por exércitos distintos, que assumiram a autoridade civil e respondiam diretamente ao governo imperial. Este sistema pode ter suas raízes em determinadas medidas pontuais adotadas por Heráclio, mas ao longo do século VII se transformou num sistema totalmente novo de governo imperial.[136][137] Tem sido dito que a reestruturação cultural e institucional maciça do império, na sequência das perdas territoriais do século VII, causou a ruptura decisiva entre o antigo Estado romano e aquele dos bizantinos, sendo que ele passou a ser entendido com um estado sucessor, em vez de uma continuação do Império Romano.[138]
A retirada de grande número de tropas dos Bálcãs para combater persas e árabes no Oriente abriu as portas à expansão gradual dos povos eslavos à Grécia e, como na Anatólia, muitas cidades regrediram para pequenos povoados fortificados.[139] Na década de 670, os búlgaros foram empurrados do sul do Danúbio com a chegada dos cazares, e em 680 forças bizantinas que tinham sido enviadas para dispersar esses novos migrantes foram derrotadas. No ano seguinte, Constantino IV Pogonato (r. 668–685) assinou um tratado com o cã búlgaro Asparuque (r. 668–695), e o Império Búlgaro assumiu a soberania sobre algumas tribos eslavas que anteriormente, pelo menos nominalmente, tinham reconhecido a soberania bizantina.[140] Em 687–688, o imperador Justiniano II (r. 685-695705-711) liderou uma expedição contra eslavos e búlgaros, obtendo vitórias significativas, porém o fato de precisar combater em seu regresso da Trácia à Macedônia demonstra o grau de deterioração do poder bizantino na região norte dos Bálcãs.[141]
O último imperador heracliano, Justiniano II, tentou quebrar o poder da aristocracia urbana através de tributação severa e nomeação de "estrangeiros" para cargos administrativos. Foi expulso do poder em 695, e se exilou primeiro junto dos cazares e posteriormente dos búlgaros. Nos anos seguintes, mais precisamente até 698,[142] os últimos territórios bizantinos do norte da África foram conquistados pelos árabes, concluindo o processo iniciado em 647.[143] Em 705, Justiniano retornou a Constantinopla com exércitos do cã Tervel (r. 695–715), retomou o trono e instituiu um regime de terror contra seus inimigos. Com sua queda final em 711, mais uma vez apoiada pela aristocracia urbana, a dinastia heracliana chegou ao fim.[144][145][146]

Da dinastia isaura à ascensão de Basílio I


Império durante a ascensão de Leão III, o Isauro. O território listrado mostra a invasão dos árabes

