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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

NOTICÍAS - OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 26 de Novembro de 2014


Macroscópio – A visita de Mário Soares e as opções de Costa

Observador (newsletters@observador.pt)
 
 
19:09
 
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Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
 
 
Tinha prometido, mas não vou cumprir. A actualidade continua a ser demasiado dominada pela prisão preventiva de José Sócrates para que outros temas possam ocupar o Maroscópio. Mas vou procurar um ângulo diferente: o dos desafios que este caso coloca ao Partido Socialista. Até porque a ida de Mário Soares a Évora, para visitar o antigo primeiro-ministro, e as declarações que fez à saída – "Todo o PS está contra esta bandalheira" – colocaram sob pressão a linha de grande serenidade que António Costa tem vindo a impor ao partido. Mesmo considerando que os jornalistas foram cruéis na forma como pressionaram o antigo Presidente da República, aquilo que ele disse veio de dentro, sem dissimulações, para o melhor e para o pior.
 
Antes de ir a vários textos que discutem o caminho a seguir pelo PS, deixem-me começar por vos referir um em que se critica a posição que tanto o PS como o PSD têm vindo a assumir publicamente. É o de João Cardoso Rosas, professor de ciência política da Universidade do Minho, apoiante de Seguro nas recentes primárias. Ele defende que as declarações no sentido de se dever separar a justiça da política “são enganadoras porque não visam respeitar a independência da justiça, mas antes proteger os agentes políticos”. Isto porque têm “medo das consequências para os seus.” Vai mesmo mais longe e escreve que essas declarações “são também perversas porque visam esconder que os crimes de corrupção em causa”.
 
Opinião radicalmente diferente é a de Luís Rosa, director do jornal I, para quem o “o secretário-geral do PS mostrou que aprendeu com os erros do caso Casa Pia e revelou um sentido de Estado que teve a adesão da generalidade dos seus camaradas de partido – inclusive dos chamados socráticos.” Porém, como Costa sabe que pode ser prejudicado aos olhos dos eleitores com este caso, a sugestão que lhe deixa é “que se afaste de Sócrates”:
Não deixa contudo de ser uma oportunidade de eliminar o socratismo como tendência e impedir qualquer condicionamento futuro do ex-líder socialista. Não ter socráticos na direcção nacional do PS, como o i noticiou ontem, é um primeiro passo nesse sentido. O que António José Seguro não conseguiu passou a ser um objectivo de António Costa.
 
Helena Matos segue por caminhos muito semelhantes no texto que escreveu aqui no Observador, “E daí?”. Eis uma das passagens desse artigo:
A vantagem (alguma havia de existir) que a actual situação traz a António Costa é que tem aqui o motivo mais que suficiente não para apagar pessoas das fotografias, mas para as tirar da sua equipa, que em boa verdade é quase uma equipa de Sócrates sem Sócrates. Já o escrevi e repito: partindo do princípio de que Costa quer ganhar as próximas legislativas, Ferro Rodrigues foi uma péssima escolha para líder parlamentar.
 
O editorial do Diário de Notícias também discute o futuro do PS. Em “O dia depois”, André Macedo nota que “para quem observa de fora, é fácil exigir esta linha política (contenção) imposta por António CostaDifícil é concretizá-la num ambiente palavroso e com interesses divergentes, como acontece nos partidos.” Dificuldades que antevia de forma precisa e premonitória: “As visitas à prisão de Évora, normais e até pessoalmente corajosas, podem transformar-se em comícios capazes de acender o rastilho.”
 
Mas António Costa não terá apenas de lidar com as visitas à prisão de Évora – terá também de enfrentar a desconfiança de muitos sectores da opinião pública. É isso que lembra Bruno Faria Lopesno Diário Económico: “Não chega a António Costa dizer que o PS é uma coisa e Sócrates outra. A suspeita de corrupção (quem terá corrompido?) leva-nos a duvidar das decisões tomadas na era Sócrates. Leva-nos a questionar, no mínimo, a capacidade de julgamento de algumas pessoas que rodeavam Sócrates e que rodeiam agora Costa.”
 
Ou seja, regressamos ao tema das escolhas que o novo líder do PS terá de fazer para formar a sua direcção política. Por exemplo: que papel reservará a Ferro Rodrigues, um líder parlamentar que tem feito questão de defender, ou de simplesmente evocar, José Sócrates? Camilo Lourenço já notou que “é esta colagem, que se Costa não encorajou pelo menos não hostilizou, que pesa agora como chumbo sobre os ombros do secretário-geral.” No mesmo jornal, Nuno Carregueiro parece ter uma visão bem diferente, ao defender que “afirmar hoje que o "caso Sócrates" vai custar a vitória nas legislativas a António Costa é tão absurdo como nesta altura dizer que foi a falta de supervisão que levou ao colapso do BES.”
 
Destaque final para dois textos que regressam ao tema de saber o que é importante neste caso: se o circunstancialismo da investigação judicial, se aquilo que está a ser investigado. O tema também esteve presente em três dos textos que já citámos (os deHelena MatosLuís Rosa e Bruno Faria Lopes), mas é absolutamente central na crónica de David Dinis aqui no Observador, intitulada “Não ser mais suspeito do que o suspeito”. Nela o autor faz um exercício muito simples: pega num grupo alargado de citações de Clara Ferreira Alves e de Miguel Sousa Tavares, retiradas de um debate realizado na SIC Notícias, e acrescenta pequeníssimos comentários. Para concluir: “Num mundo ideal, as imagens de Sócrates a sair do aeroporto não tinham acontecido. Mas num mundo ideal, quem está a investigar casos destes não deve ser mais suspeito do que o suspeito. É só isto.”
 
Num outro texto, também editado aqui no Observador, Maria João Marques considera que há um conjunto de comentadores para quem “pode ruir tudo menos a imagem de José Sócrates”. Na sua opinião aquilo que é realmente “radioativo para a Justiça” não são algumas eventuais dúvidas processuais, mas pessoas como “Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento – os dois responsáveis pela supressão das escutas a José Sócrates que um juiz considerou poderem configurar um crime de atentado ao estado de direito – indo alegremente à apresentação do livro daquele que beneficiou das suas atuações, sem qualquer pudor ou, sequer, preocupação com a necessidade de protegerem a reputação profissional.
 
Espero ter-vos dado, de novo, mais uma variedade de pontos de vista. Volto amanhã, agora sem prometer nada sobre eventuais temas.
 
Bom descanso e boas leituras. 

 
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