Os Estados Unidos instaram hoje a China a terminar com o apoio à invasão russa da Ucrânia, para evitar ficar "no lado errado da história", após Pequim ter manifestado apoio a Moscovo em questões de "soberania" e "segurança".
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MUNDO GUERRA NA UCRÂNIA
"Estamos preocupados com o alinhamento da China com a Rússia", realçou um porta-voz da diplomacia norte-americana, em reação à conversa telefónica entre os chefes de Estado russo e chinês, onde Pequim manifestou intenção em "manter com a Rússia o apoio mútuo em questões de soberania ou segurança".
A mesma fonte salientou que mais de três meses depois do início da "invasão brutal" da Rússia à Ucrânia, a China "ainda está ao lado de Moscovo".
"Continua a espalhar propaganda russa por todo o mundo. Continua a proteger a Rússia em organizações internacionais, fugindo das suas responsabilidades como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, e ainda nega a existência das atrocidades perpetradas pela Rússia na Ucrânia, sugerindo, pelo contrário, que estas foram encenadas", realçou ainda.
A fonte da diplomacia norte-americana lembrou que "os países que escolherem o lado de Vladimir Putin inevitavelmente se colocarão no lado errado da história".
"É agora a hora dos líderes mundiais falarem claramente contra a flagrante agressão do Presidente Putin e se posicionarem ao lado do povo ucraniano", destacou, alertando ainda a China contra qualquer "ajuda militar" à Rússia ou qualquer "apoio sistemático para evitar sanções" do Ocidente.
O presidente chinês Xi Jinping assegurou hoje ao seu parceiro russo Vladimir Putin o apoio de Pequim em questões de "soberania" e "segurança", noticiou a imprensa estatal.
O registo da conversa telefónica não deixou claro porém quaisquer observações relativamente ao exercício dessa soberania em exemplos específicos, tais como a Ucrânia ou Taiwan.
A última chamada entre Xi Jinping e o presidente russo foi no final de fevereiro, no dia seguinte ao início da invasão da Ucrânia pelas forças russas.
Três semanas antes do início da guerra, o presidente chinês também recebeu Vladimir Putin em Pequim, na altura da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.
O governo chinês não condenou a ofensiva militar russa na Ucrânia, recusando utilizar a palavra "invasão" para descrever auto-designada "operação militar" lançada por Moscovo e atribuindo a culpa do conflito aos Estados Unidos e à NATO.
Os dois países proclamaram ainda a sua "amizade ilimitada" e assinaram uma multiplicidade de acordos, nomeadamente no domínio do gás.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou que 4.452 civis morreram e 5.531 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 112.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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