Vitória bizantina na Batalha de Lalacão segundo o Escilitzes de Madri

Batismo dos búlgaros segundo a Crônica de Constantino Manasses
O período entre a primeira deposição de Justiniano e a ascensão de Leão III, o Isauro (r. 717–741), fundador da dinastia isaura, foi batizado de Anarquia de vinte anos devido a instabilidade política marcada pela rápida sucessão de diversos imperadores no trono.[147] Em 718, Leão voltou a combater os árabes, alcançando a vitória com a importante ajuda do cã Tervel, que matou 32 000 árabes com seu exército. Também se dedicou a reorganização e consolidação dos temas da Ásia Menor. Seu sucessor, Constantino V Coprônimo (r. 741–775), alcançou notáveis vitórias no norte da Síria, e minou completamente o poder do Império Búlgaro.[148] Em 797, Irene (r. 797–802) tornou-se a primeira mulher a ocupar o trono.[149] No Natal do ano 800, com o pretexto da ausência de um imperador do sexo masculino no trono de Constantinopla, e por razões de conveniência, o papa Leão III coroou Carlos Magno (r. 768–814) como imperador do Ocidente.[nt 9][151] Em Constantinopla, isto foi visto como sacrilégio. Em 802, Carlos Magno enviou embaixadores a Constantinopla propondo casamento com Irene, mas, de acordo com Teófanes o Confessor, o plano foi frustrado pelo eunuco Aécio, um dos favoritos de Irene.[152]
Nicéforo I, o Logóteta (r. 802–811), por não reconhecer Carlos Magno como imperador, causou a deterioração nas relações externas entre bizantinos e francos, o que provocou uma guerra por Veneza entre 806-810. A consequente Paz de Nicéforo acordou que o Ducado de Veneza pertenceria explicitamente aos domínios bizantinos,[153] enquanto a Croácia Dálmata, com exceção das ilhas e cidades bizantinas, pertenceria aos francos.[154]
Sob liderança de Crum (r. 803–811), a ameaça búlgara reapareceu: cidades como Sérdica (atual Sófia[155] e Adrianópolis[156] foram sitiadas e tomadas, enquanto em Plisca (811)[157] e Versinícia (813)[158] o império foi decisivamente derrotado; em 814, o filho de Crum, Omurtague (r. 815–831), negociou a paz.[159] Aproveitando as revoltas de Tomás, o Eslavo e Eufêmio na década de 820, o Califado Abássida capturou Creta em 824, enquanto o Emirado Aglábida atacou a Sicília, sitiando Siracusa e conquistando Palermo (831);[160] Amório, na Anatólia, foi destruída pelos abássidas em 838.[161][162][163][164] Porém, através de operações militares dos imperadores Teófilo (r. 829–842) e Miguel III, o Ébrio (r. 842–867), o Império Bizantino conquistou as cidades de Tarso (831), Melitene e Arsamosata (837), destruiu Sozópetra (837)[165][166] e derrotou decisivamente os árabes em Lalacão (863).[167]
A remoção da ameaça do leste e o aumento da confiança dos bizantinos abriu novas oportunidades no oeste, onde o cã Bóris I (r. 852–889) vinha negociando com o papa e Luís, o Germânico(r. 817–876) para uma possível conversão pessoal e de seu povo ao cristianismo. Esta expansão da influência eclesiástica de Roma até perto de Constantinopla não poderia ser tolerada pelo governo bizantino. Em 864, os exércitos orientais vitoriosos foram transferidos à Europa e invadiram a Bulgária, numa demonstração de poderio militar que convenceu Bóris a aceitar missionários. O rei búlgaro foi batizado, assumindo o nome de Miguel em honra ao imperador, iniciando a cristianização da Bulgária e assegurando que seu país estaria sob influência da Igreja bizantina.[168][169][170]
Nos séculos VIII e IX, o império foi dominado pela polêmica e divisão religiosa causada pela política iconoclasta. Os ícones foram banidos em 726 por Leão, levando à revolta dos iconódulos (apoiantes dos ícones) em todo o império.[171] Após esforços da imperatriz Irene, o Concílio de Niceia se reuniu em 787 e afirmou que os ícones podiam ser venerados mas não adorados. Em 813, Leão V, o Armênio (r. 813–820) restaurou a política da iconoclastia, mas em 843, Teodora restaurou a veneração dos ícones com a ajuda do patriarca Metódio I.[172] A iconoclastia desempenhou o seu papel na alienação posterior do Oriente e Ocidente, que se agravou no Cisma de Fócio, quando o papa Nicolau I desafiou a elevação de Fócio ao patriarcado.[173]

Dinastia macedônica e o ressurgimento

Ver artigos principais: Dinastia macedônica e Renascença macedônica

Império em 867
A ascensão de Basílio I, o Macedônio (r. 867–886) marcou o começo da dinastia macedônica, que governaria nos dois séculos e meio seguintes. Esta dinastia incluiu alguns dos imperadores mais competentes, e o período é marcado pelo renascimento sociocultural e militar. O império mudou de uma posição defensiva para uma agressiva que, além de possibilitar a reconquista de muitos territórios perdidos, fez com que o Estado se reafirmasse como potência militar e autoridade política. Além disso, durante esse período se assistiu a um renascimento cultural em áreas como a filosofia e as artes. Houve um esforço consciente de restaurar o brilho do período anterior às invasões eslavas e árabes, o que levou a que o período macedônico fosse apelidado de "Idade do Ouro" do Império Bizantino.[174]

Guerras contra os muçulmanos

Ver artigo principal: Guerras bizantino-árabes

Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025)
No início do reinado de Basílio I, Nicetas Orifa protegeu Ragusa, na Dalmácia, dos árabes de Bari, na Itália, e sua vitória encorajou o imperador a enviar oficiais, agentes e missionários à região, restaurando o governo sobre as cidades e regiões costeiras na forma do Tema da Dalmácia, enquanto os principados tribais eslavos do interior permaneceram altamente autônomo sob seus governantes; a cristianização dos sérvios e outras tribos eslavas também começou nesta época.[175][176][177] Em contraste, os aglábidas sitiaram Melite, capital de Malta, que foi capturada, saqueada e a ilha ficou praticamente despovoada até o século XI.[178] Na Itália, Bari caiu aos bizantinos em 873/876, formando a capital e núcleo do posterior Tema da Longobárdia.[179][180] Sob o almirante Nasar, a frota ifriquiana foi derrotada em Cefalônia e Estelas,[181] permitindo aos bizantinos enviar outro esquadrão para Nápoles, onde venceram novamente os árabes. Estas vitórias foram cruciais à restauração do controle imperial sobre o sul da Itália (o futuro Catapanato da Itália), que pertenceria aos bizantinos durante 200 anos,[182] compensando extensivamente a perda efetiva da Sicília após a queda de Siracusa em 878. Paradoxalmente, com a derrota imperial em Milazo em 888, desaparece virtualmente a maior parte da atividade naval nos mares em torno da Itália no século seguinte.[183]
Na importante frente oriental, o império reconstruiu suas defesas e partiu à ofensiva. Os paulicianos foram derrotados e a sua capital, Tefrique, foi tomada, enquanto a ofensiva contra o Califado Abássida começou com a recaptura de Samósata.[177] Sob Leão VI, o Sábio (r. 886–912), as vitórias no Oriente contra o então enfraquecido Califado Abássida continuaram. Contudo, a Sicília foi perdida para os árabes em 902, e em 904 Salonica foi saqueada por uma frota árabe liderada pelo renegado bizantino Leão de Trípoli. A fraqueza do império na esfera naval foi rapidamente corrigida, de modo que alguns anos mais tarde a marinha bizantina reocupou Chipre, perdido no século VII.[184] Apesar desta vingança, os bizantinos ainda eram incapazes de dar um golpe decisivo contra os muçulmanos, os quais infligiram uma derrota esmagadora sobre as forças imperiais quando estas tentaram recuperar Creta, em 911.[185]
A morte do imperador Simeão I (r. 893–927) enfraqueceu severamente os búlgaros, permitindo que os bizantinos se concentrassem na frente oriental.[186] Melitene foi permanentemente reconquistada em 934 e em 943 o famoso general João Curcuas continuou as ofensivas na Mesopotâmia, com algumas vitórias notáveis que culminaram na reconquista de Edessa (atual Şanlıurfa). Curcuas foi especialmente celebrado ao retornar para Constantinopla trazendo a venerável Imagem de Edessa (Mandílio), uma relíquia na qual supostamente estava impresso um retrato de Cristo.[187] Os imperadores soldados Nicéforo II Focas (r. 963–969) e João I Tzimisces (r. 969–976) expandiram o império à Síria, derrotando os emires do noroeste do atual Iraque. A grande cidade de Alepo foi tomada por Nicéforo em 962 e os árabes foram decisivamente expulsos de Creta no ano seguinte. A recaptura colocou fim aos raides árabes no mar Egeu, permitindo que o continente grego florescesse novamente. Chipre foi permanentemente retomado em 965 e seus êxitos culminaram em 969 na recaptura de Antioquia, reincorporada como província imperial.[188] Seu sucessor, João Tzimisces, recapturou DamascoBeiruteAcreSidomCesareia e Tiberíades, colocando seus exércitos a pouca distância de Jerusalém, embora os centros de poder muçulmanos no Iraque e Egito foram deixados intactos.[189] Após muitas campanhas no norte, na última ameaça árabe, a rica província da Sicília foi alvo, em 1025, de ataque de Basílio II (r. 976–1025), porém ele morreu antes de concluir a expedição. No entanto, por essa altura o império se estendia desde o estreito de Messina ao Eufrates e do Danúbio à Síria.[190]

Guerras contra o Império Búlgaro


Derrota bizantina em Bulgarófigo

Emissários de Simeão consultam o califa Ubaidalá Almadi

O império após as conquistas de Basílio II
A luta com a Sé de Roma continuou até o período macedônico, estimulada pela questão da supremacia religiosa sobre a recém-cristianizada Bulgária.[174] Após 80 anos de paz entre os Estados, o poderoso imperador Simeão I invadiu o império em 854, mas foi repelido pelos bizantinos, que usaram a sua frota para atacar a retaguarda búlgara navegando pelo mar Negro e contando com apoio dos magiares.[191] Contudo, os bizantinos foram derrotados em Bulgarófigo em 896 e concordaram em pagar tributos anuais aos búlgaros.[185] Com a morte de Leão VI em 912, as hostilidades logo recomeçaram, com Simeão marchando sobre Constantinopla à frente de grande exército.[192] Embora as muralhas da cidade fossem inexpugnáveis, a administração bizantina estava em desordem e Simeão foi convidado à cidade, onde recebeu a coroa de basileu (imperador) da Bulgária e o jovem Constantino VII (r. 913–959) foi prometido em casamento a uma de suas filhas. Quando uma revolta na capital suspendeu seu projeto dinástico, novamente invadiu a Trácia e conquistou Adrianópolis.[193][194] Isso colocou ao império dois problemas: um poderoso Estado cristão a poucos dias de distância de marcha de Constantinopla,[174] além de ter que lutar em duas frentes.[185]
Uma grande expedição militar sob Leão Focas, o Velho e Romano I Lecapeno (r. 920–944) terminou novamente com derrota esmagadora na Batalha de Anquíalo (917) e no ano seguinte os búlgaros estavam livres para devastar o norte da Grécia até Corinto. Adrianópolis foi novamente capturada em 923 e um exército búlgaro cercou Constantinopla em 924; na ocasião, Simeão enviou emissários ao califa Ubaidalá Almadi (r. 909–934) na esperança de conseguir firmar aliança que permitisse aos búlgaros utilizar sua poderosa marinha, mas Romano Lecapeno arruinou seus planos.[195] [196] A situação dos Bálcãs só melhorou após a morte súbita de Simeão em 927 e o subsequente colapso do poder búlgaro. A Bulgária e o Império Bizantino entraram então num longo período de relações pacíficas, o que libertou o império para se concentrar na frente oriental contra os muçulmanos.[197] Em 968, a Bulgária foi invadida pelos Rus' sob Esvetoslau I de Quieve (r. 960–972), mas três anos depois o imperador João I Tzimisces os derrotou na Batalha de Dorostolo e incorporou o leste da Bulgária ao império.[198]
A resistência búlgara reacendeu sob os cometópulos ("filhos do conde"), mas Basílio II (r. 976–1025) fez a submissão dos búlgaros seu objetivo principal. Sua primeira expedição contra a Bulgária, porém, resultou em derrota humilhante na Porta de Trajano. Nos anos seguintes, o imperador esteve preocupado com revoltas internas na Anatólia, enquanto os búlgaros se expandiam nos Bálcãs. A guerra se prolongou por quase 20 anos. As vitórias bizantinas em Esperqueu e Escópia enfraqueceram decisivamente o exército búlgaro, e Basílio metodicamente reduziu as fortalezas deles em campanhas anuais. Posteriormente, na Batalha de Clídio, em 1014, eles foram completamente derrotados. Em 1018, seus últimos redutos se renderam e a região se tornou parte do Império Bizantino como província.[199] Essa vitória restaurou a fronteira do Danúbio, algo que não ocorria desde os tempos de Heráclio.[190][193]

Relações com a Rússia de Quieve


Rus' em frente às muralhas de Constantinopla em 860
Entre 850 e 1100, o império desenvolveu uma relação mista com o novo Estado que surgiu ao norte do mar Negro, a Rússia de Quieve.[200] Esta relação teria repercussões duradouras na história dos eslavos do leste, e o império logo se tornou o principal parceiro comercial e cultural de Quieve. Os rus' lançaram seu primeiro ataque a Constantinopla em 860, pilhando os subúrbios da cidade. Em 941, apareceram na costa asiática do Bósforo, mas foram esmagados, indicando melhorias na posição militar depois de 907, quando apenas a diplomacia foi capaz de repelir os invasores. Basílio II não podia ignorar o poder emergente dos rus' e, seguindo o exemplo de seus antecessores, usou a religião como meio à consecução de fins políticos.[201] As relações rus'-bizantinas tornaram-se mais próximas após o casamento de Ana Porfirogênita com Vladimir, o Grande (r. 980–1015) em 988 e a subsequente cristianização dos rus'. Padres, arquitetos e artistas bizantinos foram convidados a trabalhar em numerosas catedrais em território rus', expandindo ainda mais a influência cultural bizantina, enquanto vários rus' serviram ao exército como mercenários na famosa guarda varegue.[200]
Contudo, mesmo após a cristianização dos rus' as relações não foram sempre amigáveis. O conflito mais sério foi a guerra de 968-971 na Bulgária. Além disso, há registro de vários raides rus' contra cidades bizantinas na costa do mar Negro e à própria Constantinopla. Embora a maioria destes ataques tenha sido repelido, frequentemente foram seguidos por tratados geralmente favoráveis aos rus', como o que celebrou o fim da guerra de 1043, no qual os rus' mostram suas ambições de competir com os bizantinos como poder independente.[201]

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